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quinta-feira, 18 de junho de 2015

A Greve IV... A Universidade e a Praça...


Pracinha - Zica Bergami - 1990
"Numa praça tem um banco
inerte e calado
apenas experimentando
abraços, sorrisos e prantos,
conversas acaloradas
e pessoas caladas,
dando colo a quem precisa,
descanso pra quem busca
e paz,
mas só pra quem a procura"
(Professor Maurício Ferreira
blog "O Pensador")

            Esses dias dissemos aqui: “Castanhal é uma Ilha!” (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2015/06/a-greve-ii-ou-castanhal-e-uma-ilha.html... Claro, nos referíamos ao fato de a UFPA/Castanhal não ter aderido à greve das Universidades, como que se os efeitos dos cortes em Educação e Ciência e Tecnologia não chegasse a aquele Campus. Claro que chega...
            Mas, precisamos reconhecer: a Universidade é uma Ilha!... Claro, há vários dentro desta Universidade que constroem pontes para a sociedade entrar e sair dela. São bravos docentes, estudantes, técnicos-administrativos que desde o “bom dia, Fulano!”, “bom dia, Siclana!” até as relações com comunidades as mais distantes estabelecem o desafio de superar seus próprios muros, suas próprias certas, seus mares infinitos.
            Mas, nestes tempos de greve, a Universidade foi pra praça...
            Tinha Professores e Professoras, Estudantese Técnicos/as administrativos...
          Tinha, também, trabalhadores terceirizados: porteiros/as, seguranças, trabalhadores e trabalhadoras da limpeza e da manutenção... e muitos com salários atrasados. Bem atrasados.
            Mas também tinha as pessoas da/na praça...
            Tinha um homem pra lá e pra cá, com o celular na mão, dando bronca em alguém...
            Tinha um vendedor de CDs, tocando-os para que todos pudéssemos escutar. Escutávamos, sem precisar comprar...
            Tinha os moradores de rua...ah! Tinha. Bebiam sua cachaça pela manhã, arrumavam e dividiam o cigarro, e brincavam um com o outro... e tinha as moradoras de rua...
            Tinha gente passando, pra lá e pra cá: menino e menina indo e vindo da escola, senhor e senhora e os jovens que chegavam, paravam, seguiam...
            E a Universidade estava na praça...
            Tinha carro-de-som e microfone e uma “tribuna livre”, em que, de A a mais ou menos Z, cada um com seu cada qual sobre a Universidade, o Governo, as Leis e projetos de Lei, as Políticas e A Política...
            Tinha Faixas, uma maior que a outra, impressa ou grafitada. Cartazes, muitos cartazes... uns prontos, outros sendo feitos... uns “ar-re-ta-dos”, outros mais simples. Coisa de artista e de quem gosta de desenhar...
            Tinha batucada, tinha moça cantando, tinha duas travinhas e um futebol, tinha teatro... E nisso tudo, quem lá estava, quem lá passava escutava, batia palmas e até dançava; jogava bola, Menino contra Menina, Menino E Menina e a grade esperando para a próxima partida; o teatro e seu “Deus lhe pague!” era assistido, com atenção e sorriso no rosto; e estudantes atendiam adultos e idosos medindo pressão e orientando sobre saúde; e teve poesia, linda poesia: “Tem gente com fome! Tem gente com fome! Tem gente com fome!”...
Mas, e o menino com uniforme escolar: esperando seus pais ou admirando a poesia? Não sabemos... E não sabemos, por que?
           
https://fmichelle04.wordpress.com/2013/08/13/jerga-adolescente/
            Tem um abismo entre a Universidade e a Praça.
            Mas, é preciso destacar: este abismo não tem nada a ver com a greve. É um abismo histórico, que vem da própria origem da nossa Universidade, criada para atender as demandas do capitalismo dependente brasileiro. Esta história da nossa Universidade é inegável... e ainda está presa umbilicalmente à ela.
            Teve Futebol na praça? Teve. Mas que futebol é esse que a Universidade faz?
            Teve Teatro na praça? Teve. Mas que teatro é esse que a Universidade faz?
            Teve saúde, teve música, teve poesia...
            Mas, que Universidade é essa que o povo vê? Conhece? Sabe?
       Ou transformamos essa Universidade, tirando-a desta amarração de umbigo e levando-a para o povo, ou ele, o povo, vai continuar não sabendo que Universidade é essa? Para quê, para quem, contra o quê e contra quem ela está lá...
            A Universidade estava na praça. Mas ela ainda não é DA praça...
            Precisa ser...

            Venham Todos!

            Venham Todas!

            Pra Universidade e pra Praça!

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