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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Universal Circo Crítico... Três lições de um vira-lata...


“Amigos serão amigos... até o fim”

(Brian May e Freddie Mercury)

Quando recebi a série de fotos da apresentada neste artigo, lembro que o comentário da mensagem era: As pessoas ficaram impressionadas de como um cachorro vira-lata podia ser tão leal !.

Vejamos um pouco mais o conteúdo da foto: um pequeno cão vira-lata, que tinha um amigo (palavra que nós, humanos – hum... – estranharíamos deveras, por vincularmos a um animal) que, por um infortuito cálculo de tempo, fora atropelado mortalmente. Seu amigo, lá estava, em sua incansável tarefa de tentar acordá-lo, afim de que ele levantasse e saísse daquele ponto perigoso. A morte não lhe passava aos olhos naquele momento.

As fotos que se seguiram (quatro ao todo) demonstravam sua insistência em guardear o velho amigo, impedindo até que pessoas chegassem perto para retirar aquele “corpo estendido no chão”; Mas demonstravam, também, o circo humano, testemunhando outras pessoas que, assim como o autor destas fotos, registravam aquela cena.

É evidente que, se eu tratar superficialmente este fato, a primeira coisa que virá em nossas mentes é uma exclamação do tipo “Ah! Mas se fosse um amigo meu atropelado, é claro que eu estaria ali, protegendo o seu ‘corpo estendido’, para que pudesse seguir seu caminho final em paz”, ou coisas deste tipo.

Mas o que chama a atenção da mente e sentimento deste circense é que estamos diante de uma cena infalível de auto-crítica humana. Não consta em meus conhecimentos intelectuais, em meus livros, cd’s, e os poucos (decentes) programa de TV que assisto que, diferente do homem, os animais sabem que, um dia, irão morrer. E é, também, esta a linha de raciocínio que fiquei tratando alguns dias comigo mesmo.

Destas fotos que recebi, com pequenos comentários às lições de amizade que deveríamos tirar, três lições me são claras:

Primeira Lição: de vida, que vai infinitamente mais além da ode humana e que somos inquestionavelmente obrigados a concordar, que, a não ser que seja ‘nosso’ o cão atropelado, não pararíamos para tentar socorrê-lo ou, na certeza de sua morte, recolhê-lo ao seu pacífico descanso final. Um cão (ou outro animal qualquer) atropelado instiga o desvio de nossos olhos “distraídos”.

Segunda Lição: de amizade, uma “pequena-gigante” lição de amizade que, em nosso pequeno e egoísta mundinho capitalista, perpassa de forma significativa por relações de interesse e, por isso mesmo, por relações de poder. O que fazemos e deixamos de fazer por nossos(as) amigos(as)? Quais valores nos desprendemos ou nos fortalecemos para com os(as) nossos(as) amigos(as)?

Terceira Lição (e a mais intrigante): a ode humana ainda passa seguidamente por cima de corpos – simbólica, metafórica ou até concretamente. Passamos por cima de Mendigos e Andarilhos, passamos pos cima de Sem Terras, passamos por cima de crianças e jovens drogados pelas ruas, passamos por cima índios, negros, GLBT’s, pobres, mulheres, imigrantes... pois não são nossos amigos...

A lição que fica para você, qual é?

Venham Todos! Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

PS.: no arcamundo tinha o hábito de solicitar a lembrança de minhas palavras, se elas fossem ser utilizadas por este mundo agora. Mas isso é decisão sua.

6 comentários:

  1. Olá, visitando para conhecer.
    Aproveito para convidar que visite meu blog.
    Vou ficar esperando

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  2. Amigos, sempre! Aúúúúúúúúú!!!!!!!!

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  3. Desde o dia 29 de março de 2008, tenho vivido momentos de profunda angústia. Sua reflexão por um lado me faz feliz por ver assim, a forma como você está enxergando as relações entre os humanos e expressando sua vontade de intervir, de mudar, de melhorar, . . . no entanto, trouxe a lembrança de tudo que retira minha paz. . .
    Não sei se retiro a maquiagem para aquietar-me, ou se a intensifico para voltar ao picadeiro sem manchar o sorriso ...
    Um abraço!

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  4. Muito instigante seu registro Marcelo. Eu perguntaria a mesma coisa para várias e várias crianças que morreram da mesma forma ou de forma semelhante a da pequena Isabella que tanto a mídia tem dado atenção. Ao contrário da atenção que não deu às crianças negras e pobres. Tenho a convicção de ninguém teria de morrer daquela forma, mas tornaram um único caso, de uma menina branca, de classe média alta, moradora de um edifício e um bairro sofisticado de São Paulo, um caso para banalizar as demais. Não vi, nem escutei notícias diárias e preocupações da "sociedade brasileira" de outras mortes de outras crianças! Para nosso lamento e indignação de continuar sempre na luta...

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  5. Caro amigo Marcelo,

    De fato, acredito na pureza dos animais, principalmente no que refere aos cães, estes com a pureza que nós humanos, por incrível que pareça, estamos longe de atingi-la, por mais evoluídos intelectualmente ou espiritualmente. Talvez um dia consigamos chegar a tal nível de evolução no que refere aos sentimentos de amizade, amor e de caráter, onde possamos valer mais pelo que somos do que pelo que temos ou apenas aparentamos. As vezes fica difícil até de desenvolver ou cultivar bons princípios em nossas vidas, mas como disse o velho ditado popular “A Esperança é a última que morre”, e acredito que ela nunca morre, porque casso contrário, muitos não estariam aqui para dar continuidade em busca de um mundo melhor. A lição dos cães foi bela e forte o bastante para que possamos fazer reflexão sobre nossas atitudes cotidianas.
    iraci

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  6. Sim, provavelmente por isso e

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira