"A
defesa é natural:
cada qual para o que nasce,
cada qual com sua classe,
seus estilos de agradar.
Um nasce para trabalhar,
outro nasce para briga,
outro vive de intriga,
E outro de negociar.
Outro vive de enganar -
o mundo só presta assim:
é um bom outro ruim,
e eu não tenho jeito pra dar.
Pra acabar de completar:
Quem tem o mel, dá o mel.
Quem tem o fel. dá o fel.
Quem nada tem, nada dá."
cada qual para o que nasce,
cada qual com sua classe,
seus estilos de agradar.
Um nasce para trabalhar,
outro nasce para briga,
outro vive de intriga,
E outro de negociar.
Outro vive de enganar -
o mundo só presta assim:
é um bom outro ruim,
e eu não tenho jeito pra dar.
Pra acabar de completar:
Quem tem o mel, dá o mel.
Quem tem o fel. dá o fel.
Quem nada tem, nada dá."
(Zé
Ramalho)
A greve é sempre compreendida como o
momento mais “último” do trabalhador... Mas, o mais incrível é percebermos como
esse direito constitucional é tratado do dia-a-dia das grandes cidades.
Toda vez que acompanho notícias
sobre greve de motoristas e cobradores de transporte público (sic!), é
impressionante como matérias jornalísticas se repetem de norte a sul do país.
Greve de ônibus em Porto Alegre: “Cidade prejudicada pela paralisação dos
transportes públicos”; Metrô pára em Recife e São Paulo: “Milhares de pessoas
ficam sem transporte!”; Greve de ônibus em Belém e Região Metropolitana: “Greve
prejudica trabalhadores”... em tempos de “internetês”, é o tal do
“ctrl-v/ctrl-c” de manchetes jornalísticas.
Nunca vi, por exemplo, as manchetes
jornalísticas informando quando, por dia de paralisação, perdem os grandes
empresários do transporte urbano a cada greve de seus funcionários /
trabalhadores.
Já pensou?
“Greve dá prejuízo de 100 mil reais aos donos de empresa, só no primeiro dia de
greve!”... Seria apoteótico, pois pelo menos permitiria o sofrido trabalhador
que usa do transporte urbano para dirigir-se, horas a fio, ao trabalho, à
escola, à sua casa saber quanto que as empresas (seus donos, na verdade) ganham
e, consequentemente, porque o transporte urbano é tão ruim neste Brasil.
Mas é
justamente por isso, pelos grandes patrões saberem que a comoção sempre será em
vitimizar o usuário e culpabilizar o patrão que as relações entre capital e
trabalho, entre opressor e oprimido permancem.
Daí, quando
a coisa (a greve) entra na esfera pública, aí a coisa “pira” de vez. E pira em
todos os sentidos. Na tradução “pira, de pirado”, deixa todo mundo maluco
(também em todos os sentidos). Na tradução popular de “pira – jogo de pegar”, é
um tal de correr para todo lado, senão o bicho pega. E sempre pro lado do
trabalhador.
Hoje, as
Universidades Públicas Federais (espaço de trabalho e vivência de muitos de
nossos artistas e público) estão em greve. E hoje, quase que como um passe de
mágica, misturado com adivinhações, assistimos aos jornais locais que enfatizam
exatamente quem, aos olhos da mídia burguesa deste país (que, no Pará, é
representada pelas Organizações Rômulo Maiorana), são as principais vítimas das
greves dos docentes: os alunos.
Na
reportagem, a fala sobre a vida de estudantes que vem do interior do interior
para “o sonho de cursar uma faculdade”, pouco sobre as reivindicações dos
docentes e a entrevista final com um estudante, que reconhece o direito dos
professores... “mas, e nós?”.
É assim que começa, mas a meta é
sempre a mesma. Assim como historicamente a nossa mídia tupiniquim sempre fez
de tudo para demonizar pensadores de esquerda, os Movimentos Sociais do Campo e
da Cidade, a necessidade de culpabilizar, demonizar os professores que, em
greve, prejudicam os alunos, os estudantes que precisam se formar para arrumar
emprego e coisa e tal.
Assim,
o Universal Circo Crítico lança sua pequena cartilha para período de greve:
1.
Todos
e Todas (alunos/as e professores/as) devem ir a Universidade durante a greve.
Não devem dar aulas de suas disciplinas, não devem fazer chamada, devem fazer
rodas de conversa, “Conversa de Preto” (se conseguirem) para falar da
Universidade, da Educação, da Juventude, da Sociedade, das Crianças e dos
Velhos, do Conhecimento, do conflito entre Mercado de Trabalho e Mundo do
Trabalho;
2.
Todos
e Todas (alunos/as e professores/as) devem propor pequenas salas de cinema:
auditório, salões, sala de aula e passar filmes e documentários que nos levem a
refletir nossa Sociedade e nossa Universidade. E boas opções não nos faltam;
3.
Todos
e Todas (alunos/as e professores/as) devem levar seus instrumentos musicais
(até piano tá valendo), sua voz, sua música e cantar. Cantem “Para não dizer
que não falei das flores” e entendamos o significado desta canção em 1968.
Cantemos “Meu Caro Amigo”, “Cálice”, “Construção” do bom e velho Chico.
Cantemos Gonzaguinha, Milton Nascimento, Raul Seixas (violão sem Raul Seixas???
Não pode), Zé Ramalho, Legião Urbana...
4.
Todos
e Todas (alunos/as e professores/as) devem levar seus poemas, suas poesias e
declamar, declamar, declamar. Vale até aquelas mais singelas, lúdicas (claro
que vale), curtas...
5.
Todos
e Todas (alunos/as e professores/as) devem ocupar a Universidade e mostrar que
ela é feita de gente de toda parte e de muitas histórias. Quem são os/as
estudantes, de onde vem? Quem ficou em casa (os 8, 9 10 irmãos e irmãs)
enquanto você veio para a Universidade? Quem são nossos docentes? Porque estão
na docência?
6.
Todos
e Todas (alunos/as e professores/as) devem perguntar e procurar a resposta:
quem são os/as nossos/as funcionários/as técnicos/as administrativos/as? Quem
são os/as funcionários/as da manutenção e limpeza? E mais ainda: POR QUE NUNCA
SÃO SEQUER LEMBRADOS, QUIÇÁ HOMENAGEADOS, NAS FORMATURAS?
Mais ainda: Devemos todos ocupar a
Universidade em tempos de greve para nos perguntarmos: Quem é a sociedade que
espera desta Universidade algo que melhora profundamente a suas vidas?
Na verdade, essas questões devem fazer
parte do dia-a-dia da Universidade Pública Brasileira... mas, já que estamos de
braços cruzados (mas com a mente e o espírito inquietos), tai uma boa
oportunidade de pensarmos a Universidade.
Os nossos artistas e público fazem o
convite.
Venham Todos!
Venham Todas!... Ocupar a
Universidade!
Vida Longa
Marcelo
“Russo” Ferreira
OS.: Viva o Centro Acadêmico de
Educação Física da UFPA/Castanhal.... A faixa nesta publicação é do Movimento
Estudantil
Ótima a "cartilha" da greve... estamos promovendo algo parecido por aqui. Os alunos também apoiam o movimento de greve dos docentes em Parintins!
ResponderExcluirGrande abraço!
Salve Marcelo!
ResponderExcluirParabéns pela reflexão e pela "cartilha". Estudantes, docentes e a sociedade em geral precisam aproveitar esse período de greve para pensar o presente e o futuro dessa importante instituição pública. A universidade é da sociedade, não do governo.
Aos Artistas de Parintins que passaram com o Boi por nosso Picadeiro, nossa Saudação!
ResponderExcluirVida os Alunos da UFAM de Paritins que, assim como nossos alunos de Castanhal e Belém, estao ao lado dos docentes neste momento de paralização.
Vida Longa
Abraços
Há braços!
Salve, Salve, camarada de luta Renilton...
ResponderExcluirEntão, que façamos a sociedade ocupar a Universidade! E que a Universidade se pinte de povo... Pelo menos aqueles docentes que parecem ter nojo dele (será que é o título?)
Abraços
Há braços!
Marcelo "Russo" Ferreira... Vida longa as suas reflexões! Ah se todos dessem o devido valor a esses momentos extra sala de aula, que por vezes são mais enriquecedores que horas de blá,blá, blás ensandecidos sobre as inutilidades alienadas e alienantes de nossos acadêmicopatas de plantão... Salvo (é claro) algumas nobres exceções! Se tiver sarau eu to nessa... Avisa nóis!
ResponderExcluirVida longa a Seu Marcelo!
Abraços
Salve, Salve, carissimo CAmará, Diego.
ResponderExcluirNOsso Circo sempre se alegra quando estás por nosso picadeiro.
Ah! Nossos Doutores... Até quando serão maioria aqueles que se "encontram" acima do certo e do errado?
Quando tiver sarau, é claro que serás "convocado"...
Abraços
Há braços!
Vida Longa!