RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Conversas ao pé de ouvido de Pedro Gabriel...


“Porque você é Flamengo (Papão)

E meu pai Botafogo (Remo)...”

(Oito Anos – Paula Toller e Dunga)

 

            Salve, Salve, pequeno Enviado... Pequeno rochedo... Pela Ordem, poderíamos construir a alegoria de “Pequeno Rochedo Enviado”... Coisas dos nomes duplos.

            Mas, o importante para muitos de nós é que tu chegaste pequeno Pedro Gabriel. E pense num “minino” esperado... Passamos quase o mês de dezembro todinho perguntando: “Cadê Pedro Gabriel?”, “E aí, Pedrinho não chega?”, “E o moleque?” (esse fui eu quem perguntou, às vésperas do Natal, p’ra sua mãe)...

            De qualquer maneira, cá estamos, o nosso palco, o nosso público, os nossos artistas, te saudando.

            Não sei se filmaram sua chegada... parece-me que não. Mas fotos tuas, já vi aos montes (ah! Se não fosse esse Orkut, hein?). Mas, seria interessante a filmagem, pois nasceste a exatos 115 anos da primeira projeção de cinema (e, também, os primeiros ingressos vendidos) da história. Os famosos Irmãos Lumière, em 1895, definitivamente inventaram o Cinema. O lance da projeção de imagens, cenas, pessoas em movimento (nem era filme, mas apenas a projeção de trabalhadores saindo de uma fábrica – “A Saída da Fábrica Lumière em Lyon”) já havia sido “inventada”, entre 1894 e 1895. Mas o cinema, com ingressos vendidos, foi a primeira vez. Desta criação, cabe-nos lembrar, a humanidade só foi verdadeiramente presenteada lá por volta de 1914, quando Charlie Chaplin fez sua primeira aparição pública, já encarnando o sujeito de chapéu coco, roupas desgastadas e bengala e com trejeitos de vagabundo urbano. O filme era “Kid Auto Races at Venice” (Corrida de Automóveis para meninos). Em 1985, aqueles trabalhadores filmados pelos irmãos Lumière, certamente tiveram que pagar para se verem no cinema e não viram um tostão daquilo que aquela primeira manifestação da Grande Arte conseguiu arrecadar... e assim seguiu-se em todas as formas de conhecimento. Desta história, nossa primeira lição: sempre enfrente, da forma como lhe for possível, toda e qualquer privatização do conhecimento. Este pertence a humanidade e assim, e por isso, devemos lutar todos os dias.

             Naquele mesmo ano, também em 28 de dezembro, foi publicado o artigo "Ueber Eine Neue Art von Strahlen (Sobre uma nova espécie de raios)”, do físico alemão Wilhelm Conrad Roentge. Na verdade, essa publicação veio cerca de 50 dias após a descoberta do “Raio X”, objeto desta publicação. Mas isso é outra história. Aqui, além da própria lição anterior (pois trata-se de outro conhecimento colocado a disposição da humanidade... mas sempre a custa de uns “trocados”), quero lembrar – baita ousadia – que durante muito tempo serás criança. Como tal, terás seus sonhos, suas fantasias, suas brincadeiras. Eu tive as minhas, seus pais também tiveram... Brincamos de muita coisa e, claro, brincamos de sermos heróis. Uma estranha forma de dizer “queremos salvar o mundo das coisas ruins que ele tem”, ainda que demoremos um pouco mais a identificar de verdade que coisas ruins são realmente ruins. De qualquer maneira, quando as descobrimos (as verdadeiras coisas ruins) abrimos mão de todas as nossas armas secretas da infância. O nosso Raio Laser, nossa “Força Colossal” e, claro, nosso Raio X. Eu lembro que, da minha infância, eu era meio “bat-fino” e sua couraça de aço. Terás as suas, Pedro Gabriel... Não abra mão delas, pois mesmo em nossas fantasias mais remotas, serão úteis em nosso aprendizado de mundo.

            O Mundo, aliás, experimentou muita coisa, bacana e não tão bacana assim, na sua história em um 28 de dezembro. Em 1982, o Brasil da Ditadura Militar ajoelhava-se ao FMI e cortava subsídios de petróleo (da Petrobrás), aumentando o custo de gasolina e gás ao seu povo. Não foi a primeira vez, em nossas terras (e em outras), que vimos o Estado sucumbir contra o seu povo... assim se seguiu e segue até os dias de hoje. Não foi só o Brasil, que também já enfrentou o FMI e o Banco Mundial. Mas, ainda não somos o exemplo da história, na qual “pequenos” enfrentavam “grandes”. Em 1965 (já estávamos sob a ditadura militar e, consequentemente, sob as ordens imperialistas norte-americanas – um dia irás entender isso) um pequeno país asiático enfrentava o grande imperialismo americado. O Vietnã não apenas disse “não” aos Estados Unidos, como o enfrentou e proporcionou ao país mais rico do mundo um vexame bélico sem precedentes, na qual até mesmo seu povo, dentro de seu país, colocou-se contra a guerra entre as duas nações. Tombaram muitos, entre civis e militares (civis, só os vietnamitas). Desta lição (dada também por Cuba, anos anos), lembre-se pequeno Pedro, nunca ninguém é grande o suficiente para sê-lo e ninguém é pequeno demais para não derrotá-lo. E nasce, camaradinha, entre os Grandes Pequenos, entre os lutadores do povo...

            Muitos nasceram, muitos partiram em um 28 de dezembro. Aurélio Buarque de Holanda foi um dos que nos deixou, mas sempre terás sua companhia, principalmente quando começares suas primeiras viagens através das letras e suas composições. Mas, destaco o autor da homenagem que se segue nesta conversa ao pé de ouvido: Maurice Ravel, compositor e pianista francês, sem dúvida um dos maiores músicos do século XX. Como bom roqueiro que sou, vejo nesta obra uma inspiração musical de grandes proporções. Sempre a quis tocá-la, ainda falta um pouco de habilidade. Mas deixo da demonstração deste pequeno jovem, que já consegue nos presentear com essa obra de quase 15 minutos, em uma versão para violão e dizer, pequeno Pedro Gabriel, nada está longe o suficiente de suas mãos... pequenas ou não, tome-as como importante para a obra que virá e irás construir durante sua vida.

            Por fim, caro Pequeno Pedro Gabriel, chegaste em 28 de dezembro de 2010, praticamente fechando o ano. Sinal interessante, se pensarmos que existe algo concreto neste “Adeus Ano Velho! Feliz Ano Novo!”... Pois és novo no ano velho e tomamos o seu dia, propriamente o seu nascimento, para trazer não apenas uma lição p’ra ti, mas para este mundo que, há tempos, anda mal das pernas. E não é por velhice.

            Nascer em 28 de dezembro, para nós, tem um símbolo importante, pois permite enfrentar este tema (novo – velho) com a maturidade que o avançar dos anos nos permite. Pensar o “velho”, o “passado” como necessário e o novo como, inevitável e inquestionavelmente, consequência e parte dele. Que este, talvez, seja o maior dos ensinamentos (não apenas lição) que possamos tirar de sua chegada. E tu, caro Gabriel, chegaste nos dando lições...

 

Seja Bem vindo, Pequeno Grande Pedro Gabriel.

 

Vida Longa a Pedro Gabriel!

 

Venham Todos!

Venham Todas!

 

Vida Longa!

 

Marcelo “Russo” Ferreira

 

P.S.: Sobre o “Enviado”, vem da história cristã, mas, como somos um espaço laico, optamos por apenas colocar em nome próprio este termo.

2 comentários:

  1. Olá Marcelo
    Cara, não conheço a mãe do Pedro, mas trocamos algumas poucas palavras durante o CONCENO. Descobri posteriormente que fazemos parte do mesmo grupo de estudo, o GEMEF.Espero que o seu pequeno filho tenha uma infâcia muito feliz, que seja livre para crescer, criar, recriar, aprender...Tudo bem que é importante pensar no seu desenvolvimento como ser humano, ser social etc. Porém, acredito, como você deve acreditar, que o garoto é ainda uma criança hehehe. Que tal falar pra ela sobre "assuntos legais" rss?Brincadeirinha amigo, compreendo perfeitamente a importância do que você escreveu. Mesmo assim, né?...
    bju
    Patrícia

    ResponderExcluir
  2. Olá, Patrícia...
    A linguagem do Universal Circo Crítico vez em quando comete esses vacílos... Já houve "leituras" de mães e pais a seus filhos, quando nossas viagens os homenageavam e a conclusão dos próprios "eles não entenderam muito bum, mas gostaram" hehehe...
    É assim nossa aprendizagemc com as palavras, bé, Paty...
    E, proveitando... Vida Longa ao GEMEF!
    Abreijos
    Há braços!

    ResponderExcluir

O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira