RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sábado, 22 de outubro de 2016

O que vale a pena...

Meu chapéu... meu cachimbo... um café...






"Tua Memória guardará
 o que valer a pena!"
(Eduardo Galeano) 






Recentemente, participei de um “Encontro de Familiares de Desaparecidos Políticos”, organizado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
A história deste encontro envolve muito daquilo que a juventude de hoje, que acha que a ditadura foi necessária (pena existir jovens assim), sequer compreende.
Um elemento particular deste “muito daquilo” é a história da Vala de Perus... Em 1990, no governo de Luíza Erundina (capital de São Paulo), no Cemitério Dom Bosco, fora aberta uma vala e, nesta, descoberta mais de mil ossadas de indigentes, presos políticos e vítimas do esquadrão da morte (pertencente à polícia militar paulista).

Monumento - Vala de Perus/SP
Sua história remonta dos tempos do Prefeito Biônico (nomeado pelo Presidente Militar) Paulo Maluf que, inclusive, escondeu da opinião pública a morte de centenas de crianças vítimas de meningite naquele cemitério.
A Vala de Perus, inclusive, só foi descoberta porque o projeto de implantação de um crematório (pelo mesmo Maluf) acabou abandonado, por “desconfiança” da empreiteira. Caso contrário, não haveria pó pra contar história.
De lá pra cá, nem mesmo os governos da Era Lula e Dilma deram conta de realizar a devida análise das ossadas.
          Uma boa fonte para este caso é o site dos Desaparecidos Políticos:

http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pagina.php?id=39
Mas, estávamos em São Paulo, em um encontro dos familiares de mortos e desaparecidos. As histórias que muitas vezes li em artigos e livros se apresentavam como figuras vivas de companheiros/as, esposos/as, filhos/as, irmãos/ãs, sobrinhos/as e netos/as... assim como eu, neto de Hiram de Lima Pereira.

– Hiram de Lima Pereira, PRESENTE (Strovézio)
– Sempre Presente! (nossos artistas).

E em meio ao trabalho sobre os resultados das pesquisas e entrevistas que o CICV, um momento de troca de pequenas emoções.
Em um cartão feito por um/a jovem estudante de História do Rio Grande do Sul, a empatia de imagem e palavras.

HÀ BRAÇOS!!!!

Nas conversas, a memória de minhas tias sobre o cachimbo de meu avô, com aroma de chocolate.
E, à pergunta provocativa dos jovens que conduziam o trabalho (“O que vale a pena lembrar?”), pequenas palavras se organizam no papel branco à minha frente:

O que vale a pena...

"O que vale...
... ou é pela história!
O que vale...
...ou é a montanha!
O que vale...
... não tem valor aos duros!
O que vale...
... tem valor aos fortes!

O que vale...
... é o chão aberto!
O que vale...
... segredo descoberto!
O que vale...
... é o muito escondido!
O que vale...
... é o dito ao coração!

Mas, não vale a pena não lembrar o que foi.
Não vale a pena continuar assim.
Não vale a pena esquecer o que ainda é.
O que não continua apenas em mim.

Minha memória me vale a pena...
Minha história me vale a pena...
Minha luta me vale a pena...
Meu aprendiz de mim mesmo, sempre vale a pena...

Meu eu, em ti.
Eu e ti, em todos nós.

Presente em vida me ensinaria...
Presente em história me fez homem...
O que vale a pena guardar na memória...
... não cabe nela!
... mal cabe na história!”

Algum dia vira música.

São tempos de necessidade coletiva, trabalhadora, proletária...

Venham Todos!
Venham Todas!


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