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domingo, 6 de março de 2016

Alethéia, to kathéna échei tous...



            “Uma das maiores burlas dos nossos tempos
terá sido o prestígio da imprensa;
           Atrás do jornal, não vemos os escritores,
           compondo a sós o seu artigo.
           Vemos as massas que o vão ler e que,
           por compartilhar dessa ilusão,
           o repetirão como se fosse o próprio oráculo”
(Joaquim Nabuco).



            Este não é um texto em defesa de ninguém.
            Este não é um texto em defesa de um governo e seu projeto.
            Este não é um texto em defesa tal ou qual partido político. Claro, é um texto político.

            Este é um texto construído com angústia, preocupação e lamento de um circo de terra batida e lona furada. Portanto, pequeno, com pouco alcance, pouca influência.
            Mas temos nosso público e nossos poucos artistas. Tá bom pra gente.
            Já faz um tempo em que dizemos que “tem coisa errada aí” e bastante perigosa. Religião misturada com Estado, Lei antiterrorismo, a Cultura sendo encarcerada, a imprensa fazendo acordo com o protecionismo do Capital, a lama, as crianças, os negros... tudo dando sinais, o tempo todo.
            E, para fins destas reflexões, não é apenas o que está óbvio, ou seja, a seletividade jurídica e jornalística que, à bem da verdade, existe desde antes de quando ainda preocupava-me apenas com “será que amanhã será um grande dia de futebol na rua?”.
Afinal de contas, o que tem de falcatrua PESADA nos governos de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro (só para não ter que desenhar o mapa do país), do DEM, PSDB, PMDB (não vai caber, também, as siglas) e não vemos nem Imprensa voraz e nem Justiça verdadeira avançando significativamente, como diria o velho ditado, “não tá no gibi”.
            Ou seja, por enquanto, apenas o óbvio: nós temos uma mídia seletiva, que tem partido, que sabe o que quer e o que não quer e age, em nome de um perigoso e frágil conceito e prática de “Liberdade de Imprensa”, em favor disso. E o Sistema Judiciário brasileiro como parceiro... e o contrário.
            Como disse, apenas o óbvio.
            Então, o que nós, neste picadeiro de terra batida, estamos vendo?
            A relação mídia e justiça... não apenas de parceria, mas quase umbilical (ou talvez, no final das contas, sempre foi).
            Penso que não precisamos detalhar muito os segredos desta relação, ao mesmo tempo que me parecem em permanente estado de obscura-ação.


            Pois bom...
            Dizem “da verdade”, em tempos hoje, que “cada uma tem a sua”. Assim sendo (se assim fosse), “Alethéia, to kathéna échei tous” * é a expressão de alguma verdade.
            A questão é que essa verdade, numa sociedade burguesa, movida pelo Capital, por interesses de consumo e riqueza (e, de riqueza, já falamos aqui), destruição ambiental e o escambal, no final ao cabo, tenta na verdade... que não é a mesma verdade... estabelecer a fronteira entre razão e religiosidade. Entre o que se quer aqui, e a redenção quando não mais estiver por aqui.
            Nesta expressão, portanto, está a manifestação de se construir uma imagem dos novos (e ainda atuais) proprietários de uma Cultura Alethéia... de uma Arte Alethéia... de uma Educação Alethéia. Portanto, também uma noção capital e proprietária de uma Política e uma Justiça Alethéia. Juntinhas. Cúmplices e mútuo-celebrativas.
            Não é, portanto, uma relação de troca. É uma relação de sobrevivência.
            Mesmo que seja apenas uma especulação, mas também acreditando que podemos fazer boas provocações ou, pelo menos, ajustar as perguntas, o que temos nesta relação é quase que uma “Síndrome do Tostines”. A Justiça está sempre presente e forte porque a Mídia está fortalecendo a instituição ou a Mídia está sempre a vontade porque orienta politicamente a Justiça?
            Ou seja. Se Tostines vendia mais ou não por estar sempre fresquinho, o fato era que a Propaganda era a mediadora da marca. Não o quanto vendia, nem o quanto estava fresquinho.
Assim o é com o que assistimos com o nome de Alethéia. Ela, a Verdade, é a propaganda. E a propaganda sempre esconde o conteúdo do que se vende, informando outra coisa, que não o produto. E o fantástico é que isto está na própria apelidada Alethéia... uma caminho da verdade. A que pretendo provar.
            O que a Verdade esconde aqui?


            O Ministro Marco Aurélio Melo (insuspeitosíssimo conservador da ordem em nome da justiça no STF) nos deu a resposta: “Amanhã constroem um paredão na Praça dos Três Poderes”.
            Mas atenção: os “paredões” já estão funcionando em nossa terra brasilis... De postes a linchamentos pela aparência, de Candelária ao Cabula na essência.
                Sacaram a Alethéia? 
            O resto é o que todo mundo está vendo. Ainda que com entendimentos e leituras diferentes e divergentes.

            Venham Todos!
            Venham Todas!

* Tradução do “google tradutor”: “Verdade, cada um tem a sua”, em grego



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