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terça-feira, 22 de março de 2016

Conversa ao Pé de Ouvido de Gustavo...


“É tão tarde / a manhã já vem
 Todos dormem / a noite também
 Só eu velo / por você, meu bem
 Dorme anjo / o boi pega neném;
 Lá no céu / deixam de cantar
 Os anjinhos / foram se deitar
 Mamãezinha / precisa descansar
 Dorme, anjo / papai vai lhe ninar”
 (Acalanto – Dorival Caymmi)

– Alô! (Palhaço)
– Alô... Quem é?
– Oi, Russo...é Strovézio...
– Oxi?!?!?! Me ligando? Essa eu não entendi... Tá me ligando por que?
– Pra te avisar que nasceu Gustavinho.
– E desde quando tu me liga pra falar da chegada de nossos pequenos amigos?
– É que hoje é 7 de março...
– E...?
– Ué! Foi quando aquele cara chamado Graham Bell inventou o telefone, ué! Quer melhor maneira de avisar que Gustavinho nasceu do que te dando um telefonema????
– .... Só tu mesmo, Strovézio!!!!!



Viva! Viva! pequeno Gustavo... Ou já podemos chama-lo de Gustavinho?
Nosso picadeiro de terra batida e lona furada celebra sua chegada, dia 7 de março, com muita alegria. Afinal, ela também celebra nossa amizade com Fernando e Kaori, seus pais.
Como sempre fazemos por essas bandas circenses, celebramos com um bom “papo de ouvido” e de lições. Lições, são sempre lições, servem para levarmos em nossa vida e nos ajudam a tomar decisões sobre “pra que lado vou”, “com quem vou”, “se vou ou espero” e por aí vai.
Muita coisa aconteceu em um 7 de março. Muita gente nasceu e outras tantas se despediram neste dia. Nós escolhemos aquelas que, aos nossos olhos, valem a pena não serem esquecidas.
Diz a lenda que nasceste no dia de “Deus Sol Invicto”. Não se trata apenas de uma expressão pagã. Aliás, tem todo um complexo histórico que envolve Imperadores e a Igreja Romana. Papo pra quem gosta deste campo da história (e precisaria fazer uma tuia de estudos aqui e ali) e trata com seriedade essas questões de espiritualidade (até para quem não acredita). De tudo o que sabemos deste “Deus Sol Invicto”, o que nos importa, aqui, é que se trata da mudança do dia de descanso bíblico do sábado para o domingo.
Bom... tu nasceste numa segunda-feira. Mas, pra nós, que somos um Circo, interessa pontualmente que você nasceu no Dia DO Domingo!!!! E Domingo é dia de Circo!!!!!

Mas há outro lado da história, pequeno Gustavo, um lado que também é de tristeza. E este picadeiro não poderia silenciar-se. Afinal, está na nossa essência. A história precisa ser colocada em nossas mãos, pois ela nos guia em nossos passos.
Em 1965, num “domingo sem circo”, a história manchou suas páginas pela intolerância e racismo. Afinal, o tal “berço da democracia” (Estados Unidos... espero sinceramente que nunca tomes este país como exemplo de vida e humanidade) testemunhou o chamado “Domingo Sangrento”, ocorrido numa cidadezinha de nome “Selma”, no Estado do Alabama. Uma cidade em que haviam 15 mil habitantes (maioria negros) e apenas 30 brancos podiam votar... E reivindicar o direito ao voto se transformou em uma transmissão ao vivo de um ato de violência que, hoje, diríamos “inexplicável”... mas quase que fundado na legalidade na época.
A intolerância, o racismo e o preconceito, pequeno Gustavo, são péssimos, os mais horríveis valores que temos em nossa sociedade. Nele se fundam, também, os sentimentos mais obscuros da humanidade. Claro, não estão apenas “dentro” de nós, mas fazem parte de todo um sistema de relações econômicas, políticas e o escambal. Talvez essas letras farão sentido pra ti mais lá na frente.
O principal para nós, em nossa humildade circense, é a lição: que possas sempre nutrir em seu coração o que chamamos de “amor à humanidade”. Se na história dos conflitos, do uso da força em nome da intolerância, algo pode nos deixar de bom, são lições como essa.

Gente bacana nasceu ou partiu num 7 de março, pequeno Gustavinho. Sempre há quem nasce (como você), sempre haverá quem parta.
E começamos com um atleta brasileiro que, infelizmente, não aglutina milhares de fãs, não é rico e famoso, não faz comerciais de TV, não é “intocável”. Talvez ele nem quisesse ser, pois teria que ficar com “rabo preso” a outros interesses.
Em tempos em que ficamos ofuscados por atletas ricos e famosos, mesmo envolvidos em “lambanças” financeiras e coisa e tal, celebramos sua chegada com Diogo Silva, atleta de Taekwondo olímpico brasileiro, que também nasceu em um 7 de março.
Foi nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas (Grécia) que, ao conquistar a medalha de bronze, ele desferiu seu golpe mais épico e revolucionário. Com uma luva preta na mão direita, ele reproduziu o gesto do Movimento dos Panteras Negras norte-americano, em protesto contra os grandes donos do esporte brasileiro.

Para nós, a segunda lição, com nossa homenagem também a Diogo Silva, acompanha a linha da primeira lição: nunca aceitar o preconceito e a intolerância como coisa normal, nem o poder do mais forte como coisa natural.
Outro cara ar-re-ta-do nasceu em um 7 de março: Danilo Caymmi... um dos fantásticos músicos filhos de Dorival Caymmi... Eita que massa, né não? Afinal, ganhaste de presente (e abre nosso papo ao pé de ouvido) até uma “canção de ninar”... É com “Acalanto” (cantado também por Nana Caymmi) que saudamos nosso papo aqui.
Mas, para a alegria da veia rockeira de nosso Picadeiro, também nasceu em 7 de março, Felipe Andreoli... Não, não é aquele do CQC... Falamos do baixista de Angra (e de outros trabalhos musicais). Pense num baixista de primeira linha e num reconhecido multi-instrumentista de mão cheia!
           
(Kiko Loureiro e Felipe Andreli – Isso é que é duelo!)
           
A Música, Gustavinho... e a música verdadeira, sem marcas de mercado e uso do corpo alheio e da imbecialização de nossa juventude (com suas letras vazias) é sempre bem-vinda. E espero que a Música faça parte de sua vida, como faz parte da vida deste picadeiro. No samba, na MPB, na música clássica, no hip-hop, no frevo, no funk (sim, tem coisa boa no funk), no rock’n’roll... ou outros tantos estilos musicais que dão sentido à vida e às palavras da gente.
Queremos, já chegando pertinho do final deste papo “de ouvido”, falar de mais dois fatos históricos que, também, possam deixar suas lições.
Estás chegando em tempos turbulentos no país. Tempos em que saíram dos livros de história os acontecimentos do Golpe Civil-Empresaria-Militar de 1964 e voltaram às ruas e fora delas. A Mídia, os Empresários (nacionais, mas, principalmente, internacionais), os políticos da direita (e o que há de pior na direita e, também, os de meia pataca), saudosos da Ditadura Militar, Banqueiros e Latifundiários passaram a não querer mais o pacto Capital e Trabalho dos últimos 13 anos de Governos Lula/Dilma. Governos que atuaram melhorando as condições de vida (material e de consumo, acesso a educação entre outros), mas que não mexeram num fio de cabelo dos grandes poderosos deste país, que continuaram a enriquecer.
Esses que hoje vão as ruas com camisa da CBF (corrupta até a “alma”), o fazem em defesa de um hipócrita discurso de combate à corrupção.
Pois bom: foi em 7 de março que na Palestina (que enfrenta a relação bélica de estado dos EUA e Israel – volto a dizer: não se encante pelos Estados Unidos) o seu Congresso Legislativo, após suas primeiras eleições – e com o reconhecimento de 60 Nações, menos aquelas duas ali – inaugurou seus trabalhos, no que foi conhecido como o “Dia da Democracia”.
A luta por democracia é sempre uma luta complexa, mas que revela um pouco do que mencionamos lá no início, sobre intolerância. Se a democracia que se defende é aquela em que “uns são mais iguais que outros”, verdadeiramente, há de se lutar contra isso.
Lutar, Pequeno Gustavo, é um verbo intransitivo-inquestionável... Ok, ok... Na língua portuguesa ele é transitivo. Mas, aqui, caminhamos – como circo que somos – na alegoria. E uma “alegoria concreta”. Lutar é para quem saber ter amor a humanidade. E amor a humanidade é uma expressão que sempre vale a pena repetir.
E aqui o segundo fato histórico: em 7 de março de 1990, partia um dos principais lutadores deste país: Luis Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança.
Livro de sua filha, Anita Leocádia Prestes

Sua história é intensa, é de luta... e é de contradições... Mas é a história de um valor que este picadeiro de terra batida e esta lona furada não abre e não abrirá mão, pequeno Gustavo: o valor do comunismo!
Sabemos que é, sempre, uma lição complexa. Mas, como dissemos lá em cima. As lições nos servem para dizemos que lado vamos, com quem iremos, onde não ficaremos...
É isso, Pequeno Gustavinho...

– Russo, Russo, péra um cadim... (Palhaço)
– Que foi Strovézio...
– Encontrei a música quem embalou o namoro de Fernando e Kaory, mas que eles nunca reveleram...


– Vigi!!!!!! Arrebentou!!!!
– É de Matthew Fischer, um músico britânico que nasceu em um 7 de março... Tudo calculado, moleque! Tudo Calculado!
           
www.drielydesnuda.blogspot.com


Celebramos, Gustavo!
Viva Gustavo!
Vida Longa!

Venham Todos!

Venham Todas!

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Marcelo "Russo" Ferreira