“É preciso
auto-disciplina interior,
maturidade
intelectual,
seriedade
moral,
senso de
dignidade e de responsabilidade,
todo um
renascimento interior
do
proletariado.
com
homens preguiçosos, levianos,
egoístas,
irrefletidos e indiferentes
não se
pode realizar o socialismo”.
(Rosa Luxemburgo)
Era de se esperar. Começamos o dia 8 de março
com notícias na TV, notas e homenagens nas redes, palavras várias às mulheres
próximas da gente. Por nós ou por outros.
E vi mensagens revolucionárias, que vem neste
dia um Dia Internacional de Classe que se expressa e conduz, também, a luta da
Mulher Internacional.
Mas vi aquelas que, ainda que aos olhos de um
homem, parecem-me não serem suficientes. Algo como “Não quero bombons e flores, quero respeito!” ou “Dia do Homem levar sua mulher a um bom
restaurante!”.
Não nego, claro, o direito de a Mulher ser
respeitada. Não é isso que está em xeque. Mas, se o respeito, no lugar de
bombons, flores e jantares, não alterar todas as formas de exploração da
humanidade – que se expressa também em bombons, flores e jantareis – será, de
fato, respeito?
Pois bom.
Por essas e pelo que já vinha pensando esses
dias, penso que ainda me sinto um machista.
http://www.com.ufv.br/caixapreta/wp-content/uploads/2015/12/ Charge-para-parte-3-620x264.jpg |
Ainda me sinto um machista...
Ainda não sei o que é sofrer de violência, em
casa ou socialmente. Não sei o que significa um tapa na cara, um soco no olho,
uma cotovelada, uma rasteira, um empurrão. Não sei o que é escutar “vadia!”, “gostosa”,
“Vem aqui, vem!” e ter se seguir em silêncio.
Ainda me sinto um machista...
Pois não sei verdadeiramente o que é receber
menos pelo mesmo trabalho desempenhado por outro no mesmo local de trabalho, na
mesma função.
Aliás, quanto a isso, me sinto um machista
branco também...
Ainda me sinto um machista...
Pois não sei nem de perto o que é se sentir-me
assediado... moral, sexual, psicologicamente. Não tenho ideia do que significa
ser visto pelo corpo que tem e ser usado, por isso, para conquistar espaços
melhores de vida e carreira profissional.
Ainda me sinto por demais machista...
Pois ainda não tenho terceiro, quarto turno de
trabalho. O meu turno sou eu quem organiza.
Machista, machista, machista...
Porque acho que, por questionar, criticar,
denunciar, ojerizar o machismo dos outros, já me é suficiente para achar que
ainda não sou machista. Algo como “ainda me reconheço no que denuncio”
Sou machista, porque ainda acho que as Mulheres
que lutam são diferentes das mulheres que tem medo de lutar e só reconheço as
primeiras. Ou porque acho que aquelas são tanto quanto os que sempre foram...
os homens.
http://assediosexualnotrabalho.blogspot.com.br/2014/04/ assedio-sexual-no-trabalho.html |
Sou machista porque ainda vivo em uma sociedade
em que vejo mulheres lutando por emancipação política, não por emancipação
humana... e acho que isso já está bom.
Porque acho “du canário” as mulheres
socialistas.
Porque não entendo NA PELE que 8 de março
existe por causa das mulheres socialistas (ainda que os livros neguem), que
lutavam pela superação do capitalismo.
Porque elas ainda apanham, morrem, são
assediadas, são exploradas.
A minha única, humilde e singela redenção:
procuro o machismo dentro de mim todos os dias... todos os dias...
Encontro-o e enfrento-o.
Encontro-o e também me amedronto diante dele,
não acreditando que ele ainda está ali.
Encontro-o e me surpreendo.
No medo e na surpresa, enfrento-o novamente.
...
Enquanto procuro-o dentro de mim, percebo uma
sociedade à minha volta.
Uma sociedade que ainda precisa criar Leis para
defender o que a Emancipação Humana tem como princípio. É o “de onde partimos”
transformado em “o que podemos ter”... e não é pra todo mundo.
Humildemente eu reconheço... Por mais que este
picadeiro de terra batida e lona furada de circo atue determinantemente contra
toda e qualquer opressão e injustiça contra qualquer pessoa e, em particular,
contra a Mulher, em qualquer tempo e lugar no mundo (isso é de Che), ainda
assim, reconheço: ainda sou machista.
Evolui!
Muito a caminhar.
Viva 8 de março!
Vivem 8 de março... todos os dias!
Organización Fraternal Negra Hondureña OFRANEH |
Nossa homenagem e Berta Cáceres, líder indígena
hondurenha, assassinada no último dia 5 de março... ameaçada a anos por
Militares, Policiais e Paramilitares... Uma mulher enfrentando O estado e seus
capachos. Era quase 8 de março...
Berta Cáceres Vive!
E por ela, busco, também, o machismo que há
dentro de mim...
Venham, à frente, Todas!
Venham Todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira