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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O Golpe Final - parte 1: a desinformação...

http://blogs.estadao.com.br/estadinho/2012/02/25
/hora-do-terror-no-estadinho/



“A Luta do homem contra o poder
 é a luta da memória contra o esquecimento”
(Milan Kundera)




Reconheço... para um comunista, é um pouco ousado iniciar algumas reflexões com alguns nomes da história da humanidade que tem, digamos, “algumas divergências” de Projeto Histórico de sociedade.
Mas sempre gostei destas palavras do tcheco-franco Milan Kundera. Elas são “vigilantes”, não deixam escapar que o poder precisa ser enfrentado e derrotado, inclusive quando ele está “do lado de cá”. Mas que sem memória (história), não se luta contra o que na história sempre quer nos destruir: a síntese de se destruir a vida para tentar viver melhor. Perigosa aparência.
É de Lenin a expressão “a verdade é sempre revolucionária” e sempre dissemos aqui, direta ou indiretamente, que o processo revolucionário se dá em movimento, não como “um dia deu-se a revolução”. Não à toa, sempre escolhemos a ousadia, em nossos “Discursos de Formatura”, de fazer o convite aos jovens que se formam a “tornarem-se revolucionários”. Em movimento, escolhendo lado, o lado da verdade.
Afinal, do contrário, seria como um convite ao reacionário (vale mentir, para se viver melhor... isso não cola).
Mas, voltando ao ensejo, nosso picadeiro de terra batida e lona furada de circo (assim como durante os Jogos Olímpicos) passa acompanhar este período de “Jogos Políticos” e que, ao que tudo indica, será selado com o impeachment da Presidenta Dilma Rousself.
Li na tal “Linha do Tempo” de Facebook de um conterrâneo pernambucano (na minha opinião, um crítico a todos os que são corruptos, mas seletivo à presidente afastada) a seguinte expressão:
“Vai começar a cirurgia para retirada do TUMOR que quase acaba com o Brasil... Depois vem a quimioterapia para realmente limpar o resto do câncer que se instalou no Congresso e no Senado”.
Em que pese ser uma manifestação pública, em espaços de rede social, optaremos por preservar a autoria.
Impossível, à luz de um “brincante aprendiz de lutador do povo”, que não tem a eloquência e poder de síntese de inúmeros blogueiros, cronistas, cientistas políticos e o escambal, não pensar sobre o que esta manifestação expressa e, à bem da verdade, se reproduz Brasil afora: a contradição de um processo que troca um muito ruim (à classe trabalhadora, por sua aliança com o Capital) por um “mais pior do que ruim” (porque a aliança com o Capital está no seu DNA). E da maneira mais vil possível, o que entendemos ser um “mero” julgamento político entre pares de um mesmo projeto de sociedade.
O que mais vimos nos últimos meses que antecederam o afastamento da presidenta em maio era uma insistente busca por extirpar toda e qualquer expressão de corrupção do Estado Brasileiro. Os donos de empreiteiras, bancos e o escambal, meros instrumentos para a punição de agentes públicos e políticos.
Mas sem o capital privado, não tem como a corrupção acontecer de fato e nos montantes denunciados por operações da Polícia Federal (alías, eram certa de 600 operações em 2015, algumas com valores – e personagens – mais vultuosos do que a Lava Jato) e compartilhados pela nossa imprensa meia-pataca.
O Impeachment iniciou-se com o mais larápio de todos, Eduardo Cunha (denunciado antes de Dilma, e nem temos sobre de seu afastamento para breve...)
– Opa, Russo... não dá pra ter certeza de que ele é o mais larápio (Strovézio)
– Como assim, meu nome palhaço...
– Ainda não inventaram o “larapiômetro”... não dá pra saber quem é mais, quem é o primeiro, qual coletivo de larápios é mais larápio...larapiotéia?...
– É... tens razão.

josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br

Pois bom...
Seguiu-se com a cena de 17 de abril deste ano, com a demonstração, um a um, do que já sabíamos: nossa Câmara dos Deputados reúne, inconteste, o que temos de pior de representantes deste país... E ao que tudo indica, algo que se reproduz nos Legislativos Estaduais e nas Câmaras Municipais... que será “renovada” este ano.
Daí, o Senado ficou atento. Tinha que dar um ar de mais “sobriedade”... tamanho o papelão (inclusive na imprensa internacional) da casa vizinha.
Depois de longo tempo (e silêncio da imprensa), o presidente da Câmara é afastado... Mas até hoje, quebra recordes de “empurração” do julgamento. Poderoso o cara? Claro que sim... e arrastando com ele a “larápiotéia”.
Segue a novela: o tal do “#AqueleQueNãoPodiaFalarONome” durante alguns dias dos Jogos Olímpicos segue interinamente, mas com avanços nada interinos aos direitos da Classe Trabalhadora, da destruição do Estado Brasileiro, à entrega das estratégicas riquezas naturais de mão (mais) beijada ao capital estrangeiro, à destruição da Universidade Pública e um catatau de violências do Capital sem precedentes... FHC deve estar morrendo de inveja.
O Senado faz um debate daqueles, chama testemunha de acusação e defesa, vai daqui e vai dali e, de repente (não para este picadeiro) começa a ficar difícil a manutenção da tal acusação de crime. É político, não é jurídico.
E não nos esqueçamos. No senado, tem uma meia dúzia e mais alguma coisa de Senadores que foram Ministros de Lula ou Dilma e estão, digamos, “magoados” com a Dilma. Um levou “puxão de orelha” aqui, outro “não convidava ela pra viajar acolá” e por aí vai... E, hoje, não tenhamos dúvida: eles votam por conta das mágoas...
É como você ser chamado a testemunhar um crime cometido por uma pessoa que você não gosta, não vai com a cara. Mas, à bem da verdade, você não é testemunha de nada. Só quer ver essa pessoa se dando mal...
Mas não tem problema: o Partido que perdeu as eleições em 2014, que contratou a tríade que preparou o processo de impeachment e que preside o Senado que avalia o processo que contratou segue em mares tranquilos.

E eis que chegamos ao julgamento final...
Parece que celebram os que acreditam que o Tumor será retirado. Mas é incrível como acreditam que os cirurgiões que irão tirar este tumor serão, depois “tratados” como quimioterapia.
Reparemos: quem irá tirar o Tumor, segundo meu conterrâneo, são aqueles que ele acredita, piamente, que serão “limpados” à base de quimioterapia.

– Mas, se a alegoria fosse justa, a quimioterapia limpa o Câncer... Neste caso, o Câncer que vai tirar o Tumor... Mas, então, o Tumor era OUTRO tipo de Câncer. O Câncer a ser tratado com quimioterapia tira o Câncer que será apenas “retirado”... Retira-se o Câncer do Tumor cancerígeno com o outro Câncer, mas sem dizer qual “temer” ele tem de tumor...
– Cê entendeu alguma coisa, Strovézio?
– Acho que nem ele, Russo... nem ele.

Falamos aqui, ainda nos tempos de abril, que a Teoria do Dominó (cai o primeiro, cai o resto) não iria rolar... E não está rolando e nem vai rolar.
Até o STF está começando (junto com o agora silêncio noticiador de nossa mídia tupiniquim de meia patada) a jogar areia no fogaréu que a Lava Jato está mantendo acesso. Pois, claro, chega a Justiça maior sua participação nas relações entre Estado e Capital Privado.
Em síntese: existe tanta informação (conhecimento seria mais justo), que a tática da desinformação é mais eficiente, pois o que é mais importante é garantir os ataques à Classe Trabalhadora que, como expressão máxima de resistência, tem, de um lado, amealhado alguns Partidos, Movimentos Sociais e Sindicatos com diferentes capacidades de mobilizar as ruas, mas sem força na política e, de outro, com o limite das manifestações “#ForaTemer” durante os Jogos Olímpicos...
Aliás, acho até que Temer está adorando o fato de quase não terem sido vendido ingressos para os Jogos Paraolímpicos e, também, a cobertura superficial que a mídia esportiva e geral irá dar a este evento... Menos vaias, menos cartazes etc. e tals.
Mas, o que está mais certo ainda, são as palavras sóbrias e atentas de nosso grande docente José Paulo Netto: “Quem erra na análise, erra na política. Acertar na análise não quer dizer que você terá uma intervenção política exitosa... [...] Mas quem erra na análise, erra na política”.
Não é câncer, não há quimioterapia.
E ninguém sabe como "Fora temer" realmente poderá se dar.


Não é apenas uma opinião... é a memória (por isso Kundera cai bem), mas é a história, é a política (enquanto ciência), é a economia é a educação...
E é isso que, parece-me, não temos hoje... nem no mais alto grau de representação.
... mas, infelizmente, tem mais.

Venham Todos!
Venham Todas!

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Marcelo "Russo" Ferreira