RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Conversas por aí... prisão...



"None of us are free, one of us are chained. /
None of us are free. / If you just look around you,/
your gonna see what I say./
Cause the world is getting smaller each passing day./
Now it's time to start making changes,/
and it's time for us all to realize,/
that the truth is shining real bright right /
before our eyes.”
(None Of Us Are Free – Solomon Burke)
(Nenhum de nós é livre, Se um de está preso /
Nenhum de nós é livre / Se você apenas olhar a sua volta /
Você verá o que eu vejo /
Pois o mundo esta ficando menor a cada dia que passa./
Agora é a hora de começar a fazer mudanças /
E a hora para todos nós realizarmos /
Essa verdade está realmente brilhando /
diante de nossos olhos.)


          Um clássico de jazz contemporâneo...
          Uma canção que canta o óbvio: Nenhum de nós poderá dizer que é livre, verdadeiramente livre, se um de nós estiver preso.
          Há alguns dias venho conversando com uma pessoa deveras distante e importante. Algo interessante desta longa amizade: nos conhecemos por um processo de militância virtual. Nos conhecemos sem nos conhecer pessoalmente, apenas nos debates que surgiam por aí, em listas de discussão, sobre temas de toda ordem. E somos amigos imprescindíveis.
          O tema da conversa: preconceito. E minhas reflexões, enquanto trocava reflexões com ela sobre como o homem (bicho-homem, homem-coisa, homem-objeto, homem-Outro e por aí vai) consegue aprender as mais absurdas, imbecis, idiotizantes manifestações e valores da humanidade (e aprende, porque procura evoluir (n)esses valores, achando que está evoluindo) me lembraram desta canção chamada “Nenhum de nós é livre”.
          Daí, nada como a música, sempre inspiradora de minhas reflexões mais profundas, para dizer-nos uma verdade (e não conhecemos essa canção, tão fantasticamente interpretada pelo 70tão Solomon Burke, americano “soul” da Filadélfia... mas o lixo que a industria cultural joga em nossas casas todos os dias, esse sabemos – eu não – de cor): “Não seremos livres enquanto um de nós estiver preso”.
          Mas, quem é este um de nós? E é aí que a reflexão vai longe em viagens que necessitam, inclusive, dizer “quem NÃO é um de nós”?
          Não é um de nós apenas os donos do poder, da imprensa (e da prensa desta), dos meios de comunicação e daqueles que permitem (e se permitem) o emburrecimento alheio para proveito próprio.
          O que aprisiona pessoas que deferem (e ensinam seus filhos a repetirem isso) ofensas, valores, evasivas das mais absurdas a uma mulher que é mãe solteira, simplesmente por ser mãe solteira, talvez sejam as mesmas grades que, em época de eleições, nos empurram candidatos ao legislativo nacional ou estaduais que simplesmente nos deixam perplexos tanto pela estapafúrdia candidatura (exemplo disso é a candidatura da personagem Tiririca, pelo PR de São Paulo, a deputado federal – basta uma pesquisa no Youtube), quanto pela real possibilidade de serem eleitos.
          Nos aprisionamos pelo preconceito a uma mulher que foi vítima de seu amor juvenil, assim como nos aprisionamos pela “desvontade” de pensar um país com a necessidade de profundas e coerentes transformações, ao ponto de, por um lado, apontarmos o dedo para uma pessoa e dizer o que não sabemos dela e, ao mesmo tempo, entregar minha manifestação para o fazer político brasileiro a um artista (EM sua personagem) que diz “não sei o que vou fazer lá, quando descobri, eu te falo”.
          Somos prisioneiros, e não sabemos. E não sabemos, como diria Rosa Luxemburgo, porque não nos movimentamos e, assim, não sentimos as correntes que nos prendem.
          Com isso, perdemos mais do que a oportunidade de conhecer pessoas que lutaram muito para que seus filhos crescessem com dignidade ou de realmente construirmos um parlamento do povo, com o povo e para o povo. Perdemos nossa capacidade de pensar e de lutar pelo bem comum, pelo que serve a todos... e quando falo “todos”, falo dos que estão do lado de cá, os que são “um de nós” e que ainda estão presos.
          Mas, não há porque se entregar. Nossa reflexão não é “derrotista”. Nossa reflexão é militante e aprendiz. Conversas por aí, são assim... nos levam a continuar pensando e a continuar lutando. Não importa o que digam de nós.

          Venham todos!
          Venham todas!


          Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira

10 comentários:

  1. Marcelo, muito bom: relacionar as diversas amarras que separam os seres humanos. Adorei a lembrança da Rosa, sobre as correntes que nem percebemos que estamos presos, porque não nos movemos...
    Com a sua escrita conseguiu ligar temas profundos e e necessários de reflexão.
    Obrigada.
    Mvbjs

    ResponderExcluir
  2. Caramba Marcelo, muito bom esse teu texto, muito bom mesmo... Concordo plenamente com Rosa quando afirma que somos presos e nem sabemos que somos porque não nos movimentamos pra sentir as correntes... perfeito!
    É nessa hora que sinto falta da E.F mais "humana", mas mesmo assim, vamos a luta e tentar nos movimentar, um dia essa corrente se transforma numa "corrente de movimento".
    Teu texto me inspira a lutar por esse movimento!
    Demais...
    Beijos...

    ResponderExcluir
  3. Oi, Camila...
    E que realmente possamos fazer de nosso ofício e labor, a educação, um instrumento de superação de nossa imobilidade geral...
    QUe bom receber sua visita.
    abreijos
    Ha braços!
    Vida Longa!

    ResponderExcluir
  4. Olá, Minha querida Elys...
    Que bom te ver em nosso Circo.
    Espero poder apresentar-te mais não apenas Rosa Luxemburgo, mas todos/as os/as lutadores do povo na história da humanidade que, seguidas e registradas vezes, nos deram grandes lições em pequenas palavras e reflexões.
    Que bom que o Universal Circo Crítico continua a te inspirar. É uma honra...
    Vida Longa!

    ResponderExcluir
  5. Como Sempre suas viagens são alucinantes... sobre penso somente que: Será que um dia isso vai mudar??? Será que um dia vc vai poder dizer que deixamos de ser prisioneiros!!!
    A Elys em sua fala me alegra... lutar e tentar movimentar...
    D+ bjos
    Dielle

    ResponderExcluir
  6. Olá querido amigo...Falar sobre liberdade é algo muito complexo realmente...Somos prisioneiros de muitas coisas...Uma delas é o nosso próprio preconceito!Um poeta português chamado Fernando Pessoa em seus poemas, falava da busca de um "eu autêntico" que fosse livre das influências do "outro".Isso o fazia entrar em "crise", pois ele mesmo concluiu que isso é impossível!Portanto, somos "prisioneiros" sim...Mas isso não deve ser impedimento pra lutarmos por nossa liberdade!Se fosse, o mundo não teria passado por tantas revoluções. Várias vezes, na história o POVO se mostrou sobrerano(um exemplo foi a Revolução Cubana).Por isso,Nunca podemos desistir...Somos o POVO...Marx já dizia:..."tudo que é sólido se volatiliza"/..."UNI-VOS"!!!Nossa batalha é longa, mas não podemos desistir de lutar pelo POVO, ou melhor por todos aqueles que "não são livres"...
    Há braços
    Vamos à luta!!!

    ResponderExcluir
  7. Alexs Britto01 setembro, 2010

    Meu Brother, creio que chegou o momento de tu diminuir um pouco a saudade e socializar algumas de suas canções. Já que o recurso tecnológico pode oportunizar este feito. Gostaria que tu postasse algumas de tuas composições. Sinto falta dos nossos inúmeros e ecléticos diálogos ao longo de nossa caminhada. Obs: uma em especial a que a comitiva criou no caminho de busão pra um dos ENEEF´s da vida. "Somos fortes".

    ResponderExcluir
  8. Olá, Dielle...
    O nosso Universal Circo Crítico está feliz por sua visita... concordo contigo. E tu, assim como Elys, são jovens. Como diria Saramago: "se os jovens soubessem o que podem e os velhos fizessem o que sabem..."
    Vida Longa!
    Abreijos

    ResponderExcluir
  9. É isso, Pat.
    Mais ainda... A luta pelo povo, com o povo, para o povo, do povo!
    É o que nos faz "Lutadores do povo"...
    Que bom que passaste por aqui.
    abreijos
    há braços!

    ResponderExcluir
  10. Grande Alex, amigo velho de guerra...
    "Somos vida, somos laço"...
    Na verdade, a nossa cançao chamava-se (chama-se) "Laços", e simplificava, sem tornar pequeno ou perder sua universalidade, o que realmente tinhamos de mais forte naqueles tempos de movimento estudantil: laços fortes.
    O Universal Circo Crítico publicou a letra em 30 de agosto de 2008... dá uma pesquisada, e guarda a letra p'ra ti.
    Quanto às melodias, deixa eu ir me apropriando melhor das possibilidades técnicas e, se eu gravar, com certeza, estará em nosso picadeiro.
    grande abraço!
    Vida Longa!

    ResponderExcluir

O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira