RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Avenida Paulista...

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“A cidade submersa /
 em sorrisos perfeitos /
 A cidade submersa /
 em sorrisos desfeitos /
 na Avenida Paulista”
 (Capital Inicial)





Morei em Sampa até meus 23 ½ anos de idade... Ou seja, estou para completar e-xa-ta-men-te metade da minha vida FORA de Sampa. Claro, nos primeiros tempos, o vínculo com as terras paulistanas era forte, o que faz desta matemática apenas um número sem tortura.
Nos últimos anos em terras paulistanas, trabalhei em alguns lugares diferentes e, dentre eles, a Avenida Paulista. Trabalhava bem ao lado do MASP, mas reconheço que fiz poucas visitas por lá, mesmo sendo eu um “vizinho funcional”.
Ainda assim, a Avenida Paulista era, naqueles inícios de anos 90 do século passado, uma avenida de trabalho. Não lembro, mesmo quando por lá passava nos finais de semana (sempre a caminho de algum outro lugar), de tê-la visto para além de um lugar onde a cidade não podia parar.
Minhas últimas andanças, antes de mudar-me para o Nordeste, foi nos tempos tensos de 1992, na linha dos “Caras-pintadas” e que, em meu espaço específico de estudo (em São Caetano do Sul), resultou em um convite para que em 1993 eu não mais me matriculasse naquela Faculdade (à época, UNIFEC).
– Russo... (palhaço)
– Diz aí, Strovézio.
– Diz logo aí, pow! Tu foi expulso da Faculdade, isso sim...
– Pelo menos foram “educados” hehehe.. mas, valeu a pena, e muito (inclusive pelas dificuldades) encarar a mudança de estado.

Pois bom...
Voltei à Av. Paulista dias destes.
A ida a São Paulo foi, na verdade, por conta de um evento sobre a Vala de Perus, onde também nos anos 90 do século passado, foram encontradas centenas de ossadas em Perus, Região Metropolitana de São Paulo. Tudo indica que haviam desaparecidos políticos nela. Conversas para outro espetáculo.
Em uma tarde “livre” do evento, resolvi ir a uma Livraria na Avenida Paulista. Sabia que a caminhada seria razoável, já que eu estava na Brigadeiro Luis Antônio e a Livraria localizava-se perto da Consolação.
O que parecia uma caminhada numa Avenida Paulista longa e vazia de sábado, transformou-se numa certa surpresa.

Tinha tudo quanto era coisa e gente na Paulista.
Tinha barrigudo com seu cão.
Idoso com seu cão.
Mocinha com cão.
Crianças com seu cão.
E tinham cães passeando com sua matilha (que achava que eram seus donos).

Tinha Carros e ônibus na Paulista.
Tinha Bicicletas na Paulista.
Tinha gente correndo...
Tinha gente de skate, patinete, patins...e nas calçadas, Uau!

– Tinha carrinho de rolimã? (Strovézio)
– Isso não tinha... Mas a paulista é plana, num dá, né, Strovézio?

Havia artistas na Paulista... e de todo tipo.
Cantor solitário e seu violão.
Banda de Rock e seus cabeludos.

– Toca Rauuuuuuul! (Strovézio).

Tinha metais tocando A-há!
Tinha moça acompanhando moça na voz.
Tinha até roda de jovens simplesmente cantando, com um violão no colo.
E não tinha couver artístico na cara Paulista.

do google...

 Tinha cabelo de todo tipo. Até cabelo sem cabelo.
– Tinha cabelo de uma cor?
– Tinha, Strovézio.
– Aquele ali tem DUAS cores!
– E não é, meu caro?
– Eita, uma com cabelo com TRÊS cores...
– E a pois.
– Hi! Um, duas, três, quatro... cinco... Xi! Perdi a conta!

Tinha Palhaços na Paulista, e suas caixas de giz desenhando nas calçadas e pintando o 7 com quem passava.
Palhaços brincando com crianças.
Adultos brincando com Palhaços.
Tinha estátua que se mexia.
Tinha sombras e mímicas na Paulista.

Essa foto daí fui eu quem tirou

Tinha protesto, também.
Filet Mignon de um lado... o lado FIESP.
Cuspes em fotos de corruptos (que o lado da FIESP admira) do outro...  lado MASP.
É preciso reconhecer... debates vazios de um lado, e até consistentes do outro.
Deve ser influência das siglas: FIESP X MASP... faz sentido!

FIESPE X MASP... um conflito eterno na Paulista
Vendiam camisas na Paulista? Vendiam!
Vendiam livros na Paulista? Vendiam!
Vendiam adereços? Vendiam!
E gente de tudo quanto é lugar vendendo e comprando.
Lá estava eu, comprando uma camisa de duas moças da Paraíba, ainda no meio da refeição delas (já no meio da tarde de sábado).

Viria a noite.
Esta, igual, ainda que mais movimentada, dos tempos outros.

É... parece que a Paulista mudou bastante.
Algo como “há algo de humanizante no meio do concreto”.
Dizem que os domingos é tanto quanto melhor, pois agora é fechada e se transforma numa grande praça.
Lembro de muita gente que, em matérias jornalísticas, reclamavam...
Coisa de paulista/paulistano, acho. Se o concreto, a fumaça e o barulho não são senhores dos destinos diários paulistanos, está errado.
Fica pra uma próxima.

Mas, ainda assim, não nos iludimos.
A Paulista ainda pareceu-me branca, rica, plutocrática, poderosa, elitizada e justiceira (mesmo com o MASP).
Mas, os tempos fora de Sampa já não me permitem ser tão duro. Tanto pela distância, quanto pelo que fui construindo em minha vida.

De um lugar à qual não tenho pretensões CEPianas, ainda posso guardar as lembranças de tudo o que contribuiu para o que sou.
Por lá, passei em frente de minha última residência paulista, na Saudosa (e arborizada – hoje não mais) Rua Augusto Tolle.

Antes, uma casa: morei dos 10 aos 23 anos

– kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!! (Strovézio).
– Que foi Strovézio....
– Putz! Virou Academia de Ginástica? Sério?
– hummmm...

Passei pela rua onde inúmeras tardes (e algumas manhãs) foram preenchidas com futebol, taco, garrafão, pegas, escondes, pipas (estas, eu só assistia) e papos aforas. E, na esquina desta, a Casa da Dona Jô, local de ensaios do também saudoso Afã, a banda de rock mais progressivo de Santa Terezinha, nos anos 90.

Afora a placa "Vende-se", a casa continua igualzinho aos tempos do Afã
Não houve nostalgia...
Satisfeito que estou com o meu lugar de hoje e as pessoas as quais compartilho este lugar.

Mas, que a Paulista tá diferente, tá.

Venham Todos!
Venham Todas! 

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