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“Cai o rei de Espadas/
Cai o rei de Ouros/
Cai o rei de Paus/
Cai, não fica nada”... ou fica?
(Cartomante – Ivan Lins)
Ao final do Primeiro Ato, quando manifestávamos
que o que vem por aí não nos parece um golpe, mas algo muito pior do que isso,
anunciávamos o que seria o Segundo Ato.
Ato II – O Dominó (ou
sua farsa)
No filme V de Vingança há algumas cenas que
considero fantásticas. Dentre elas, a cena abaixo:
A retórica desta cena é simples: após ir
derrubando um a um os membros fascistas, assassinos e corruptos do Governo do
alto chanceler Adam Sutler (uma espécie caricata estilo Eduardo Cunha – mas sem
óleo de peroba), V está prestes a ter seu 05 de novembro acontecendo de fato,
com a explosão do Parlamento Inglês, como a festejar a queda dos últimos vilões
daquele mesmo governo.
Assim, a cena indica, pelo movimento final, que
cairão todos os dominós... Mas um ficará de pé... e ficou.
Mas, reparem que ao final da cena, ele recolhe
o dominó. Este, voltará a aparecer no metrô (num vagão, quase no final do
filme), que seguirá para o Parlamento. Assim, deixa um espectro de entendimento
de que V, também, faz parte da carreira de dominós que vão caindo, um a um. Um
bom espectro de herói (pena que muitos dos que usam a Máscara de Guy Fawkes não
entendem).
Pois bom...
Essa é a alusão que venho percebendo ser
expressa constantemente por inúmeros cidadãos (não vou entrar na lógica maluca
de qualifica-los de bem ou não) acerca do que estamos falando desde sempre e,
em particular, nestes Atos:
(i) a de que já estão sendo derrubados algumas
peças deste dominó;
(ii) que o impeachment (para uns) / golpe (para
outros) será mais uma destas peças e;
(iii) da mesma maneira que a pressão “espontânea”
dos brasileiros “espontâneos” fizeram-no acontecer, continuarão vigilantes com
as outras peças, que cairão como uma “carreira de dominós”... espontaneamente.
Ops... continuarão vigilantes?
Dizia Marx que “a história se repete a primeira vez como tragédia e a segunda como
farsa”. Este picadeiro de terra batida, à bem da verdade (e das tantas
histórias que cercam este momento no país) seria irresponsável se tentasse
indicar quando a história aconteceu, quando se fez tragédia e quando se repetiu
como farsa.
– Aposto os cachos de cabelo deste apresentador
que ninguém o consegue! (Palhaço)
– Pow, Strovézio! Aposta seu nariz de palhaço,
aí!
– Mas, reconheça... Se apostar seus cachos, vai
ter mais apostador aqui no Universal Circo Crítico do que o Bolão do
Impeachment que os Deputados estão fazendo no horário de trabalho, com dinheiro
público e com coisa séria (Palhaço).
– Hummmm... vou pensar!
Mas, no final das contas, o que estamos a ver hoje
e, em tese, a findar-se no próximo domingo (como achávamos que outros “findar-se”
aconteceriam depois das eleições de 2014), está se repetindo muito depois e
além da farsa.
A farsa do discurso de defesa do país, dos
brasileiros e da justiça.
A farsa do discurso do combate à corrupção, à
roubalheira nunca vista neste país (tá então...).
A farsa do discurso da defesa dos direitos dos
trabalhadores, dos camponeses, dos moradores da periferia (sua juventude,
principalmente), dos indígenas, dos LGBTTs e de tantos outros segmentos que,
dia-a-dia, vão perdendo mais e mais direitos, até o da própria vida.
A farsa do discurso de “nós contra eles”, de
dois lados (e um muro dividindo-os, separando-os, protegendo-os) que querem
países diferentes – em que pese defenderem diferentes que fazem a mesma coisa.
A farsa do discurso de “Minha Bandeira Jamais
Será Vermelha” e “Minha Bandeira É Verde e Amarela e Meu Coração É Vermelho”.
A farsa do Dominó que continuará derrubando todos os corruptos:
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Rosa Luxemburgo, me sugere que, depois que a
história se repetiu como farsa, se repetirá como Barbárie, quando nos dizia
“Socialismo ou Barbárie!”.
E, sinceramente, parece-me já estar se
repetindo nos já ditos por essas bandas: fundamentalismos religiosos à
brasileira, machismo explícito, ideologias à esquerda como crime, violência às
minorias, silêncio e indignação zero à morte dos que não tem sua história
registrada nos livros oficiais e outras tuias de expressões.
O Dominó está caindo, mas não chegará até a
última peça. Nem perto dela.
O “V” desta nossa história não é Herói, nem é
honrado. Não é sujeito apenas de carne e osso. Tem sua própria justiça
corporativa, elitizada, rica (e entesourada) e poderosa.
Aconteça o que acontecer no domingo, com a
Barbárie à espreita, as palavras do então jovem Ivan Lins, que nos saudaram
neste Segundo Ato, parecem-me valiosas. Não arriscaríamos colocar todas as “visões”
da sua cartomante. Até porque, são tempos em que os bares, os amigos, a praça,
falar da vida e botar o dedo na ferida sempre se fará presente. Mais do que
nunca, franca e fraternalmente (para quem consegue).
Mas, ainda assim, “Nos dias de hoje é bom que
se proteja”.
Algo muito pior do que um Golpe, algo muito
além do que uma farsa...
E ainda colocam um Muro... o Ato III
Venham Todos!
Venham Todas!
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Marcelo "Russo" Ferreira