RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Até quando...?


Aquele que não cedeu

Foi abatido

O que foi abatido

Não cedeu/

A boca do que preveniu

Está cheia de terra

A aventura sangrenta

Começa.

O túmulo do amigo da paz

É pisoteado por batalhões/

Então a luta foi em vão?/

Quando é abatido o que não lutou só

O inimigo

Ainda não venceu

(“Na morte de um combatente da paz

Bertold Brecht)


Se o magnífico poeta Bertold Brecht estivesse entre nós, lamentavelmente, não lhe faltaria inspiração. É verdade que o poeta, framaturgo e encenador alemão de muitas letras e sentimentos também falava dos bravos lutadores, das inúmeras heroínas e das batalhas vencidas. Mas também falava da exploração, da desumanização da humanidade: “E se fôssemos infinitos? Tudo mudaria. Como somos finitos, tudo permanece”.
Ficamos a pensar o que pensam, dialogando com a bela obra de Chico Buarque de Holanda (Os Saltimbancos – A Cidade Ideal), os moradores, o prefeito e os varredores, os pintores e os vendedores, as senhoras e os senhores, e os guardas e os inspetores”? Quem dera, era pergunta, fossem somente crianças...
Nas últimas semanas, o Universal Circo Crítico vem se perguntando e, agora, pergunta a seus artistas e público:
Até quando teremos Josés, Marias, Marcos Gomes, Eremiltons, Adelinos mortos, assassinados – mas não silenciados – sabidamente pelos fazendeiros, madereiros, saqueadores de nossas florestas, de nossa agricultura e dos direitos daqueles que defendem a terra, o campo, a agricultura familiar e a Reforma Agrária?
Até quando assistiremos silenciosamente Claudemir (sobrevivente do Massacre de Corumbiara/RO – 1995) e Nilcilene (agricultora familiar, jurada de morte no Sul do Amazonas) continuarão a se esconder de amigos, familiares? Esconder de seus direitos (aqueles que esta nossa burguesia boba defende, de “ir e vir”)? Esconder de seus assassinos e seus mandantes?
Ate quando assistiremos os latifundiários (fantasiados de “agronegócio) ditarem o que deve e o que não deve ser aprovado no Código Florestal, e, no caminho, parlamentares transformarem em “Moeda Política” o debate e a aprovação deste importante documento? Até quando morros destruirão casas e famílias, para, enfim, perceberem que não é apenas uma questão de “preservar árvore ou pererecas” que envolve o debate do meio ambiente no Brasil e no mundo?
Até quando lutadores e lutadoras do povo resistirão à Hidroelétrica do Xingu, cuja necessidade está apenas, e inquestionavelmente apenas, a atender as demandas das grandes corporações e seus empreendimentos que necessitam de energia quase que exclusiva?
Até quando teremos gays, lésbicas, travestis, transexuais – homossexuais – agredidos covardemente apenas por serem... homossexuais?
Até quando testemunharemos monumentos como o de Zumbi dos Palmares (Praça Onze, centro do Rio de Janeiro) pichados de maneira racista no último dia 05 de junho?
Até quando assistiremos – com a verdade e silêncio de nossa estúpida e mal intencionada imprensa brasileira – discussões sobre educação e direitos humanos tratados a partir de seus interesses privados e seu histórico preconceito de elite, como foram os casos do documento final do Plano Nacional de Direitos Humanos (quem lembra?), o livro de Heloisa ramos (“Por uma vida melhor”) que tratava – apenas em uma parte da obra – sobre o uso da língua popular?
Até quando veremos as “revoluções do Oriente Médio” como mero ato de organização popular? Até quando os interesses “petroleiros” dos EUA e da OTAN ficarão sempre em segundo plano quando vierem notícias da Líbia (em que a OTAN atua e já matou inúmeros civis inocentes) e do Barein (que não tem OTAN, porque não tem Petróleo)? O que dizer do jovem Hamza, de 13 anos, barbaramente torturado – dissemos barbaramente torturado – na Síria?
Aliás, até quando veremos países imperialistas no DNA (Estados Unidos, Inglaterra, França...) decidirem quando intervir militarmente e quando não em outros países, apenas porque entendem que precisam intervir?
Até quando nada, mas nada saberemos pela “grande” imprensa brasileira sobre os conflitos no norte e nordeste da África? Quando o cacau de Costa do Marfim não chegar mais aos nossos deliciosos chocolates da Nestlé?
Até quando os acontecimentos da Europa passarão em silêncio em nossas Universidades, Escolas e – aff! – Imprensa? O que sabemos sobre os conflitos na Grécia, Itália, Espanha e Irlanda, países que estão quebrados financeiramente – mas não os donos de banco e de grandes corporações – e seus jovens em protesto?
...
No mundo todo, crianças pegam em armas, crianças morrem de fome, crianças são exploradas no trabalho e sobre seu corpo. No mundo todo, mulheres sofrem violência, são silenciadas e humilhadas... algumas suportam por necessidade. Mundo todo, animais são mortos, exterminados, “coisificados” comercialmente... alguns sofrem, pois são mortos aos poucos. No mundo todo idosos são abandonados, são lesados em seus patrimônios de vida e experiência. No mundo todo, podem acreditar, poucos lucram de verdade com tudo isso.
Não nos faltam pontos para perguntarmos “Até quando”... Há muito mais o que se perguntar, há muito mais com o que se indignar, há uma única esperança!
Daqui de Castanhal, e para os conterrâneos cabanos, em suas questões e cotidiano local: até quando continuaremos a comprar (eu não vou mais lá) no Yamada Plaza/Castanhal, o “Lugar de gente feliz” da Fafá de Belém. Acerca de dois meses, seus trabalhadores cruzaram os braços em defesa de melhorias salariais e condições de trabalho. A paralização surtiu efeito duplo: as conquistas saíram e os grevistas, pouco a pouco, foram demitidos. Os novos funcionários já foram contratados, à sombra do medo: quem luta pelos seus direitos, é demitido...
Até quando????
“Quando os trabalhadores perderem a paciência”, dirá Mauro Iasi...?

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

4 comentários:

  1. Olá maninho.
    Quantas notícias tristes!Realmente o mundo está cheio de coias ruins, destrutivas, nefastas... Parece um "caminho sem volta",mas felizmente NÃO É. Tudo é possível quando se acredita e se busca o melhor. No entanto este melhor deve ser coletivo e não individual, sendo assim, enquanto as pessoas e a sociedade continuarem pensando de forma individual, competitiva onde que vence é sempre o mais poderoso, o mais bem sucebido sócio-politico-economicamente (o homem burguês,branco, rico, heterossexual), em que a escravidão humana imperar... "não viverão bem nem homens e nem mulheres"!
    Estamos nos preparando para "os dias melhores que virão"...
    Há braços

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  2. Essa é uma luta "Lendária" desse povo, meu amigo, muitos já se foram por esses mesmos motivos,porém a intenção de matar pra calar, não funciona, ao contrário fortifica mais ainda essa bandeira de luta!!! E a luta continua!!

    E cada vez com mais força!!

    Abraços e Paz!!
    Katiucia Moutinho

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  3. Olá, PAtrícia.
    Sempre presente, nossa artista.
    Nunca será um caminho sem volta enquanto Lutadores e Lutadoras do Povo existirem, nascerem, viverem em defesa da vida.
    Os dias melhores virão, porque serão feitos por nós... mesmo aprendizes.
    Vida Longa!
    Abreijos
    Há braços!

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  4. Olá, minha dupla conterrânea Katiúcia.
    Bom te ver por aqui...
    Lutaremos sempre!
    Abreijos
    ha braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira