“Estuda o elementar! / Para aqueles cuja hora
chegou /
Nunca é
tarde demais! / Estuda o abecê. Não basta, mas estuda! /
Não te
canses. Começa. Tens de saber tudo. /
Estás
chamado a ser um dirigente. /
Aprende,
homem no asilo! /
Aprende,
homem na prisão! /
Aprende
mulher na cozinha! /
Aprende,
ancião! /
Frequenta a escola, desamparado! /
Persegue
o saber, morto de frio! /
Empunha
o livro, faminto! É uma arma! /
Estás
chamado a ser dirigente. /
Não
temas perguntar, camarada! /
Não te
deixes convencer! / Compreende tudo por ti mesmo. /
O que
não sabes por conta própria, não sabes. /
Confere
a conta. Tens de pagá-la. /
Aponta
com teu dedo a cada coisa e pergunta: /
‘O que é
isto? E como é?’ /
Estás
chamado a ser dirigente!”
(Louvor ao estudo – Bertold Brecht)
Prezados
camaradas, estudantes e professores, militantes sociais, jovens e velhos,
homens e mulheres, Lutadores e Lutadoras do Povo. Participantes do VI Encontro
Regional de Estudantes de Educação Física da Região Norte brasileira – EREEF.
Saudações.
O
“inxirimento” é, também, a alma deste que os saúda. E o faço à luz de quem está
num lugar particular de ideias e viagens: O Universal Circo Crítico.
Mas não
menos do lugar que sempre vem me formando em meu constante aprendizado de
Lutador do Povo: a militância, a formação e a sala de aula, a Universidade
Pública, Laica, Gratuita e para Todos/as.
Um certo
lamento pelo fato da burocracia institucional desta mesma Universidade impedir
as condições necessárias a me fazer presente, após o convite para um dos
debates programado. Mas inteiramente à vontade e representado com os nomes que
aí estão (como se necessitassem, por sua história, compromisso e luta, de
qualquer aval de minha parte).
Ainda
assim, e reiterando este meu ousado “inxirimento”, em um tempo tão complexo de
nossa vida – enquanto militância, enquanto estudantes, enquanto Universidade
Pública, enquanto país e mundo – gostaria de deixar registrado para os anais
deste Encontro algumas poucas reflexões, que não necessitam ser lidas em
qualquer espaço do mesmo. Mas que possam chegar a todos, inclusive para a
crítica, se for o caso. Claro, não será uma “palestra paralela virtual”. Apenas
reflexões para outras reflexões.
O
Encontro tematiza no particular (A Educação Física e o Mundo do Trabalho) e o
faz atento ao geral (precarização da formação e atuação do professor em tempos
de crise no país). Me permitiria dizer, meio que re-desarrumando o tema, que a
Precarização da Formação e a atuação do professor em tempos de crise não “protegem”
a Educação Física atualmente, e parece que parcela significativa dos
professores que formam vocês não entendem isso, mesmo à luz de seus “doutoramentos”
em terras brasilis e alhures. E, talvez, este seria o mote de minha
intervenção, se possível fosse minha presença.
Todo
mundo tá vendo: estamos em meio a um verdadeiro tango-do-branco-maluco no país
e no mundo. Não nos desatentemos. E NO MUNDO... E uma bagunça tal que
literalmente coloca em risco a própria sobrevivência de nossa humanidade. Tanto
material quanto em nossos corações.
Coisa
tanta demais para expressar aqui neste picadeiro de terra batida e lona furada
de circo. Aliás, coisas que já estamos, também, falando a algum tempo.
Mas,
este ERREF tem suas particularidades, as quais gostaria de salientar.
A
primeira, e que muito me encheu de alegria em fins de fevereiro deste ano, a
retomada, a mobilização de jovens Lutadores do Povo que tomaram pra si a tarefa
de REERGUER o Centro Acadêmico de Educação Física da UFPA/Castanhal. Momento o
qual pudemos contribuir, ainda que singelamente.
Quando
vemos a juventude dizendo “Reerguer e Avançar: para retomar um CAEF de Luta”,
falamos de algo que é de extrema importância para a continuidade de nossa
formação. A prova de que a indignação provoca (de provocar mesmo, atiçar...) a
esperança. E como a esperança e a alegria de vocês me encheram o coração de
aprendiz do Lutador do Povo.
Em
tempos estranhos no Campus Castanhal, principalmente quando acompanhamos esta
nossa unidade acadêmica da UFPA (a maior Universidade Pública do Norte do País)
em 2015 cercar-se de “água” por todos os lados, como se fosse uma ilha, a
reconstrução do CAEF de Luta não é coisa menor.
Em 2015,
víamos (e ainda vemos) um Campus Universitário Federal com que uma ilha. Uma
ilha cega, de docentes (poucos foram corajosos) que davam com os ombros para os
cortes que a Universidade Pública brasileira estava sofrendo, e criticando quem
cruzava os braços, em greve. Como se fossem eles os que pensavam no bem da
Universidade e, ao contrário deles, aqueles que (mais do que) cruzassem os
braços (na verdade, fortalecia-os para lutar pela Universidade), reclamavam de
barriga cheia.
Dizíamos
à época (junho de 2015), as três teses que sabíamos que circulavam nestas
terras sobre o porquê da grande maioria de docentes (e parte de enganados
alunos) não terem aderido à dura greve de mais de quatro meses, travada
dia-a-dia: de que greve prejudicava apenas os estudantes, de que a greve não
seria pra nada e, por fim, fazendo greve, “O que ensinamos aos professores que
estamos formando?”.
Penso que
a organização do CAEF é demonstração de que os estudantes entendem, como
entenderam, nossa luta. Que não era apenas por eles, por todos/as os que
passaram por esta Universidade e, também, para que tenhamos ainda muitas
gerações a passar por ela, que lutávamos e continuamos a lutar por ela.
Se
saímos da greve cansados e sem a pauta garantida? Realmente saímos... mas fomos
fortes na luta. Uma luta, inclusive, travada contra um governo que saiu, tempos
outros, da luta, mas programaticamente se aliou ao capital e, agora, entrega as
ovelhas ao lobo.
– Hei,
Russo... (Strovézio)
– Diga
lá meu sempre atento palhaço.
– Tá
mais pra “entregou o HEMOPA pro vampiro”, né não?
– E a
pois... Ao ponto de, agora, avança profunda e rapidamente a manifestação
maquiavélica de “ao fazer o bem, faça aos poucos... ao fazer o mal, faça-o
rapidamente!”...
– E tem
gente que tem Maquiavel na cabeceira da cama, ao lado da Biblia...
www.aluisioamorim.blogspot.com |
Pois
bom.
Mas, a
terceira tese me move mais neste momento. “O que ensinamos, com a greve, aos
professores que estamos formando?”.
É
preciso contextualizar: naquele período (inclusive da postagem em questão), os
professores da Rede Estadual do PA já estavam em greve havia dois meses. E eles
enfrentavam não apenas o Governo e a SEDUC em si, mas a mídia (principalmente a
Globo) e a Justiça paraense, sempre alinhada com os interesses privados e o
escambal.
Respondíamos,
então, que lutávamos contra a formação de professores “que aceitem as condições
de precarização do trabalho para não
perder o próprio emprego” e por uma formação à qual esses professores que
estavam sendo formados compreendessem “suas condições de trabalho e
sobrevivência coletiva e, portanto, entendessem a necessidade de fortalecer a
luta”...
Se
tomarmos como referência o que dissemos no início, lutamos contra toda e qualquer
formação que ensine até mesmo “a sombra da vírgula” do sentimento que diz “aceite
o que tem, que é melhor”, “faça por si mesmo a sua parte, fortaleça seus
méritos” ou “é cada um por si e Deus contra todos” e por aí vai.
Reerguer
e avançar... A formação de professores para o enfrentamento da precarização na
formação e na atuação.
Ousaria
dizer que essas preocupações, essa “disciplina”, não estão (estão, na verdade,
com poucos professores) na formação acadêmica de vocês. Elas estão na
militância, da luta e, claro, na amizade que é construída junto com ela.
Fortalece-se
a Luta! Fortalece-se a Amizade!
E a recíproca
é verdadeira...
Este
picadeiro de terra batida é testemunha (e grato a) disso.
Dissemos
aqui, mas não vamos aprofundar. Deixemos para o diálogo que será estabelecido
nas mesas, oficinas, grupos de estudos e atividades culturais do EREEF.
Estamos
vivendo tempos complexos, estranhos até. Ou estranhos e complexos...
Tempos
em que as manifestações mais fascistas, machistas, homofóbicas e reacionárias
estão cada vez mais públicas. Tempos em que andar com uma camisa de cor
vermelha (pra não dizer dos inúmeros símbolos que elas podem trazer), ler
determinada revista ou livro e abraçar uma pessoa em público pode ser tornar
ato perigoso à vida... sem exageros.
Tempos
em que cada vez mais direitos duramente conquistados estão em risco:
trabalhistas, na Educação, na Saúde, ao mesmo tempo em que os demais direitos
ainda em luta parecem mais distantes.
E, no
nosso particular, tempos em que a Universidade Pública está no centro da
destruição da Educação Pública Federal (já que a Educação Básica está em mãos
de obscuros políticos e interesses privados nos municípios e nos Estados).
Em que a
precarização na formação (posta em prática, inclusive, por docentes que entram
na sala de aula para NEGAR o conhecimento historicamente construído e acumulado
pela humanidade) e o enfrentamento das precárias condições de trabalho vem se
tornando o par hegemônico na Educação Pública brasileira.
Que este
VI ERREF possa fortalecer as energias, bem como a capacidade de analisar a
conjuntura e as condições de luta e resistência.
E que seja,
claro, um grande Encontro.
– Hei,
Russo... Este Encontro tem Plenária Final?
– Creio
que sim Strovézio...
– Bora apresentar
uma proposta?
– Bora,
ué!?!?!
– OCUPA TUDO!!!! Até mendonça filho, maurício
romão e esta pulha representativa do Capital na Educação sair ! ! ! ! !
– E VERA JACOB REITORA DA UFPA ! ! ! ! !
Vida Longa ao VI EREEF!
Vida Longa ao Movimento Estudantil de Educação
Física!
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira