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terça-feira, 5 de abril de 2016

Conversa ao pé de ouvido de Débora...


Hélio Oiticica
Salve, Salve, Débora.
Mas, eita que chamamos uma “Salva de Salve’s” para nossa pequena Débora.
Este picadeiro de terra batida e lona furada de circo lhe recebe com esta pequena e inxirida conversa ao pé do seu ouvido. Fazemos isso sempre que recebemos alguém que acaba de chegar por essas bandas da humanidade. E, pra ti, claro, não seria diferente. E por razões várias, algumas muitíssimo especiais.
Afinal, chegas (como diria as formas populares de expressão da vida) na condição de “Sobrinha torta”. Ou, falando daqui, te recebo como e “Tio torto”. Afinal, de fato, de fato, Silvinha (sua mãe), não minha irmã-irmã. Mas é como se fosse e, à bem da verdade, essa é história de família “torta” já tem aí seus 22 (e tantos) anos, quando conheci sua mãe e ela ainda era uma menina 10 anos mais nova do que eu.
– Russo... (Strovézio)
– Diz, Strovézio...
– Tipo assim: ela continua 10 anos mais nova. Isso não muda...
– ...

Pois bom.
Teu pai ainda não conheci. Mas, conhecendo Silvinha, sua história, disciplina, trabalho, alegria e coisa e tal, só consigo achar que é gente boa pra dedéu... Viva Igor!
Tem uma coisa massa na sua chegada, Pequena Débora.
Chegas em 22 de março. Sua mãe e eu nascemos em um 22 de setembro. E há 22 anos conheci sua mãe.
Diz o cantador de Bingo que “22” são Dois Patinhos na Lagoa. Tá... 22 pode ser um monte de coisa. Uma das coisas que vimos por aí é que 22 significa algo como “em breve você terá um encontro”. Algo como “sempre terás alguém junto contigo”.
Considerando o tamanho e a alegria da família que te recebe, disso não temos a menor dúvida: irás ter encontro todos os dias. Mas, para este picadeiro de terra batida e lona furada de circo, vale-nos a expressão que nos é mais importante: vens para não ficar só. E em um mundo o qual o individualismo parece fazer mais sentido às pessoas do que o coletivo, penso que esta pode ser uma primeira lição que, em nossa humildade, podemos deixar. Nunca se deixa pensar que está só.
Vamos adiante.
É preciso registrar, pois, sem isso, poderíamos ser tomados pela irresponsabilidade. Somos um circo, pequeno, virtual, mas não somos desatentos ao nosso compromisso com a verdade. E a verdade, para nós, é sempre revolucionária.
Chegas em tempos estranhos, muito estranhos. Aqui em terras brasileiras e fora delas. Aqui, é o tango-do-branco-maluco, uma coisa de “ir às ruas contra a corrupção” usando camisas da CPF (corrupta), defendendo a permanência de figuras sinistras (e corruptas) para avançar no combate a corrupção, mantidos por entidades privadas (que bancam a corrupção)... Vigi, que é uma “corrupconfusão” arretada.
Mas, fora daqui, a coisa tá feia também. E, lamentavelmente, chegas num dia em que mais um atentado na Europa se deu, com medo, mortes e feridos. É uma coisa meio “Frankenstein”, em que a criatura se volta contra seu criador.
Mas, aqui, mais uma e permanente lição, Pequena Débora: que nutra todos os dias, o tempo todo, seu amor a humanidade. Muito há o que se fazer, mas muito temos o que oferecer e se nosso amor a humanidade estiver presente, sempre haverá esperança por outros tempos.
E o 22 de março nos oferece a cultura. E, nela, a música.
Ah! Se não fosse a música, o que seria deste humilde picadeiro. Teve muita gente que chegou ou partiu (sempre tem, também) neste dia. Uns que a gente nem gosta muito, sabe como é.
Bom... tem uma banda que sempre estará na história da música mundial e que, digamos assim, iniciou sua trajetória justamente num 22 de março, quando lançou seu primeiro álbum. Falamos do “The Beatles” e o álbum Please, Please me.

– Não é o “The Besouros”?? (Strovézio).
– Não avacalha, Strovézio!
O bode saiu com a cabra pra passear a pé! A bode mordeu a cabra, e a cabra gritou ‘Mééééééé”! Você mordeu meu pé-é-é! Você mordeu meu pé!


– Nossa letra é melhor.. depois a gente canta...!

Também nasceu, em um 22 de março, um cara fantástico e pertencente a um dos estilos musicais que mais apreciamos: o rock. Keith Relf fez história com, dentre outras bandas, o The  Yardbirds, que teve guitarristas do quilate de Eric Clapton, Jeff Back e Jimmy Page – que, digamos assim, transformou o Yardbirds no Led Zeppelin... mágico. Keith também fez parte de um outro grupo que também adoramos por aqui, o Renaissanse, que tinha uma pegada mais de “rock progressivo”, uma coisa com músicas de 10, 20 minutos, até mais e uma combinação com a música clássica arretada.
Bom, com tanta coisa legal que a gente poderia colocar aqui para cantar sua chegada rockeanamente, optamos pela matriz, um som conhecido das antigas do The Yardbirds:


           
Mas, ó... tem um das terras brasileiras que a gente dá o maior valor, mesmo não sendo assim fanzão dele e tals.
Lá pelas bandas de 1945, nasceu Jorge Benjor (que a gente conheceu ainda nos tempos de Jorge Ben). Bom... o cara tem história, criou maneira própria de tocar e cantar em pleno auge da MPB e Bossa Nova. É legal pra dançar...
De qualquer maneira, sempre a-do-ra-mos falar de música ao pé de ouvido de quem sempre chega por aqui e, inxiridamente, fazemos à luz daquilo que gostamos, para falar da multiplicidade de manifestações em torno da cultura e da qual a música é apenas um pedacinho.
Daí, Pequena Débora, nossa lição para ti é simples: cante, dance, leia, poetize, interprete. E pinte, também, como pintava (e questionava) Hélio Oiticica, sendo marginal e sendo heroína, nossa saudação no início deste papo.
E, se possível, tudo junto. Se é verdade que transformamos o mundo transformando-o para o mundo, se tudo isso fizer parte desta transformação, melhor ainda. E, cá pra nós... Em Recife? Em Pernambuco? No Nordeste? Vigi, que não vai faltar opção!
E por isso mesmo, para este pricadeiro, a música também é revolucionária. E também queríamos te apresentar Pío Leyva, um grande Mestre do Cuaguancó, um dos maravilhosos e deliciosos ritmos cubanos. Esse compañero participou de uma das mais belas produções musicais de nossa história (e está entre as nossas 10 preferidas) e que rodou o mundo: Buena Vista Social Club. E o fez com cantores do quilate de Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo, Puntillita e Compay Segundo. Para nós, também representa todo um povo revolucionário, um país “deste tamainho” e que sofreu mais de meio século de bloqueio econômico do país mais imperialista do mundo. Saudamos, ao presentar-te Pío Leyva, o Povo Cubano.
Assim, Debi, a música é nosso ritmo de transformação... de transformação revolucionária, sem a qual o que dissemos no início deste papo ao pé de seu ouvido não cessará.
Pois bom... normalmente os diálogos musicais e artísticos vem, nestes papos ao pé de ouvido, no final. Mas, invertemos nossa lógica e por uma razão especial.
Foi em um 22 de março de 1913 nas nascia uma mulher chamada Sabiha Gökçen, uma turca que é considerada a primeira a pilotar aviões de combate na história. Bom, claro que não é legal ser “avião de combate”. Mas para a época (década de 30 do século passado) e por ser uma mulher, isso é bem interessante.


Aliás, Pequena Débora, o nome dela tem tudo a ver com sua história. O sobrenome dela, Gökçen, vem de Gök que significa céu e o sobrenome dela significa “pertence ao céu”.
Assim, ficam algumas lições a mais sobre essa história: voar é para os pássaros, mas também para nossos sonhos e nossas metas. Que as suas escolhas sejam realmente do tamanho e da altura de suas potencialidades e que seu combate seja sempre o bom combate, e pela humanidade. Sempre pela humanidade.
Mas, voar lembra a este humilde apresentador, mais do que isso... Lembra uma imagem, uma foto que aqui guardo e que hoje, pela primeira vez, vem ao picadeiro deste circo de lona furada, quase que como uma de nossas artistas principais. E, aqui, o que reunimos de melhor acerca de sua chegada. O que significa, inclusive, seu nome e a imagem que aqui apresentamos.

"Débora voando!"... Meu acervo pessoal

Não vamos nos inxirir por demais, pois sua mainha é infinitamente melhor do que este picadeiro para contar tudo o que precisas saber sobre seu nome e o significado dele em sua chegada.
Chega com o nome de Débora. Dizem que vem do hebraico Debhoráh e que significa abelha. Talvez a abelha rainha, a mulher trabalhadora (que, nos tempos estranhos que já comentamos, também não é significado menos importante).
Mas, mais do que isso, é Débora por conta de minha “irmã torta”, a irmã de sua irmã, a sua tia... que, há tempos, já não está entre nós. Outros quase 22 anos.
E chegas Débora no dia mundial da água. Chega para lavar-nos de emoção e celebração com sua chegada.
Como disse, sobre sua tia, optamos por guardarmo-nos em nossa humildade e deixar pra sua mainha, sua vó, tias, tios e tals e todos os zilhão de pessoas importantes na vida de sua Tia Débora contarem o que significa, o que você significa, o que sua história já chega contando.
É isso, Pequena Débora.
Nunca, talvez, neste picadeiro, as palavras a seguir tiveram tanto sentido particular como agora terão para ti.
           
Vida Longa, Pequena Débora!
Sempre Vida Longa!

            Venham Todos!
            Venham Todas!

             


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Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira