RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dilemas das relações sociais... a juventude...



 
Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira. 
 (Estatuto do Homem – Thiago de Mello)

           
            Há algum tempo vinha refletindo sobre uma questão, objetiva, mas não de simples resposta: “o que estamos fazendo com nossa juventude?”.
            É verdade que não se trata de apenas ver a juventude. Essa pergunta se repetiria com o idoso, com a infância, com o trabalhador, com o campesino, com os povos indígenas, com o povo africano, com o povo negro... perguntaria “o que estamos fazendo com o meio ambiente?”, assim como com as cidades, com nossas praças...
            O que estamos fazendo com as pessoas?, com a família?, com a amizade?... O que estamos fazendo com a sinceridade, a fraternidade (enquanto expressão da verdade)...
            E nas últimas eleições, como este espaço se empenhou, facilmente perguntaria: o que estamos fazendo com a democracia?... – ainda que se trate de uma democracia burguesa, da qual somos profundos críticos.
            Mas, de alguma maneira, estas perguntas foram se acumulando junto com os fatos singulares, particulares e gerais da natureza humana e que este espaço, seu artista e seu público, vêm também vivenciando.
            Um dos caminhos que resolvi percorrer, meio que por curiosidade, para inaugurar as reflexões sobre este novo capítulo do Universal Circo Crítico (“dilemas das relações sociais”) foi o Youtube. Sim, este espaço meio que dinâmico, amplo, que permite ao seu “navegante” descolar os vídeos, clips, filmes, documentário mais descolados, interessantes e curiosos.
            Trago um exemplo:
            É notório e público o debate que corre há alguns anos em torno da Usina Hidrelétrica Belo Monte, na região amazônica do Xingu. Estranhamente, a mídia nativa e todo o poder que (acredita) ter para mobilizar valores e sujeitos, pouco se interessa em aprofundar essa temática que envolve questões energéticas, ambientais, econômicas e sociais de toda ordem. Essa tarefa fica para os movimentos sociais nacionais e internacionais pois até para aqueles que tem interesse nesta obra, estes não querem e não se importam muito com a opinião pública. Se os bastidores políticos resolverem, tá bom.
Mas, uma passadinha no Youtube e encontramos inúmeras matérias e vídeos sobre o tema, como o apresentado no início deste. Daí, pensei sobre os números: a primeira parte deste vídeo tinha, quando da consulta, menos de 52 mil acessos. Um número até interessante... já a segunda parte, menos de 13 mil acessos.
A partir daí, minha reflexão caminhou para o seguinte raciocínio: é bem possível que as pessoas que acessam a internet e, neste particular, o Youtube são, em sua maioria, jovens. Talvez disputem este percentual com crianças e adolescentes, as primeiras com curiosidades talvez diferentes dos da juventude. Já os adolescentes, na ânsia de serem “adultos” o mais rápido possível, busquem temas comuns aos da juventude.
Isso tudo, claro, é minha especulação. Não pesquisei estes números e pode até ser que existam.
Fiz duas pesquisas, também sem “critérios científicos”, digamos assim: a primeira, no site inicial do Youtube. Neste, o olho que tudo vê e guarda da internet já “sugere” vídeos de minha particular preferência, considerando o meu histórico de pesquisa/consulta (e que o Universal Circo Crítico também usufrui). Encontrei Luan Santana, com participação especial de Ivete Sangalo, cantando a música “Química do Amor”. Confesso: não conheço Luan Santana e não sei cantar “Química do Amor”. Chamou-me a atenção a quantidade de acessos (e o vídeo foi postado recentemente, já em 2011): 1.147.542 acessos...

Fiz a segunda pesquisa: BBB 11 e um vídeo-musicado por um artista chamado Zé do Forro, chamada “Bigbrodiando com Ariadna”: Mais de 107 mil acessos. Deste programa de idiotização nacional e que consegue chegar em sua 11ª versão, vários outros vídeos, alguns até com baixo número de acesso. Um deles, chamado de “Ariadna Thalia BBB11 e seu ex-marido Junior Rim Castro”, que é apenas uma edição de fotos e uma “música caribenha” de fundo, com mais de 158 mil acessos. Mesmo não chegando a casa dos números do vídeo acima, ainda assim, é um quantitativo a ser considerado.

Luan Santana e Ivete Sangalo; BBB 11... estes e tantos outros semelhantes mais importantes que um dos maiores (e desumano) atos contra a natureza.
Se eu levar em considerações o conteúdo das manifestações no período eleitoral de 2010, os inúmeros casos de alunos agredindo e até matando professores Brasil afora, o desconhecimento da juventude sobre fatos da história da humanidade (holocausto, ditaduras, manifestações e a forma de reprimi-las etc.) e as posturas dos novos (ou não) heróis do esporte nacional, ao olhar para os números apresentados, nada mais coerente, nada mais claro... nada mais preocupante.
Para a semana, dentre outras, as aulas terão seu início oficial neste ano de 2011... Escolas Particulares e Públicas, de toda a Educação Básica incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos centros urbanos e na periferia, no campo e nas aldeias, e também as Universidades, todo o sistema educacional retomará seu cotidiano de relação com o conhecimento historicamente construído e seus sujeitos.
Que neste espaço, possamos fazer alguma coisa por nossa juventude...

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

16 comentários:

  1. Este é um problema crucial, meu caro Marcelo. Não sabemos o que fazer com a juventude, a não ser prepará-la para o capitalismo, para a disciplina no trabalho, para a técnica e a ciência, para a obediência e a subserviência.
    Belo texto, inspirou-me
    Parabéns pelo Blog.

    ResponderExcluir
  2. Eita Marcelo, essa é a grande questão em vigor...o que fazer com essa juventude e, aproveitando as postagens anteriores, o que fazer com os que acabam de nascer. Que tipo de mídia é essa que compete com blogs como o seu? Que tipo de mídia é essa que vende banalidades?
    E aí...e quem lida diretamente com a juventude na escola fica atordoado quando o que prevalece é o sem sentido. Beijo grande e que continuemos tentando alimentar a juventude...mesmo que pareça pregar no deserto!

    ResponderExcluir
  3. CAro Atanásio...
    Saudações.
    Uma vez, em um debate em Brasília, desafiei meus colegas à seguinte afirmação: "A juventude está sem esperança". A resposta oportunista de um debatedor foi "Eu tenho esperança na juventude"... Pois então, é claro que temos esperança na juventude (e até na humanidade). Mas, que a juventude está sem esperança, que p'ra ela vale o agora, no máximo amanhã, isso é fato. E se a juventude não tem esperança, pouco adiantam os discursos de esperança na juventude...
    A luta é grande! Estamos firmes nela...
    Grato pela visita, apareça sempre!

    ResponderExcluir
  4. Nina, querida...
    bom te ver em meio ao nosso público.
    Nosso desafio para com a juventude na sala de aula - nosso caso - é realmente hercúleo.
    Qualquer dia deste me deburuçarei sobre programas de graduação em COmunicação e Jornalismo, só p'ra entender onde este perfil de mídia e imprensa surge na formação superior...
    quanto a nós, lá na Educação, na Escola... bom, "nenhum passo p'ra trás"...
    Vida Longa!
    Abreijos
    Há braços!

    ResponderExcluir
  5. Afff...Sabe que eu quando me tornei professora eu não tinha a mínima noção da relevância do meu rabalho. No entanto, hoje, três anos depois de ter entrado pela pimeira vez em uma sala de aula como professora, tenho idéia do que seja ser um professor profissional. Inúmereas pesquisas, estudos, conversas com meus alunos, sei de suas necessidades e as vezes me sinto impotente diante de tanta tristeza...No entanto, sei que não depende apenas de mim, mas também...Por este motivo estou tentando muito construir com eles algo diferente.

    ResponderExcluir
  6. Prezado Marcelo. Bom dia meu caro.
    Na verdade, a sociedade não sabe o que fazer com a juventude. Por outro lado, o mundo onde ela vive fomos nós que o deixamos a ela. Isto também é um fato. Insisto no fato de que há poucas brechas oferecidas à juventude por conta das condicoes dadas pelo sistema econômico. Tudo está formalmente determinado por ele, até a família, a cultura, etc.
    Forte abraço do Atanásio

    ResponderExcluir
  7. Olá, Patrícia...
    Pois é, companheira. somos muitos professores que identificamos os desafios dentro da escola, sobretudo da escola pública. Não nos curvamos ao "aceitismo", à acomodação histórica e social de que "não tem jeito, o negócio é empurrar mesmo...". ainda colho frutos de minha experiência com o ensino fundamental e ainda tenho muito o que fazer com os jovens que hoje estão no ensino superior...
    Vida Longa, camarada querida!

    ResponderExcluir
  8. Salve, Salve, caro Atanásio...
    Como diria Rosa Luxemburgo (ainda que o tenha feito no contexto da I Grande Guerra): "Socialismo ou Barbárie!"...
    A luta pelo projeto histórico socialista é a brecha que precisamos transformar em saída concreta...
    Sempre bem vindo!
    Vida Longa!

    ResponderExcluir
  9. Oi Marcelo,
    Saudações Circenses! Essa semana tive oportunidade de realizar uma formação com os professores de educação física da rede estadual (polo esportivo) na escola Renato Condurú no bairro Val-de-cãs Belém -Pa, onde envolvemos na dinâmica de trabalho o contato (físico) inclusive, com a juventude e tive uma a triste impressão: que existe uma grande dificuldade do professor quebrar algumas barreiras de contato com o aluno, esse jovem precisa acreditar que os professores já foram da idade deles apenas com a diferença do tempo histórico em que eles viveram, e como é interessante utilizar essas estratégias para oferecer outras possibilidades educacionais à esses jovens com poucas ou nenhuma oportunidade de usufruir dos seus direitos.
    Vida longa à você e seus belos textos
    Rosani.

    ResponderExcluir
  10. Olá, Rosani.
    Talvez, essa seja uma brecha que precisamos abrir mais, conforme nos convoca o Atanásio, em suas mensagens...
    Mas, lembre-se. A "resistência" dos professores no toque com os adolescentes pode ser também para evitar o oportunismo de outros. Já pensou um abraço (nossa, um mero e real abraço) ser visto por outros como "assédio"???
    Isso também precisa ser debatido...
    Vida Longa!
    abraços!
    Há braços!

    ResponderExcluir
  11. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  12. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  13. Marcelo,

    Uma pergunta complementar e reflexiva na qual podemos vislumbrar algo a ser proposto...

    O que fizemos(nós, professores) com nossa juventude?

    Emmanuel Viktor

    ResponderExcluir
  14. Salve, Salve, Vitor...
    Quanto tempo camarada.
    E se nossa pergunta se extendesse, também, aos jovens professores? Muitos (assim como tu) são jovens e são professores.
    Os "dilemas das relações sociais" procurará percorrer essas reflexões e, quem sabe, termos no Universal Circo Crítico um amplo fórum de debates...
    Vida Longa, camarada!

    ResponderExcluir
  15. Marcelo, angustiante seu texto, ainda mais porque esta angústia já me incomodava há uns tempos.
    O jovem mais alienado está na classe média, o jovem trabalhador de certa forma tem uma vida dura e mais comunitária, o jovem da classe média tem uma vida individualista, egoísta, pouco comunitária, totalmente capitalista na essência. Embora o jovem trabalhador esteja sendo moldado na fábrica e massacrado nos campos, ele tem a visão social, vemos isso no movimento Hip-Hop.
    Contudo, o jovem de classe média é o que tem acesso a internet e infelizmente poucos a aproveitam para fugir da grande mídia, muitos a repetem, enaltecem através da rede. Na eleição boatos absurdos correram sobre a Dilma e estes jovens colocavam as mãos no fogo e diziam que eram verdadeiros.
    Temos Carta Maior e sites que realmente discutem, informam, trazem a reflexão, mas os jovens de classe média ficam vendo Luan Santana e dizendo que odeiam o PT. Não sabem a história do partido, nem de seus líderes, não sabem nada sobre movimentos sociais, tem medo do MST porque acreditam que irão pegar a chácara de 1 alqueire do avô. Acreditam em todo absurdo da direita.
    Se bem que um colega que trabalhou em colégio de elite em São Carlos disse que lá, filhos de juízes e industriais, tinham mais consciência política que nossos alunos, filhos de trabalhadores. Então, esta ideologia dominante até agora tem conseguido seus fins com a grande mídia. Tem conseguido usar a juventude não para transformar, porém, para manter.
    Triste.
    Todavia, como educadores, não podemos acreditar que não haja esperança, ela nos faz respirar.
    Mvbjs
    Camila Tenório Cunha

    ResponderExcluir
  16. Acho que Camila disse muito, quase tudo.
    Precisamos apenas reconhecer que o PT já não é como dantes. Suas bandeiras estão mais amenas, quase que com um "vamos deixar a social-democracia com uma melhor aparência"... Temos um dos motes do texto, Belo Monte, como bom exemplo disso. ONde já se viu uma autorização parcial? Essa autorizaçao parcial é para o Canteiro de Obras de algo que ainda não foi licenciado e tem um objetivo claro, quase escuso: Em aprovando o canteiro de obras para as obras de outro canteiro de obras, como assim não autorizar a obra principal: Belo Monte?... Será apenas uma maquiagem para que o país engula, goela abaixo, Belo Monte?
    Assisti ao vídeo institucional. Simplesmente horrível... Parece que estão apresentando um projeto de condomínio.
    Acho que precisamos ver mais outras histórias para perceber o limite de Belo Monte e, assim, o limite (e as lutas) de nosso ato de educadores, sabe? Por exemplo, Alcântara/MA...
    Sempre feliz em te ver por aqui.
    Vida Longa!
    MVBjs!

    ResponderExcluir

O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira