RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Imprensa comunista... uma ova!

"A desvalorização do mundo humano

aumenta em proporção direta

com a valorização do mundo das coisas"

(Karl Marx)


Ontem (10 de agosto), o JN, sempre mantendo o compromisso de bater no Mequetrefe e no conjunto, defender a política macro-econômica do PG (afora as cutucadas à falta de apoio aos micro e pequenos empresários, deixados à mingua no Sistema Bancário brasileiro, que só quer “ganhar com as crises”), deu-nos mais uma prova do lugar em que sempre esteve, está e continuará atuando.          

Em matéria longa, “descontextualizada” (e repetida), votou a atacar o serviço público brasileiro... Aliás, voltou a atacar TRABALHADORES e TRABALHADORAS públicos/as. Com informações superficiais e sem qualquer método científico concreto (a mesma ciência que defendem acerca do covid-19, aliás) e sempre insistindo na métrica superficial... É investir na “aparência” para atacar o conteúdo.

É como, e também testemunhamos isso todos os dias, as matérias em que denuncia o governo mequetrefe brasileiro ante a política ambiental (principalmente no tema das queimadas de florestas, cerrado e pantanal, destruição de reservas ambientais e afins) e, “no mesmo quadro jornalístico”, celebra a supersafra das monoculturas latifundiárias (soja e milho – que exportam “alimento” e trazem ‘dólares”... só não para o povo trabalhador brasileiro) que, no final ao cabo, atuam e celebram o fim das reservas ambientais, indígenas e quilombolas no país.


No caso da matéria de ontem, a defesa da necessidade do governo federal (em particular, o posto Ypiranga, senhor Paulo Guedes, representante do sistema financeiro internacional) avançar por dentro do congresso (sobretudo com o apoio do tal “centrão” – velhas raposas da política brasileira que o mequetrefe disse que não teria espaço em seu governo) com a tal reforma administrativa. E esta reforma tem um único sujeito no alvo: o servidor público.

Questões simples, mas suficientes, para construir-se uma opinião pública.

Os “especialistas” que eram convidados a se manifestar sobre o tema eram representantes do Instituto Millenium que, em síntese, tenta convencer que é preciso diminuir o papel do Estado para “aumentar” a qualidade dos serviços públicos, uma espécie de “reforma administrativa do bem”. Típico do pensamento (neo)liberal, que tenta explicar o concreto por idealismos político-econômicos. A ideia econômica tentando determinar a vida concreta. Não é novidade, apenas estão tentando melhorar a maquiagem em tempos de pandemia.

Para além disso, alguns pontos chamam (de novo) a atenção:


1.    Informar o valor dos salários de funcionários públicos, dizendo que são maiores do que os mesmos trabalhadores no setor privado. Em outras palavras: eu, docente de ensino superior público federal, ganho mais do que um docente de ensino superior no setor privado... E a culpa é o serviço público pagar “mais” e não o serviço privado pagar “menos”;

2.    A escrotice desta conta se revela quando a matéria do JN não deixa claro, por exemplo, quanto dos salários de servidores públicas da saúde e educação estão nos percentuais indicados de saúde e educação no país. Tenta mostrar que o país gasta mais com salários do que com serviços, quando estão incontestemente vinculados;

3.    Sequer menciona o quanto que o governo deixou de garantir em educação e saúde públicas. Por exemplo, o MEC, em 2019, executou menos de 10% do previsto para a educação básica e o SUS (até o início da pandemia, quando tiraram o pé do acelerador) vem sendo atacado e destruído há décadas, destruição essa capitaneada pelos setores privados da saúde, sobretudo os Planos de Saúde... que pagam mal seus “colaboradores”.

4.    Aprofunda a sujeira (ó, imprensa comunista) quando sequer comenta que os serviços públicos de saúde e educação são realizados por... funcionários públicos da saúde e da educação;

5.    E reitere-se: ao invés de expor que o serviço privado paga menos, paga mal, e não cuida de seus trabalhadores, tenta afirmar que somos, servidores púbicos, ricos boçais cheios de dinheiro e nenhum trabalho;

6.    O servidor público, no campo da educação, paga por seus materiais didáticos... todos eles: xerox e impressão de textos e avaliações que realizo; as entidades científicas (e até as publicações, em alguns casos) às quais me filio; os eventos científicos os quais participo (inclusive passagens e hospedagens); as obras (livros) que necessitamos adquirir para sempre atualizarmos nossos alunos sobre o tema que desenvolvemos... Temos que tocar, além da sala de aula, atividades de pesquisa e de extensão. Não são 40 horas... são bem mais do que isso.

7.    Os professores no campo da educação privada, que tenham essa mesma demanda (em que pese certamente desestimulados a desenvolverem pesquisa e extensão, bem como não melhorar a titulação – professor titulado no serviço privado é professor demitido) são profundamente mais explorados, as vezes trabalhando em “prédios” diferentes e distantes, bancando a própria gasolina para dar conta de suas aulas;

8.    Em síntese: O salário do servidor público é usado para o mesmo desenvolver suas atividades.


Em tempos em que o JN fica mostrando matérias de (valiosos) professores que superam tudo para garantir que seu trabalho docente chegue aos seus alunos – matérias à bem da verdade de um “romantismo” tosco e desonesto sobre a tarefa de ensinar em um país governado pela não-ciência e pela auto-verdade – desvalorizar os trabalhadores da educação pública brasileira, de maneira a coloca-los como “inimigos do país” é, no final ao cabo, não apenas um atestado de cumplicidade com a política econômica do Mequetrefe e seus ministros palacianos... é cumplicidade com o processo de colocar a educação pública como obstáculo para que a população tenha garantido seu direito à educação.

Não á poço neste fundo em que estamos sendo levado.

Venham Todos!

Venham Todas!...

... porque precisaremos de todo mundo!