RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Greve contra o povo?



“As nações expansionistas viram que o domínio sobre os povos de outra raça, outra língua, outra religião e outros costumes, é odioso e desperta o orgulho pela pátria, gera nacionalismo e incita os ânimos à revolta e às reivindicações da liberdade. A experiência ensino assim aos povos fortes outros caminhos que os leva, sem aqueles inconvenientes, à mesma finalidade: é o caminho da dominação econômica, que prescinde do ataque frente à soberania política. Esse o perigo que nos cumpre evitar. Os fortes passaram então a apossar-se das riquezas econômicas dos povos fracos, reduzindo-os à impotência e, pois, à submissão Política” (Artur Bernardes)
               
Foi esses dias, recentes dias...
                As greves no setor público vêm ganhando uma estranha notoriedade. Com destaque aos professores da Bahia, que passaram mais de cem dias em greve, mas que não conseguiram vencer o próprio cansaço. Detalhe: com o apoio da população em geral e de estudantes, em particular. Lá, víamos as primeiras expressões de “dinheiro para Copa e nada para a Educação”.
                Em diferentes lugares do país, assistimos as idas e vindas do setor de saúde (municipal, estadual e federal) com servidores em greve. Polícia Federal, em greve. Polícia Rodoviária com dias de paralização nacional, os portos também com as aduaneiras paradas.
                Nas Universidades e nos Institutos Federais de Educação, professores e servidores técnico-administrativos, parados. À bem da verdade, o Governo Federal passou um tempo “enrolando”, principalmente no que diz respeito à principal pauta de reivindicações e negociações, que é o Plano de Cargos e Carreira e as condições de trabalho.
                Bom, neste período de paralização já vi de tudo um pouco: professores que estavam perto de terminar suas disciplinas, resolveram terminá-las. Outros, dando aula “escondidos”. Alguns pararam, mas não participam e nem mobilizam seus locais de trabalho, pesquisa e extensão. Já havíamos, neste mesmo picadeiro, refletido e sugerido um pequeno “como fazer a greve” (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2012/05/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html). Alguns outros/as sentem-se convencidos de que a pauta foi atendida e optou por retomar o trabalho.
                Perfis diferentes, outros devem existir, e que fazem parte do debate político e de mobilização de trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições de trabalho e vida.
                Até que, esses dias, de pessoa próxima, escutei: “greve de servidor público é greve contra o povo e sou contra à greve contra o povo!”.
                Bom... Nossos Artistas e Público, desta humilde Lona de Circo também é contra toda e qualquer greve contra o povo. Aliás, somos absolutamente contra qualquer ação contra o povo.
                Quando o Estado (seja qual Estado) atua de maneira a continuar privilegiando o Capital, enquadrando seu povo com políticas assistencialistas (por mais que seja importantes para tirar pessoas da fome e da miséria), ele age contra seu povo.
                Quando o Estado (seja qual Estado) vende a soberania de seu país, em seu território e leis, para entidades privadas e seus parceiros, para que elas possam agir conforme suas vontades e lucros – como é o caso da Lei Geral da Copa e dos Jogos Olímpicos no Rio, já comentada neste espaço – ele age contra seu povo.
                Quando o Estado (seja qual Estado) privilegia que 99% da Comunicação e Mídia (inclusive a jornalística) continuem concentradas nas mãos de meia dúzia de famílias (claro, poderosas), pasteurizando, mercadorizando, “cosificando” a cultura, mentindo e omitindo notícias de seu país e mundo, criando heróis sem bandeiras e projetos, ele age contra seu povo.
                Quando o Estado (seja qual Estado) trata Educação, Cultura e Reforma Agrária como temas e políticas periféricas, fortalecendo Sindicatos paralelos (e que não foram construídos junto à base dos trabalhadores), Projetos Pobres (que não incidem à massificação da produção cultural, engolidos pela Indústria cultural) e o Agronegócio (nome do novo século aos sempre e seculares latifundiários), ele DECIDIDAMENTE age contra seu povo.

                Nós sabemos que quando os transportes param, quando as Escolas fecham, quando hospitais restringem o atendimento, é a parcela mais carente, assalariada, labutadora de nossa sociedade quem sofre, diretamente, as consequências. Afinal, nunca veremos notícias falando dos prejuízos ao patrão (mesmo quando se trata do Estado) com uma greve. Os trabalhadores não gostam de greve, pois a sinalização dela significa que algo, suficientemente grave, não está bem e o suficiente para cruzarem os braços.
                E sempre assistimos como que trabalhadores, de braços cruzados, são tratados pela nossa imprensa mundial (e a tupiniquim não foge deste perfil): vagabundos, radiais, intransigentes, desumanos... Isso quando não colocam sua força policial, bélica, armada contra as manifestações de trabalhadores. E, lembrando Simon Bolivar, “Maldito Seja o soldado que ergue as armas contra seu próprio povo”.
                O Universal Circo Crítico já manifestou seu apoio à greve nas Universidades, assim como apóia as greves de outros trabalhadores, onde estiverem. Assim como torcemos para que nunca aconteçam.
                Mas quando acontecem, “somos todos companheiros” (Che).
               
             
           Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

2 comentários:

  1. Só vovê mesmo, Marcelo, para tirar esta angústia que eu estava sentindo, esta culpa por estar em greve. Estava com culpa porque nosso salário é pago - indiretamente- por aqueles que estão sem aula, perdendo empregos, bolsas...
    Mas seu texto foi convenceu, não há porque ter culpa. Temos ainda um longo caminho a melhorar, embora muito já tenha sido feito, convenhamos.

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  2. Olá, Camila, nossa querida artistas de nossa Lona.
    Saudações.
    Sim, concordo... muito já foi feito. É inqustionável o crescimentos das Universidades e Institutos Federais. Outro governo sucatearia de vez esse direito do povo. E por isso mesmo esse governo não pode tratar os servidores federais com "Propostas casca-de-banana" e utilizando-se da mídia (a mesma que enfrentou por décadas) para divulgar a maquiagem.
    Sigamos os brios e a esperança de Lalá!
    Abreijos

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira