RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O Circo Pegou Fogo...




Dia destes, no centro do picadeiro de terra batida e lona furada do Universal Circo Crítico:
Apresentador, Palhaços da Esperança, Malabaristas da Utopia, Pilotos de Moto do Círculo da Vida, o Homem Mais Fortemente Apaixonado pela Humanidade do Mundo, O Mágico das Lutas Trabalhadoras, os Equilibristas da Paciência, a Bailarina da Alegria Arrancada do Futuro e todos/as os que fazem o Universal Circo Crítico estavam reunidos em Assembleia. Nunca marcamos uma, na verdade.
Foi a primeira vez que nosso picadeiro de terra batida e lona furada realizou a sua e, portanto, optamos pela “CIRCEMBLEIA”. Preocupados que estávamos com tudo o que anda acontecendo ao nosso redor. Tanta coisa que mal dá pra relacionar:
1.      Trabalhadores prestes a perder seus direitos no Brasil, como já perderam em muitos países mundo afora (a França, hoje, é um bom exemplo disso);
2.      Os desastres ambientais mundo afora, em nome da ganância e do dinheiro – e, aqui em terras tupiniquins, Mariana/MG tornou-se a mais inquestionável evidencia de que a justiça tem lado, é parcial e protege o Estado e seus poderosos donos do capital;
3.      Pão não tem mais, mas ainda tem Circo (não é o nosso), e, neste ano, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos estão, mais uma vez, dando sua demonstração clara de que a aparência ainda procura construir heróis e esconder verdades;
4.      O jornalismo (tupiniquim e mundial, com raras exceções) nem esconde mais o tubinho de óleo de peroba, de tão cara-de-pau que é no seu papel de divulgar, dissimular, omitir, esvaziar notícias, fatos;
5.      Os ricos cada vez mais ricos (e menos numerosos) e os pobres cada vez mais pobres (e mais numerosos);
6.      Os ataques à população negra, pobre, favelada, bem como às comunidades indígenas, quilombolas e campesinas...
... Não dá pra listar tudo. A pauta é grande:

– Então, meus caros artistas e o público presente, podemos começar a Circembleia do Universal Circo Crítico?
– Isso! Sim! Avante camaradas!


Risos, Saltos, Mágicas, Abraços e voos também fazem parte da manifestação de aclamação do início dos trabalhos.

– Russo!
– Pois não, Homem Mais Fortemente Apaixonado...
– Podemos ajustar a pauta?
– Claro...
– A sugestão é simples: já temos nos pontos acima a nossa pontual análise de conjuntura, sobre o que acontece no mundo, aqui perto e com as pessoas que são importantes pra nós, a Classe Trabalhadora. Assim, quero sugerir como pauta única: NOSSA ORGANIZAÇÃO e a luta contra os opressores.
– ... inclusive os escondidos e os mascarados em discursos revolucionários! (Exclama a Bailarina).
– Ah! Principalmente estes, os mais perigosos!

Os debates começam...
As ideias avançam...
A certeza no futuro pertencendo à Classe Trabalhadora também.

– Formação!, A Formação é imprescindível, caros Artistas! (destaca o coletivo de Palhaços, sob a voz de Strovézio).
– Formação de base, em todos os Circos Mambembes que conhecemos, os Circos Ciganos, os Circos Parques!

Uuuuuóóóóóóóóóóóóóóóó..............


...
Silêncio na Circembleia!
Quem é o responsável aqui????
Um primeiro silêncio toma conta da Circembleia. Afinal, não tem “O” responsável neste espaço. Trata-se de um espaço de responsabilidade coletiva, construído no tempo e no constante aprendizado de aprendizes de lutadores do povo.
No meio do silêncio, todos os olhares e ouvidos voltam-se na direção do autor da estranha pergunta, que se repete, mas “pausadamente”.
Quem-É-O-Res-pon-sá-vel???? Preciso perguntar de novo?

Era um sujeito estranho, acompanhando de outros (um tanto maiores que ele) e outras (um pouco menores). Roupas cheio de bolsos, camuflagem estranha (como se estivessem escondidos na Floresta... que aqui em terras tupiniquins estão cada vez menores), armas na cintura, nas calças, dentro das jaquetas protegidas por outras que davam volume a seus corpos e em punho... Sei lá, uns 20 quilos a mais no peso de cada um ali...

– Hããã... Eu! (disse em coro puxado por Strovézio, os Palhaços da Esperança).
– Eu, também?! (na sequência, os Pilotos do Círculo da Vida).
– E eu... e eu... eu aqui (todos em coro, dos Malabaristas à Bailarina, respondiam seriamente, à pergunta descontextualizada de tal sujeito).

Vocês tá de brincadeira, é? (o português errado é do original).

– Calma, Calma, seu comandante... É que não temos assim, um... o... único responsável. Por isso não soubemos responder. Mas, posso assumir tal responsabilidade para bem recebe-lo.
– Muito bem, então (já em fonte arial 11). Recebemos uma informação de uma célula neste, hããã, neste espaço... Mas, que espaço é este?
– Um circo, vossa-celença! Aceita uma pipoca?
– Não interessa (continuou a figura enigmática não apresentada e bem protegida)... Recebemos de nossos órgãos de informação uma comunicação que estaria ocorrendo aqui uma reunião de manifestação, que estamos monitorando para combater o terrorismo que assola o mundo e que também nos preocupa no Brasil.
– Mas, seu moço...
– Delegado... Me chame de Doutor! Sou bacharel em Direito...
– Certo, Doutor... Somos um circo, pequeno, de terra batida... Olha a nossa lona! Furada desde quando inauguramos. Nossos artistas? Apenas artistas, trabalhadores, brincantes e revolucionários...
– Ah Rá!... Era isso! São revolucionários e são perigosos... vamos autua-los e vocês devem comparecer às instituições que os convocarem pra prestar depoimento em breve.
Assim, seguiu-se o nobre bacharel em direito (em sua opinião, Doutor) e delegado escrevendo em um papel com duas vias, confirmando a “visita realizada” e que constataram que estávamos reunidos para manifestarmos... manifestarmos...
– Vocês estão manifestando o que mesmo, aqui? (perguntou, com cara de incrédulo, o nobre doutor)
– Amor à humanidade, seu Doutor!
... e preencheu o papel.
– Soldado Michel! (chama o seu capacho de nome bem alusivo).
– Sim, senhor!
– Chama todo mundo, já terminamos aqui!
– Não dá, Doutor Delegado! 
– E por que não dá, soldado?
– Olha lá, Doutor...

... dois daqueles homens que acompanhavam o nobre doutor já estavam rindo das peripécias de Strovézio e os demais palhaços, um deles com uma flor na jaqueta e um nariz de palhaço.

... uma das moças, com as botas mesmo, dançava e rodopiava com a Bailarina da Alegria Arrancada do Futuro.

... outra moça e um rapaz menor eram suspendidos pelo Homem Mais Fortemente Apaixonado pela Humanidade do Mundo, rindo-se da vertigem que é sentir este Amor...
E o Seu Doutor, já com a missão oficial cumprida, sentou-se numa no batente do picadeiro, batendo palmas e rindo com lagrimas nos olhos... usando o papel preenchido para limpá-las.
– Cadê aquela Pipoca?

Cumprimos com a pauta.

Venham Todos!
Venham Todas!

PS.: Claro, nossa solidariedade (não apenas por fazermos parte de suas fileiras) ao Partido Comunista Brasileiro, monitorado pelas Forças Policiais do Governo Federal, e por todos os Movimentos e Partidos VER-DA-DEI-RA-MEN-TE de esquerda, em tempos em que as ideias que temos voltam a ser perigosos à nossa própria existência: https://pcb.org.br/portal2/11734#more-11734


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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira