fonte: anovademocracia.com.br |
“A mais potente arma nas mãos do opressor é a
mente do oprimido”
(Steven Biko)
O Dia é 17
de abril de 1996... Região de Carajás, Brasil. São 19 Sem Terras assassinados
pela Polícia Militar Paraense, também com armas de fogo.
O dia é
16 de agosto... Região de Marikana, África do Sul. Cerca de 35 mineiros são
mortos por rajadas de metralhadoras e armas de fogo pela Polícia de Contenção
de Distúrbios da África do Sul.
Por trás
dos protestos que reuniram Sem Terra em 1996 e Mineiros em 2012, empresas
privadas, interesses privados. A defender, incondicionalmente, os interesses
privados, a repressão policial de seus Estados. É o Estado (brasileiro e sul-africano,
respectivamente) atacando seu povo para defender interesses que não são
soberanos.
O mais impressionante acerca das
notícias sobre o massacre de trabalhadores de minas na África do Sul, pela
polícia “contentora de distúrbios”, no último dia 16 de agosto é o (dês)interesse
da mídia. Pelo menos a tupiniquim.
A mina
pertence a uma empresa chamada Lonmin, cuja sede é em Londres. A sede
“operacional” (claro, não tem mina em Londres) é na África do Sul. Coisas da
Globalização... Trata-se de uma empresa de mais de um século de existência, mas
que “entrou” no ramo das Minas em 1968, para explorar ouro... em Gana (não
tinha ouro em Londres, só no Palácio Real, mas que não era passível de
exploração).
A mina
em questão (África do Sul) explora platina, que serve para recuperar ossos
perdidos (ou partes) e trabalhar jóias, que também são exploradas do Continente
Africano, ao mesmo tempo em que guerras são “incentivadas” para a proteção
econômica de seus povos (o europeu).
Segundo
notícias (e que não são muitas), “A Polícia fez tudo o que pôde, mas os
mineiros disseram que não deixariam o local e que estavam dispostos a
lutar", comentou o ministro da Polícia Sul-africana, o digníssimo senhor
Nathi Mithethwa, sobre um incidente que causou comoção na África do Sul e
evocou a violência do "apartheid" (site de notícias do UOL).
Muitas
questões poderíamos levantar:
O que
dizer a pessoas que afirmam que “estão dispostas a lutar”? “Se estão dispostas
a lutar então iremos reprimir” é a resposta do Estado Sul Africano...
A
“política de contenção de distúrbios” não é novidade na história recente da
humanidade. Aqui, em terras brasileiras, Carajás, Contestado, Manifestação
Estudantes (secundarias ou universitários), trabalhadores diversos sempre são
recebidos por essa “política de contenção de distúrbios” quando se
manifestam... ou quando acreditam que podem lutar e informam que estão
dispostas a isso.
Talvez
por isso a nossa mídia tupiniquim parece tão superficial. Afinal, quando outros
interesses estão em pauta, o uso de imagens “sem confirmação de veracidade”,
pois mesmo sem a certeza da notícia (como acompanhamos, recente e
insistentemente na Síria), ela já ajuda na construção de “pontos de vista”.
Atualmente, o que aconteceu na
África do Sul ganha ares de “impressionalidade”. A Empresa Lonmim (que tem o
nome preservado em alguns sites de notícia) ameaça despedir todos os
trabalhadores se não retornarem às Minas (http://outrapolitica.wordpress.com/2012/08/20/africa-do-sul-depois-das-34-mortes-empresa-ameaca-despedir-todos-os-trabalhadores/#more-34832). Ou seja: trabalhadores que ousaram
enfrentar armas (sem medo de perder a vida), segundo a Lonmim, temerão perder
seus empregos. Ah! E os poucos sites de notícia não diz “quem” na Lonmim fez
essa declaração (se é que isso importa).
Um povo que já experimentou o
Massacre de Shaperville (1960 – 69 mortos a bala e quase duas centenas de
feridos)...
Massacre de Shaperville Fonte: blackpas.org |
Um povo
que já registrou em história – 1976 – recente o Massacre de Soweto (que virou
ponto turístico da Apharteid Copa do Mundo de 2010)...
Um povo
que, agora, experimenta (não por opção de seu povo, mas por determinação de seu
Estado) o Massacre de Marikana (deveria se chamar “Massacre de Lonmim” e que
não mereceu sequer as condolências da Realeza Britânica) continua a ensinar à
humanidade o quanto vale a vida na Sociedade Capitalista.
Mas, a angústia de nosso Circo, de
nossos Artistas e de nosso Público (tenho certeza) é a banalidade com que é
tratado uma notícia assim... Quem é que se está preservando? Quem são os reais
matadores nessa chacina?
Massacre de Soweto Fonte: inminds.com |
Mais ainda: onde queremos estar
agora?
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa aos Mineiros de Marikana!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
É, O HOMEM QUE SE DIZ HUMANO, É O MESMO HOMEM QUE TRUCIDA SEUS SEMELHANTES SEM MOSTRAR UM MÍNIMO DE RANCOR SOBRE TAL FATO, A SABER, UM DOS DOS ATRIBUTOS À QUEM CONSIDERA-SE HUMANO, É QUE O MESMO TENHA SENSIBILIDADE À PIEDADE. ENTÃO SERÁ QUE QUEM ORDENA OU EXECUTA A AÇÃO ESTERMINADORA SOBRE OUTRAS PESSOAS É REALMENTE PASSIVO DE SER CHAMADO HUMANO?
ResponderExcluirPARABÉNS PELA PUBLICAÇÃO PROF. MARCELO RUSSO.
VIDA LONGA AOS MINEIROS DE MARIKANA!
VIDA LONGA AOS INOCENTES DE CARAJÁS!
Salvae, Salve, Camarada Murillo.
ResponderExcluirSeja bem vindo à nossa Lona e nosso Picadeiro.
Sua voz se soma à voz de muitos de nós! E que continuemos a torná-la forte!
Vida Longa!
Abraços
Há braços!