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Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão"
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão"
(Geraldo
Vandré)
Quando
pequeno, pequeno mesmo (ainda vivia a imagem de meu avô me colocando no colo e
brincando de “serra-serra-serrador / serra a barba do vovô”), essa música de
“reabertura” do nosso espetáculo em terra batida e lona furada já ecoava em
meus ouvidos.
É
impressionante lembra-me que, entre as canções que aprendia quando criança
(“Lenga-la-enga, laduxa-laduê” por exemplo), eu, desde pequeno, gostava de
colocar o pequeno “compact-disco” do Geraldo Vandré com “Pra não dizer que não
falei das flores” e seu forte refrão. O Lado “B” deste pequeno LP era “Fica mal
com Deus”.
A canção
foi uma das primeiras que aprendi a tocar no violão... Isso é mais forte ainda
em minha lembrança.
Mas, à
bem da verdade, não vivenciava os tempos escuros da Ditadura Militar. Apenas
quando já adolescente eu passava a compreender algumas cenas: o vô que nunca
mais voltou, as conversas silenciosas da família (mãe, pai, tias e vó,
principalmente), as reuniões que painho tinha à noite (e em algumas até me
levou, lembro até uma em que o Belchior estava participando), os dias que
painho não voltada p’ra casa porque estava “retido” e por aí vai...
Bom...
Este
humilde picadeiro (em que pese seu silêncio recente) já vinha falando: A Copa e
os Jogos Olímpicos vem, com seus interesses privados, violentar nossa soberania
e nosso país. Aliás, pessoas muito mais qualificadas e informadas do este andante
apresentador já se manifestaram sobre este tema nos últimos anos.
Mas, não
vi muita gente escrevendo “não vamos torcer na Copa!” ou algo assim... Ainda
não convenci muita gente a não torcer pela seleção brasileira nos Torneios em
pauta.
Mas,
esse retorno envereda por outros temas que confirma a tese acima.
As
Eleições recentes, por exemplo, já confirmavam o confirmável: os interesses e
necessidades do povo nunca mais estarão amplamente representados em suas
disputas, apenas os interesses privados. Aliás, os grandes interesses privados,
pois são os que fornecem os grandes investimentos em campanhas (alguns, aliás,
em todos/as os/as candidatos).
A mídia,
ah! essa mídia estúpida, parcialíssima e interessada precisa entrar em
falência... Precisamos falir a Veja, a Globo, a Folha...
Mas,
nestes tempos de muito trabalho, estudos, organizando forças, honrando-se com a
aproximação efetivada com Lutadores/as do Povo aqui no PA (científica e
academicamente), os acontecimentos não esperaram (e nem deveria) nós levantarmos
a lona novamente...
Estávamos
atônitos com os acontecimentos Brasil afora. A violência dos aparatos militares
estaduais (sobretudo em São Paulo e Rio, mas não menos violentos em outras
capitais e cidades brasileiras) que, em nossa mídia, demonstraram a estúpida
tentativa de estabelecer fronteiras entre “civilizados” e “não civilizados”.
Pareceu-me que, assim como inúmeras vezes testemunhei em Marchas do MST e da
Via Campesina, o aparato militar estava com dentes travados e olhares em riste,
sedentos pela violência e lamentando suas balas serem de borracha.
Há
opiniões distintas sobre os fatos destes últimos dias em torno das lutas pelo
não aumento das passagens. Algumas que as criticam (e são poucos) tenho até
concordância. Mas, não creio que há qualquer dúvida sobre a desproporcional
ação do Estado Brasileiro (em suas expressões estaduais) às manifestações nas
ruas.
Mas, a
pergunta que não quer calar: quando fecharem as ruas para festejar vitórias da
seleção brasileira (que não me representa), vai ter um policial armado para
cada cinco torcedores?
Claro
que não!
O
Universal Circo Crítico não voltou! Nunca fomos embora...
Venham
Todos!
Venham
Todas!
Vida
Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
Ola Professor Marcelo. Sempre leio os textos e tenho sempre minha reflexao sobre os mesmos. Penso que em tempos de mega eventos sao varias as discussoes que envolvem o dito tema. Elefantes Brancos, desvios de verba, acordos politicos quando a populacao esta ligada nos jogos, etc. Porem, nao concordo quando falam que esta sendo investido milhoes na copa e a educacao vive recebendo o pao que o diabo amassou. Na minha humilde opiniao penso que se nao houvessem esses mega eventos tambem nao haveria verba para a educacao. Sabe por que? Pelo simples fato de que nao existe interesse de pessoas "fortes" como por exemplo de empreiteiras e consultorias como a ODERBRECTH e tantas outras. Vale ressaltar que para os politicos desonestos e que nao se importam com nosso Pais nao e valido investir em educacao. Para que deixar a populacao inteligente se os votos que os elegem vem de massacrante maioria de eleitores que nao tem acesso a educacao de qualidade? E sobre a Selecao. Sim, ela me representa. E uma forma de Lazer que tenho uma opcao de usufruir. So nao pode e se alienar e em tempos de mega eventos esquecer de todo o resto. Atenciosamente. Jose Dantas Neto.
ResponderExcluirNão se iludam de achar que esse dinheiro da copa seria melhor investido na educação. Se não houvesse copa esse dinheiro nem existiria, muito menos seria investido em saúde, educação etc... Estou torcendo pelo Brasil na copa sim, sou fã de futebol e sou patriota. Tao patriota que estou orgulhoso de ver meu povo indo as ruas protestar. Não queremos nada alem dos nossos direitos garantidos. Da pra ter Copa, Educação, Saúde, Moradia, Segurança etc. Só não da mais pra aguentar abutres no governo. O poder está em nossas mãos.
ResponderExcluirSAlve, Salve Neto.
ResponderExcluirQue bom saber que é um visitante assíduo de nosso Picadeiro.
Mas, vou ao simples e direto: não há dicotomia entre optar não torcer pela seleção brasileira nos Megaeventos esportivos e ser patriota. O povo nas ruas protestando é bom, finalmente vemos isso, mas o enredo dessa história vai mais além do que vemos nas redes sociais e nos noticiários. O orgulho que temos pelo nosso país é, certamente, diferente, possivelmente divergente, talvez até antagônico... Mas, enquanto a Copa servir a que serve, a maneira que (dentre várias) encontro para me posicionar é tocando essa campanha: não vamos torcer dessa vez! Tem mais aí... mas, por hora, é isso.
Venha Sempre!
Vida Longa!