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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sábado, 26 de maio de 2012

A Pedra do Oeste



            Eram tempos difíceis e desafiosos. Em plena era FHC, de política neoliberal aviltante e de fortalecimento dos Movimentos Sociais Organizados no Campo e na Cidade, ao mesmo tempo em que eram profundamente demonizados pela grande mídia burguesa deste país.
            Tempos sombrios de outra ordem, para não nos esquecermos que a Ditadura Militar foram também tempos sombrios.
            Naquele ano, já estava profundamente envolvido com a questão campesina e arraigava, realizado como homem e como educador, meus aprendizados com o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.
Durante algum tempo, participei e/ou organizei o que chamávamos de “Estágio Interdisciplinar de Vivência”... Passávamos 15 dias morando e convivendo em um Assentamento Rural, aprendendo o dia-a-dia do trabalho, da educação, da vida em família e em comunidade, das dificuldades, das celebrações, das contradições de um assentamento, da vida campesina.
Naqueles tempos, 1997, ainda acompanhávamos os primeiros meses pós Massacre de Carajás (abril de 1996). E é incrível como sempre que olho as imagens daquele confronto de Trabalhadores Sem Terra, com paus e pedras, enfrentando o Estado armado (Polícia Militar) a serviço do Capital (Vale do Rio Doce e Latifúndios locais) com fuzis de grosso calibre e armas de fogo, eu sempre me emociono... o que dizer daqueles que sobreviveram ou que tinham amigos e parentes naquele evento.
E era incrível como trabalhadores do campo, iletrados ou semiletrados, sabiam o valor de proteger os seus e não temeram a polícia ao verem estendido no chão, o Camponês Amâncio. E é incrível como a nossa Universidade tem Mestres e Doutores que, em tempos de greve, olham apenas para si e não para os seus também trabalhadores, que lutam por melhores condições de trabalho e salário.
A quem serve, a que serve, para que ser... Contra quem e contra que serve o conhecimento, expresso nos títulos de Mestres e Doutores???

Era 1997 e lá estava eu, em um Assentamento Campesino no oeste de Santa Catarina... o violão estava comigo. Expressar o Amor por um coletivo... um grande aprendizado para um até hoje aprendiz de lutador do povo.
Tinha que sair música.
Apresento: A Pedra do Oeste:

“O espaço e o tempo que eu imaginava / emergiam dos efeitos / das ações daquela tribo. / Naquela pedra eu sentava e escrevia. / Olhava ao Oeste / via um sol a se esconder / Vermelho... / Sentia em teu cheiro inspiração. / Tão perto e tão distante / como a sombra e o corpo.
Nossa ação de reação. / ‘Alguma coisa está fora da ordem’.
Havia uma ponte em nossos olhos. / Por trás de nossas sombras / existia terra fértil. / O labor / refletido em nossas mãos / que acariciavam o sentido / do seu suor. / Seu suor! / Gotas que traduzem / um sentimento de paixão... / Não acabou.
Nossa ação de reação. / Intensamente procura-se a ordem / de Revolução.
Volte seu olhar se desrealizar./ Sinta as colunas, / compactas e concretas. / A distância sempre a nos eternizar. / A tribo não morreu / e o poeta está lá. / Sentindo seu odor me dominando. / Recordo aquela pedra e o sol já escondido. / Mas o seu tom vermelho me deixou / perdido em teu amor / e dominado na bandeira de ação.
Grande ação de reação. / A ordem de desordenar a ordem / Só Revolução”
(“A Pedra do Oeste” - 1997)

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

Para não esquecer... essa letra já tem registro, em Cartório. A música está aqui, no meu coração e em minha mente...

A foto aqui foi tirada durante o período de preparação para o Estágio de Vivência em SC.

2 comentários:

  1. Ótima a reflexão sobre o esvaziamento das Universidades em greve... por aqui não está diferente, uns heróis da resistência que promovem as ações (sou um deles) enquanto os demais aproveitam para resolver questões pessoais e pouco fazem pelo movimento grevista... mas continuamos por aqui lutando mesmo por estes que nada fazem.

    Abc,

    Legal a foto também... lá em SC

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  2. E seguiremos fortes, certo?
    A Foto é histórica... e tem muita história p'ra contar.
    Vida Longa!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira