“Quantas estradas um homem precisará andar
Antes que
possam chama-lo de homem?
Quantos mares
uma pomba branca precisará sobrevoar
Antes que
ela possa dormir na areia?
Sim, e
quantas balas de canhão precisarão voar
Até serem
para sempre banidas?
A
resposta, meu amigo, está soprando ao vento”
(Bob
Dylan)
Poderíamos
também parodiar essa bela canção de Dylan com outras perguntas:
Quanto
poemas mais serão repreendidos?
Quantas
aulas serão difíceis de dar?
Quantas
camisas vermelhas serão violentadas das ruas?
Quantos
atos públicos ou em público (ir a uma livraria, a um restaurante, andar de
bicicleta, caminhar numa calçada ou desembarcar num aeroporto) serão
perseguidos com gritos de violência?
–
Sério, caro apresentador.. (Palhaço)
–
Diga lá, Strovézio, o que seria “sério” para um palhaço?
–
Ora... seguindo a rota das paródias: até quanto poderei usar um nariz “vermelho”
sem isso passar a ser coisa de “palhaço comunista”????
–...
Uau! Andas realmente afiado, Strovézio. Mas, de qualquer maneira, és um palhaço
comunista...
–
Mas não por causa do nariz, ué!
–
Saquei...
Semana
passada fizemos aqui nossos passeios em Bertold Brecht – com enormes
dificuldades e limitações – para conseguirmos sintetizar o que significa um
poema ser mencionado em determinados contextos. E, mais ainda, quando estes
contextos se transformam em ameaças, em “denúncias” seletivas e o escambal.
A
gente acaba – ingenuamente, talvez – sempre descambando para o “a poeira vai
baixar”. Não baixou..
Tem
coisa que a gente nem vê por aí, nas mídias, nas redes sociais, nos
noticiários... Claro, nos noticiários tupiniquins não rola. Pois, apesar de
ainda formarem (e muito) a opinião pública, são de uma qualidade imensurável.
–
Precisaria de uma régua com mili-milimetros, né não? (Palhaço)
–
É, Strovézio... cansa a vista calcular o tão ridículo é o tamanho de nossa
imprensa hegemônica. Paradoxalmente, ainda forma a grande massa da opinião
pública.
Enfim,
juntam-se (acho que sempre estiveram lado a lado, em que pese sobre táticas
diferentes) a Mauro Iasi, que nosso humilde picadeiro de Circo solidarizou-se
semana passada, duas figuras que são presentes em nossa história.
Eduardo Suplicy... Senador por vários
anos pelo PT Paulista (Dos poucos políticos bons e sérios que São Paulo tinha,
trocaram por... Serra, aquele da vexatória bolinha de papel em 2010), foi meu
segundo voto para prefeito na minha vida (perdeu para Paulo Maluf... entenderam
como é São Paulo, já há muito tempo?), vai a um ato público, aberto, na
Livraria Cultura, em Belo Horizonte... O resto, as cenas abaixo dão conta de
registrar:
Engraçado
notar é que a “Visão” da Livraria Cultura está voltada ao poder transformador da
informação e da cultura, contribuindo para que as pessoas possam construir e
viver em um mundo melhor e mais justo. Entre os “valores corporativos”, a
diversidade...
![]() |
http://www.orkugifs.com/procurar.php?recado=palha%C3%A7o&gifs=2 |
Também
estava presente no ato o Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Mas, afora ter
sido meu “Patrão” quando Ministro da Educação, nada tenho de relação histórica
com ele. Diria até que é gente boa... mas como ninguém entende o poema de
Brecht, deixa pra lá.
Assim
como aconteceu com nosso camarada Lutador do Povo João Pedro Stedile, em 22 de
setembro último, aconteceu com outras figuras neste estranho ano de 2015.
Estranho
ano de 2015 em que pessoas vão para as ruas duas, três vezes, com camisa da CBF
gritar “Abaixo a Corrupção”!... E, pra lá de seletivos...
Estranho
ano de 2015 em que ler uma revista (a depender da revista) ou um livro (idem) poderá
implicar sem xingamentos e ofensas de quem você sequer conhece... e também não
conhece a revista e o livro que estás a ler.
Estranho
ano de 2015 em que usar uma camisa vermelha para ser mais perigoso do que no
período da Ditadura Civil-Militar brasileira. Imagina se a camisa tiver o rosto
de Che Guevara, a silhueta de Marx ou os históricos foice e martelo
sobrepostos.
Estranho
ano de 2015 de bater panelas e matar haitianos parecem falar do mesmo lugar e
do mesmo senso de “indignação contra tudo isso aí”.
Estranho
ano de 2015, de Leis contra Terrorismo, Leis contra Marxismo, Leis contra
Partido (os marxistas ou pretensos).
Estranho
ano de 2015 em que me afirmar ateu e comunista começa a parecer-me... perigoso.
![]() |
http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2015/10/em-8-de-outubro.html |
Professora
Doutora Celi Taffarel, professora da
Universidade Federal da Bahia... História de luta e de formação
inquestionável... Está no combate onde entende que deve estar, mesmo que, por
vezes pontuais, esse picadeiro de terra batida e lona furada de circo divirja.
Celebramos, há poucos dias, mais um ano de sua vida e história
Em
sala de aula... trabalhando com jovens, numa Universidade Pública que, durante mais
de quatro meses, lutamos bravamente em um extenso e extenuante movimento de
greve. Suas palavras:
– Hoje fui hostilizada na aula de
Prática de Ensino por um aluno. Motivo: ser marxista, ser comunista, ser contra
o capital.
Vez
em quando pensamos por aqui, em forma de pergunta: o que estão fazendo com a
nossa juventude? Mas, o que assistimos e, cada vez mais, quase todo dia, está
além da juventude.
Em
que pese a pela poesia musicada de Bob Dylan, tenho a impressão que a resposta não
está mais ao que vivemos nestes tempos atuais não está apenas soprando ao
vento.
O
Universal Circo Crítico se solidariza, na humildade de seu pequeno impacto em
terras “bloguianas”, em sua terra batida e lona furada, com Eduardo Suplicy e
com nossa companheira Celi Taffarel. Nosso melhor interprete de Bob Dylan na política e nossa incansável formadora.
Somos
poucos... mas não mexa com os/as nossos/as não...
Venham
Todos!
Venham
Todas!