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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Carta a um/a amigo/a... em 07 de fevereiro de 2010.

O Universal Circo Crítico... Carta a um amigo...





“(...) mas acontece que não posso me furtar
a lhe contar as novidades...”
(Chico Buarque e Francis Hime).


          Olá, velho/a amigo/a
          Saudações... quanto tempo.



          Rogo (espiritual e revolucionariamente) que esta o encontre e aos seus/suas com saúde, paz, harmonia e força. Em tempos de “suspeita desesperança”, para mais ou menos furtar as palavras de Chico Alencar e Pablo Gentile, em seu “educar em tempos de desesperança”, de idos 2002 (não vou ficar colocando referencial bibliográfico aqui, né camarada?), nada como saúde profunda, paz entre os nossos, harmonia no pensamento e no projeto histórico e força, nem que seja dos mais rincões de nossa esperança e subjetividade, para seguir em frente, sem deixar de reconhecer o que ficou p’ra trás, pois são sustentáculos de nossos caminhos adiante.
          Possivelmente estás a me perguntar: “o que aconteceu? Marcelo sempre foi mais brando, mais informal nos seus inícios de carta...”. Digamos que posso parafrasear com um dos acontecimentos em minha vida nestes últimos tempos em que não nos comunicamos mais.
          Como sabes, além de adquirir um imóvel por essas bandas de Belém, havia (e “continua havendo”) iniciado pequenas reformas na casa. A última demanda? A fundação (fiz parte dela somente) não existe e estou tendo que fazê-la por completo. E é justamente disso, desta “comparação”, que estou falando: sou obrigado a olhar para o que NÃO tinha na casa para pensar o que a casa irá ter. E é assim que penso a vida, as relações sociais, a luta social, nossos projetos de homem/mulher, mundo e sociedade. Não posso deixar de olhar para o que tivemos e/ou não tivemos para pensar no próximo passo, não concorda?
          Veja se não estou certo (ou se estou “viajando” muito, como costumam dizer meus alunos): nosso país está se destacando, na América Latina, como o único país que trata sua história recente (os anos de ditadura) com apenas duas categorias, duas possibilidades: a primeira, é que o país se tornou uma democracia e, atualmente, uma grande liderança mundial sem ter aberto os seus porões aos (no mínimo) livros de história e a segunda, que aqueles que querem o amplo e irrestrito conhecimento público sobre o que aconteceu nos anos de chumbo seriam, meramente, revanchistas. Ou seja, sabermos integralmente a história de nosso país, para esses pulhas, não “infrói nem contribói” para a construção de nossa nação. Daí, o que pensarmos disso tudo? Que a história seria exatamente esta, desta forma, neste tempo se não fôssemos justo com a nossa história? Olhar para o passado é andar p’ra trás e o país não pode perder tempo? Oras...
          Bom, a casa é isso mesmo... não tem fundação. Foi construída apenas subindo-se tijolos acompanhando uma “idéia” do que ela teria (onde fica a sala, onde ficam os quartos etc.) e, agora, preciso ir re-fazendo-a aos poucos. De qualquer maneira, ainda que seja algo a ser feito em médio-longo prazo (penso que mais longo do que médio), continuarei com a idéia que dividi contigo em minha última carta: ampliar o espaço livre e construir algo mais p’ra cima. Coisas de quem cachorro hehehe.
          Continuamos com nossas lutas por aqui. Lembra quando comentei do Movimento Nacional Contra a Regulamentação do Profissional de Educação Física - MNCE? Pois então: estamos fortalecendo cada vez mais nosso trabalho e nossa luta e, junto a isso, a coisa (mais) bacana: fortalecendo nossos laços de amizade. Sabe aquela história de saber o tempo e o lugar – quando necessário – de cada coisa, tema ou assunto? A capacidade de lidar com a crítica sem a-bso-lu-ta-men-te jogar fora ou até mesmo deixar em xeque a amizade? Saber fazer a crítica aos companheiros, quando for o tempo da crítica, e saber beber uma cerveja ou uma cachacinha, cantando, tocando violão, dançando um carimbó, quando for esse o momento? Quer mais? Não estabelecer simplesmente uma “separação” destas coisas: luta para um lado, celebrações para o outro lado. É conseguir fazer com que as duas sejam parte de um mesmo processo. E, assim sendo, que também as nossas “pequenas coisas e causas” fazem parte deste processo, mesmo quando não atingimos aquilo que realmente gostaríamos de atingir.
          Falo, por exemplo, de meu trabalho na Universidade: ano passado (ok, desculpa, isso eu devia ter dividido contigo em dezembro... foi mal) orientei para defender em 2009 mesmo, quatro Trabalhos de Conclusão de Curso (chamamos aqui de TCC), além de uma co-orientação (a que dou uma de “inxirido” hehe). Não saberás, possivelmente, de quem estou tratando: Elys e Denise (amissímas, coladas com superbond – aliás, é a dupla que divergia de minha linha de reflexão que comentei na última carta, lembra?) que fizeram um belo trabalho bibliográfico e documental sobre o “Lúdico e o Trabalho Infantil”; a Bruna e a Patrícia, que também fizeram um trabalho bibliográfico e documental sobre políticas públicas (mas quando um aluno de ensino superior vai querer estudar sobre políticas públicas???? Dá p’ra imaginar?); a Nadine e o Allan que fizeram um Trabalho de campo sobre a Ginástica Laboral, mas não ficaram falando as mesmas coisas, esse blá-blá-blá de que a atividade física é salvadora da saúde e coisa e tal (haha... ela trabalha em Academia e ele é personal trainner, dá p’ra tu?); e Anaile e Tayná, que estudaram uma das principais praças públicas de Castanhal e, em síntese, concluíram que tem muito pouco de “pública” nela, a começar pelo acesso. Isso sem falar de Beth (Docinho) e Mylle, que toparam dar um corte sócio-econômico a um trabalho sobre atividade física e capacidade funcional de idosos. Imagina o que é elas visitarem 60 idosos/as, de casa em casa!!! Bom... um dia, espero, falarei mais destes trabalhos. Mas posso dizer, sem sombra de dúvidas: esses trabalhos também são fatos para comemorar, para celebrar com os meus pares de luta e celebrações... Percebe? Humm... ou será que meus alunos estão certos? Tô viajando...?
          Mas acho que é isso... estou voltando e espero receber sua resposta, também... Não se avexe se não conseguir, ok? Sei que são muitas as suas lutas, também. E espero que continuem crescendo, como continuará crescendo nossa capacidade de lutar.
          De resto, a molecada (Kaia, Janis e Hércules) está bem, ando aprimorando algumas regras com eles. Infelizmente (um pouco p’ra mim, vamos assim dizer), estou tendo que sair para passear com eles só depois das 21 horas. Bom, sabes que todo cão é curioso, principalmente quando vê outro cão. O problema é que Kaia e Hércules são “grandes curiosos” e um morador reclamou que eles não estavam de fucinheira. Acho, sinceramente, uma maldade, um incômodo a fucinheira para cães passearem. Isso faz com que o passeio não seja bacana... Assim, estou tendo que sair com eles sempre mais tarde, para garantir que passeiem em um horário incomum a passeios com cães – na visão dos homens... Mas eles estão bem.
          No mais, o violão saiu da caixa, ando praticando um pouco mais... Saramago continua (sempre) na minha cabeceira... continuo reclamando dos serviços privados (internet, telefone, atendimento em lojas hehehe).
          Ah! vou ministrar uma disciplina num curso de Especialização em Lazer, por aqui! Quanto pagam? Não é p’ra pagar... entenda: a Universidade é pública, não deve cobrar por essa atividade. Portanto, é minha obrigação, vamos assim dizer, topar ser professor neste curso. Afinal, o conhecimento não é privado, certo? ... Certo?
          Como das outras cartas, continuo cantando, brincando, lutando (que a luta é necessária) e acreditando, como sempre, na vitória do povo e seus lutadores.
          Espero vê-lo/a(s) em breve. Ando com saudades de vocês.



          Forte abraço e que em 2010 sigamos nossa alegria de sermos quem somos e fazermos do mundo o que ele merece e precisa ser!



          Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira

P.S.: isso é apenas uma carta. Ajuda para retomar o espaço do Universal Circo Crítico, mas não é, acredito, algo que valha a pena ser plagiado.

8 comentários:

  1. Patricia menezes08 fevereiro, 2010

    Oi Marcelo é a primeira vez que leio teu blog. Achei interessante a maneira com que tu falaste sobre a surpresa sobre o tema que escolhemos: políticas públicas é legal tá !he he he
    Bj
    Patrícia

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  2. Olá, Patrícia.
    Bom ter sua visita por aqui. Seja sempre bem-vinda...
    O tema, sabes, não é muito atrativo. Só quem se aprofunda consegue ver quanta coisa pode ser estudada, e até deve...

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  3. Tábita Nascimento08 fevereiro, 2010

    É bom vê-lo novamente neste mundo de realidade, porém recheado de sonhos e encantos...
    Sempre foi importante este espaço, pelo menos para mim desde que comecei a frequentá-lo! Em tempos difíceis é bom poder recorrer a uma boa leitura para aliviar as tensões da alma!
    Au revoir...

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  4. Caro Daniel, a recíproca é verdadeira... Sejamos sempre bem-vindos.
    E obrigado pelo "boa leitura" Tábita... Mas lembre-se (tipo sugestão): ler e escrever formam um par melhor, não concorda?
    Venham Todos!
    Venham Todas!
    Marcelo Russo

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  5. Daniel Dias.09 fevereiro, 2010

    Marcelo,as metáforas são excelentes ilustrativos das coisas que queremos esplicar.A vida o mundo do trabalho são reflexos ou produtos do pensar, do mover-se.Falamos o que é óbvio porque deve ser "assim" diante do que é "politícamente correto" e então porque não dizer o que se deseja dizer, afinal nossas ações são predominantemente baseadas pelo prazer que algo ou alguma coisa pode nos proporcionar.

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  6. Pois é Daniel... Acredito que a Metáfora também expressa a as nossas subjetividades, que não devem ser desconsideradas. Metáfora e subjetividade são também instrumentos revolucionários. NO popular, muitas vezes escutamos "um risco não é Francisco", ou "mantenha a água na porcelana se quiseres o casamento", que são expressões populares e, aparentemente, não tão diretas...
    Bom dialogar sobre essas coisas.

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  7. É! professor Marcelo, a realidade é um misto de subjetivo e objetividade, nas quais debrusamos sobremaneira o pensar ritmicamente no devaneio da nossa existência.Mas será mesmo que existimos ou apenas somos um "pensar" sobre nassa própria ação de vivenciar e refletir metáforas de realidade no ireal.
    Até a próxima!
    Daniel Dias.

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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira