RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Menino Levado e Pintão era o João... por Haroldo Junior

https://colorindodesenhos.wordpress.com

“Há um menino

Há um moleque

Morando sempre no meu coração”

(Milton Nascimento)



            O Universal Circo Crítico tem algumas razões de ser... Entre elas, o Palhaço...
            – Muito grato... Sempre soube que sem euzinho, nosso picadeiro não teria graça (Strovézio).
            – E não teria muito mais além disso, Strovézio...
            Mas, há tempos me perguntava sobre um camarada que foi também essencial para o Circo que existe dentro de mim... e que, por incrível que pareça, sobressaiu-se por meio da Capoeira. É... a capoeira.
            – Essa ninguém sabia...
            – Pois é...
            Pois bom (como diria Pantaleão). Há algumas semanas atrás me deparo com uma publicação de uns 20 anos, dos tempos em que ainda estava na Universidade, em Pernambuco. E, claro, militante do Movimento Estudantil.
            Já antes, conheci Haroldo Junior, da Universidade Federal da Bahia. Capoêra de sensibilidade profunda e diria quase inigualável. Me apresentou, numa roda de capoeira, em Petrolina/PE (mundão pequeno) o palhaço que se escondia dentro de mim...
            Quando levantamos nossa lona (ainda que furada), quando arrumamos nosso picadeiro (ainda que na terra batida), quando convidamos artistas e grande público, sempre nos perguntávamos: cadê esse camarada? Cadê meu irmãozinho Haroldo?
            E eis que me deparo com este volume do “O Sedentário” e lá está o Haroldo Junior... e o Menino levado do João...


            Venham Todos!
            Venham Todas!

            Venham apenas apreciar... hoje, o espetáculo é de outro artista...

            “João acordou cedo e logo ao despertar começou a jogar o travesseio para cima e apará-lo com as mãos. Em seguida, batia palmas e apanhava. Já estava pronto para aparar o travesseiro com os pés quando a mão o chamou:
– Joãozinho, meu filho, vá tomar banho, se arrumar. Olha, o café vai esfriar! Se você chegar atrasado na escola... uh, ai, ai, ai!
            João pegou a toalha, após pular o cesto de roupa suja, o qual derrubou, e foi para o banheiro saltiando e batendo palmas, se esbarrando no quadro.
            A mãe logo reclamou:
            – Menino! Você derrubou a roupa suja do cesto, seu quarto está uma bagunça e o quadro todo torto, quanto é que você vai criar juízo?
            João terminou seu banho quieto, se vestiu feito um raio e tomou seu café.
            Após o café, João foi para a escola correndo, pisando apenas nas partes pretas da calçada, fazendo verdadeiras estripulias para não tocar nas partes brancas. Por isso se esbarrou num senhor que perguntou com raiva:
            – Seu moleque, você está quase um homem, é preciso andar assim, igual a um macaco de circo? Ande direito, Quantos anos você tem, ô menino?
            João respondeu à medida que corria e pulava:
            – Eu tenho cinco, oreba.
            Ao chegar à escola, após saltar buracos, equilibrar-se em meio-fio, chutar lata etc., subiu para sala equilibrando-se no corrimão da escada, o que fez com que a coordenadora o ameaçasse:
            – Vou suspendê-lo já, já!
            Ah! no recreio João era impossível. A cada minuto ele inventava uma proeza diferente e ainda virava para a professora, a coordenadora, a servente e fazia:
            – Olha para mim... taá-tá-rá... (gritava, imitando o som de uma corneta).
            As pessoas preocupadas logo repreendiam:
            – Menino maluco!
            – Oh, infeliz!
            – Peste, sai já daí!
            – Você tá doido!
            – Você quer quebrar o pescoço, seu trocinho?
            É... a vida de Joãozinho não foi fácil. Não pode se movimentar e experimentar seu próprio corpo que logo vinha uma repressão. Desta forma, Joãozinho foi ficando medroso, inseguro e hoje aquele menino que subia escada se equilibrando no corrimão não sobe nem no banco para trocar lâmpada, tem medo de altura.
            – O que aconteceu com o bom João?”

            (Haroldo Júnior – Acadêmico do Curso de Educação Física – UFBa, O Sedentário, informativo de 1995 da Educação Física baiana)

             Há um menino! Há um moleque! Morando sempre no meu coração... E o nome dele é Haroldo Júnior...

Armandinho,por Alexandre Back

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Prezado "Seu" Civita...

            Prezado "Seu" Civita – sei-lá-o-que da Editora Abril.
            Saudações.

            Sou um dentre os (muito possivelmente) milhares de cidadãos que recebem e-mail’s quase todos os dias da Editora Abril, oferecendo-me suas promoções para assinar a Veja e as outras Revistas semanais e mensais desta, em minha muito humilde (e inxirida) opinião, Editora sem qualidade.
            Só sobre uma de suas principais publicações, já havíamos nos manifestado, tempos destes: http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2012/05/vamos-falir-veja.html

            Mas, mesmo tendo feito essa campanha...
            – Não deu certo, pelo jeito, né? (Palhaço)
            – É, meu caro Strovézio... acho que não somos muito bons nisso.
            – Ou os caras realmente tem muito poder.
            – Isso é verdade... inversamente proporcional à qualidade jornalística.

            ... Bom, retomando a minha conversa com vossa Abriltoria, mesmo tendo feito a campanha, parece-me que sua pessoa quer que eu seja seu cliente... a todo custo.
            Mas é curioso como essa intensa propaganda para tentar me incluir em seu rol de assinantes acontece. Daí, resolvi não deletar por alguns dias os e-mails que recebia e fiz, digamos, um pequeno balanço.
Para iniciar meus preprotérios, vejamos a qualidade do produto oferecido. Acredita, Vossa "Seunhoria", e tenta me convencer, que iria enviar à minha casa “Informação de qualidade”... diria duvidosa. Mas, prefiro conhecimento e como professor que sou, é nisso que invisto também. Informação é algo dúbio, pois implica literalmente na informação que se quer dar... e não comenta nada sobre a informação sonegada... algo do tipo “não receberás em casa outras informações que não seja aquelas que nós queremos... não importa se existem outras...”. Postura, aliás, muito cumpliciada com Globo, Band, Record, SBT, a TV Cultura (a mais de 20 anos destruída aos poucos pelas mãos tucanas paulistas) e suas filiadas.
E como tal – uma revista que vende informação – segue à risca essa métrica: as 50 primeiras páginas repletas de propagandas, notas pontuais e fotos/falas até a primeira reportagem de fato... não necessariamente de qualidade. Assinar uma revista para folhear 50 vezes até ler a primeira matéria?
Tem um lance até engraçado: há meses que eu recebo a mesma proposta, inclusive com valores: 50% de desconto ou receber 50% a mais (meia assinatura?) da revista contratada. E a proposta, a meses, sempre com a mesma mensagem: “ainda dá tempo” (ainda?) ou “a oferta vale só para este e-mail” (então tá...!).
E a afirmação “Não precisa ir atrás da informação. Ela vai até você”? Em tempos em que a formação de nossa juventude é tão necessária, acreditar que podemos ficar sentados em berço desesplêndido pela informação?
E tem os e-mails com aquelas outras revistas, normalmente com a promoção “Assine 3, pague 1”: Claudia (lembro que minha mãe adorava... mas, quem era Claudia?), Máxima (Revista de beleza, moda, culinária, decoração... mas apenas para mulheres modernas - igual a Claudia), Minha Casa... Mais informação...
E tem o tal “Concurso Cultural”, que me dava como outra opção participar dos manjados sorteios de viagens e tals. O último concurso era para completar a frase “sou uma garota geek com orgulho porque...”... me dispenso dizer a frase vencedora...

– Mas..., o que é “garota geek”???? (Palhaço).

http://garota-geek.blogspot.com.br/2012/06/maguiagem-inspiradas-nos-desenhos-da.htm
               – Acho que realmente não tenho mais idade para esses termos...
 
              Ah! Uma que eu achei massa... se eu assinasse “revistas Abril”, ganhava 50% a mais de assinatura e poderia escolher um presente: um barbeador ou um secador de cabelo...
Minha Barba! Por eu mesmo!!!! 
Porém, não gostei muito da “intimidade”, afinal, me enviar mensagem escrita “Russo, baixamos os preço para você!” ou “Russo, ainda dá tempo!”...Como assim? Me chamam pelo apelido????? Nem um “Sr. Russo?”, sei lá, pelo menos para iniciar a conversa, né? Ou, então, me diz aí seu apelido... Daí, não de chamo mais de "Seu Civita"...
Ah! Recebia também do Estadão...pelo menos são menos invasivos... não é todo dia... Mas, com casadinhos promocionais com, adivinha quem? 
assineestadao.com.br - ou não assine (é só a fonte da imagem...)
Tem também as mensagens “Ultima Chance”...que sempre são acompanhadas nos dias seguintes com novas “mesmas” chances... Meses seguidos de “ultima chance”? Va-le-i-me-Marx!
E também tem aqueles e-mails com promoções da tal “Loja Abril”... todinha... quase trava meu computador de tanto lixo que ofereciam...
Ah! Enquanto eu escrevia essa carta, chegou outra mensagem “Russo, abaixamos os preços para você”... os mesmo preços, diga-se de passagem... de todos os três meses anteriores...
Assim sendo, Prezado “Civitinha” (já que ficas a vontade de me chamar pelo apelido), penso que depois de tudo isso, parece-me que nem precisa ser dono de Editora para entender que não estás acertando. 
Nossa! Dizer isso para "o cara" das Comunicações"!!!!
– Haja inxirimento, né não, Strovézio???

          Quase uma mensagem por dia, quase todos os dias, e não respondi topando assinar nem gibi?!?!?!!?

            É... acho que já deves ter entendido...
No mais, a campanha de 2012, continua de pé!
Vamos falir a Veja!
Venham Todos!
Venham Todas!

https://verdadebancoop.wordpress.com/2012/02/06/veja-e-psdb-ligacoes-perigosas/


PS.: Ingressos grátis no Universal Circo Crítico se as mensagens pararem de chegar! Ah! Esqueci! Já é grátis...


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Greve X... Os cientistas em retirada?


                Este é um tema espinhoso.
                Mesmo fazendo parte deste universo no Ensino Superior brasileiro, falar de pesquisa, inovação, desenvolvimento e pós-graduação vai muito mais além de se ter dinheiro para pesquisa e vaga para pós-graduação.
                No caso deste picadeiro de terra batida e lona furada, ser ou não ser Doutor pouco importa, ainda que a experiência de caminhar em direção a este título ser bem interessante.
                ­– Doutor! Tô cuma dô aqui no cutubelo! Tem cura? (Palhaço).
                – Esses não são doutores, Strovézio... a não ser que façam um doutorado.
                – Hum... ah! Tá!... Tendi...
                A verdade é que após quase quatro meses de greve nas Universidades e Institutos Federais, além de alguns Colégios de Aplicação, vivemos a contradição de muito (e muitos) lutarmos por ela, por sua qualidade pública, laica, gratuita e ainda enfrentarmos um obstáculo de comunicação profundo com a sociedade, de modo que possa não apenas entende-la, mas também defendê-la.
                Não é, claro, um exercício fácil. Diríamos que é, até, hercúleo.
                – Trabalho de Hércules!
                ­– Isso, Strovézio...
                – Olha ele aí!
                (foto do Hércules)...
                – Não, Strovézio... nosso cachorro não...
                Pois bom...
                Não se trata apenas das aulas e, portanto, dos salários dos professores para dar aulas. É uma pena que parte considerável de nossos estudantes (e não apenas eles), aqueles que ainda chegam ao privilegiado espaço da Universidade Pública – reconhecemos o crescimento nos últimos 12 anos, mas, ainda está aquém da demanda – só a compreendam em função da sala-de-aula. E, assim, reduzem a Universidade ao professor que fica na frente, escrevendo no quadro ou usando power-point e o escambal.
                Desconhecem, muitas vezes, o quão é necessário estabelecer neste dia-a-dia a relação entre o Ensino (o “dar aulas”, vamos assim dizer), a Extensão (que é aquela frente de trabalho da Universidade com a comunidade) e a Pesquisa.
                E é na Pesquisa que vemos, principalmente, o que anunciamos: os cientistas batendo em retirada... Claro, é uma expressão generalista, pois até mesmo aqui debaixo de nossa lona furada muitos pesquisadores transitam.
                Mas, há aqueles que afirmam que a Universidade não pode parar, porque a pesquisa não pode parar... Mesmo se a pesquisa estiver se arrastando.
                Matéria do “O Globo” (que, de longe, não é uma imprensa sempre confiável... mas para o que se dispôs nesta matéria, atende nossas reflexões), de 10 de setembro, e que, nos espaços zapzapianos da vida foi acompanhada do seguinte comentário de um pesquisador: ”Vamos ver se conseguimos alguma coisa no exterior”. Segue o link da matéria:
imagem da própria matéria... seja lá o que ela queira dizer...

                Daí, algumas coisas bem pontuais podem ser apresentadas sobre o caso:
                Primeiro:
É... como fazer a pesquisa entrar em greve? Mas, como continuar a pesquisa se ela está sendo gangrenada? Se pensarmos a pós-graduação – e, aqui, reflete um aluno em doutorado com prazo para voltar ao seu trabalho – que diz respeito ao tempo investido na formação de mestres e doutores, como continuar a seguir pesquisando, cumprindo prazos se, no frigir dos ovos, as condições de funcionamento da mesma pós-graduação está sendo sangrada?
Segundo:
Se temos programas qualificados e, também, professores, mestres e doutores que investem seu tempo e disposição para pesquisar em pró ao desenvolvimento da ciência, da pesquisa, do conhecimento BRASILEIRO (sem bairrismo, apenas um desabafo), porque não priorizar justamente a produção do conhecimento em nossas universidades públicas?
E, aqui, tem um detalhe interessante: as Universidades Públicas são aquelas em que, verdadeiramente, o tempo e vontade dedicados à produção e sistematização do conhecimento (ou seja, a pesquisa) tem disposição permanente e, mais ainda, inclinada a formar mais e mais jovens.
Terceiro:
E aqui a coisa complica. Diz aí, Strovézio:
– Ô doutorzinho! Tu pesquisa pra que, moleque? Pra quem? Quem queres favorecer DI-RE-TA-MEN-TE com suas pesquisas? E – ah!, essa é notável – contra o que e contra quem queres pesquisar? Tu acha que “lá fora” querem o que do nosso país?

... Querem o que de nossas reservas minerais?
... Querem o que de nossas florestas?
... Querem o que de nossos trabalhadores?
... Querem o que de nossas terras agricultáveis?

Sinceramente... quando vejo, escuto, leio ou o escambal um professor falar que precisamos pesquisar para atender os interesses de fora, dá mais do que um nó no estômago e uma dor no coração... bate a indignação de saber que até quem tem acesso ao conhecimento, prefere vê-lo vendido aos interesses privados.
... e talvez se contente com um dinheiro a mais no orçamento doméstico... uma viagem ou mais ao exterior... “reconhecimento”...
E, mais uma vez, afirmamos: lutar pela nossa Universidade é, também, lutar pelo fortalecimento de sua pesquisa. E uma pesquisa que responda verdadeiramente as demandas da sociedade. Não que finja responder as demandas da sociedade, preparando-a para responder aos interesses do capital...

Ah! É verdade... não é uma luta fácil... Ainda assim...

Venham Todos!
Venham Todas!

domingo, 13 de setembro de 2015

Conversa ao Pé de Ouvido de Raul...

Jogos Infantis - Pieter Bruegel



“O Homem ama,
porque o amor é a essência
da sua alma.
Por isso não pode
deixar de amar.”
(Leon Tolstói)


            Salve, Salve, Salve, nosso querido e Pequeno Lutador do Povo, Raul... o pequeno combatente que segue o conselho dos lobos, segundo a raiz etimológica de seu nome.
– Tá ‘bem no Youtube” de conselheiro, o moleque, hein? (Palhaço)
– “Bem no Youtube”??? Como assim, Strovézio?
– Bem na foto... bem no vídeo... bem no Youtube... Sacou?
– Ah! Tá... Saquei... É, Strovézio... Lobos, na real, são a melhor expressão do coletivo... Todos juntos, somos fortes!
Filho castanhalense de Joyce e William, cá está, aconchegado não apenas no colo de sua família, mas, te garanto, no calor de muitos e muitas amigos/as, companheiros/as, camaradas. E, é certo, desde cedo irás aprender com esse mundão de gente perto de ti o valor da amizade, tanto quanto da luta; do coletivo, tanto quanto do sonho e da esperança.
            Nosso Picadeiro de Lona Furada e Terra Batida está celebrando sua chegada e as lições que ela nos traz, quase que nos revigorando das imagens das últimas semanas... É incrível como somos surpreendidos por lições em dias de celebração.
            Chegas em 9 de setembro... e agora passa a fazer parte da história deste dia. História que traz curiosidades que dizem respeito de onde, quando, no meio de quem estás chegando...
            Em que pese o Brasil sofrer de certa “cacatombe” sobre ser ou não ser um país e um povo latino – afinal, estamos na América Latina – é um 9 de setembro no Uruguai (e que tem a ver com a independência da Argentina) que, para este pequeno Circo, nos dá uma bela lição de luta.
            Eram tempos em que a Inglaterra tentava (e, cá pra nós, teve sucesso) ampliar seus tentáculos econômicos no sul da América Latina. Fazia isso por Montevidéu, Buenos Aires e Santiago. Mas a que se tornaria capital argentina era, à bem da verdade, o grande centro de especulação material e financeira inglesa.
            Entre 1806 e 1807, milhares de soldados ingleses tentaram ocupar Buenos Aires sob o comando de um tal General Whitelocke e, segundo registros históricos, mesmos armados até os dentes, foram humilhados por pessoas comuns desta cidade. Segundo relato oficial do General das tropas inglesas, assim se resumiu o fracasso daquela ofensiva colonizadora:
            “A índole do fogo a que estiveram expostas as tropas foi extremamente violenta. Metralha nas esquinas de cada rua, fogo de mosquetes, granadas de mão, ladrilhos e pedras lançadas do alto de todas as casas. Cada morador com seus negros defendia moradia e cada uma delas em si mesma uma fortaleza. Não exageramos ao dizer que todos os varões de Buenos Aires se empenharam na sua defesa”... (http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/2008/07/02/000.htm)
            – Deixa eu ver se entendi! Os caras vão armados até os dentes, invadir terra alheia e reclamam a seus superiores a incapacidade de vencer, porque o povo local resistiu? (Palhaço)
            – É... mais ou menos isso, Strovézio...

            Foi, portanto, em um 9 de setembro (1807) que essa tropa, já derrotada e humilhada em sua tentativa de ocupação de Buenos Aires, teve que se retirar de Montevidéu, onde estava acampada para suas campanhas de guerra, com o General Whitelocke à frente.
Perceba como a vitória de um povo (argentino) foi importante para a vitória de outro povo irmão (uruguaio)... Esta, certamente, uma boa lição.
Bom, pequeno Raul, isso talvez não seja pra ti compreender agora. Mas, a história irá te ensinar que a Luta do Homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento...
            Lutar pelos seus colegas, companheiros, camaradas é lição para vida toda. E lição de todos/as... e, mais ainda, não é lutar pelo direito a vida humana, apenas, mas lutar por toda forma de vida ao nosso redor. Sem toda ela, não há vida em uma parte dela.
            E tem tanta gente bacana em 9 de setembro, “chegado ou partido”.
            Leon Tolstói, que o saúda no início de nosso papo, nasceu em 9 de setembro. Assim que ficares fera nas letras, coloque-o em suas prioridades. E brinque muuuuuuito... se possível, todas as brincadeiras que estão ali na tela de Pieter Bruegel, que se despediu em um 9 de setembro.
            E como a música é um chão mais firme deste que vos fala ao pé de ouvido, busquei nela algo para “em-cantar” nosso papo.
            Duas cantoras, em especial, nasceram e uma canção foi lançada (oficialmente) em 9 de setembro.
Nascia neste dia, Ana Carolina, em...
– Hei... não diz o ano, para não entregar a idade! Kkkkkkkk (Palhaço)
– Tá bom, Strovézio...


            Em “Todo Sentimento”, encontramos as primeiras palavras para saudá-lo:
“Todo sentimento
            Precisa de um passado pra existir
            O amor não:
            Ele cria como por encanto
Um passado que nos cerca,
ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio
com alguém que a pouco era quase um estranho,
ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica...”

            E nascia, também neste dia, Maria Rita, com a qual trago uma canção que ela canta maravilhosamente com Gilberto Gil, “Amor até o fim”:

            “O amor é como a rosa do jardim
            A gente cuira, a gente olha
            A gente deixa o sol bater
            Pra crescer, pra crescer!
            ... até o fim da minha vida eu vou te amar”...
             
            E, com essas duas fantásticas expressões de nossa música (em que pese, vez aqui, outra ali, desafinarem em outros temas), destaco o muito do que nossos artistas e nosso estimado público (nele, seus pais) queremos te dizer.
            O Amor que recebes precisa crescer. E precisa crescer como esperança em tempos de desesperança. Se é verdade que o amor não precisa de passado (e, por hora, achamos que sim), precisa de futuro... por isso, queremos ver você crescer, e crescer... e, se em forma de flor, cá está nosso picadeiro e aqueles que por aqui passam para ajudar a regá-lo. De amor e de sonhos.
            E, por falar em sonho, lembramos da canção mundialmente conhecida que foi lançada em um 9 de setembro, composta por um dos caras mais iluminados do rock mundial:
           
Imagine / arte de Pablo Stanley
        

           “Imagine todas as pessoas
            partilhando todo o mundo.
            Você pode dizer que sou um sonhador
            Mas eu não sou o único.
            Espero que um dia você junte-se a nós
            E o mundo viverá como um só”
            (Imagine – John Lennon).


           
            É isso, meu caro Pequeno Lutador do Povo, Raul...
            – Opa! Parô! Parô! Parô!... não dá pra deixar de dizer a frase mântrica-musical-métrica-consubstancial do rock’n’oll brasileiro mais importante da nossa história para uma figura tão ilustre que nos agracia com sua chegada! (Palhaço)
            – Como assim, Strovésio? Que frase é essa?
            – TOCA RAUUUUUUUUULLLLLLL!!!!!!!!

           
            Vida Longa, Pequeno Raul!

            Venham Todos!
            Venham Todas!

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Conversa ao pé de ouvido de Nina...

Gervasio Troche





“O poeta
é como príncipe nas nuvens. 
As suas asas de gigante 
não o deixam caminhar...”
(Charles Baudelaire)






            Salve, Salve, Salve, nossa querida Pequena Nina... Filha de Ravi e Luciana... Bom, Luciana nós ainda não conhecemos, é verdade. Mas o Ravi, ah! o Ravi... Tipo assim: “Quem não gosta do Ravi??”
           ...

– Baita silêncio em nosso circo, né não? (Palhaço)
– Pois é, Strovézio... ninguém respondeu!

Ao ver Ravi se emocionando com a sua chegada, não tenho como não olhar um cadinho pra trás e vê-lo, menino-esperança dos bons e velhos (velhos e bons) tempos do Projeto Nossa Escola, onde este humilde apresentador aventurou-se como professor de Educação Física (e, ainda assim, compomos na sala dele o “Obliquo-catu e o Maraca-reto”... ele te conta essa história um dia desses).
Nossa Pequena MeNina, que traz em seu nome a manifestação de protetora dos mares e da fertilidade. Portanto, em ti, já desde pequena, tudo tem vida e tudo proporciona vida.
            Chegas em tempos estranhos, com gente esquisita, tocando as coisas, as vidas e o futuro, por aqui. Mas, paradoxalmente, tempos em que a esperança é nossa expressão mais importante e a prática sua verdade.
            Vais, talvez, passar por aqueles tempos em que sua mãe ou seu pai irá te dizer:

            – Deixa eu falar, deixa eu falar!!!!!!! (Palhaço)
            – Ok, Strovézio... diz tu, então:
            – “MeNina”, vem já pra cá!!!!!
            – Pois é... vai ser o tom da voz para saber se te chamam pelo nome ou pela arte que fizeste...
            Bom... como sempre fazemos em nossas inxiridas conversas ao pé de ouvido, tudo e um pouco mais aconteceu na história da humanidade em 31 de agosto... De bom e de lições. Pessoas nasceram e se despediram, terras foram tomadas ou devolvidas, reis e rainhas, príncipes e princesas, imperadores e imperatrizes assumiram tronos ou foram destronados... Tudo isso e mais em uns tantos 31 de agosto.
            Há de reconhecermos, também, que muitos outros fatos históricos não estão escritos para os sabermos... Nada sabemos de antes de 500 anos, quem eram, o que faziam, como faziam – assim, com datas – os povos das Américas ou de parte significativa do Continente Africano...
            Mas, sabemos que muitos 31 de agosto vieram... Torcemos para que muitos outros possam vir. Falaremos de uns poucos, daqueles que nós, artistas desta lona furada, achamos que poderão ser valiosos a ti...

Gervasio Troche

            A música... ah!, a música... O Chorinho, as canções de carnaval de Emilinha Borba e Dalva de Oliveira estão presentes, saudando e se despedindo de seu 31 de agosto... assim como o jazz irlandês de Van Morrison ou o bom e velho rock’n’roll de Rudolf Shenker (Scorpions) e Gene Hoglan... E a MPB de Francis Hime, fantástico Francis Hime...
– ó... o Chico (Buarque) mandou dizer à Nina que “O Francis aproveira pra também mandar lembranças” hehehe... (Palhaço)...
Inspiração musical para todos os estilos... e para as piadas do Strovézio.
            Mas a música, Nina, é algo que também nos liberta... Porque podes “tocá-la” dentro de si e a liberdade sempre vem de dentro. E podes “tocá-la” para fora de si, porque a música só é música se é para todos que estão à sua volta... E tu, particulamente, em terras pernambucanas, ah!, vais te esbaldar de tanta música.
            Que possa sempre te-la contigo, dentro de ti, à sua volta, com os seus amigos, amigas, família e até desconhecidos. Que possa ser, em vida, música de vários instrumentos e sons, e tons, e ritmos...
            Além da música, você chega em um dia em que descobrimos (sim, não o conhecíamos) o poeta francês Charles Baudelaire, que nos saúde neste papo contigo. Bom, a música dialoga muito bem com a música, não é verdade? Ops! Calma... ainda irás descobrir isso... Quem sabe se será com a Tia Edivânia ou com a Tia Mery? Quem sabe Tia Fabíola?
            Mas, Charles Baudelaire era um poeta que estava meio fora de seu tempo. Lê-lo e perceber quando ele escreveu nos dá um nó, um “nossa! O que era isso no século XIX?”... Palavras cantadas em poesia que nos parecem tão atuais?

“Para não serdes os martirizados e escravos do tempo/
embriagai-vos sem tréguas/
de vinho, de poesia ou de virtudes/
como achardes melhor!”

            Coisas simples, como um picadeiro de terra batida e uma lona furada fazem nossos curações manterem-se assim, humanos... Vinho, poesia e virtudes.
            O Vinho? Bom, só quando seus pais deixarem, certo? Mas, acho que eles não se importarão em iniciá-la com o suco de uva....
            A Poesia? Ah!, tudo que você for sentindo, desde sua primeira palavra. Poesia com “Papai” e “Mamãe” estão até na forma de dizer... essas duas palavras serão poesia, pode ter certeza, quando a disseres a eles.
            Virtudes? A Humanidade... toda virtude que servir à humanidade voltar a ser verdadeiramente humana... Toda virtude que permita as crianças terem não apenas futuro. Mas presente... E, tendo-os (presente e futuro), terão, também, passado... E o passado é necessário.
Assim, querida Pequena Nina, nós te saudamos. Nós, em nossa humildade e alegria circense, que há poucos dias (em que pese todos os dias) chorou a imagem de Aylan, saudamos você... e não nos escondemos em nossa saudação fraterna e esperançosa:
Viva Nina!
Viva Nossa Pequena Lutadora do Povo Nina!
Vida Longa...
http://gartic.com.br/buffon/desenho-livre/_1281924543

PS.: Há quase exatos três anos atrás, este picadeiro saudava outra Nina... a Nina Flor (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2012/09/conversa-ao-pe-de-ouvido-de-nina-flor.html
PS 2.: Tem um site, “dicionário dos nomes próprios” que diz assim: “No Brasil, Nina é um nome feminino comum”... Comum????? Quem aqui, além deste picadeiro “todinho”, discorda?