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“A cidade
submersa /
em sorrisos perfeitos /
A cidade submersa /
em sorrisos desfeitos /
na Avenida Paulista”
(Capital Inicial)
Morei em
Sampa até meus 23 ½ anos de idade... Ou seja, estou para completar
e-xa-ta-men-te metade da minha vida FORA de Sampa. Claro, nos primeiros tempos,
o vínculo com as terras paulistanas era forte, o que faz desta matemática
apenas um número sem tortura.
Nos
últimos anos em terras paulistanas, trabalhei em alguns lugares diferentes e, dentre
eles, a Avenida Paulista. Trabalhava bem ao lado do MASP, mas reconheço que fiz
poucas visitas por lá, mesmo sendo eu um “vizinho funcional”.
Ainda
assim, a Avenida Paulista era, naqueles inícios de anos 90 do século passado,
uma avenida de trabalho. Não lembro, mesmo quando por lá passava nos finais de
semana (sempre a caminho de algum outro lugar), de tê-la visto para além de um
lugar onde a cidade não podia parar.
Minhas
últimas andanças, antes de mudar-me para o Nordeste, foi nos tempos tensos de
1992, na linha dos “Caras-pintadas” e que, em meu espaço específico de estudo
(em São Caetano do Sul), resultou em um convite para que em 1993 eu não mais me
matriculasse naquela Faculdade (à época, UNIFEC).
–
Russo... (palhaço)
– Diz
aí, Strovézio.
– Diz
logo aí, pow! Tu foi expulso da
Faculdade, isso sim...
– Pelo
menos foram “educados” hehehe.. mas, valeu a pena, e muito (inclusive pelas
dificuldades) encarar a mudança de estado.
Pois
bom...
Voltei à
Av. Paulista dias destes.
A ida a
São Paulo foi, na verdade, por conta de um evento sobre a Vala de Perus, onde
também nos anos 90 do século passado, foram encontradas centenas de ossadas em
Perus, Região Metropolitana de São Paulo. Tudo indica que haviam desaparecidos
políticos nela. Conversas para outro espetáculo.
Em uma
tarde “livre” do evento, resolvi ir a uma Livraria na Avenida Paulista. Sabia
que a caminhada seria razoável, já que eu estava na Brigadeiro Luis Antônio e a
Livraria localizava-se perto da Consolação.
O que
parecia uma caminhada numa Avenida Paulista longa e vazia de sábado,
transformou-se numa certa surpresa.
Tinha
tudo quanto era coisa e gente na Paulista.
Tinha
barrigudo com seu cão.
Idoso
com seu cão.
Mocinha
com cão.
Crianças
com seu cão.
E tinham
cães passeando com sua matilha (que achava que eram seus donos).
Tinha
Carros e ônibus na Paulista.
Tinha
Bicicletas na Paulista.
Tinha gente
correndo...
Tinha
gente de skate, patinete, patins...e nas calçadas, Uau!
– Tinha
carrinho de rolimã? (Strovézio)
– Isso
não tinha... Mas a paulista é plana, num
dá, né, Strovézio?
Havia artistas
na Paulista... e de todo tipo.
Cantor
solitário e seu violão.
Banda de
Rock e seus cabeludos.
– Toca
Rauuuuuuul! (Strovézio).
Tinha
metais tocando A-há!
Tinha
moça acompanhando moça na voz.
Tinha
até roda de jovens simplesmente cantando, com um violão no colo.
E não
tinha couver artístico na cara Paulista.
do google... |
Tinha
cabelo de todo tipo. Até cabelo sem cabelo.
– Tinha
cabelo de uma cor?
– Tinha,
Strovézio.
– Aquele
ali tem DUAS cores!
– E não
é, meu caro?
– Eita,
uma com cabelo com TRÊS cores...
– E a
pois.
– Hi!
Um, duas, três, quatro... cinco... Xi! Perdi a conta!
Tinha
Palhaços na Paulista, e suas caixas de giz desenhando nas calçadas e pintando o
7 com quem passava.
Palhaços
brincando com crianças.
Adultos
brincando com Palhaços.
Tinha
estátua que se mexia.
Tinha
sombras e mímicas na Paulista.
Tinha
protesto, também.
Filet
Mignon de um lado... o lado FIESP.
Cuspes em
fotos de corruptos (que o lado da FIESP admira) do outro... lado MASP.
É
preciso reconhecer... debates vazios de um lado, e até consistentes do outro.
Deve ser
influência das siglas: FIESP X MASP... faz sentido!
FIESPE X MASP... um conflito eterno na Paulista |
Vendiam
camisas na Paulista? Vendiam!
Vendiam
livros na Paulista? Vendiam!
Vendiam
adereços? Vendiam!
E gente
de tudo quanto é lugar vendendo e comprando.
Lá
estava eu, comprando uma camisa de duas moças da Paraíba, ainda no meio da refeição
delas (já no meio da tarde de sábado).
Viria a
noite.
Esta,
igual, ainda que mais movimentada, dos tempos outros.
É...
parece que a Paulista mudou bastante.
Algo
como “há algo de humanizante no meio do concreto”.
Dizem
que os domingos é tanto quanto melhor, pois agora é fechada e se transforma
numa grande praça.
Lembro
de muita gente que, em matérias jornalísticas, reclamavam...
Coisa de
paulista/paulistano, acho. Se o concreto, a fumaça e o barulho não são senhores
dos destinos diários paulistanos, está errado.
Fica pra
uma próxima.
Mas,
ainda assim, não nos iludimos.
A
Paulista ainda pareceu-me branca, rica, plutocrática, poderosa, elitizada e
justiceira (mesmo com o MASP).
Mas, os
tempos fora de Sampa já não me permitem ser tão duro. Tanto pela distância,
quanto pelo que fui construindo em minha vida.
De um
lugar à qual não tenho pretensões CEPianas, ainda posso guardar as lembranças
de tudo o que contribuiu para o que sou.
Por lá,
passei em frente de minha última residência paulista, na Saudosa (e arborizada
– hoje não mais) Rua Augusto Tolle.
–
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!! (Strovézio).
– Que
foi Strovézio....
– Putz!
Virou Academia de Ginástica? Sério?
–
hummmm...
Passei
pela rua onde inúmeras tardes (e algumas manhãs) foram preenchidas com futebol,
taco, garrafão, pegas, escondes, pipas (estas, eu só assistia) e papos aforas.
E, na esquina desta, a Casa da Dona Jô, local de ensaios do também saudoso Afã,
a banda de rock mais progressivo de Santa Terezinha, nos anos 90.
Satisfeito
que estou com o meu lugar de hoje e as pessoas as quais compartilho este lugar.
Mas, que
a Paulista tá diferente, tá.
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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