O Universal Circo Crítico...
Sobre forças “proporcionais”...
Daria uma boa, mas uma boa e longa
Tese de Doutorado (inspirado em minhas atividades acadêmicas atuais) uma
investigação de radicalização semântica e etimológica da palavra “proporcional”...
Para o nosso bom e velho “Aurélio”
(que serve para reflexões iniciais, nunca acadêmicas – ou “de fato”),
proporcional é:
“Que se encontra em proporção, que
possui uma relação idêntica de
intensidade, volume, massa, grau etc., com (outra coisa). Em que há hamonia; bem ajustado ou adaptado;
harmonioso”.
Foi, portanto, com essas palavras
que o Governo do Estado do Pará (na figura d seu governador, Beto Richa)
entendeu a ação de sua Polícia (armada) Militar sobre os atos dos professores,
em greve, defendendo seus direitos: proporcional e harmoniosa.
Fiquei pensando, inicialmente, nos
inúmeros “atos proporcionais” que, para um espaço tá humilde quanto o picadeiro
deste circo e seus 90 seguidores, caberiam rapidamente mencionar: Corumbiara
(RO) e Carajás (PA) e tantos outros contra Sem Terras Brasil afora (inclusive
no Paraná); Professores aqui e acolá (PA, SP, GO e, em particular, no PR); Passe
Livre em São Paulo; Marchas Populares em Brasília... e claro, as “exceções
proporcionais” dos atos golpistas e em defesa da intervenção Militar no país
mais recentes. A história da humanidade mostrará muito mais para os que querem –
com seriedade – compreender seu lugar no mundo.
Deve haver – nos comandos
estratégicos militares país afora – uma fórmula perfeita, fantástica, infalível
para calcular a “proporção harmoniosa” entre os que reivindicam e o Estado que
os recebem.
Painho
costumava dizer (quando eu era moleque) que eu brincava com números. Realmente
eu tinha uma certa lógica matemática bem bacana (não creio que ao ponto de “brincar
com números”) e fazia até caminhos próprios para entender algumas lógicas da
ciência exata.
Mas, não
consegui sacar como seria essa bendita fórmula de “força proporcional”. Talvez porque
na escola as variáveis “balas de borracha”, “rasteiras”, “cães’ (adoro cães,
registre-se), bombas de gás lacrimogênio nunca me foram apresentados. Eram
laranjas, corridas, seno e coseno, apenas.
A
prática social, portanto, mostrou-me o contrário... e nem arrisquei a boa e
velha “prova dos nove” ou “Prova Real, ou seja, a conta de trás pra frente.
São cenas
de violência extrema, de professores apanhando, até no chão...
São
cenas de bombas voando, pessoas correndo, gente sangrando...
São
cenas que, novamente, mostram a imprensa sendo atingida... Que ironia, até os
que estavam no lado “seguro”, atrás das fileiras da PM...
São
cenas de UM lado avançando e OUTRO lado recuando (aqui, a proporção é realmente
mágica)...
São
cenas de pessoas sendo atropeladas... por carros da PM...
São
cenas de helicópteros lançando bombas contra os manifestantes (antes que eles
avançassem naqueles... pulando... saltando... voando...)...
São
cenas de crianças (em creches próximas) chorando no colo de suas mães, “Tô com
medo!” – nem preciso dizer que essa proporção é incalculável...
E são
cenas da “Assembleia ou Casa do Povo, escondida, acovardada, votando CONTRA o
Povo (assim como em outras Assembleias e Câmaras país afora) e rindo do sucesso
da ação proporcional...
São
cenas... cenas... cenas... incontáveis cenas tanto quanto incontáveis marcas em
meu coração.
E são
cenas que se espalham mundo afora: estudantes no Chile, Negros nos Estados
Unidos, Jovens no Senegal e na Nigéria, Refugiados do Norte da África expulsos
do lugar que os explorou por séculos... Índios, ciganos, camponeses,
quilombolas, retirantes... Ateus ou religiosos em lugares de fundamentalismo
antagônico... Trabalhadores mundo afora com suas perdas e derrotas sofridas
para eternização do Capital... Idosos de passado esquecido, adultos sem
presente, crianças sem futuro... Mulheres sob violência e homens defendendo que
“elas precisam ficar no seu lugar”... A justiça cega apenas aos pobres, pois
ela é cara... muito cara...
Mas,
entre nossos Artistas e Público, debaixo da lona furada e o chão de terra
batida, a única pergunta que me ocorre é: onde estão o “Somos Todos
Professores?”
Em 2013,
vimos nas ruas o maior “Tango do Branco Maluco” ocupando as várias capitais,
médias e pequenas cidades brasileiras. “Sem Partido” gritavam ufanistas,
achando que eram revolucionários defendendo o Brasil (nem entendiam seus
discursos fascistas). “Fora Médicos de Cuba” ao lado de “Saúde padrão FIFA” (sem
entrar na irônica contradição desta “bandeira”) em caixas e cartazes. Polícias
Militares e Civis sendo flagrados infiltrando-se nas manifestações para criar o
caos e justificar a “violência proporcional”. Imprensa sendo alvo justamente
deste aparato militar, mas apenas quando uma maluquice irresponsável de
manifestantes custou a vida de um jornalista da Band isso virou fato
jornalístico relevante para nossa imprensa corporativista (até então, eles
apenas se feriam e “tá tudo bem”, siga cobrindo).
Queria,
agora, ver em todas as Capitais, grandes e pequenas cidades, as multidões de
volta às ruas.
Mas,
desta vez, poderiam ficar em silêncio, um silêncio ensurdecedor!
Sem
ninguém falando “comecem!” ou “obrigado!”...
Um dia inteiro
de silêncio, em frente às Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais e
Federal, Senado...
Em
frente aos Palácios de Justiça...
Em
frente às residências de Deputados/as, Senadores/as, Prefeitos/as, Governadores/as,
Presidenta (sim, ela também), Juízes...
Em
frente à casas de Ministros, Secretários, Diretores...
Se não
escuram de outra maneira, escutem o silêncio... Ele, o silêncio, os/as obriga a
olhar nos olhos... ou a baixar, envergonhadamente, a cabeça.
Nossos
artistas e nosso pequeno público Circo, de pequena repercussão, pouco lido e
tanto pouco visitado (talvez por isso, vez em quando, muito tempo ausente) está
de LUTO, um luto quase indescritível... como tantas outras vezes ficou. Mas
mantém-se firme.
Porque
nossa indignação e esperança são proporcionais.
E que o
1º de maio seja um dia de Luta! Porque se for para “festa”, que seja apenas
para celebrar ela, a Luta!
Venham
Todos!
Venham Todas!
Vida
Longa aos Professores Revolucionários do Mundo...
Aqui também está sendo assim, Marcelo, com o governo do Paulo Câmara colocando a polícia pra barrar e silenciar os professores em greve!
ResponderExcluirInacreditável! Indignante! Polícia barrando os professores e o SINTEPE na entrada do Seminário 2015 "Todos por Pernambuco" (!) ontem e polícia pra barrar o protesto dos professores na inauguração da fábrica da Jeep em Goiana!...
Cenas inacreditáveis em se tratando do hoje!... Do PSB... Das mil promessas de campanha...não cumpridas...!
Tenho diversos vídeos gravados pelos outros lutadores do povo daqui, que também não se renderam ainda nem se renderão, espero! Posso socializar com vc!
O salário dos professores de Pernambuco é o menor do Brasil é o que se tem divulgado aqui!
Estaremos na luta sempre!
Bjs
Querida Maris...
ResponderExcluirSaudações... Em que pese um tema que nos entristece, é bom ver você por entre nosso público novamente... O que aconteceu em Pernambuco, parece-me, está quase silenciado. Pela mídia, é óbvio. Mas, parece-me, também pelas redes sociais que, vez em quando, é um bom instrumento de divulgação de (in)verdades... a nossa atenção é o que pode diferenciar nosso juízo.
Se puderes socializar, seria importante... Não apenas para mim, mas para a sociedade como um todo...
Vida Longa!
Demorei mas envei pra vc diversos esta noite!
ExcluirBjs e força na luta sempre!
Maris :)