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“[...] quando excepcionalmente se chega a
reconhecer o nexo interno entre as formas de existência sociais e políticas de
certa época, via de regra isso acontece no momento em que essas formas já
passaram da idade e estão em decadência” (F. Engels)
Pensamos
nestes dias em que tudo acontece rápido e mais ainda silenciosamente (e os
porões da ditadura civil-empresarial-militar já nos mostraram que coisas assim,
em silêncio, é sempre perigoso) em tentar fazer uma síntese, pra ver se até a gente
entende melhor e mais o que está acontecendo.
Está
mais ou menos assim...
Um certo
dia a democracia representativa brasileira entra em festa. Destas festas que
tem muito dinheiro, muita música, muitos artistas, muitos políticos (claro, é
pra eles a festa) e muito dinheiro...
–
Russo... já tinhas falado “muito dinheiro”... (Palhaço)
– É que
a festa teve dinheiro que se sabia e muito dinheiro que não se sabia,
Strovézio.
– Ah!
Saquei...
Pois bom.
No final
da festa, teve presidentA que voltou ao cargo que já ocupava, mais uma tuiazinha
de senadores, uns 500 e tantos deputados federais e outros trocentos estaduais
Brasil afora, mais um pouco mais de duas dúzias de governadores. Registre-se: o
pior que poderíamos imaginar de baixa qualidade.
Empreiteiras,
Empresários, Bancos, Mineradoras, Latifundiários e uma dezena e meia – elevada a
alguma potência (matemática e financeira) – ficaram aparentemente satisfeitos,
afinal, bancaram deus e o diabo... Ou, como diria o bom e velho Engels, agiram
publicamente com uma mistura da “inocência
da pomba e a prudência da serpente”.
Mas,
havia um detalhe nesta mistura: a pomba faz sujeira pra dedéu (e dizem até que
faz mira) e a serpente... ah! a Serpente...
Quem não
ganhou ficou p. da vida e quem ganhou ficou fumado, uma manifesta sensação de “ganhou
e não levou”.
Daí, a
coisa ficou assim:
A
Presidenta não presidia, porque o Presidente da Câmara era mais poderoso que
ela.
O
presidente da Câmara era mais sujo que pau de galinheiro e como no Congresso o
que não falta é galo, tava bem servido e acompanhado.
Os que
não levaram, mas estavam bem acomodados politicamente fizeram “mimimi”, porque
reclamaram da derrota “em casa” (aquela, em MG, na qual o ex-governador “mais
bem avaliado” levou dois “sabãos” nas urnas).
Disseram:
“dane-se! Vou aprofundar o conflito!”... e mandaram ver.
Daí,
teve um tal de “estelionato eleitoral”, ou seja, os que votaram é que não
levaram... Ah! Os Bancos, Empreiteras, Latifundiários, Mineradoras entraram na
onda e se juntaram ao “top” dos Empresários para cobrar a fatura do que
sabia-se e do que não sabia-se.
A
imprensa? Ah!, a imprensa a gente já sabe, né?
Mas aí,
juntou um povo fãzérrimo de futebol e intolerante com a corrupção. Encheram as
ruas (teve dia que nem encheram tanto assim) sempre aos domingos. Povo
trabalhador, sabe? Durante a semana não dá.
Vermelho?
Passou a ser cor odiada... Internacional/RS, América/RJ ou América/RN,
Náutico/PE, CRB e sei lá quantos times de futebol ficaram preocupados com essa
onda... só pra ficar no futebol.
Daí, uma
parte da tuizinha, dos 500 e tantos e aqueles que bancaram a festa foram pra
cima.
Tentaram
recontar votos... não deu, ideia natimorto.
Tentaram
anular a chapa que ganhou (e não levou)... ops, metade da chapa é “parcêra, aí,
ó!”. Banca até o pau de galinheiro (que vive lotado).
Tentaram
umas cinquenta denúncias de impeachment... Mais de cinquenta!!!
Daí, o
parcêro dono do pau de galinheiro vira réu. E transforma a presidenta em ré no
dia seguinte.
A
imprensa anunciou a primeira situação... e não falou mais no assunto no dia
seguinte, com a segunda situação. Esta, passou a ser matéria jornalística de
todos os dias!
Imagina
você escutar, todos os dias: “Você é chato!”... Uma hora as pessoas acreditam,
visse?
Entaum...
O réu
primeiro vai prum tal “Conselho de Ética”... novela mexicana... e não acabou
ainda.
A ré segunda
é impinchada... até Deus mandou ela descansar 180 dias (ou menos)
– E
andar de bicicleta, né, Russo? (Strovézio)
– ... de
bicicleta? Ela já não fazia isso, Strovézio?
– Sim...
mas, tipo assim... bicicleta, pedalar... dar umas “pedaladas”, sacou? Hein?
Hein?
–
Eita...
Pois
bom...
Daí, o
vice assumiu.
Colocou advogado
do PCC e o terror dos estudantes secundaristas paulistas na Justiça...
Colocou
um mendoncinha-fantoche na Educação, que abriu a educação para o que existe de
pior no conservadorismo brasileiro; colocou representantes de todos os níveis
da educação privada brasileira; acabou com os programas de formação EJA, do Campo
etc.; mudou os rumos do debate da base curricular nacional para a educação
básica; passou a régua no Fórum Nacional de Educação... e ainda vem uma tuia de
coisas.
No
Ministério da Ciência e Tecnologia... ops! Não tem mais... Pra que, né? Coisa
supérflua “du canário”.
Saúde?
Política Pública para ampliação do Placebo e a distribuição de livros de fé a
médicos de todo o Brasil. É o Programa “Mais Médicos com Fé e Placebo”... E o
SUS, que já ia mal, vai pro espaço...
– E
ainda vai botar o mosquito da dengue na linha, pois anda muito indisciplinado
(Strovézio).
Mas isso
não é tudo.
O tal “combate
a corrupção” foi a maior piada pronta da história recente do país...
Latifundiários?
Mas quando... tem até uns que são parlamentares e respondem a processos por
trabalho escravo. Só não sei por que não “caiado” ainda...
Empresários?
Aff.... estão aí, caladinhos e tramando para o fim absoluto dos Direitos
Trabalhistas (já tão atacados no país e no mundo).
Bancos?
Feliz da vida. Nunca deixaram de lucrar e, agora, com o DNA do Itaú (aquele, da
Marina Silva candidata) no Banco Central.
Mineradoras???
Eita que
merece até parágrafo próprio.
Acabaram
com a fauna e a flora ao longo do Rio Doce, de Minas ao Espírito Santo, matou
gente, destruiu cidades e, depois de mais de 7 meses, seguem em banho-maria
acerca da responsabilização da Vale... Ganham flexibilização nas normas de
licenciamento para mais e novas explorações e ainda perseguem professor no Pará!
– Viva
Evandro Medeiros! O Gigante!
A mídia?
Essa é covarde... não merece muitas explicações.
Mas, tem
mais...
A justiça
brasileira dando um de seus piores e mais parciais exemplos de atuação. Não
sei... e olha que já tivemos tempos de justiça apenas nos quartéis e nos porões
do DOI-CODE (que já eram um terror em si)...
Vaza gravações
de um lado da política: nada de errado!
Vaza
gravações de outro lado (que é o mesmo “lado”): um absurdo!
Hoje, a
sujeira tá pior do que estava e o silêncio é ensurdecedor... o tal michel temer
não fez um mês e já rodou uns tantos ministros (que continuam sob “proteção” de
poderosos e, portanto, com poder contínuo).
O golpe?
Não dá nem pra dizer mais que não teve (mas continuam dizendo).
Tava complicado...
e tá pior e mais rápido agora.
E ainda
tem o que acontece, todo dia, no submundo da política e suas nefastas relações
com os endinheirados daqui e alhures.
Mas,
como dissemos: como tentar contar toda essa história sem muita cerimônia? O que
há, no final das contas, por trás disso tudo?
Bom...
Deixamos
para o “velho barbudo”, nossa principal referência neste picadeiro de terra
batida e lona furada:
“Veio,
enfim, um tempo em que tudo aquilo tornou-se objeto que, outrora, os homens
consideravam inalienável tornou-se objeto de troca, de tráfico, podendo
alienar-se. Trata-se do tempo em que as próprias coisas que, até então, eram
transmitidas, mas jamais trocadas, oferecidas, mas jamais vendidas,
conquistadas, mas jamais compradas – virtude, amor, opinião, ciência, consciência
etc. –, trata-se do tempo em que, finalmente, passa pelo comércio. O tempo da
corrupção geral, da venalidade universal ou, para expressá-lo em termos de
economia política, o tempo em que todas as coisas, morais ou físicas,
tornando-se valores venais, devem ser levadas ao mercado para que se aprecie o
seu mais justo valor” (Karl Marx)
Venham
Todos!
Venham Todas!
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