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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Lições de um tempo que já passou... A primeira aparição do Palhaço...

Há um menino / há um moleque /

morando sempre no meu coração /

Toda vez que o adulto balança /

ele vem p'ra me dar a mão”

(M. Nascimento / F. Brant)


São realmente inúmeras as passagens que temos em nossa memória, principalmente quando nos aproximamos ou já adentramos aos novos caminhos daquilo que coloquialmente convencionou-se a ser apelidado como “os entas” (40, 50, 60...). E, mais precioso ainda quando nos possibilitamos a resgatar nosso baú de viagens, experiências, fantasias, medos, coragens, apreciação, emoções desde nossa mais tenra memória até, talvez, dias não tão infantis, adolescentes ou jovens assim... na idade cronológica, claro.

Como estamos falando no Universal Circo Crítico, não poderia deixar de me levar à (na minha memória, pelo menos) minha primeira residência, meu primeiro logradouro, ainda que, à época, isso não me fosse tão útil, já que não escrevia ou recebia cartas, contas, promoções, assinaturas e essas coisas que costumam encher nossa caixa de correio hoje me dia. Aliás, importante lembrar que quando falo em “caixa de correio hoje em dia” não estou a mencionar nossos computadores e e-mail's, que assim – caixa de correio – são também batizadas: correio eletrônico.

Se minha memória ainda prega apenas os abandonos básicos, talvez mais de desatenções do que de memória mesmo, eu deveria ter uns 3 anos. Morávamos na “Vilinha”, uma pequena Rua Sem Saída encravada quase que numa curva da Rua. Dr. Cezar (onde, em outra oportunidade, também morei, entre meus 7 e 10 anos – num apartamento), como quem segue em direção à Bras Leme. Nunca soube quem fôra este cidadão que mereceu uma rua naquele trecho ainda tranquilo do Bairro de Santana. Lembro que, em tempos de ditadura (minha infância e adolescência foram nesses tempos), em um trecho final desta Rua, funcionava, aos domingos, a permitida, organizada e controlada aglomeração de pessoas, também conhecida como “Rua de Lazer”. Lembro de tê-la frequentada alguma meia dúzia de vezes.

Mas a “Vilinha”, ainda está lá... Ou estava, da última vez que passei por aquelas bandas paulistanas, ainda em 2005.

Das minhas proezas de uma pequena criança que demorou a aprender a falar (como pode? Eu entendia direitinho o que falava, mas meus pais, minha irmã, ninguém entendia...) e, quando o fiz, era um antagônico do Cebolinha (não falava justamente o “l”) e sempre colocava o “a” na frente do marrom, formando o par perfeito para o amarelo, o “amarrom”, recordo de sempre me meter debaixo do carro de painho, primeiro um Aero-Íris que ficou com ele exato um mês e, depois, um Galaxie, e atravessar de uma ponta a outra.

Mas é do Universal Circo Crítico que gostaria de mencionar um fato pitoresco e que, possivelmente, seria a primeira impressão de meu gosto pessoal pelo Circo e, em particular, pela figura do Palhaço. Eu fui, aos três anos de idade, um pequeno palhacinho que, numa peça montada por nós (eu, minha irmã Andreia e uma colega da Vilinha que, lamentavelmente, por essas circunstâncias do tempo, não há neurônio perdido que, se recuperado, me faça lembrar seu nome) a ser apresentada aos nossos pais. O palco, o pequeno vão da entrada da casa; a platéia, as duas cadeiras da cozinha colocadas de costas para a rua às quais nossos pais se sentavam (perigosa ação infantil em tempos idos, colocar um militante e a filha/genro de outro militante do “proibido Partido Comunista Brasileira de costas para a rua). A cena final, o Grand Finale de nosso fantástico espetáculo circense que, provavelmente, havia durado cerca de 5 minutos... no máximo: eu, teatralmente cansado, sentando-me na cadeira que, sorrateiramente, seria puxada por minha irmã e sua colega, fazendo-me estatelado no chão em seguida. Aplausos...!

Tinha início a saga do Universal Circo Crítico, ainda que eu, obviamente, não soubesse.


Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira


4 comentários:

  1. Caro amigo,Russo



    Fico feliz em saber que a cada dia que passa você continua com suas criações, adoro fazer as leituras dos seus textos me sinto perto próxima,parece que estou presente na historia vendo aquilo acontecer. Meus Parabéns amigo e vida longa e saúde. Muito axé,paz e alegria.


    Jesa Lima

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  2. Olá, Marcelo.
    Talvez por conhecer aqueles lugares consegui visualizar sua entrada no Grande Circo, aos três aninhos.
    Adorei o texto.

    Muvabreijos

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  3. Nossaaaaaaa...
    quanto tempo?!
    será que vc ainda lembra quem sou?
    Acredito que sim! mesmo em um trecho da sua história vc falando em neuronios perdidos, passei na sua vida não a tantos anos assim, mas se vc não lembrar acho que realmente fui bloqueadas das lembranças.
    Vc escreve e nos faz viajar e viver uma historia sua, como se fossemos espectadores reais.
    A memoria infantil é o que muitas vezes nos faz viajar um pouquinho e tentar viver, reviver, criar e recriar sensações.
    Incrivél!!! vc sempre foi muito bom nisso.
    Desejo - te felicidades.

    Walkiria Oliveira

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira