RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Deu na Carta Capital... Violência e indignação...

Sob Fogo Cruzado (Guerra Civil 1. Duas facções do tráfico batalham incessantemente pelo poder na Vila Vintém, na Fevela da Maré, no Rio de Janeiro).

(...) Esses dias de luto e violência têm me levado a refletir mais sobre a favela. Por mais que a violência tenha crescido juntamente com as favelas, elas sempre tentaram manter o que têm de mais valor: a alegria e a força do seu povo. Mas só isso não basta.

Precisamos sair às ruas. Precisamos lutar por dignidade, por respeito, pela vida.

Ultimamente só vejo medo nos olhos das pessoas. Nem mesmo o baile funk tão necessário para descarregar nossas angústias e depressões existe mais. Está proibido pela polícia. Chegaram ao ponto de proibir sua execução em festa domiciliar, nas favelas é claro. É repressão demais! Tenho andado assustado, quase não paro na rua, não vejo meus amigos, me assusto com criança correndo, barulho de moto, gente gritando, com o silêncio. Silêncio esse que diz muito, muita coisa p'ra quem tem sensibilidade. Esperamos pelo dia em que a favela será reconhecida como espaço constituinte de nossa cidade. O Complexo de Favelas da Maré nem sempre foi assim e, por isso, acredito na volta da paz e com ela, a possibilidade de construirmos uma cidade una (...)” (p. 24-25).

Por Francisco Marcelo da Silva – pesquisador do Observatório de Favelas do RJ e morador do Complexo de Favelas da Maré

(Revista Carta Capital, 19 de agosto de 2009 – Ano XV – nº 559)

Um texto sensível e digno. Me remete ao pensamento que sempre (mais um dia, nem tanto outro) me guia: Para se ter esperança, há de indignar-se.

Há de indignar-se com o silêncio de um Estado que insiste em silenciar-se ante a violência do próprio Estado que, por vezes, mata jovens cinematograficamente, assim como o fez nos porões da ditadura.

Há de indignar-se com a violência silenciosa (não tanto assim) de nossa mídia nativa, que auto enfrenta-se a partir de suas Redes com pseudo bandeiras religiosas ao fundo (sempre usadas inescrupulosamente), e com o dinheiro do povo em seu patrimônio, roubando-lhes com promessas que não podem ser prometidas ou com impostos que nunca são revertidos ao bem estar da população.

Há de indignar-se com o silêncio desta mesma mídia ante a golpes de Estado mundo afora, ou com a completude da notícia. Exemplo disso (não percebemos?) é o lixo inglês enviado ao Brasil e devolvido à terra pátria... O Lixo Britânico não cabe mais na África, continente onde, em kg's, foi enviado dois séculos de lixo, pobreza, doença e miséria.

Há de indignar-se com o cada vez mais intenso avanço do latifúndio, que arrasa sistematicamente com a vida deste planeta.

Mas há de indignar-se com a mistura permanente da esperança em nossos corações. A indignação move-nos à luta permanente, e essa será mantida com força e também com alegria. Bem como dizia Makarenko aos seus 300 adolescentes e jovens da Colônia Gorki, à 90 anos atrás: “Eles vão à luta... Que fantástico quando se descobre que pode lutar por alguma coisa”.

Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferreira


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Gostei, gostei muito.
    Também fico incomodada com esta mídia que se interessa apenas em buscar chifres na cabeça de cavalo. Incomoda a impressa parcial e que mostra apenas o que lhe interessa.

    ResponderExcluir

O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira