RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quinta-feira, 17 de março de 2016

O resto é hipocrisia...



“Há soldados armados/
 Amados ou não/
 Quase todos perdidos/
 De armas na mão/
 Nos quartéis lhes ensinam/
 Antigas lições/
 De morrer pela pátria/
 E viver sem razão”
 (Pra não dizer que não falei das flores
 Geraldo Vandré - 1968)


Fiquei esses dias pensando, enquanto os acontecimentos iam se dando, particularmente nos entornos de 13 de março, mais um domingo em que muita gente, mesmo, não consegue dizer o que acontece no país quando Dilma sair... E não consegue mesmo.
Mas também me perguntava “o que meus camaradas vem pensando?”. Os que passam aqui por este picadeiro de terra batida e lona furada de circo. E também os que passam e jogam pedras.
– Ainda bem que a pontaria deles é boa, né não? (Palhaço).
– Como assim, Strovézio?
– Oras, acertam bem nos buracos da lona...
– Mas nos acertam aqui dentro. Além do mais, é violência do mesmo jeito.
– É verdade...

“Fora todos!” como palavra de ordem?
Realmente, parece-me uma chamada sem sentido e que repete o mesmo vazio de “contra tudo isso que tá aí” que ecoava em 2013. Sim, em 2013, este picadeiro ficou atento aos acontecimentos bastante estranhos das chamadas “Jornadas de Junho”.

Além do mais, parece-me mais um “fora todos, menos Moro”, pelo lado da direita, claro, o que determinantemente este picadeiro não se identifica.
Porém, algo nos preocupa, e muito, nestes tempos. O medo está à espreita.
Ah! Não é o medo de Dilma sofrer ou não Impeachment. Ou de cassarem ou não o Eduardo Cunha. É o medo das consequências de articulações que não são tão simples.
Mídia, Empresários (FIESP – que apoiou as eleições de Lula), Bancos, Agronegócio (sempre Latifundiários) e uma parte da justiça brasileira. E tudo arraigado em interesses internacionais tão claros, tão evidentes (expressos, por exemplo, nas decisões em torno da Petrobrás, no Senado, num impressionante acordo entre Governo e Oposição), que não tem nem quem tenha coragem de dizer que este picadeiro é fã de carteirinha da teoria da conspiração...
1964 está escrito e inscrito na história... não tem como nos enganarmos.

Mas, as cenas precisam, pelo menos, “sensibilizar” aqueles que aqui passeiam, gritando “comuna”, “vai pra Cuba” e o escambal e, portanto, permito-me convidá-los a responderem:

Andar de bicicleta vermelha, camisa vermelha  (mesmo que seja do Internacional de Porto Alegre ou do América do Rio de Janeiro), boné vermelho, fone de ouvido vermelho, roupa íntima vermelha é razão para apanharem em via pública, por várias pessoas?
Cabelos compridos, barbas mal feitas, ou um cavanhaque com barba grande, uma bolsa mais usada e surrada a tira colo seriam razões para uns tapas e empurrões em via pública?
Pessoas de camisa amarela carregados nos “conflitos” em Brasília, vítimas (?) de gás lacrimogêneo, seriam tão diferentes de professores desmaiados e atropelados nas ruas de Curitiba (só pra ficar nas imagens que a nossa imprensa não pode fingir que não existiram)?
Mais de 24 horas a Avenida Paulista fechada (o coração econômico da maior capital da América Latina), sem as forças de segurança pública obrigando os manifestantes a liberarem a pista? Em frente a FIESP? Com a PM batendo continência? Tá "serto"?
E o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, o primeiro nome do escalão da segurança pública paulista (e, portanto, a quem se reporta em continência os PMs do parágrafo acima) sendo escurraçado da Avenida Paulista... não significa nada?
As camisas com imagens dos Panteras Negras, “A casa grande treme quando a favela aprende a ler”, silhueta de Chico Buarque, tira da Mafalda, rosto de Frida e tantas imagens contestadoras terão que ficar guardadas no nossos guarda-roupas, para que pessoas que as usam não apanhem, por simplesmente usá-las?

Se minha cara denunciar que sou ateu?
Se minha cara denunciar que sou comunista?
Se minha cara denunciar que sou soteropaulipernancandense?
– EU SOU BRASILEIRO!!!!!! (gritam os reaças mitados de Bolsonaro e suas camisas da CBF).
Ter a minha cara?

E as pessoas que conheço, mulheres que amam mulheres? Homens que amam homens? Homens-mulheres que amam mulheres-homens? Apanharam mais ainda?
E os coturnos e botas trajando civis, pedindo intervenção militar? Tem saudade de que, no final das contas?
E se eu disser o contrário do que as TVs abertas dizem, em via pública, num ônibus, numa fila de padaria... hein? hein?
Assim será?

Pois, parece, assim está sendo...

Mas este picadeiro não se sente só... Claro que não. Afinal, falávamos, no início, sobre o que nossos camaradas também estão pensando e escutamos de uma de nossas sempre grandes Camaradas Lutadoras do Povo:
– Não podemos deixar que nos roubem o que temos de melhor, nosso amor pela humanidade!
– Viva, Viva, Viva!!!(Strovézio)
Sim... nos arvoramos a bandeira do Amor à Humanidade. E, ainda assim, a sensação que estamos em um tempo em que isso também é mais perigoso do que parece.

O resto é hipocrisia.
O problema é que apenas hipocrisia não nos causaria o temor das possíveis respostas das questões acima.

Faz tempo que dizemos aqui. Tá ficando muito perigoso.

Venham Todos!
Venham Todas!

Venham mesmo...

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira