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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 14 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Triste Comédia...


Era o ano de 1986... Longe, longe, longe...
Recordo que, poucos anos antes, eu havia tomado uma postura de “inxirimento” no velho Del Vecchio de minha mãe, um violão vistoso, com uma acústica linda que, com certeza, anos mais tarde me daria mais precisão musical, se bem investido. Mas, lembro que esse movimento de descoberta deste instrumento, em pouco tempo, me levou a tentar coisas minhas. Reconheço que me deliciava e até fazia planos com aqueles ajuntamentos de três ou quatro notas – aparentemente sempre eram simples – e a pequenas viagens nas primeiras letras. Bobinhas, recordo... mas que foram, vez por outra, se qualificando e, daquele período, resgato coisas escritas com criticidade e profundidade que incitavam significativa maturidade e, coisas de adolescente, inflexões.
Em 1986, estava no que chamávamos de 2º colegial... Tinha uma garota na minha turma à qual eu era apaixonado. Mas, não deu certo. Recordo até que cheguei perto, mas a ansiedade me traiu. Era também um ano de crescimento como atleta (fazia remo) e, mesmo que não competindo nesta modalidade oficialmente, tinha ótimos resultados em outras modalidades na escola, principalmente nas competições individuais, momento em que obtia pequenos, mas significativas expressões de respeito (doce ilusão de adolescente). E, naquele ano, tinha amigos que topavam tentar uma banda... Eduardo (que seria o baterista do Afã, alguns anos depois) e Sandro Ricardo, que tocava baixo... Eu tinha uma guitarra Bergman que, segundo minha memória, era de uma fabricante pequena nacional.
Mas, nesta canção que apresento, a guitarra não se fez presente. Apenas o velho e fantástico Del Vecchio de mainha. Penso que, com os devidos “equívocos” de interpretação da história da humanidade, era uma das primeiras músicas que entravam em meu campo crítico de compor e, talvez ainda sem perceber, já adotava uma das personagens da ironia mundial que compõe meus imaginários mais críticos e criativos: o palhaço.

Apresento, “Triste Comédia”... Lembrem-se! Foi escrita no alto de meus 16 anos. Ainda não me incomodava a mania de compor sempre com versos.

“Lá vem o palhaço / cheio de alegria. / Junto com seu povo / numa utopia. / Vem então uma flor, / Rosa de Hiroshima. / E o palhaço viu / que o seu povo temia.
Temia por uma coisa que nunca viu. / E que em pouco tempo se expandiu. / E logo o palhaço então chorou, / Pois viu que o seu povo se acabou.
Num mundo que em sete dias se formou / e em cinco segundos se acabou. / E logo uma pomba então se perdeu / no meu de pombas de ferro.
Mas um só jovem sonhou. / E em um palhaço se transformou. / E a pomba suas asas bateu / e os jovens então se uniram.
E as pombas de ferro caíram. / Caíram e logo explodiram. / Mas uma flor se formou, / e suas espinhas soltou. / E o cinza que é cor de fumaça, / de fumaça a flor se formou.

Lá vem o palhaço / cheio de tristeza. / Junto com seu povo / agora, uma pobreza. / E a rosa já se formou / e suas raízes ficaram. / E o palhaço viu / que sua platéia morreu. / E a triste comédia se formou, / pois sua platéia morreu. / e o palhaço então chorou, / pois sua platéia morreu. / E logo o mundo se dividiu, / pois sua platéia morreu. / E a triste comédia se formou, / e o palhaço então sua lágrima deixou”


Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!

Obs.: Essa, como outras, é uma canção de minha vida. Está registrada em cartório comum.

4 comentários:

  1. Adorei a Triste Comédia!
    Adolescente sentimental, critico e profundo você, meu caro!

    Meus ensaios nessa época eram com a poesia e com a palavra verbalizada.
    Minhas poesias, nunca mostrei para ninguém, até hoje, de vez em quando encontro-as nas agendas e em alguns livros antigos.
    Os discursos militantes que fazia sempre me traziam dividendos como (convite para apresentar eventos politico-culturais, coordenar grupos políticos, católicos,etc...) Que fase boa de nossas vidas não!?!

    Marcelo, lindo!
    Obrigada por me proporcionar esse retorno no tempo com sua "Triste Cómedia" !!!
    Beijão.

    Dalva dos Santos

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  2. Olá, Dalva...
    Fico lisongeado com o quando alcanço corações e mentes, histórias e, principalmente, lutas...
    Que continuemos a nos encontrar no Universal Circo Crítico

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  3. Oi Marcelo,
    Adorei mas, da pra colocar algumas coisas alegres, é do que preciso neste momento. Esperei a visita e vcs na sexta, não aconteceu, que pena, estou com saudades.
    Beijos,

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  4. Oi Russo.
    A história acontece no ano em que nasci. Gostei gera uma certa crise.


    Emerson Campos (Ed.Física - UEPA)

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira