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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Carta a um amigo - Belém, 08 de setembro de 2009

“Meu caro amigo me perdoe por favor,
Se não lhe faço uma visita...”
(Chico Buarque).

Olá, velho/a amigo/a
Como sempre, espero que esta que agora chega em suas mãos o/a encontre em paz e harmonia, sem nunca perder, claro, a indignação e a esperança, par necessário à vida e à luta por um mundo melhor.
Da última vez que te escrevi, pedia-lhe “desculpas” por tanto tempo sumido. E cá estou de novo, sete meses depois, tendo que pedir-lhe, num tom mais “nordestes” que releve essa nova demora. Os caminhos foram muitos, o trabalho também... Mas nada que concretamente justifique essa ausência. Foi “farrapage”, reconheço... Mas minha memória e carinho por nossa amizade, ah! essa nunca farrapa (percebeste como estou mais para Pernambuco do que para o Pará... mas continuo, firme, forte e feliz por essas terras nortistas).
Da última vez que escrevi para ti, falava que as coisas estavam se ajeitando, mas prometia comentar mais sobre o assunto em uma próxima carta. É, parece-me que, mesmo distante, essa é a “uma próxima carta”.
Os amigos da terra, de lutas candangas, estão se fortalecendo cada vez mais. Organizando-nos em Movimentos Sociais (caso do Movimento Nacional Contra a Regulamentação do Profissional de Educação Física – MNCR, não sei se já comentei isso contigo) ou sempre nos aproximando de outros históricos Movimentos, como o MST (que, aqui no Pará, ainda que não seja exceção país afora, enfrenta só barra pesada), construindo trabalhos com os nossos alunos na Universidade. Já nos “inxirimos” até em organizar um Seminário Interativo, dá pra tu? Neste próximo semestre tem mais.
Que mais? Música, ainda que não esteja compondo, voltou a “compor” (sacou? Compondo, compor... rss) a minha vida. Mais violão, mais música em casa, e uma parada maneira com um grande amigo, um trabalho acústico, bacaninha. Em breve, estaremos fazendo sucesso, espere só p’ra ver. É como Saltimbancos: já estão o Jumento e o Cachorro, só faltam a Galinha e a Gata. “Dórme a cidade / Résta um coração / Misterioso / Fáz-se uma ilusão...”
A minha casa está se arrumando também. Espero, mas espero mesmo, dar de presente à Kaia, Hércules e à mandona – com eles – da Janis Joplin mais um espaço por aqui. Já coloquei um muro na frente de casa, prontinho para receber um portão. Quando isso acontecer, a molecada – meus cães, assim os chamo – poderá ficar mais pela garagem, que, cá p’ra nós, por minha casa ser nascente, é bem mais fresco durante o dia. Depois, com calma, a cozinha, o quarto novo, a transferência do meu escritório para o quarto velho, a ampliação da garagem – mais espaço para a molecada – o quintal com grama, piso no lugar do cimento... Acho até que pode demorar um pouquinho. Mas quem é que está com pressa? Oxi! É meu lado baiano rss.
Na Universidade, as coisas também vão acontecendo, no ritmo e, já era hora, no enfrentamento conceitual necessário. Diga-me, caro/a amigo/a: o que pensas sobre a ciência? Essas semanas que se passaram, em uma lista de discussão que participo na internet (uma sala de bate-papo “sem” tempo real, vamos dizer), um professor daqui destas bandas poetizava “A ‘ciência é neutra’! Isso é papo furado!”. Se puderes visitar, acho que vais gostar do que ele escreveu:
http://www.mncrbelem.blogspot.com/. Também andamos debatendo isso dentro da sala de aula, principalmente na disciplina à qual sou titular (Prática de Ensino). Mas, diz aí. O que pensas sobre a ciência?
Ah! Mas teve uma coisa bacana, tu vais até estranhar, mas é da contradição e da dialética mesmo. Estou com uma dupla de orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – são seis orientações, 01 co-orientação e umas “ajudinha aí, professor!” a mais – que me colocou numa prova de fogo instigante. Ela (a dupla) diverge de minha base conceitual e a orientação continuou mesmo assim. Por que é bacana? Oras, porque estou fortalecendo a minha defesa de “capacidade de autonomia intelectual” com meus alunos, sobre o que estudam, o que escrevem, contra o que escrevem e isso é fan-tás-ti-co! na formação de jovens universitários, sempre acostumados a receberem os conteúdos como verdades-verdadeiras, imutáveis e inquestionáveis. E, agora, fortalece-se essa capacidade de discordar e, mais ainda, de argumentar teoricamente com seu próprio ponto de vista. Tá certo, tenho uma “perda” do ponto de vista conceitual, mas é assim mesmo, vou aprimorando minha capacidade de argumentação e convencimento, também. Mas, ainda assim, inigualável alegria de provar a meus alunos, por eles mesmoa, que sim, eles podem ser... ser... égua! Ser donos de seu pensamento! Isso é revolucionário, não acha?
Mas me conte: soltaste sua vontade em escrever muitas coisas, sem parar? E as sementes que disseste que levaste do Fórum Social Mundial, estão crescendo? Lembro que comentaste também, na resposta da minha última carta, que irias montar um blog. “A soma das coisas”, se não me engano. E então? Como está esta conta? E a poesia de luta? A indignação poética? Conte-me tudo, ok? Demorei para responder-te, mas não a tempo e velocidade para nossa amizade.
No mais, caro amigo/a: Hércules, Kaia e Janis Joplin vão bem, e o muro subiu um pouquinho. Bom para eles e para os vizinhos, que viviam levando susto, principalmente do Hércules.
Continuo cantando, brincando, lutando (que a luta é necessária) e acreditando, como sempre.
Espero vê-lo/a em breve. Ando com saudades de vocês.
Forte abraço
Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira


P.S.: isso é apenas uma carta. Ajuda para retomar o espaço do Universal Circo Crítico, mas não é, acredito, algo que valha a pena ser plagiado.

4 comentários:

  1. Oi menino, obrigada pelo comentáro lá no meu blog, vindo de vc q escreve bem é um super elogio.

    Descobri q quanto amis estressada mais inspirada eu fico, nas férias não saia nada...rs

    Caramba, os moleques vão ficar felizes com a nova área...rs Pit Pitoca, amou a nova casa e eu também.
    bjs e q bom q retornou ao blog

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  2. Este "muro" é simbólico, proteção emocional, ou literal?

    Muvabreijos

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  3. Olá, Camila...
    Não, é apenas um muro literal. Na verdade, Hércules sempre latia quando a vizinha aparecia no quintal. Na verdade, ele "metia o fucinho" por cima do muro... Daí, já imaginaste o grito de susto, né??
    valeu te ver aqui.
    Heliana, bom te ver também... Aliás, duas pessoas blogueiras me visitando...
    Abreijos e MVBJS
    Marcelo

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  4. Grande Russo, estou abrindo as portas do castelo de luz, tirando a poeira, afastando a mobilha, arrumando os cantinhos, liberando a area para as visitas. Obrigado por me lembrar que o castelo é nosso! forte abraço

    Rei
    Do castelo de luz

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Marcelo "Russo" Ferreira