Falar,
neste picadeiro de terra batida e lona furada, sobre greve tem sido uma
experiência, digamos, humilde, corajosa e, de certa maneira, um misto de
solitária e solidária.
Humilde,
porque nos rogamos o direito de sermos criticados (franca e fraternalmente)
pelo que pensamos. Já vimos nossos convites de “Venham Todos! Venham Todas” ser
respondido por aí com “Não mesmo!”... e, pelos aprendizados de nossos artistas,
sorrimos sempre.
Corajosa,
ué! Porque é lição de Aprendiz de Lutador e Lutadora do Povo nunca perdermos a
coragem. E ela não é só física. É a coragem de nos indignarmos com a coragem de
ter esperança. É a coragem de enfrentarmos e estarmos sempre solidários aos que
– inclusive enfrentam mais.
–
Tipo assim, né? Convenhamos: tu é homem! Enfrenta um valentão com mais “força”
do que uma mulher, pequenininha, que enfrenta o mesmo valentão com ousadia e
determinação (Palhaço).
–
Não que não tenhamos ousadia e determinação, Strovézio. Mas é uma ótima
alegoria.
Já
o misto de solitário e solidário, é porque nosso Circo é assim mesmo. Pequeno,
somos poucos e, vez em quando, nos sentimos solitários ante aos que nos escutam
(ou leem). Mas, como diria nosso Menestrel Milton Nascimento, “o solidário não
quer solidão”. Por isso somos solidários sempre, porque, também, nunca nos
sentiremos sozinhos.
–
Ou, por não sermos solitários, somos essencialmente solidários (Palhaço).
–
Isso... e não se trata de reciprocidade construída, mas de valores que estão
presentes em nossa formação e luta.
Pois
bom...
A
greve é, portanto, e inexoravelmente, um ato de Humildade e Coragem. Sabemo-nos
pequenos ante aos nossos “patrões” e, ao mesmo tempo, temos a coragem de enfrenta-los.
A greve é um ato de solidariedade e solidão (ante, por exemplo, aos que dão às
costas à luta, às perdas, ao desmonte, ao avanço do Capital, a exaustão do
trabalhador).
Mas,
é quando percebemos que a Burguesia teme a Luta é que sabemos (e sempre
soubemos, na verdade) o tamanho de nossa força. O quanto assustamos a Burguesia
e o quanto os “fura-greve”, “pelegos”, burgueses de meia pataca também teme
serem fortes. Preferem serem serviçais que ganham pequenos presentes.
–
Como aqueles deputadozinhos da Câmara Federal, né? Os, hoje, 323! (Palhaço).
–
Dá até tema de música, Strovézio...
– “O 323 do 171! Prende todos, não fica um!”...
Ulha!
Bom...
Ontem,
02 de julho, uma de nossas Artistas mais qualificadas, mandou-me um vídeo. Era uma
reportagem ao vivo de uma afilhada da Globo (Pernambuco) do NETV 1ª Edição.
Falava sobre a paralização da Policia Civil de Pernambuco, num ato com milhares
de Policiais Civis, Escrivãos, Agentes e Delegados, na sempre fantástica
Rua da Aurora, em uma manhã de chuva (e toma guarda-chuva), por condições de trabalho, melhoria da carreira, aumento de salário, ou seja, bandeiras comuns das greves nas IFES...
Cacei,
cacei, cacei... no youtube, no site da Globo (tinha que pagar para assistir,
vigi!), no google, no wikileaks, wikipedia, wikiwiki, wikiscambal... Não
encontrei. Só achei as reportagens escritas.
O âncora
do Jornal é o já mui conhecido Hugo Esteves...
–
Esteves onde, esse cabra? (Palhaço)...
– Não
bagunça, Strovézio...
–
kkkkkkkkk
O
Repórter de campo era Eduardo Moura e que estava em posição privilegiada
(privilegiadíssima, considerando a “qualidade” da TV Globo), em cima do carro
de som, entrevistando uma das lideranças do movimento, Aldo Cisneiros, do
Sindicato dos Políciais (SINPOL).
Durante
a entrevista, o Eduardo Moura comentava que a população que passava por lá,
ainda que tendo que desviar o caminho por conta da grande paralização que
fechava a rua, apoiava e aplaudia o movimento.
Mas é
quando a matéria volta para o estúdio que a pérola se revela. Eis a fala de
Hugo Esteves, ao vivo... sem chance de ser editada...
Destacamos a fala:
“Aí que mora o perigo. Quando
a população dá o parecer favorável aos policiais, a este protesto, o movimento
fica muito forte. (...) Se o governo não chegar a um acordo (...) a polícia
inteira vai parar” (ESTEVES, H., sem página, 2015, grifos meus – pra ficar mais
acadêmico).
– Uau!
Os caras revelaram... têm realmente medo da gente, dos trabalhadores, a
mobilização, do apoio da população à mobilização (Palhaço).
– Pois
é, camarada Strovézio... Pois é... Mas, atenção! Sempre muita atenção!
É
preciso sermos justos. Não foi a primeira vez que testemunhamos a população
apoiando movimentos de greve, na contramão da postura da Imprensa em querer
fazer justamente o contrário, no bom e velho blá-blá-blá de quem greve só
prejudica trabalhador, estudante, cliente e o escambal.
Houve
até momentos em que também testemunhamos a Imprensa recuar e criticar os
patrões (tanto no ramo privado, quanto o Estado/Governo).
Mas, e
minha memória não é, à bem da verdade, a melhor enciclopédia, não foram muitas
as vezes em que vi a Imprensa assumir o medo que tem.
Mas,
parafraseando o próprio âncora global... aí é que mora o perigo!
Quando a
Imprensa Burguesa, que sempre foi aliada do Capital, assume que teme os
trabalhadores, significa que suas formas de enfrentar os trabalhadores se
agudizarão... E muito...
Ou...
Quando a burguesia e a sociedade defende os militares na "esperança" de dar voz aos cartazes, faixas e palavras de (dura) ordem pela volta da Ditadura Civil-Empresarial-Militar no Brasil...
Muito o que se pensar em um escorregãozinho ao vivo, né?
Quando a burguesia e a sociedade defende os militares na "esperança" de dar voz aos cartazes, faixas e palavras de (dura) ordem pela volta da Ditadura Civil-Empresarial-Militar no Brasil...
Muito o que se pensar em um escorregãozinho ao vivo, né?
– Mas. Diga
lá! Dá gosto ver quando os caras dizem que tem medo da gente, né não? (Palhaço)
– Ah!
Isso até dá, Strovézio...
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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Marcelo "Russo" Ferreira