RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Criança e Esperança...




Tem coisas que são cíclicas em nossa vida, em nosso mundo, em nosso dia-a-dia. Tanto aquelas que são boas, concretas, que nos ajudam, todos os dias, a continuarmos nos desenvolvendo enquanto seres humanos, trabalhadores, transformadores da natureza (sem destruí-la), educadores, pais, mães, filhos, filhas... enfim.
Os ciclos de nossa vida, aquilo (coisa ou fenômeno) que sempre nos deparamos é, inquestionavelmente, um grande e novo aprendizado.
Assim o é quando revemos amigos, parentes, ex-alguma coisa (principalmente os “ex-alguma" coisa que foram bons/boas em nossas vidas). Revê-los nos leva a histórias boas e ruins mas sempre a aprendizados novos. Alguns talvez nem tão bons, mas aprendizados.
Revemos, ou revisitamos lugares por onde passamos, talvez por onde tenhamos vivido algum ou muito tempo. Desde logo ali perto (que sempre tem algo novo ou algo que não existe mais) até lugares distantes, por onde tenhamos passado tempos em nossas vidas. Casas mudam de lugar e prédios surgem em seus lugares, ruas estreitadas ou ampliadas, ruas que se "brincava na rua" e hoje é repleta de carros, parques que surgiram ou que sumiram, pessoas que lá estavam e não estão mais... Sempre que voltamos a esses lugares, novas lições.
Porém, tem coisas que são cíclicas, continuam erradas e continuamos a assistir como “ah! Mas tudo bem! Tem um lado bom!”.
De quatro em quatro anos, temos Jogos Olímpicos (antecedidos e “pós”tecedidos pelas Olimpíadas) e, alternados em dois anos, a Copa do Mundo. É verdade que tem Jogos Olímpicos de Inverno, Copa das Confederações, Copa América (pra falar dos “além fronteira”). Em todos eles, notícias sobre dinheiro demais, conquistas de menos, “bicho” para as conquistas (o Neymar ganhou um “jatinho fretado” após Estolcomo), heróis produzidos e/ou substituídos repentinamente (que o diga a Sadia e a relação com os ginastas olímpicos Diego Hypólito e Arthur Zanetti), dinheiro público que ninguém sabe pra onde vai (não sabe? Hahaha) e, como já falamos aqui, repetindo o profundo processo de exclusão do povo pobre da festa privada desses eventos esportivos. E não aprendemos a dizer “não” a esses eventos esportivos, que só geram lucro (enorme) a poucos.
De quatro em quatro anos, também alternados por dois anos (menos no Distrito Federal), temos eleições e a mesma e desqualificada campanha eleitoral: este ano, candidatos ao executivo (prefeitos) e ao legislativo (vereadores sem) projetos de cidade, de civilidade, de cultura, de esporte, de acessibilidade, de educação, de saúde. Candidatos que falam coisas vazias, distribuem sorrisos à toa, não conhecem suas cidades nem suas pessoas e que compram votos de todas as formas. E poluem a cidade, as praças, visual e sonoramente, com suas propagandas políticas e frases de efeito, p’ra “pegar” e virar o principal mote de campanha. E continuamos a elegê-los e agradecê-los pelo presente ou ajuda privada (individual) por menor que seja. Desaprendemos, em todas as eleições, a olhar para a cidade, seus cidadãos, a vida coletiva.
 Igualmente, todo ano, todo ano, cá estamos sendo “invadidos” por imagens de artistas globais e matérias jornalísticas nos convocando a contribuir com o “Criança Esperança”, projeto, segundo a própria Rede Globo, que permite a construção e apoio de projetos sociais Brasil afora. Projetos bons, até bem intencionados, mas que, muitas e muitas vezes, funcionam para manter as correlações de capital e trabalho, de “habilidades e competências” (o que me compete no lugar em que devo ficar). Algo do tipo: "não dá p'ra mudar a sociedade, vamos salvar quem podemos".
Nosso Universal Circo Crítico é (ousadamente) Universal justamente por não concordar em salvar, proteger, mobilizar, educar alguns... Ou são todos, ou ocntinuaremos lutando para ser todos.
Mas, o que mais me intriga no Criança Esperança é o descaramento financeiro real. Você faz a doação (R$ 7, R$ 20 ou R$ 40) e ainda paga a taxa da ligação (portanto, uma doação solidária, altruísta que lhe é cobrada) e, depois, não pode declarar em seu Imposto de Renda (segundo os anúncios da Globo). E ainda teve, na Noite da Festa Global, o "doe R$ 50,00 e fale com um artista da Globo!". Que sacada genial!!!
Mandei um e-mail à UNIESCO: “posso declarar em meu Imposto de Renda”? Não recebi resposta e meus parcos conhecimentos de internet não me permitiram encontrar, no site da UNESCO, alguma informação assim. Claro, fiz essa consulta para saber se é real o que recebo todos os anos (desde 2010) sobre nós não podermos declarar a doação no nosso Imposto de Renda e a Globo fazer isso com as nossas doações.
De curioso, pesquisei na UNICEF e mandei a mesma pergunta. A resposta demorou, mas chegou. Assim como não podemos declarar no Imposto de Renda a doação ao Criança Esperança, também não o podemos ao UNICEF.
Então, qual a diferença?
Bom, supondo que a Globo não declara o que repassa para a UNESCO (supondo que a resposta dela é igual ao do UNICEF), lembremos que ela pode, antes de repassar os valores, duplicá-los e até tripicá-los. O interessante é o o UNICEF dá essa dica. Sacou? 
Então vejamos: a Globo faz uma festa bonita, com artistas globais e cantores/as do momento (devem doar o cachê, pois, que artista cobraria cachê para uma ação tão... solidária?) e escolhe projetos par investir (que não podem ter pensamento crítico ao pensamento único da cultura brasileira, do jornalismo tupiniquim... duvido que um projeto de “jornalistas críticos” para com jovens receberia apoio) e, depois, usa as imagens para propagandear o seu projeto social... E, de novo, não paga cachê.
Na visitinha que fizemos no site da UNICEF, a informação é que você pode doar mensalmente ou fazer uma única doação (R$ 24, R$ 35 ou R$ 60). Ah, e não há indicação de pagamento de taxa de depósito. Também é possível doar presentes, mas, nesse caso, é uma rede de “cartões e presentes do UNICEF”, encontrados em hipermercados, livrarias e lojas de departamento (algumas das Grandes Lojas que promovem a extinção do comércio local, comunitário e tradicional e que estabelecem a padronização e pasteurização do consumo e que também conhecemos pelo nome de "globalização").
Tem um lance até bacana, as “doações em sua rotina diária”: gravidez, aleitamento materno, presença do pai, estímulos saudáveis dentre outros. Mais no campo dos valores humanos.
Bom...
Quando falamos de Copa do Mundo (principalmente), faço a defesa de não torcer para o Brasil. A seleção é um “time privado”, não há nação, pais, povo, soberania em torcer para o Brasil.
Então... se querem doar para ações que fortaleçam nosso sentimento de esperança em nossas crianças, não façam para a Globo. Façam para o UNICEF ou até para a UNESCO (se for igual à UNICEF), assim, a Globo não "lucra" com nossa solidariedade... Nosso Circo defende maneiras mais mobilizatórias para ajudar a terceiros.
E não nos esqueçamos: o Mundo não tem apenas crianças. Temos jovens perdidos em nenhuma esperança nas drogas (letais); temos idosos abandonados em ruas, em cidades sem estrutura para que sejam livres, em Asilos esquecidos do mundo; temos trabalhadores explorados nos mais escondidos confins do mundo: fazendas, minas, garimpos, fábricas clandestinas de marcas de griff...temos tudo isso e muito mais.
Que possamos doar nossa vida, nossa esperança, nossa luta, o futuro da humanidade todos os dias.
Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferreira

4 comentários:

  1. Murillo da Ed. Física 200929 agosto, 2012

    que possamos não ser solidários com quem não precisa...
    que possamos enxergar por baixo das grandes lonas dos grandes circos que dominam as mentes dos que mesmo olhando, não conseguem ver. Por fim que convidemos os que não conseguem ver e mostremos o que ha sob essas lonas.

    Vida longa às boas ideias.

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  2. Salve, Maurilio.
    Seja sempre bem vindo em nossa Lona de Circo e em nosso Picadeiro popular.
    Solidariedade não deve ser o sentimento burgues, de doar o que me sobra e, sim, o que temos e queremos dividir.
    A solidariedade é um valor revolucionário e é ele, o valor revolucionário, que devemos perseguir...
    Vida Longa!

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  3. Opa, Opa!!!!
    É "Salve Murillo"!!!!! Os dedos estavam treinando com o mágico e, claro, embananou-se com a cartola!
    Vida Longa, Murillo!

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  4. Murillo Ed. Física 200931 agosto, 2012

    salve ó grande comandante deste ilustre picadeiro, não se preocupe, isso acontece nos melhores espetáculos dos melhores circos.

    abraços.

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira