“Jumento não é/
Jumento não é/
O grande malandro da praça!
Trabalha, trabalha de graça”
(Chico
Buarque)
E
lá vai o Magro...
O
Universal Circo Crítico sabe que, vez em quando, viverá isso... Quer com
pessoas próximas ao nosso picadeiro, quer com pessoas que admiramos, mas a
conhecemos mais por seus livros, por pintura, por sua música, por sua história
ou por sua luta (ou tudo junto).
O
ano era 1978... Sim, absolutamente certo em minha memória este ano. Morava com
meus pais e irmã em um apartamento da “Galeria” da Rua Dr. Cesar, no bairro de
Santana, Zona Norte de São Paulo, desde o ano anterior. Três anos sem
quintal...
Tentava,
a muito custo, no quarto de casa aprender a fazer “embaixadinhas” com a bola.
Pois é, se com sete anos eu não sabia fazê-las, futebol (por mais que eu
gostasse... e gostava) não seria a minha lida e labuta futura. A TV (com a
seção de desenhos de Hanna-Barbera (Os Herculóides, Coelho Ricochete, Pepe Legal,
Manda Chuva, Brasinhas do Espaço, Bate-fino, Zé Colméia) normalmente era a
opção, principalmente em tempos de pai e mãe trabalhando. Férias, vez por
outra, mexendo com argila e “cola d’água”. Tinham os passeios, uma viagem a
Caraguatatuba/SP, as idas à “Chácara dos Padres”, enquanto painho assistia aos
Jogos de Futebol e eu alternava os brinquedos e brincadeiras (e jogava bola).
Um amigo no 10º Andar (eu morava no 5º andar, apto 502), o Douglas, era meu
contato do dia-a-dia. Na casa dele ou na minha brincávamos do que tínhamos: o
velho e pequeno pebolim, jogo de botão e, em 1978 (após a Copa da Argentina), “batíamos
o bafo” com as figurinhas de FutebolCards que ambos tinham (uma cartela de
ciclete, com três figuras de jogadores de futebol)... Lembro quando descobrimos
o tamanho enorme do nome do Sócrates. E comprávamos sorvete italiano ou churros na
própria galeria, onde também tinha uma pequena loja de roupas a mãe de um amigo
de escola, o André (ou Esquilo, pois era pequeno e dentucinho).
Naqueles
anos, painho trocou a “banheira” Galax pelo Maverick, verde escuro. Ambos
bebiam horrores. Com o Gálax, lembro de muita coisa, como a viagem a Recife e
Natal (eu, painho, mainha, Tia Zodja, Andrea e Hiram – meu primo) e uma batida
no fusca do avô de uma amiga de escola de minha irmã, na Av. Voluntários da
Pátria... de frente (painho tava errado).
Não achei a foto de um verde escuro |
Com
o Maverick, e que vale aqui, o avanço tecnológico da época em som automotivo:
um rádio-toca fitas (fita K7, que existiam em 30, 60 e 90 minutos, até o início
deste século). E era no rádio-toca fitas do velho Maverick verde escuro de meus
pais que escutávamos (eu, nos meus 7 a 8 anos de idade) os Saltimbancos. Magro era
a voz do Jumento e que nos dava, naquela história (e escutávamos no Maverick, a
fita k7), três lições:
“– Primeira lição do dia: o melhor amigo do
bicho, é o bicho!”
“–
Segunda lição do dia: Um bicho só, é só um bicho, agora todos juntos SOMOS FORTES”.
“– Terceira lição do dia: os humanos sempre
voltam!”
Lições que foram tão fortes que já ressurgiram
(principalmente a segunda lição) nesta Lona Furada de Circo, como, por exemplo,
a Carta aos Estudantes deste ano (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2012/03/carta-aos-estudantes.html).
Magro e seu inconfundível MPB4 (Aquiles,
Miltinho e Ruy – que era o cachorro nos Saltimbancos) continuaram na minha
formação musical independente. Com ele aprendi e experimentei minhas primeiras
(e solitárias) mudanças de voz e, certamente, influenciaram o saudoso Afã (banda
dos anos 1989/1991 deste viajante). O único LP que tínhamos era “A arte de MPB4”
(disco duplo), que eu quase furei de tanto escutar no nosso bom e velho CCE
(que continua uma porcaria até hoje, por isso não me preocupo com a possível
propaganda à marca).
O MPB4 fez parte de meu caminhar musical.
Sempre fez, desde aqueles tempos paulistanos até o "Amigo é pra essas coisas" nas rodas de viola em Recife. E, mesmo sem nunca anunciar, o Magro era a figura que eu mais
admirava deste quarteto vocal. Músico excepcional, ele nunca soube, mas também
já fez parte de nosso picadeiro e nossa lona de circo. Mas nós sabemos. E com "Por quem merece amor", do cantor revolucionário cubano Silvio Rodrigues, na versão de Miltinho, nossa homenagem.
Estamos tristes... mas, estamos celebrando o Magro!
Vida Longa ao Magro!
Vida Longa!
Venham Todos!
Venham Todas!
Marcelo “Russo” Ferreira
Muitas boas lembranças... Suas que trazem ao picadeiro muitas das nossas. Bjo grande e saudades de quem merece amor.
ResponderExcluirOla, Vê...
ResponderExcluirRealmente: NOssas lembranças coletivas, de classe, de amizades, de histórias que encontram muitas outras histórias nos reveste de amor.
Sempre amor.
Por isso somos grandes, por isso somos mais!
Vida Longa!
Abreijos
Há braços!
Helenzinha Hahaha! Nossa faz a gente viajar no tempo muito bom!Adoro ouvir essas historia divertidas de infância.
ResponderExcluirOlá, Baixinha.
ResponderExcluirSeja bem vinda ao nosso picadeiro, que é lugar e tempo de todas as histórias, de infância, de juventude, de vida.
Vida Longa
Abreijos
Há braços!