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quarta-feira, 23 de março de 2011

Conversa ao pé de ouvido de Luise...


“La soberanía no se discute,
se defiende con las armas en la mano.”
(Sandino)

            Salve, Salve, Pequena Luise Nogueira Fernandes...
            Pela primeira vez, em minha ousada mania de saudar os/as pequenos/as que chegam a este mundo, e sempre me refiro a eles/as como “pequenos lutadores”, posso dizer que o farei na origem. Assim sendo...
            Salve, Salve, Pequena Luise, do latim Luiza, que significa LUTADORA. És, no seu presente de batismo dado por seus pais, lutadora no nome.
            Bom, dos seus pais, só conheço sua mãezinha. E é mãezinha porque é pequenininha. Mas também é grande em seus sonhos e, certamente, estás entre pessoas que cabem em seus grandes sonhos e, assim sendo, os faz crescer com sua chegada.
            Ah! Mas vou logo me desculpando. Estamos prestando essa homenagem em seu primeiro mês de aniversário. É que de vez em quando este nosso pequeno circo (pequeno, mas universal) tem uma demanda grande de artistas, de cenas, de ideias e celebrações. Daí, perdemos o tempo de homenageá-la logo na chegada.
            Mas, mesmo não conhecendo seu pai, Luis, há uma semelhança na história da humanidade que nos leva a ele. Ainda que hoje (de a muito tempo) essa data tenha um olhar comercial e com um corte profundamente conservador sobre “ser pai”, foi uma figura de nome Sonora Luise quem, digamos assim, “inventou” o dia dos pais. Bom, ela o criou para um dia de junho (19, aniversário do pai dela) e, no Brasil, veio lá pelas bandas de 1953, pelas mãos de um publicitário. De qualquer maneira, tá aí algo que seu pai, certamente, não sabia.
            Bom chegaste em 23 de fevereiro. Uma data que, assim como todos os dias de nossas vidas, sempre nos deixam lições. Singulares ou Históricas... E, como sempre, passamos a buscar as lições que o nosso Picadeiro, nossa Lona e nossos Artistas (sempre ciganos) nos deixam para esta data.
            Lá pelos tempos de 1861, nas bandas da América do Norte, a história testemunhou um período grotesco, desumano, da história dos homens. Não bastasse os séculos a fio que escravizaram negros e exterminaram índios (e já defendiam a liberdade, naqueles tempos), os Estados Unidos vivenciaram uma fato, no mínimo, contraditório. O então eleito presidente daquele país, Abraham Lincoln, teve que chegar escondido à Washington para assumir a presidência do país. Os anos que seguiram foram de intensa guerra civil. Um país em que o preconceito e o racismo vigam até hoje ainda visita nossas terras e defende a democracia... americana... ainda que com um presidente negro (que, a poucos anos atrás, só era imaginado em filmes de Hollywood). Mas, é preciso lembrar: muitos foram os motivos daquela guerra civil em longínquos 150 anos nos EUA. Mas o principal deles foi a intolerância, a mais profunda manifestação da ignorância humana sobre si mesmo. Daqui, fica a nossa primeira lição, pequena Luise. Nunca permita que o preconceito, minimamente, faça parte de seus aprendizados.
            Foi em 1919 que, em Portugal, estava por ser fundado o Jornal A Batalha, que teve, segundo o blogueiro português A. Brandão Guedes, uma publicação em forma de Almanaque em 1926. Tratava-se do único jornal diário do movimento operário e sindical em Portugal e vinha na esteira do clima revolucionário russo, transformando em fato a utopia de uma revolução operária. A utopia, que Galeano tão bem nos ensinou como sendo o ato de caminhar. Até onde me consta, o Jornal ainda existe, com os mesmos princípios libertários que o originou. De qualquer maneira, trata-se de um elemento na história da humanidade que nos coloca, hoje, a pensar: qual a relação entre democracia e “liberdade de imprensa”? Bom, Luise. Acho que é cedo para pensares em responder esta questão. Mas, na esteira do significado do seu nome. Nossa segunda lição: a liberdade verdadeira é aquela que não esconde opinião, palavras ou verdades. Busque sempre a liberdade, aquela coletiva, de todos e todas as pessoas deste mundo.
            Uma coisa importante e que seus pais certamente não irão deixar passar: assim que puderes, toma a “gotinha”. E lembre-se: foi num dia assim, 23 de fevereiro, lá pelos tempos de 1954 que um imunologista americado de nome Jonas Salk apresentava a vacina para a poliomielite. Doença que vinha pesadamente em todo mundo, na esteira do pós-Segunda Grande Guerra. Ah! Mas ele não estava sozinho. Vais escutar, principalmente nos tempos de campanha de vacina contra a paralisia infantil (Zé Gotinha e coisa e tal) de outro cara, chamada Albert Sabin. Esse sim, avançou nas pesquisas contra a pólio e inventou a “gotinha”. Veja que massa! Metade do Século passado e a vacina já tinha a forma de gotinha. Não faça careta, hein?
            Em 1961, uma data importante: Erneste Che Guevara assumiria o Ministério da Industria de Cuba, país que já sofria com a sansão econômica imposta pelos Estados Unidos. Uma Ilha “deste tamanhozinho” tendo suas fronteiras econômicas cerceadas pelo imperialismo americano que, já naquela época, inventava guerras e ditaduras. OS critérios de trabalho do então Ministro da Indústria (de um pais agrícola e de manufatura)? Discussão coletiva e responsabilidade única. Ah, se nossos Ministros aqui nas terras brasilianas pensassem assim... em um tempo em que até o Ministro só recebia a comida permitida na caderneta (lembre-se: era uma Ilha, Soberana mas uma Ilha, com embargo econômico), Che ensinava a lição para um estadista: “A realidade sem enfeites, sem medos e sem vergonhas. A verdade nunca é ruim”. Talvez neste sentido seja coerente pensar que a verdade é revolucionária. E que esta seja mais uma lição, pequena Luise: Seja sempre revolucionária, nunca tenha medo da verdade.
            De todos/as aqueles que, até onde pudemos descobrir, nasceram ou morreram em um 23 de fevereiro, destaco um, que partiu nesta data mas, ao partir, deixou uma grande lição: a de que as pessoas vão, mas a idéia fica. Foi em 1934, numa armadilha feita por Somoza Garcia (que deu um golpe de estado em seu país, a Nicarágua e lá ficou por quatro décadas) que Augusto César Sandino, líder revolucionário nicaragüense, considerado o “general dos homens livres” foi morto. Mas seu nome e sua luta ecoaram por toda América Central e Latina. Sandino, como Che, são nomes que não devem ser esquecidos... principalmente em tempos em que o Presidente dos Estados Unidos visita nosso país e toda a imprensa cobre até o horário em que o avião Força Aérea 1 levanta vôo... ao vivo!
            Que também possamos deixar a lição de Sandino, pequena Luise que sempre defendeu a necessidade de lutar acima da possibilidade de ser escravo.
            Como diria o saudoso Chico Science: “Viva Zapata! Viva Sandino! Viva Zumbi! Antonio Conselheiro! Todos os Panteras Negras. Lampião, sua imagem e semelhança. Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia” que abria este chamado com uma lição que, mesmo não sendo desta data, pequena Luise, vale para toda uma vida: O medo dá origem ao mal/ O homem coletivo sente a necessidade de lutar/ o orgulho, a arrogância, a glória/ Enche a imaginação de domínio/ São demônios, os que destroem o poder bravio da humanidade”...
            A nossa homenagem completa-se na belíssima voz de Mercedes Sosa, que cantou à Nicarágua e aos Sandinistas.

Viva Luise!

Vida Longa à pequena Luise!

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

 



4 comentários:

  1. Vida longa a essa pequena lutadora...que maravilha pequena Luise o seu nome já expira conquistas através de lutas...saudações a pequena luise e sua familia!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Obrigada Elane por suas palavras e ao meu grande amigo Russo!!! eu amei e estou sem palavras para dizer o quanto amei esta homenagem, que com certeza ela irá lê-lo e saber que tenho um grande amigo que mesmo longe mora no coração, obrigada do fundo do coração.Obrigadaaaaaa .Thaise( mãezinha da Luise)

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  4. Olá, Elane...
    Visitante contante de nosso picadeiro e público, inclusive nos nossos "conversa ao pé de ouvido".
    E Thaise... Esta é a primeira homenagem gaúcha de nossos artistas, hein? Falando para o mundo!
    QUe bom que gostaste de nossa conversa com Luise.
    Vida Longa!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira