http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2015/07/1651301-maju-coutinho-do-jornal-nacional-e-vitima-de-racismo-nas-redes-sociais-comentarios-causam-revolta.shtml?cmpid=facefolha |
Algumas
vezes já caminhamos por este tema. Temos, claro, um humilde limite: a nossa educação “sorrateiramente” racista.
Não
vou ousar dizer que em casa aprendi a ser racista. Claro que não... Mas, também
não foi em casa que aprendi o que é ser racista, o que é o racismo, o que é ser
negro aqui e para longe daqui.
Não
culpo ninguém.
Mas,
é preciso lembrar: aprendi a ser racista, na TV, em que apenas brancos e
brancas protagonizavam novelas, filmes, jornais, comerciais e o escambal.
Na
Escola, em que mostrava os livros didáticos mostrando apenas figuras de pessoas
branca, com aquelas associadas à família, ao trabalho, ao sucesso, à civilização.
Nas
ruas, nas praças, nos Bancos, nos Supermercados, nas Repartições e
Escritórios... tudo muito bem “dividido”: brancos para um lado e negros para
outro lado.
Não
muito diferente de hoje, à bem da verdade.
Neste
Picadeiro de terra batida e lona furada, falamos das Recomendações da 2ª
Companhia da Polícia Militar de São Paulo para “abordagens a transeuntes e em
veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra” (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2013/01/o-universal-circo-critico-ah-o-racismo.html).
Falamos
disso quando refletíamos sobre nossas prisões e fazíamos isso regado ao
fantástico e saudoso Solomon Burke, que, novamente, brinda nosso Circo nesta
postagem.
Mas
as coisas sobre o racismo já beiraram o absurdo. Muitos talvez nem lembrem (ou
nem saibam) da Declaração do Nobel da Ciência, o biólogo James Dewey Watson que
em 2007 proferiu a pérola “todas as nossas políticas sociais estão baseadas no
facto de que a inteligência deles é a mesma que a nossa – enquanto os testes
dizem que não é assim”, referindo-se ao seu entendimento científico de que o
negro é menos inteligente do que o branco. Essa, foi do tempo dantes deste
picadeiro, num espaço maneiríssimo de pessoas fantásticas chamado ArcaMundo: http://arcamundo.blogspot.com.br/2007/10/sndrome-do-fantstico-o-racismo-parte-i.html
Já
em 2008, era uma fala do então Coordenador do Curso de Medicina da UFBA,
professor Antonio Natalino Manta Dantas, em uma entrevista concedida à Folha de
São Paulo (jornal que pegou uma carona va-len-do nos tempos da Ditadura
Civil-Militar brasileira), afirmava: “o baixo QI dos baianos é hereditário e
pode ser verificado por quem convive com pessoas nascidas na Bahia”. Acho que
ele não conhecia nada da Bahia, mesmo sendo docente da UFBA: http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2008/05/o-universal-circo-crtico-o-racismo-de.html
Outra
de 2008, veio das barbaridades dos programas de TV, pontualmente os dominicais
(ou seja, o que aprendi em minha infância e adolescência continuava sendo
ensinado) que não precisa de muita descrição: http://arcamundo.blogspot.com.br/2007/10/sndrome-do-fantstico-o-racismo-parte-i.html
Portanto, as coisas sobre o racismo continuam. E caminham na mesma proporção de
outras problemáticas bastante sérias: homofobia, intolerância, a lenda da
diminuição da maioridade penal para acabar com a violência, machismo. É um
pouco-tanto do que comentávamos sobre nossas posturas espirituais e políticas.
O
Mundo tá doido... fora de qualquer propósito de humanidade... e caminha para os
descaminhos mais preocupantes. E duas “cenas” vem me confirmando isso:
A
primeira não vou me aprofundar agora. Até porque tem um “q’ de óbvio da estupidez
de seus criadores. As imagens da Presidente Dilma com um “fotoshop” de pernas
abertas colocadas nas bocas dos tanques de gasolina de veículos. Não pesquisei
muito ainda, não sei se estão concentrado em alguma região ou Estado
brasileiro... Mas, por mais que eu seja um crítico do atual governo federal,
nada, absolutamente nada faz inclinar-me a aplaudir ou apenas silenciar ante a
esta cena que, no final das contas, é uma agressão profunda a imagem da mulher.
Mas,
a segunda é re-ve-la-do-ra. Porque, de certa maneira, acontece no ninho da burguesia
midiática brasileira.
Maria
Júlia, a Maju, apresentadora do quadro sobre Previsão do Tempo do Jornal
Nacional. Já ganhou elogios até da Carta Capital (que já desceu a lenha no
William Bonner). Pontualmente, nos referimos aos comentários racistas feitos no quintal virtual do Jornal Nacional
(no facebook, segundo notícias) contra a jornalista.
Nem
vou entrar no mérito das manifestações de “apoio” dos jornalistas do JN e da
emissora com o já mantreado (mantra) “#somostodosmaju”. É legal. Mas se não citar o
posicionamento firme contra a intolerância racial, para mim, não é muita coisa.
Mas,
o que é mais impressionante desta história toda é que, tenha vindo de onde
veio, uma avalanche de um único grupo, um racista que abriu o comentário
e deu “coragem” aos demais, etc. e tal, o acontecimento expõe muito mais:
Expõe
que realmente a sociedade brasileira é repleta de “intolerâncias escondidas”. E
quando falo repleta, é para destacar inclusive aqueles que dizem não ser
intolerantes, mas que não conseguem olhar para si mesmo, para os seus, para os
que o/a educaram ou que estão educando e perceber que a intolerância não se
combate apenas com palavras, valores escondidos, falas e frases feitas.
No
quintal virtual da Globo...
Sinceramente,
isso é mais do que revelador. É a porta aberta por quem sempre se postou em
defesa da burguesia, do capital, da manipulação da informação (em forma de
notícias) e, agora, não sabe o que fazer com quem frequenta sua casa e se sente
muito a vontade para atacar a Maju...
– Mas tem uma coisa que eu ainda não entendi direito...! (Palhaço).
– Diga lá, Strovézio...
– Porque não vimos, em fevereiro do ano passado um "#somostodosViniciusRomão"???? Será porque ele era coadjuvante da novela das seis?
– ... Acho que o público entendeu agora...
– Diga lá, Strovézio...
– Porque não vimos, em fevereiro do ano passado um "#somostodosViniciusRomão"???? Será porque ele era coadjuvante da novela das seis?
Fonte: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/negrobelchior/sites/2/2014/02/viniiiis.jpg |
– ... Acho que o público entendeu agora...
Volto
a dizer: não acho, sinceramente, não acho que este picadeiro é o espaço mais
qualificado para debater racismos e outras manifestações semelhantes. Somos
sempre aprendizes. E, por isso, somos sempre inquietantes...
Não
sei se sei quem “#somostodos!”... Mas sei que Mundo quero para este Circo
celebrar.
Venham
Todos!
Venham
Todas!E vamos cantar "Nenhum de nós é livre enquanto um de nós está preso!"... None of us are free..
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Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira