RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Amigos, Amigas, Companheiros, Companheras... Camaradas!


             

                 
 "Por suerte tengo guitarra/
y tambiém tengo mi voz/
tambiém tengo siete hermanos/
fuera del que se engilló:/
todos revolucionários/
con el favor de mi Dios, Si!"
(La Carta - Violeta PArra
por Raíces de América)

            
             Em 20 de julho, celebrou-se o Dia do Amigo (que, claro, é da Amiga, também... e elas são em maior número mundo afora).
            O Universal Circo Crítico estava na estrada neste mês de julho e por isso não fez sua justa homenagem aos seus amigos e amigas, alguns Lutadores/as do Povo, outros/as aprendizes e até aqueles que, sei lá, são simpáticos/as aos Lutadores/as do Povo, nesta data.
            Mas nossa homenagem, mesmo tardia, não é em vão. Afinal, Dia do Amigo (e da Amiga) é todo dia...
            Quem cresceu com amigos a sua volta, seja na rua, seja na escola, seja em família até, sabe que o Dia do Amigo era mais o dia do aniversário de nosso fiel confidente do que o 20 de julho (salvo o caso de seu amigo ou amiga ter nascido em 20 de julho).
            Este humilde e viajante escrevente deste Picadeiro pode se orgulhar: tenho amigos p’ra dedéu! Amigos que foram se consolidando por minhas andanças, algumas delas fixando residência (São Paulo, Pernambuco, Distrito Federal e Pará) e outras andanças propriamente ditas. E foram tantas que tenho amigos até fora do país (ainda que nunca ter saído dele).
            Meus amigos e amigas assim o são mais pelo que aprendi do que pelo que ensinei. E olha que acho que ensinei e ensino todos os dias, mesmo sem perceber.
            Não é uma expressão de humildade apenas, afirmar que aprendi e aprendo mais com meus amigos do que o contrário. É absolutamente meu reconhecimento. Mas reconhecimento parece que soa maio burocrático, né? Então, o que aprendi e aprendo todos os dias com meus amigos e amigas precisa ser dito com as palavras verdadeiras.
            Aprendo todos os dias sobre SAUDADE. E saudade não é posse, não é dor de querer de volta aqueles que estavam comigo em determinado período de minha vida. Saudade é a expressão de lembrar, com inúmeros detalhes, as brincadeiras de/na Rua em São Paulo (morram de inveja, paulistanos de hoje: eu brinquei na rua em Sampa), os longos anos de constantes descobertas no velho Salesiano Santa Terezinha (em tempos de muros mais baixos), as descobertas e brincadeiras no Horto Florestal e no Pinheiral em minha mais ousada infância, as amizades os vinhos e os violões na Serra da Mantiqueira por anos e em Candeias na época de Faculdade (já em Pernambuco e não mais com vinho), as rodas políticas em São Caetano do Sul (uma semana ocupando o prédio da antiga e extinta FEC), o Centro Acadêmico de Educação Física em Pernambuco, os Encontros de Estudantes de Educação Física Brasil afora, a convivência com os Lutadores e Lutadoras do MST em Pernambuco (no Sertão, em Caruaru, nos Encontros de Sem Terrinha em Recife), os anos de alegria e não-alegrias do Círculos Populares de Esporte e Lazer em Recife, o Círculo Operário do Cruzeiro em Brasília e seus maravilhosos artistas e companheiros/as de mesa (os que lá conheci e os que apresentei àquele espaço mágico), as idas e vindas da Família Tró-ló-ló, os amigos que mantenho do dia-a-dia de Brasília, os amigos do Pará quando para essas terras vim e me receberam em suas casas e bares, os meus alunos e ex-alunos da Faculdade de Educação Física e de Letras da UFPA/Castanhal, os compas do MST Cabano, do Movimento Nacional Contra a Regulamentação do Profissional de Educação Física (MNCR)... E aqui iria escrever, escrever, escrever, sem parar, arriscando mais do que já arrisco não citar passagens outras tantas importantes.
À minha constante e feliz saudade, que se faz também como esperança, minha homenagem na voz de Mercedes Sosa: “Gente de mano caliente / Por eso de la amistad/ Con um lloro para llorarlo/ Con un rezo para rezar/ Con un horizonte abierto/ Que siempre esta más allá/ Y esa fuerza pa buscarlo/ Con tezón y voluntad/ Cuando parece más cerca/ Es cuando se aleja más/ Yo tengo tantos hermanos/ Que no los puedo contar/ Y una hermana muy hermosa/ Que se llama libertad”
            Desta saudade, que me traz alegria constante, construí todo o pouco aprendizado de minha vida. E aqui, dois aprendizados, dos mais importantes:
            Primeiro, a TOLERÂNCIA. Tenho muitos amigos não apenas porque os tolero (naquilo que discordo, alguns em forma, outros em conteúdo), mas, e absolutamente principalmente, porque ELES/AS me toleram. Expressão que vai além das diferenças (por exemplo) político-partidárias ou até mesmo de Projeto Histórico. Mas expressão verdadeira da minha capacidade humana de errar, e errar com pessoas imprescindíveis à minha vida, assim como expressão minha a aqueles que erraram. Porque em determinado momento de nossas vidas, simplesmente tínhamos uma leitura das coisas, do tempo, dos sentimentos, do que acontecia, aconteceu ou iria acontecer. E a tolerância se tornou mais do que um sentimento necessário à amizade verdadeira, tornou-se realmente um aprendizado.
            Isso não significa que eu tolere a injustiça, a avareza, a maldade, a exploração, a miséria. Aprendi com a tolerância a até respeitar o que, do ponto de vista deste Picadeiro de Circo e Lona Rasgada, se trata de leituras equivocadas de mundo e de sociedade que faz com que amigos e amigas mundo afora não percebam o que provoca isso entre homens, mulheres e natureza. E a tolerância é, inclusive, pedagógica: seguir com a convicção e a paciência necessárias a formar (em meu próprio processo de formação) Lutadores e Lutadoras do Povo que, assim como nós, não tolerem esses valores.
            Segundo, e talvez o mais importante, o AMOR: numa sociedade em que o preconceito, a homofobia, a intolerância (olha ela aí) racial e sexual – muitas vezes travestidas de vestes cristãs, religiosas – se faz presente dia-a-dia, aprendi e aprendo todos os dias, com meus amigos, a amar. Amar como já nos disse El Comandante Che, como sentimento mais importante de um revolucionário. Mas aprendi a dizer a meus amigos (inclusive os amigos homens) “Eu te amo” e ao aprender a dizer isso sem medo, receio, do fundo do coração, ficou mais claro o quanto precisamos aprender a amar para vencer preconceitos e construir outra sociedade, antagônica a essa que vivemos. Mas amo meus amigos porque aprendi (e continuo) o que significa amar de verdade, sem posse, sem individualismo, sem egoísmo. Amar para a felicidade, a alegria, a humanidade da humanidade. Amor Revolucionário.
            E acima de tudo, aprendi com meus amigos e amigas a tê-los sempre perto: de meu abraço e de meu coração.
            Não importa se passou batido neste Picadeiro e nessa Lona o dia 20 de julho. O dia do Amigo é dia de todos os dias... Todos os dias é 20 de julho... Todo 20 de julho é todos os dias.


               
            Venham Todos meus Amigos!
            Venham Todas minhas Amigas!
            Que bom que vocês existem...

            Vida Longa à nossa amizade!
            Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira

2 comentários:

  1. Pois é meu amigo, palavras sábias estas que compusesse aqui!!! Te amo, bjsss

    Aniele Assis

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  2. Salve, Salve, Aniele, nossa querida Bacana.
    É isso... amor verdadeiro, é amor revolucionario.
    Também te amamos!
    Abraços
    Há braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira