RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 6 de março de 2011

Mulheres (parte I)


“Carnaval, carnaval... carnaval
Fico tão triste quando chega o carnaval”
(Quanta – Luiz Melodia).

                É possível que parte do estimado público que sempre (ou não) nos visita vê e/ou cantarola esta canção do Luiz Melodia já pensando nos acordes de “Cinco Minutos” de Titãs, gravado no belíssimo trabalho Acústico da Banda.
                Mas, Melodia fala de Maria, nesta canção. “eu me lembro duas noites de alegria. E recordo que perdi minha Maria”... aliás, permitam-me o trocadilho, a melodia de Melodia nesta canção é tão belíssima quanto à homenagem de Titãs.
                Mas, como já aconteceu outrora, o carnaval perpassa o Dia Internacional da Mulher... daqui a dois dias, contos, lendas, histórias, denúncias, lutas de um segmento que há tempos aprendi a respeitar (ainda que não tenha aprendido tudo que precisava), considerando ter sido, eu, educado em tempos de valores machistas quase que inquestionáveis.
                Mas, chega o carnaval... quem vai estar em evidência neste próximo 8 de março? A Marques de Sapucaí ou atos, reportagens, manifestações sobre a história de luta que, assim como negros, índios, pobres, andantes, palestinos, mulçumanos, gays, lésbicas ainda perdura?
                O mundo inteiro é marcado por esta luta, em toda a história da humanidade... todos os anos, em tempos específicos (março – mulheres, novembro – negros etc.) aparecem reportagens, sempre insuficientemente denunciantes, mas suficientemente “evidenciantes”, das diferenças próprias do capital e que atinge segmentos, os mais diferenciados. Mas, o pano de fundo é o mesmo: a acumulação do capital.
                A anos (passeio na internet ajuda) a diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil, beira a casa dos 30%. Este percentual se acentua mais em determinadas “atividades” econômicas, inclusive as de nível superior de ensino. Mas, o mais intrigante é que a participação feminina neste troço chamado “mercado de trabalho” vem aumentando sistematicamente, ano a ano. Isso, concomitante ao aumento também da escolaridade das mulheres. E por que este percentual fica estagnado?
                Diriam, os mais “economistas” que isso nada tem a ver com a concentração de capital (lucro) mas os números falam por si só. Na mesma proporção em que aumenta-se o universo de mulheres no mercado de trabalho sem qualquer alteração da diferença de ganhos entre elas e os homens, é evidente que a questão do lucro sofre consequencias. E elas se concentram no aumento dos lucros da elite econômica e empresarial brasileira. Mais mulheres trabalhando, sem alteração da faixa diferencial dos ganhos, mais lucro no bolso dos patrões... E, claro, existem “patrões-mulheres”. Por isso, trata-se de uma questão de classe.
                Mas, é carnaval... e veja que irônico. Inquestionavelmente, vemos mais cenas de mulheres no carnaval do que de homens. Nem vou, claro, me dar ao trabalho de fazer a conta. Com certeza, uma eu acertaria: mais corpos suados, malhados e desejados de mulheres em cena do que de homens. Talvez, estes apareçam como “papagaios de pirata”, babando perto daquelas.
                O problema não é o Carnaval... Nunca será, em si, o Carnaval.
                Mas, que é, pelo menos, a se (in)questionar, o fato de na luta por direitos, as mulheres passarem a ser vistas, em potencial, como objeto de consumo durante o carnaval, isso o é.
                Mas, ainda tem mais...

            Venham todos!
Venham todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

8 comentários:

  1. Querido que saudade de vc...matei um pouco a saudade lendo o que vc escreve...aguardo "Mulheres (parteII)" BJS Elane!

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  2. Realmente o que vemos nesse período são reportagem bastante rasas no conteúdo e homenagens que no final das contas estão sempre ligadas algo do tipo 'dê um presentinho pra ela porque ela é merece'. Que venha a parte II...

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  3. Olá, Elane...
    Esta semana, assim espero, falarei mais do que aprendo com o Universo Feminino... Aliás, se não fosse feminino, não seria universo...
    abreijos

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  4. Grande Pensador Diego...
    Camarada de blog...
    Entra ano, sai ano, é assim que a mulher é entendida em seu dia... Um dia Internacional de Consumo da Mulher... o problema é quando isso nos aparece como "natural" e irreversível...
    Vida Longa, camarada...

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  5. Complicado é quando não enxergamos a própria ignorâcia, e nos deixamos guiar pelos apelos midiáticos. C'est terrible!
    Desejo luz para os olhos!

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  6. Olá, Marta...
    Mas, precisamos fazer desta indignação nossa esperança.
    Aliás, é mais ou menos disso que falo na parte II, que acabo de postar...
    abreijos
    ha braços!

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  7. " Mas, que é, pelo menos, a se (in)questionar, o fato de na luta por direitos, as mulheres passarem a ser vistas, em potencial, como objeto de consumo durante o carnaval, isso o é." Infelizmente, não é apenas no carnaval que nós, mulheres, somos vistas como produtos. A todo momento, a mídia nos bombardeia com propagandas (principalmente as de cerveja), músicas, filmes etc. que exploram a sexualidade feminina! O pior de tudo é que as próprias mulheres se veem assim: como objetos de consumos!

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  8. Salve, Salve, Karina.
    Seja bem vinda ao nosso picadeiro.
    Por isso que a segunda parte deste tema destaca que nem homens, nem mulheres poderão viver bem... o consumo não escolhe gênero, mas procura construir uma mentalidade social que leva mulheres, homens, crianças, idosos ao "ser coisa", à coisificação da humanidade... Marx já dizia isso no século XIX.
    Abraços!
    Há braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira