“Não sabemos se este novo ataque
será o prelúdio da
tão anunciada invasão
dos 5 mil vermes.
Mas lutaremos sobre
os cadáveres
de nossos
companheiros,
sobre os escombros de
nossas fábricas,
cada vez com maior
determinação. Pátria ou Morte”
(Ernesto Che Guevara /
Às vésperas de 17 de abril de 1961)
Entre os dias 15 e 19 de abril de 1961, quando ainda se estruturava a
revolução cubana enquanto Estado Cubano, a CIA do então presidente americano John
Kennedy, juntamente com os governos ditadores (nada de novo na história
imperialista norte-americana) da Guatemala (Ydígoras) e Nicarágua (Somoza),
estabelecia seu avanço sobre a pequena e revolucionária Ilha do Caribe, na
tentativa de restabelecer o governo de Fulgêncio Batista.
Tratava-se de uma ofensiva de de aviões B-26, pilotados por cubanos
treinados pela CIA e que bombardeavam as bases aéreas de Santiago, San Antonio
de los Baños e Cudad Libertad...
Ao final destes quatro dias, segundo Paco Ignácio Taibo II, “a invasão é
um fracasso”... Kennedy estava seguro em seu Gabinete na Casa Branca. Fidel e
Che foram para a linha de combate.
A data que nos importa, em particular, aqui, é 17 de abril de 1961.
Neste dia, os EUA são derrotados na Bahia dos Porcos (Girón), em Cuba e no dia
seguinte, às cinco horas e trinta minutos, os revolucionários cubanos retomam a
baía estratégica de seu país. Dois dias depois, 19 de abril, a derrocada final
americana frente à pequena ilha revolucionária e que proporcionou, também, a
morte de vítimas deste conflito, civis ou militares.
A história da humanidade, de seus conflitos e seus confrontos, revelam
que, ainda, esta vã e insana tentativa de destruir o povo cubano e sua
conquista revolucionária poderia, no final ao cabo, desencadear um conflito
mundial, liderado por EUA e URSS (a então União Soviética) que, fatalmente,
representaria a exterminação da humanidade, em um conflito bélico e nuclear sem
precedentes.
Em 17 de abril de 1996, 35 anos depois, possivelmente poucas pessoas no
Brasil sabiam, nem ao menos celebravam esta data. Claro, não se tratava de
nenhuma imagem histórica que favorecia qualquer interesse de aprofundar os
valores de submissão da classe trabalhadora ao Imperialismo Americano.
Mas, também bem possivelmente, 19 agricultores, campesino, militantes
Sem Terra, em Eldorado dos Carajás no Estado do Pará não imaginavam que nesta
data que expressa a capacidade de lutar contra gigantes seria uma data de
tristeza, em tempos e ações de luta.
Passados 16 anos daquele 17 de abril de 1996, os artistas e o público do
Universal Circo Crítico homenageiam não apenas aqueles 19 lutadores do povo que
enfrentaram o braço armado do Estado (Paraense e Brasileiro) com paus e pedras.
Como enfrentam com paus e pedras os palestinos contra as armas de precisão de
Israel. Como enfrentaram com o mesmo sentimento revolucionário dos Camponeses
de Carajás o povo cubano em 1961.
A história da humanidade ensina constantemente: “a luta do homem contra
o poder é a luta da memória contra o esquecimento” (Milan Kundera).
Não nos esqueçamos de 17 de abril de 1961.
Não nos esqueçamos de 17 de abril de 1996.
17 de abril! Presente!
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
PS.:
Nossa homenagem e nosso compromisso com a verdade de Carajás... Sem
assassinos condenados!
Abílio
Alves Rabelo (seis tiros);
Altamiro
Ricardo da Silva (executado no chão, após receber tiros na perna);
Amâncio
Rodrigues dos Santos (hemorragia intracraniana);
Antônio
Alves da Cruz (dois disparos de arma de fogo no peito);
Antônio
Costa Dias (dois tiros no peito);
Antônio
(conhecido como Irmão – três tiros pelas
costas, um no pescoço);
Graciano
Olímpio de Souza (Tiro na cabeça, com marcas de lesões típicas de defesa);
João
Carneiro da Silva (esmagamento de crânio);
João
Rodrigues de Araújo (tiros e marcas de arma branca);
Joaquim
Pereira Veras (dois tiros);
José
Alves da Silva ((tiros característicos de execução sumária);
José
Ribamar Alves de Souza (dois tiros, um a queima roupa);
Leonardo
Batista de Almeida (arma branca);
Lourival
da Costa Santana (tiro fatal no coração);
Manoel
Gomes de Souza (três tiros, na cabeça – execução sumária);
Oziel
Alves Pereira (três tiros na cabeça e um no peito – em poder da polícia,
algemado);
Raimundo
Lopes Pereira (dois tiros na cabeça e um no peito, com marcas de tentativa de
defesa);
Robson
Vitor Sobrinho (quatro tiros, dois a queima-roupa, pelas costas);
Valdecir
pereira da Silva (não consta dados).
Outros dois camponeses hospitalizados
após o massacre morreram no hospital.
O sangue destes 19 camponeses que foram brutalmente assassinados caíram sobre a terra e esta por sua vez germina a cada dia a esperança e justiça em nosso meio.
ResponderExcluirEmanuelle - Assentamento JOão Batista
Olá querida camarada Manu.
ResponderExcluirSaudações.
O Universal Circo Crítico sente-se honrado com sua manifestação...
Vida longa a nossa capacidade de termos esperança!
Abraços
Há braços!