RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Apartheid resiste...



fonte: anovademocracia.com.br


“A mais potente arma nas mãos do opressor é a mente do oprimido”
(Steven Biko)



O Dia é 17 de abril de 1996... Região de Carajás, Brasil. São 19 Sem Terras assassinados pela Polícia Militar Paraense, também com armas de fogo.
O dia é 16 de agosto... Região de Marikana, África do Sul. Cerca de 35 mineiros são mortos por rajadas de metralhadoras e armas de fogo pela Polícia de Contenção de Distúrbios da África do Sul.
Por trás dos protestos que reuniram Sem Terra em 1996 e Mineiros em 2012, empresas privadas, interesses privados. A defender, incondicionalmente, os interesses privados, a repressão policial de seus Estados. É o Estado (brasileiro e sul-africano, respectivamente) atacando seu povo para defender interesses que não são soberanos.
            O mais impressionante acerca das notícias sobre o massacre de trabalhadores de minas na África do Sul, pela polícia “contentora de distúrbios”, no último dia 16 de agosto é o (dês)interesse da mídia. Pelo menos a tupiniquim.
A mina pertence a uma empresa chamada Lonmin, cuja sede é em Londres. A sede “operacional” (claro, não tem mina em Londres) é na África do Sul. Coisas da Globalização... Trata-se de uma empresa de mais de um século de existência, mas que “entrou” no ramo das Minas em 1968, para explorar ouro... em Gana (não tinha ouro em Londres, só no Palácio Real, mas que não era passível de exploração).
A mina em questão (África do Sul) explora platina, que serve para recuperar ossos perdidos (ou partes) e trabalhar jóias, que também são exploradas do Continente Africano, ao mesmo tempo em que guerras são “incentivadas” para a proteção econômica de seus povos (o europeu).
Segundo notícias (e que não são muitas), “A Polícia fez tudo o que pôde, mas os mineiros disseram que não deixariam o local e que estavam dispostos a lutar", comentou o ministro da Polícia Sul-africana, o digníssimo senhor Nathi Mithethwa, sobre um incidente que causou comoção na África do Sul e evocou a violência do "apartheid" (site de notícias do UOL).
Muitas questões poderíamos levantar:
O que dizer a pessoas que afirmam que “estão dispostas a lutar”? “Se estão dispostas a lutar então iremos reprimir” é a resposta do Estado Sul Africano...
A “política de contenção de distúrbios” não é novidade na história recente da humanidade. Aqui, em terras brasileiras, Carajás, Contestado, Manifestação Estudantes (secundarias ou universitários), trabalhadores diversos sempre são recebidos por essa “política de contenção de distúrbios” quando se manifestam... ou quando acreditam que podem lutar e informam que estão dispostas a isso.
Talvez por isso a nossa mídia tupiniquim parece tão superficial. Afinal, quando outros interesses estão em pauta, o uso de imagens “sem confirmação de veracidade”, pois mesmo sem a certeza da notícia (como acompanhamos, recente e insistentemente na Síria), ela já ajuda na construção de “pontos de vista”.
            Atualmente, o que aconteceu na África do Sul ganha ares de “impressionalidade”. A Empresa Lonmim (que tem o nome preservado em alguns sites de notícia) ameaça despedir todos os trabalhadores se não retornarem às Minas (http://outrapolitica.wordpress.com/2012/08/20/africa-do-sul-depois-das-34-mortes-empresa-ameaca-despedir-todos-os-trabalhadores/#more-34832). Ou seja: trabalhadores que ousaram enfrentar armas (sem medo de perder a vida), segundo a Lonmim, temerão perder seus empregos. Ah! E os poucos sites de notícia não diz “quem” na Lonmim fez essa declaração (se é que isso importa).
            Um povo que já experimentou o Massacre de Shaperville (1960 – 69 mortos a bala e quase duas centenas de feridos)...

Massacre de Shaperville
Fonte: blackpas.org
Um povo que já registrou em história – 1976 – recente o Massacre de Soweto (que virou ponto turístico da Apharteid Copa do Mundo de 2010)...
Um povo que, agora, experimenta (não por opção de seu povo, mas por determinação de seu Estado) o Massacre de Marikana (deveria se chamar “Massacre de Lonmim” e que não mereceu sequer as condolências da Realeza Britânica) continua a ensinar à humanidade o quanto vale a vida na Sociedade Capitalista.
            Mas, a angústia de nosso Circo, de nossos Artistas e de nosso Público (tenho certeza) é a banalidade com que é tratado uma notícia assim... Quem é que se está preservando? Quem são os reais matadores nessa chacina?
Massacre de Soweto
Fonte: inminds.com
             



            Mais ainda: onde queremos estar agora?
            Venham Todos!
            Venham Todas!

Vida Longa aos Mineiros de Marikana!

            Vida Longa!
            Marcelo “Russo” Ferreira

2 comentários:

  1. MURILLO ED. FÍSICA 200921 agosto, 2012

    É, O HOMEM QUE SE DIZ HUMANO, É O MESMO HOMEM QUE TRUCIDA SEUS SEMELHANTES SEM MOSTRAR UM MÍNIMO DE RANCOR SOBRE TAL FATO, A SABER, UM DOS DOS ATRIBUTOS À QUEM CONSIDERA-SE HUMANO, É QUE O MESMO TENHA SENSIBILIDADE À PIEDADE. ENTÃO SERÁ QUE QUEM ORDENA OU EXECUTA A AÇÃO ESTERMINADORA SOBRE OUTRAS PESSOAS É REALMENTE PASSIVO DE SER CHAMADO HUMANO?

    PARABÉNS PELA PUBLICAÇÃO PROF. MARCELO RUSSO.

    VIDA LONGA AOS MINEIROS DE MARIKANA!
    VIDA LONGA AOS INOCENTES DE CARAJÁS!

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  2. Salvae, Salve, Camarada Murillo.
    Seja bem vindo à nossa Lona e nosso Picadeiro.
    Sua voz se soma à voz de muitos de nós! E que continuemos a torná-la forte!
    Vida Longa!
    Abraços
    Há braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira