“Há soldados armados/
Amados
ou não/
Quase
todos perdidos/
De armas
na mão/
Nos
quartéis lhes ensinam/
Antigas
lições/
De
morrer pela pátria/
E viver
sem razão”
(Pra não dizer que não falei das flores
Geraldo Vandré - 1968)
Fiquei
esses dias pensando, enquanto os acontecimentos iam se dando, particularmente
nos entornos de 13 de março, mais um domingo em que muita gente, mesmo, não
consegue dizer o que acontece no país quando Dilma sair... E não consegue
mesmo.
Mas
também me perguntava “o que meus camaradas vem pensando?”. Os que passam aqui
por este picadeiro de terra batida e lona furada de circo. E também os que
passam e jogam pedras.
– Ainda
bem que a pontaria deles é boa, né não? (Palhaço).
– Como
assim, Strovézio?
– Oras,
acertam bem nos buracos da lona...
– Mas
nos acertam aqui dentro. Além do mais, é violência do mesmo jeito.
– É
verdade...
“Fora
todos!” como palavra de ordem?
Realmente,
parece-me uma chamada sem sentido e que repete o mesmo vazio de “contra tudo
isso que tá aí” que ecoava em 2013. Sim, em 2013, este picadeiro ficou atento
aos acontecimentos bastante estranhos das chamadas “Jornadas de Junho”.
Além do
mais, parece-me mais um “fora todos, menos Moro”, pelo lado da direita, claro,
o que determinantemente este picadeiro não se identifica.
Porém,
algo nos preocupa, e muito, nestes tempos. O medo está à espreita.
Ah! Não
é o medo de Dilma sofrer ou não Impeachment. Ou de cassarem ou não o Eduardo Cunha. É o
medo das consequências de articulações que não são tão simples.
Mídia,
Empresários (FIESP – que apoiou as eleições de Lula), Bancos, Agronegócio (sempre Latifundiários) e uma parte da justiça
brasileira. E tudo arraigado em interesses internacionais tão claros, tão
evidentes (expressos, por exemplo, nas decisões em torno da Petrobrás, no Senado, num
impressionante acordo entre Governo e Oposição), que não tem nem quem tenha
coragem de dizer que este picadeiro é fã de carteirinha da teoria da
conspiração...
1964
está escrito e inscrito na história... não tem como nos enganarmos.
Mas, as cenas precisam, pelo menos, “sensibilizar” aqueles que aqui passeiam, gritando
“comuna”, “vai pra Cuba” e o escambal e, portanto, permito-me convidá-los a responderem:
Andar de
bicicleta vermelha, camisa vermelha (mesmo que seja do Internacional de Porto Alegre ou do América do Rio de Janeiro), boné vermelho, fone de ouvido vermelho, roupa íntima vermelha é razão para apanharem em via pública, por várias
pessoas?
Cabelos
compridos, barbas mal feitas, ou um cavanhaque com barba grande, uma bolsa mais
usada e surrada a tira colo seriam razões para uns tapas e empurrões em via
pública?
Pessoas
de camisa amarela carregados nos “conflitos” em Brasília, vítimas (?) de gás
lacrimogêneo, seriam tão diferentes de professores desmaiados e atropelados nas ruas de
Curitiba (só pra ficar nas imagens que a nossa imprensa não pode fingir que não
existiram)?
Mais de
24 horas a Avenida Paulista fechada (o coração econômico da maior capital da América
Latina), sem as forças de segurança pública obrigando os manifestantes a liberarem a pista? Em frente
a FIESP? Com a PM batendo continência? Tá "serto"?
E o
Secretário de Segurança Pública de São Paulo, o primeiro nome do escalão da
segurança pública paulista (e, portanto, a quem se reporta em continência os
PMs do parágrafo acima) sendo escurraçado da Avenida Paulista... não significa
nada?
As camisas
com imagens dos Panteras Negras, “A casa grande treme quando a favela aprende a
ler”, silhueta de Chico Buarque, tira da Mafalda, rosto de Frida e tantas imagens
contestadoras terão que ficar guardadas no nossos guarda-roupas, para que
pessoas que as usam não apanhem, por simplesmente usá-las?
Se minha
cara denunciar que sou ateu?
Se minha
cara denunciar que sou comunista?
Se minha
cara denunciar que sou soteropaulipernancandense?
– EU SOU
BRASILEIRO!!!!!! (gritam os reaças mitados de Bolsonaro e suas camisas da CBF).
Ter a
minha cara?
E as
pessoas que conheço, mulheres que amam mulheres? Homens que amam homens? Homens-mulheres
que amam mulheres-homens? Apanharam mais ainda?
E os coturnos
e botas trajando civis, pedindo intervenção militar? Tem saudade de que, no
final das contas?
E se eu disser o contrário do que as TVs abertas dizem, em via pública, num ônibus, numa fila de padaria... hein? hein?
Assim
será?
Pois, parece, assim está sendo...
Mas este
picadeiro não se sente só... Claro que não. Afinal, falávamos, no início, sobre o que nossos camaradas também estão pensando e escutamos de uma de nossas
sempre grandes Camaradas Lutadoras do Povo:
– Não
podemos deixar que nos roubem o que temos de melhor, nosso amor pela
humanidade!
– Viva,
Viva, Viva!!!(Strovézio)
Sim...
nos arvoramos a bandeira do Amor à Humanidade. E, ainda assim, a sensação que estamos em um tempo em que isso também é mais perigoso do que parece.
O resto
é hipocrisia.
O
problema é que apenas hipocrisia não nos causaria o temor das possíveis
respostas das questões acima.
Faz
tempo que dizemos aqui. Tá ficando muito perigoso.
Venham Todos!
Venham
Todas!
Venham
mesmo...
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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira