RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Tragédias, preconceitos e imprensa...



 
“Tá difícil assistir a tv nesses dias,
Aliás é sempre difícil
Onde vai parar a exploração da dor alheia?
Se ao menos isso ajudasse
as pessoas a se indignarem
Se ao menos provocassem alguma ação,
Alguma mudança na legislação e na fiscalização
Mas não, isso só serve pra aumentar
 o ibope e o merchandising
O melhor é desligar a tv ...”
(de Zaira Valeska, nobre Lutadora do Povo)


            Foi em 27 de janeiro passado... todo mundo (e o mundo todo) soube, acompanhou, assistiu a depoimentos, postou, compartilhou, curtiu (isso soa estranho), seguiu no Face, publicou em blog e por aí vai...
            Bom, o Universal Circo Crítico, nessas horas, sempre fica assim, meio que “bservando!”, até porque gostamos de ouvir, ver, ler o que o mundo produz sobre fatos pontuais. Mas, é preciso destacar: desde o primeiro momento, além da tragédia em si, muitas coisas começaram a nos inquietar. E parte significativa dessas coisas (fatos, manifestações, falas etc.) expressava o que, vira-e-mexe, nosso Picadeiro denuncia.
            Como que uma tragédia, como a que aconteceu em Santa Maria (terra que conheci acerca de 15 anos e que mantive contato com muitas pessoas desde então) consegue mobilizar o preconceito? E o que faz a nossa imprensa sobre tragédias como essas?
            Comecemos pela Imprensa... Ela sempre a mesma, como vampiro competidor, abre um campo de batalha pela melhor notícia, a mais correta, as imagens exclusivas e, principalmente, usar a dor alheia para sua promoção... Muitas vezes para a promoção de seu conservadorismo, de seu reacionarismo tacanho, milico, tupiniquim...
            Primeiro, o Estadão, jornaleco quase-hegemônico-paulista (que, junto com Folha de São Paulo, Veja, Época, Liberal, Globo e essas porcarias de poucas e fartas famílias) que tentou sair na frente a custa de qualquer dor, lágrima, angústia alheia...
(http://www.bluebus.com.br/o-estadao-procurando-detalhes-em-santa-maria-e-logo-retirou-os-posts/)
                        Assim como todos os órgãos de imprensa e mercado que “erram” na dose da informação, do marketing e por aí vai, retiraram rapidinho...

            Reportagens? Entrevistas com jovens sobreviventes? Pais, mães, irmãs, irmãos? Amigos? O Choro expresso, triste, dolorido e o microfone no nariz de quem sente dor... E isso não foi agora, não é de hoje... pergunto se é o que se ensina nos Cursos de Jornalismo país afora...



            Mas, à bem da verdade, temos nossa imprensa crítica, verdadeira, idônea e transparente. Artigo de Matheus Pichonelli, na Revista Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/sociedade/santa-maria-e-aqui/) consegue ser sereno, sério e atento... pena que são poucos. O “Público” prefere mais um Alexandre Garcia.
            – Huuuuuuu!!!! Fora! Calhorda! Huuuuu!!!! (manifestação da platéia de nosso Circo, apenas isso).
            Porém, o que nos espanta é que (e isso se repete, é preciso reconhecer) o preconceito também se manifesta nesta hora. Nas imagens abaixo, apenas o lamento da manifestação de, ninguém mais – ninguém menos, o Secretario Estadual de Comunicação do Estado do Pará, ao referir-se ao nome da Boate Kiss, de Santa Maria: Santo Entretenimento Ltda. Aqui, trata-se do homem forte que faz a ponte do Governo do Estado com a ORM (filiada da Globo no Pará).

http://uruatapera.blogspot.com.br/2013/01/secretario-faz-chacota-com-morte-dos.html
             Já a manifestação da tal Patrícia Anible, não há muito o que dizer...


             Porém, ainda fica uma questão que muito me angustia: ficamos felizes em saber que, em meio à tragédia da Boate Kiss, Governos Municipal, Estadual e Federal mobilizaram esforços para os atendimentos médicos (mais urgentes) e, também, de atendimento social e psicológico às famílias e amigos das vítimas. Parece-me, apenas parece-me, que não houve falta de leitos, não houve falta de médicos, cirurgiões, enfermeiros, ambulâncias, helicópteros, macas, psicólogos e, com o perdão da palavra, o “escambau”... Até profissionais destas e outras áreas atuando solidariamente, fora de seus turnos de trabalho, sem hora extra.
            Então, porque falta tudo isso, todos os dias, em hospitais públicos, pronto-socorros, Postos de Saúde e por aí vai?
            Não... não creio que seja “insensibilidade” deste apresentador em um momento de tanta comoção social frente a uma tragédia que impressionou o mundo todo... É a sensibilidade de quem assiste, no mesmo mote de nossa incompetente, desumana e vampira imprensa brasileira, a cobrir, diuturnamente, matérias de tragédias alheias em frente destes mesmos hospitais, postos de saúde e pronto-socorros Brasil afora.

            Uma coisa eu concordo: o que aconteceu em Santa Maria desperta inúmeras preocupações sobre os serviços públicos e privados de nosso tempo. Uma pena que fazem isso de maneira tão vil e superficial...

            O Universal Circo Crítico solidariza-se com o Povo de Santa Maria e todos/as aqueles/as que perderam (ou talvez ainda venham a perder, face aos mais de 70 feridos em estado grave) pessoas queridas em 27 de janeiro.
            Nosso Circo chora, como chora sempre que tombam Lutadores e Lutadoras do povo sobre nosso picadeiro... Nossos Artistas e Público choram, lamentam, solidarizam-se com todos/as aqueles/as que são vítimas do preconceito, da imprensa malidiciosa, o lucro acima da vida. Três vilâs que se manifestaram naquele 27 de janeiro.

            Venham Todos!
            Venham Todas!

            Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ah!,.. o racismo de novo!



“Quilombo
Que todos fizeram com todos os santos zelando
Quilombo
Que todos regaram com todas as águas do pranto
Quilombo
Que todos tiveram de tombar amando e lutando
Quilombo
Que todos nós ainda hoje desejamos tanto”
(Gilberto Gil)

            Vez em quando ficamos assistindo o que é cotidiano em nossa nação: pobres, negros, mulheres, latinos, velhos, campesinos, trabalhadores braçais (pedreiros/as, garis, carteiros/as – andam p’ra dedéu! – faxineiros/as etc.) e os de “outros braçais” (principalmente professores/as) sempre sendo chacoteados, desrespeitados, muitas vezes sequer escutados pela nossa elite tupiniquim, pela Imprensa desqualificada desta nação e, principalmente, pelo Estado (sempre a serviço da elite e da imprensa) brasileiro.
            Já está nas redes sociais (é, o Universal Circo Crítico entrou nessa, só não tem perfil ainda) algumas novas pérolas do racismo presente no estado brasileiro. Desde 21 de dezembro (ou seja, há um mês, mas só agora, digamos, “revelado”), uma Ordem de Serviço (nº 8º BPMI-822/2012) do Comandante da 2ª Cia PM fazia lá as suas recomendações aos seus subordinados de farda e camburão. Eis a pérola:
            “(...) – isso, aqui no Circo, significa “blá-blá-blá” – focando em abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra”... isso a jovens entre 18 e 25 anos de idade.
            Fiquei pensando em grupos de 3 a 5 indivíduos, pardos e negros, a pé ou em carro e encontrei algumas coisas, digamos, intrigantes (para o tema).

Crianças em fila, escondendo o rosto.. isso é muito suspeiro!

Mulheres negras sem roupas escondendo homens negros sem roupas... Suspetíssimo!!!!

Crianças negras sorrindo???? Tem alguma coisa errada!

Agora sim.. Crianças negras no beco! Teje Presa!


Em Campinas, inicialmente, o “Alto Comando” ficou meio indignado, emitindo uma nota do tipo “ Discriminação e racismo é o fato de explorar essa situação de maneira irresponsável e fora de contextualização”.
Bom... num país em quem 252 mil presos são jovens entre 18 e 29 anos, em que a cada hora 7 jovens “adentram” no Sistema Prisional e que a grande maioria é pobre, negra, jovem (já dissemos isso) e, contextualizando mais ainda, sem educação de qualidade, trabalho (mesmo a venda da força de trabalho) de qualidade, sem salário digno, sem direitos, sem sonhos (principalmente nas grandes cidades)... realmente, foi tudo pouco contextualizado.
Mas, é preciso lembrarmos que o racismo, assim como a violência à mulher, assim como a terrorização dos Movimentos Sociais (fechando escolas, expulsando agricultores), o descaso com as causas indígenas e quilombolas, a “favelização” da favela e a limpeza social em bairros periféricos mas de grande interesse imobiliário, tudo isso faz parte do mesmo contexto, do mesmo descaso, das mesmas lutas que, em nossa Lona Furada de Circo de chão batido, tocamos todo dia.
... e as imagens que aqui ousamos colher, penso, não nos deixa mentir.

A Elite é racista...
A Burguesia também o é...
O Estado que eles sustentam tanto quanto...
A Imprensa brasileira, nem comentamos...

Nossa Luta não!

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

PS.: A Primeira Imagem é da icônica foto que o fotojornalista Luiz Morier realizou em 1983. O flagrante mostra seis moradores negros de uma comunidade sendo presos por um PM, amarrados pelo pescoço como escravos humilhados. Depois foi constatado que eram todos trabalhadores.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Da arquibancada: Olimpíada e Ciência!!!






“O patrimônio é a nossa herança do passado,
com que vivemos hoje,
e que passamos às gerações vindouras.”
(UNESCO)

            Pois é...
            O Comitê Olímpico Brasileiro fez de novo... Coisa do Nuzman.
            NO final de 2012, o COB notificou a UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) sobre o uso indevido e não autorizado da palavra “olimpíada” (que, como já dissemos outras vezes, é constantemente usado de maneira errada) em uma competição por ela realizada denominada “Olimpíada Nacional em História do Brasil”.
            Para tanto, segundo documentos de nossa imprensa nos primeiros dias de janeiro de 2013, o COB se utilizou de alguns aspectos legais, a exemplo da Lei de Propriedade Industrial (égua! Como assim?) Lei Pelé (que é uma porcaria, assim como ele), Lei de Direitos Autorais (aff!), Código de Defesa do Consumidor (essa é de rir até doer o estômago e dar câimbras “nas mandíbulas”) e do tal Ato Olímpico. Faltou a Lei Geral da Copa (já que COB, CBF, CONFEF é tudo comida do mesmo prato indigesto à soberania nacional).
            Mas, claro, houve a reação. E da uma instituição científica das mais importantes não apenas no Brasil, mas na América Latina. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Mas, num país como o nosso, que ainda não consegue transformar a realidade de seu povo PARA seu povo, profundamente, talvez ela, a SBPC, não seja tão conhecida de nossa nação como é CBF ou COB. Enfim...
            Abaixo, assim como em muitos blogs Brasil afora, também reproduzimos a Carta da SBPC ao Comitê Olímpico Brasileiro. Na minha humilde e circense opinião, foi uma manifestação leve, de uma entidade que sempre prima pela transparência de sua gestão (SBPC) para uma entidade “caixa preta” (COB), mas, pelo menos houve a manifestação.
            Claro, passeamos no site do Comitê Olímpico Brasileiro... silêncio absoluto.

            Volto a declarar: precisamos ter ousadia para com nossa torcida. Não torcer pelo Brasil nos próximos Mega-eventos esportivos (Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos) não é torcer contra nosso país, contra nosso povo, contra nossa história... Muito pelo contrário.

            Ao nosso público e nossos artistas que, por algum e não questionável motivo, ainda não sabia dessa história, divulguem. Porque se depender de nossa Imprensa e do próprio COB, ninguém fica sabendo.

Ilustríssimo Senhor CARLOS ARTHUR NUZMAN
Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

Senhor Presidente,

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade civil, sem fins lucrativos nem cor político-partidária, que atua em defesa do avanço científico e tecnológico do Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), receberam com espanto e indignação a informação de que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) notificou extra-judicialmente a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pelo uso supostamente indevido da palavra “olimpíada”, no nome da competição que organiza, a Olimpíada Nacional em História do Brasil.

Ninguém ignora a importância dessas competições científicas – no país já existem 18 delas – para a divulgação da ciência e o aumento do interesse dos jovens pelas atividades científicas, o que é fundamental para o desenvolvimento tecnológico de qualquer nação e o bem estar econômico e social de sua população.

Sem esquecer que jovens que vencem as olimpíadas nacionais depois vão participar de competições internacionais. E muitos deles têm se destacado, contribuindo para divulgar o nome do Brasil e da ciência e educação do país. É o caso, por exemplo, do jovem Matheus Camacho, de 14 anos, aluno de uma escola de São Paulo, que acaba de conquistar em Teerã, uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Ciências, concorrendo com estudantes de 28 países.

Por isso, a proibição do uso da palavra “olimpíadas” para designar competições científicas é uma situação que se configura mais despropositada ainda, quando se sabe que a palavra é empregada mundialmente para designar competições científicas, tais como International Mathematical OlympiadMath Olympids for Elementray and Midde SchoolsThe British Mathematical Olympiad SibtrustScience Olympiad, entre muitas outras.

Assim, a SBPC e a ABC não concordam com a decisão do COB de ter a exclusividade do uso da palavra “olimpíada”, pois significará um retrocesso trazendo em prejuízo a todas as tradicionais olimpíadas educacionais (matemática, ciências, língua portuguesa, química, astronomia entre outras) que se realizam no Brasil há anos.

Sempre prontas a defender a ciência e a educação brasileira, a SBPC e a ABC subscrevem,
Atenciosamente,

HELENA B. NADER JACOB PALIS
Presidente da SBPC Presidente da SBC”

            Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferreira
 
Hei! Nuzman!!!!
Posso publicar a imagem ao lado???

Brrrrlllllssssss!!!!!!!!