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terça-feira, 12 de abril de 2016

Ato I - O Golpe...

           “Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...”
(Quase – Mario de Sá-Carneiro)

O ambiente político (social, econômico, policial, midiático, jurídico e o escambal) brasileiro hoje chega a um estado da arte tão complexo, que, claro, para um picadeiro de terra batida e lona furada, até fica difícil acompanhar e manifestar alguma coisa mais organizada.
Mesmo com os nossos limites (e a atenção a nossa mania de prolixidade), mas com nosso olhar atento, mesmo com o pouco alcance que este espaço tem (em meio a tantos blogs sérios de um lado, e estúpidos – mas populares – de outro), ainda assim, tentamos organizar um pouco nossas ideias.
O nosso público é pequeno, também o sabemos. Mas é com ele quem dialogamos. Assim, a ideia de pensarmos nossas reflexões em “Atos”, além da alusão ao perfil lúdico deste blog, também é uma forma de ajustar nossas reflexões e, de repente, ter nestes poucos uma possibilidade de ampliar o nosso público.

Ato I – O Golpe:


O Golpe, para nós que somos da Educação Física, é considerado – dentre outras possibilidades – como aquele gesto construído em um particular domínio técnico, muito próprio das Artes Marciais e, talvez também, da Capoeira. Mas, fiquemos na primeira.
Trata-se, no final ao cabo, de um ato específico e pontual de uma prática social, construída em combate (acho que podemos usar este termo aqui, sem crise). Este combate se dá de maneira direta e tática entre duas pessoas, no tatame, e que estabelecem os caminhos para usufruir taticamente das possibilidades de aplicar um golpe.
Portanto, um oponente, claro, é necessário. Ainda que nas artes marciais também existam os “combates invisíveis” – o Kata – até este é construído se identificando a “presença” do opositor. De qualquer maneira, entra-se no tatame para lutar COM o outro.
Assim entendido, o golpe não é artimanhoso.
O golpe não é construído no escuro. Até o Kata é uma luta às claras.
O golpe não é, principalmente, desonesto, desvirtuoso ou indigno. Quando o é, mesmo que o “golpeador” saia vitorioso, fica desmoralizado perante o oponente e perante aqueles que acompanham o combate.
Claro, não somos ingênuos. Haverá próximo a este “golpeador” quem o admire e o tome como modelo, como espelho do desejo daquilo que um dia pretende ser.

– Batedores de Panela, usuários da camisa da CBF em atos contra a corrupção, defensores da Intervenção Militar e outra tuia de gente... (Palhaço).
– Esses, com certeza, Strovézio.

Mas, para nós, o principal é que o Golpe pode existir... mas dentro destes limites.
Daí nossa tese provocativa. Realmente, o que está acontecendo no atual cenário de impeachment, NÃO É GOLPE... e não o é, porque o que está acontecendo não é honesto, nem virtuoso, muito menos digno, o que dizer justo. O que está acontecendo é MUITO PIOR.
Claro, não queremos aqui diminuir o tamanho das bandeiras que clamam “Não vai ter Golpe!”. Não é o nosso caso, aqui.
Aqui, é preciso registrar: não apoiamos este governo. O não o fazemos, não por conta do blá-blá-blá do discurso hipócrita de estelionato eleitoral. Oras: se um candidato se lança a tal, prometendo vida melhor a todos, e quando assume, só privilegia parte (pequena) da sociedade, então, isso seria estelionato eleitoral.

– Posso explicar? (Palhaço)
– Diz aí, Strovézio...
– “Se eu for eleito, trabalharei para a melhoria da Educação, da Saúde e da Segurança Pública. Essas serão minhas grandes prioridades. E também enfrentaremos o desemprego que assola o nosso país!”
– Ok, Strovézio... daí o cabra é eleito.. Que acontece?
– Na Educação, abre as portas para a gestão privada, diminui o número de salas, contrata professores ao invés de concurso público, arrocha os salários dos professores, e DESVIA DINHEIRO DA MERENDA... Na saúde, privatiza os serviços de primeiro atendimento, estabelece convênios com a Rede Privada de Saúde para cobrança de taxas, arrocha os salários dos profissionais da saúde e desvia dinheiro de ambulância e remédios... Na segurança pública, desce a porrada na juventude negra, pobre, periférica... e avança da perda de direitos trabalhistas.

– Isso também é estelionato eleitoral. Tanto quanto dizer que irá defender os direitos dos trabalhadores e ataca-los.
Pois bom.
Somos contra o governo porque, à bem da verdade, vem aplicando as mesmas políticas estilo “Plano Temer”, “Plano Levy” (ops! Era Plano do Governo), “Plano Agenda Brasil” do Senador Renan Calheiros, Plano MBL/#VemPraRua/RevoltadosOnLine... a única diferença é a velocidade deste processo.
Entretanto, já dissemos aqui, não estamos do lado destes oportunistas acima. Para nós, expressam exatamente o antagônico do Projeto de Sociedade e de Humanidade que acreditamos. Representam o que há de mais grotesco e perigoso nos fascistas que estão saindo do armário.

O Impeachment da Presidenta é para acabar com a corrupção?
Oras, me poupem. Este discurso faz com que o Pai dos Burros tenha que rever o significado da palavra hipocrisia, porque nem ela dá conta, hoje, de explicar esta postura pra lá de oportunista.
O Impeachment da Presidenta é para afastá-la do governo que está desorientado? Que está levando o país a uma profunda crise econômica?

– Ó, Pai dos Burros! Perdoem... eles não sabem o que estão fazendo com as palavras hipocrisia e idiotice (Strovézio).


O Golpe....
Poderíamos, à luz do que dissemos no começo, dizer que quem está dando o golpe, tático, observando o opositor no tatame, não é esta oposição oportunista. Arriscaria dizer que é o próprio governo.
Nas regras do tatame (as regras que os donos do tatame definiram), em combate COM os Trabalhadores e seus direitos tomados, os Campesinos e sua Reforma Agrária parada, os Indígenas e suas terras banhadas de sangue, os Professores e a Educação Pública privatizando-se, os golpes estão sendo dados dia-a-dia, enquanto o cenário midiático, jurídico, político, empresarial e o escambal vai fazendo pior.

Mas no tatame não existem golpistas.
E, sim, não há dúvidas: o tal “impeachment” é meramente político. Política é poder e quem o faz, se faz como golpista. Quando o golpe é dado pelas costas, com violência, com insanidade...

Mas falamos apenas do Ato I...

O Ato II? A farsa do Dominó...

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Venham Todas!

           


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