RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Na casa do Zé Ramalho!

“O Carimbó é lá na casa do Zé Ramalho”(Um vizinho)

Em maio, aqui neste magnífico espaço virtual, mas que sempre me aproxima com mais regularidade de amigos nada virtuais, falava, em caixa alta e boca cheia: “Eu vou para o Pará!” e ia me deliciando com as coisas, as pessoas, as experiências culturais, corporais, religionais, etc e tais deste belo e lutador Estado do Norte brasileiro.
Ainda não conheci os rios onde certamente irei me banhar; conheci algumas histórias da cabanagem (a dos porões do Colégio Salesiano Nossa Senhora do Carmo, por exemplo), mas não todas; ainda não conheci e me envolvi concretamente com os tempos e espaços de luta atuais, mas já conheci os companheiros do MST e do Movimento Estudantil de Educação Física e os lutadores pela educação (não todos, é verdade, mas importantes e até imprescindíveis) das bandas de cá; ainda não dancei a Dança do Siriá, o Xote Bragantino, o Cairé e o Boi-Bumbá; ainda não viajei na cultura e no folclore desta região, de riqueza e variedade impressionantes.
Mas tudo tem seu tempo.
Já conheci o Carimbó e o Lundu (eita da dança instigante, onde o corpo e a alma falam ao extremo – mas ainda não aprendi a dançar); já fui na trasladação do Sírio de Nazaré (ver a Nazica) que, a bem da verdade, não chega aos pés do Círio do domingo; já me empanturrei de tacacá, de açaí (com camarão, com carne seca, com peixe, com farinha d’água ou de tapioca), pato e peru (acho que era peru) no tucupi, arroz com maniçoba, peixada, caruru paraense, a folha de jambú, o creme de cupuaçu, o bacaba.
E os amigos? Ah! Os amigos, resgatando-me a velha mística norte-nordestina de ver e receber os amigos: Joselene, Ney e a pequena – e já apresentada neste espaço – Júlia, Zaira, Robson e a poderosa Iara, a Edel, o Jorge, a Carmem Lilia, a Dalva, Marco Pólo e os belos Rodrigo e Danilo, o Beto, Matheus (caramba, não o vi ainda), Lucilia e Edmilson (o melhor prefeito que Belém já teve), Patrícia Araújo, de meus compadres Andréa e Paulo (agora sou eu quem os recebe) e as já grandinhas Bebela e Bibi (sempre vigiadas pelo poderoso Wilsinho) e, no meio deste fuzuê danado de amigos que já tinha, de um jeito ou de outro: Livinha, Myrian, Betânia, Éder, Carol, Linnesh, Macapá, Patrícia (minha querida palhacinha), Lílian, Mirleide, Ana Cristina, Josafá, Daniel (e meus inquietantes e inquietadores alunos de Castanhal), Marta, Elenir e Dérick e, o que é mais interessante, amigos e amigas que me ajudam a compreender mais e mais a profundidade da amizade (e, assim, as que tenho em outras partes deste país) e da luta.
E a trasladação do Círio? Que impacto espiritual provoca na gente. Em que pese eu não ter ido no dia do Círio, no domingo da sua celebração (ah! minha renite!) e o fato de eu não ser um cristão praticante, ir na trasladação fez a provocação espiritual que eu esperava. Milhares de pessoas na Saída da Avenida Nazaré, entrando na Presidente Vargas/Praça da República, aguardando a chegada da Santinha. Quando isso acontece, no meio daquela multidão, um silêncio leve e igualmente ensurdecedor ocupa meu universo singular e me leva a uma conclusão que já a tinha como certa: “que bom que estou aqui! Obrigado”.
E o carimbó? Ah! o carimbó... Imaginem o que é aglutinarmos nossos melhores e grandes amigos daqui e de fora (recebendo também aqueles que não puderam ir) e, na garagem de casa, vivenciar quase três horas ininterruptas de carimbó, lundu, xote, até um forrozinho e, claro, homenagem ao anfitrião, “Madeira do Rosarinho, vem à cidade sua fama mostrar...!” seguido de “Felinto Pedro Salgado Guillherme Fenelon cadê seus blocos famosos...” e uma ciranda de roda para fechar. Agora, o carimbó, na opinião de meus vizinhos, é “na casa do Zé Ramalho”.
Celebrar! E temas para celebrar não faltam e não faltarão nesta Terra (com T maiúsculo). Estão todos e todas convidados.

Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
Obs.: Cumprindo (ou tentando) o compromisso de falar ao mundo sobre a luta do povo paraense, que também sabe, e como, celebrar a vida, a cultura, a religiosidade, a esperança, a revolução.

8 comentários:

  1. Vida longa meu querido.
    Tenho acompanhado teus escritos nesse cantinho e lido com muito prazer em alguns momentos, em outros com pesar, com esperança em outros. Fico feliz por ti nesse novo caminho. E nesse sentido gostaria de dividir contigo e teus leitores uma letra de música do Zé (poeta e cantor que amooooo), que particularmente me encanta.
    Abraços, Socorro Craveiro (Rio Bco, AC)

    Canção Agalopada
    Zé Ramalho
    Composição: Zé Ramalho

    Foi um tempo que o tempo não esquece
    Que os trovões eram roncos de se ouvir
    Todo o céu começou a se abrir
    Numa fenda de fogo que aparece
    O poeta inicia sua prece
    Ponteando em cordas e lamentos
    Escrevendo seus novos mandamentos
    Na fronteira de um mundo alucinado
    Cavalgando em martelo agalopado
    E viajando com loucos pensamentos

    Sete botas pisaram no telhado
    Sete léguas comeram-se assim
    Sete quedas de lava e de marfim
    Sete copos de sangue derramado
    Sete facas de fio amolado
    Sete olhos atentos encerrei
    Sete vezes eu me ajoelhei
    Na presença de um ser iluminado
    Como um cego fiquei tão ofuscado
    Ante o brilho dos olhos que olhei

    Pode ser que ninguém me compreenda
    Quando digo que sou visionário
    Pode a bíblia ser um dicionário
    Pode tudo ser uma refazenda
    Mas a mente talvez não me atenda
    Se eu quiser novamente retornar
    Para o mundo de leis me obrigar
    A lutar pelo erro do engano
    Eu prefiro um galope soberano
    À loucura do mundo me entregar

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  2. Caramba mano, fico alegre em saber que você está feliz em nossa terra, o seu texto traduz isso muito bem, espero que possamos viver mais momentos maravilhosos como estes que você citou. Mais ainda falta os bate papos na casa da Edel, as noites no bar do Gilson, Os encontros masculinos, rsrsrs, coisas que vão se tornando aos poucos parte de seu cotidiano.

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  3. E eu daqui só a babar de votade de conhecer essa gente, essa cultura, essa comida...mas um dia eu chego aí, e quero conheçar essa gente boa, essa terra boa, e dançar tudo que eu tiver direito, seja na casa de Zé Ramalho ou em qualquer lugar...
    Adimito amigo...que inveja me fizeste!
    Bjão e seja muito feliz e continue fazendo felizes os que te acompanham!
    Karina Botelho

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  4. Quando vim por essas terras não tinha noção de metade dessas coisas! E nem tinha amigos na própria,só a família! Mas que foi legal descobrir a cultura, que a quadrilha aqui é bem diferente de como eu dançava em Natal, provar o cupuaçu, o bacurí, o tacacá, ser apaixonada por açaí depois de 10 anos, e descobrir que o "chop" era "dindim"! hehe
    Sensações que ficam marcadas! Mas que me construiu e que me deu os meus tesouros, meus amigos e nossa luta!
    O que escrevestes agora não só lembra da "inauguração" da tua casa que não pude ir por que estava no ENEEF (lembrando, eu não te conhecia pessoalmente, mas eu ia! huhu),mas dessas sensações que tive ao chegar aqui e conhecer tanta coisa nova!E também me lembra da minha outra terra, aonde estão as minhas raízes, e que dá uma saudaaaaaaaade que aperta, mas enfim, faz parte.
    E o bom disso é saber que já eras camarada de um povo que nos ajudou muito! E foi lindo fazer o reencontro!
    Falta conheceres as ilhas, belas ilhas!E claro, a quadra junina! Vixe, há muitos encantos por aqui...Tudo só para dizer...Seja bem vindo!
    Um grande abraço e una beijoka!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Lembrei do dia em que te conheci, tu falavas como sociólogo e usava uma camiseta com a imagem de um conjunto de rock (daqueles pesados). Interessante, tu consegues unir culturas, raças, ideais e sonhos com uma simplicidade, uma facilidade assustadora, ... creio que o compasso de tuas novas composições mudará e mais ricas ficarão com a oportunidade que estás te dando de conhecer esta cultura tão rica e saltitante (alegre). Continue assim! Permita-te e encante o mundo com estas novas conclusões dos novos sabores e ritmos vistos por teu olhar sempre tão sensível que consegue fazer teus leitores viajarem em sensações de prazer. Um forte abraço,
    Luciana.

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  7. Marcelo,

    Li suas palavras sobre esta parte de nossa maravilhosa terra, "em que se plantando tudo dá" principalmente muitas amizades. Pará, terra fértil e de diferentes riquezas, entre elas muitas amizades. Fico feliz e honrada em fazer parte de seu novo grupo de amigos.
    Com carinho,
    Ana Cristina

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  8. Sofri contigo quando li tua carta. A tecnologia é de uma técnica muito frágil. Eu me considero uma artesã da palavra, ainda escrevo cartas, cartões. Penso que Caetano diz o que eu quero dizer:"Gosto do Pessoa na pessoa, da rosa no rosa, e sei que a poesia está para a prosa, assim como o amor está para amizade". Boa sorte. Abraço
    Myrian Carvalho

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira