RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O lixo do Lixo eleitoral

 


Ah, o lixo eleitoral...

É uma expressão interessante, pois implica (aparentemente) numa só expressão, constatarmos o sujeito e predicado numa só expressão.

Reconheço, é uma manifestação meio idealista, sob o ponto de vista da crítica filosófica. Quando o predicado vira sujeito, é a expressão clássica do idealismo, em que o produto vira produtor e o produtor (por exemplo, o homem) o produto... Ou seja, Marx me puxaria a orelha.

O lixo eleitoral, no caso, se aplica aqui em duas vertentes:

A primeira, é a qualidade daqueles que se apresentam, quer para o legislativo, quer para o executivo, neste período eleitoral. E não estou dizendo que bons nomes precisam ter “formação superior” ou serem “pessoa pública, empresário conhecido, líder religioso forte” que, simbolicamente, apresentar-se-iam como nomes de qualidade... sérias... de bem...

Não... há um conjunto de “aterros sanitários” entre nomes desta expressão (alguns “políticos profissionais” inclusive).

Falo do lixo eleitoral que, mesmo representando determinadas categorias, sequer tem ideia do desafio, do compromisso e do horizonte (executivo ou legislativo) que precisam cumprir. Veem essa vida como “elevar ganhos” (inclusive com a possibilidade de implantar as “rachadinhas”), patrimônio e até “estabilidade previdenciária” na vida... Não se veem, caso eleitos, como “funcionários da cidade” e de seu povo... Mais ainda, não se veem com a responsabilidade de pensar a vida geral das pessoas. Quando muito, seus guetos eleitorais, transformando pessoas em eternas “agradecidas pelo bem que fizeram no nosso bairro”... e só nele.

É um perfil de lixo, o típico “cândida-lixo”... com fotos em santinhos, com “carreatas”, com “fogos” (que nunca respeitam animais e pessoas que tem medo ou se incomodam com esses barulhos pseudo celebrativos), com abraços (em tempos de pandemia????), com maior ou menor propaganda eleitoral, sejam “os preferidos”, sejam “os laranjas” para cumprir com coeficiente... É o lixo que faz da política essa tarefa filosófica, humana e humanizadora o ato tão ou mais odiado por tanta gente.

Mas tem o outro lixo... o “lixo predicado” que ajuda a revelar o “Lixo sujeito”. Algo como “o lixo do Lixo que é “candidato-lixo”. E, mesmo na singeleza da invasão de nossas casas com santinhos jogados em nossos quintais e garagens (pra não mencionar as ruas), revelam o Lixo.



Esses que jogam esses santinhos são trabalhadores... aquele segmento que sai de casa, vendendo o almoço para comprar o jantar. Que vai atrás do “cadin de real do dia”, para ir levando a vida como podem. Até torcendo por seu candidato, na expectativa de um emprego ou trabalho mais certo (lembrando, claro, do alto risco da rachadinha)... Que andam debaixo do sol, por ruas e ruas e, nestas todas, as travessas e becos... sol-a-sol, com uma única “ordem”: coloquem nossa propaganda nas casas.

Não são orientados ao desafio de parar e conversar com as pessoas, em suas casas, para falar sobre seu candidato e suas propostas... o que daria algum sentido (para além do dez-mil-réis/dia) para esse jogar santinhos nos quintais.

Até porque, o Lixo não tem proposta... é só blá-blá-blá de “pela saúde, educação, segurança pública” (quem em sã consciência iria dizer “é contra a saúde pública, é contra a educação pública”?), com pitadas hipócritas de “pela família e por Deus” (e dizem que é a esquerda a hipócrita).

O Lixo coloca na mão de trabalhadores o seu lixo.

Bom... por aqui, faço, pelo menos, a denúncia dos “sujismundos” que por aqui já passaram...

 


Inclusive da atual gestão... saca a contradição? É responsável pela limpeza urbana, mas suja a casa das pessoas? Complicado, hein?

 


Este picadeiro de terra batida e lona furada de circo... que anda, à bem da verdade, meio que em silêncio ultimamente. Sentimento de nossos artistas nestes tempos apreensivos.

Esse picadeiro nunca se escondeu de suas posições e nunca deixou de tornar público sua escolha e compromisso.

Votamos em Professores... comprometidos com a educação pública, como direito! Comprometidos com os serviços públicos como direito...

Aqui, este picadeiro, é Professor Alacid para prefeito, e Professora Ilmara para Co-prefeita... Somos 50!, em Castanhal.

E somos Mandato Coletivo (50050), como Rubenixson Farias, Marília Sena, Mônica Aleixo e Matheus Lohan para a Câmara de Vereadores...

E, mais ainda... continuaremos com a tarefa histórica de organizar a classe trabalhadora.

Porque eleição não faz revolução!


Venham Todos!

Venham Todas!

 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Professor é agro... o escambal!

Cartilha do ANDES/SN




          Professor é Agro!

Professor é Tech!

Tá no face, tá no insta, tá no wzp...

tá sei lá mais onde... “tua cara!”


 

Já critiquei essa imagenzinha que vinha rolando por aí (figura abaixo), as vezes até “bem intencionada” (e os melhores lugares do inferno estão reservados para os bem intencionados... mas eu não acredito em inferno), mas que mascara a intensificação do trabalho docente, afora as perdas salariais profundas (de quem ainda consegue manter o emprego) e o bota-fora de professores, principalmente das instituições particulares de ensino superior... Nenhuma “celebração” dá conta disso.

 

A bendita... sem assinatura e espalhada nas redes sociais

Sou professor... de formação...

A minha dinâmica era: aula no note (e as vezes tinha que ficar TAMBÉM no celular), novas plataformas para lançar material, questões, tarefas e convocação das aulas remotas. SIGAA, Google-Meet, Classroom e o escambal remoto a quatro... E esses troços nem estão naquela figurinha (pseudo)celebrativa.

A angústia docente de não saber se todos estão ali, na “sala de aula”. Algumas “presenças” em fotos, outras em “letras”... e isso por conta do próprio limite dos/as alunos/as que, ligando suas câmeras, dificulta a tal transmissão de dados. 

– Russo! (Strovézio)

– Diga, meu caro subjetivo-concreto palhaço revolucionário!

– O que preferes: alunos/as que não sabemos que está na “sala” ou alunos “dormindo” na sala, presencialmente!

– Falo até mais baixo, para não acordá-los/as...

– Saquei! 

Soma-se: os livros que ficam à mão (aqui, menos mal... normalmente levava para a sala de aula)... o fichário, sempre utilizado para registros das aulas e encaminhamentos... um quadro branco que consegui desenrolar, mas com limites de espaço de uso, por conta do alcance da câmera no note e do celular.

E, na sequência, uma outra dinâmica (e mais intensificada) de registros das atividades construídas em aula e seus encaminhamentos... por Classrrom, por SIGAA, por wzp e afins... e a gente até registra “fotinha”, para tentar humanizar esse troço. Aparentemente, pelas manifestações de meus/minhas alunos/as, tem funcionado um cadin.

E não somos “dadores de aula” (do verbo “dar aula”). Isso significa que somamos ao trabalho docente:

(i)     orientações de estudantes em seu processo de formação de pesquisadores e pesquisadoras e, neste país, formar pesquisador/a é quase que um ato revolucionário, ante ao desprezo que este governo dá à pesquisa na Universidade Pública;

(ii)    Desenvolvimento de pesquisa, porque na Universidade Pública isso não é uma “vontade” docente... “Ah, tô a fim de pesquisa ou não vou pesquisar nada”... Isso é tarefa do servidor público que se desafia (vivendo e enfrentando a rotina de concursos públicos) a assumir este espaço.

(iii)   Desenvolvimento de atividades de extensão universitária que, em período de pandemia e isolamento social se intensifica tanto quanto obstaculariza-se;

(iv)   E a gente é inxirido! Pois assumimos representação nos conselhos consultivos e deliberativos de uma universidade... assumimos tarefas nas entidades científicas que compomos, pois é este, também, o “outro lugar” da docência no ensino superior público... participamos, ainda que (de novo e mais) remotamente de outros espaços formativos, acadêmico-científicos e suas diferentes tarefas...

 

Fonte: http://www.andes.sindoif.org.br/2020/04/26/trabalho-remoto-e-precarizacao-na-educacao-publica/

Professor é tech, “o escambal”...! Prof. é agro, o escambal elevado à “n” potência. Mera celebração silenciada (ou nem tanto) de um dos setores que mais destrói este país, aliando queimadas e agrotóxicos na produção de alimentos.

 

No final das contas nos deparamos com consequências outras, com singularidades diferentes. As minhas são:

1.      Processo intenso de problemas nas costas e na coluna, com a intensificação de lesões espalhadas, ainda que tratáveis;

2.      Um gancho de 10 dias, que significa “evite ficar sentado”... 10 dias com aulas interrompidas, com orientações interrompidas, com pesquisa interrompida e com extensão interrompida... e se as atividades de participação em conselhos, entidades científicas e afins que adentram nestes 10 dias...

3.      E quem disse que a gente cumpre esses 10 dias?

4.      E soma-se com o aumento na conta de energia, mais os agora gastos com consultas, exames, medicação e fisioterapia (... é, estou entre aquele número de brasileiros que não tem plano de saúde e torce para que a vida siga tranquila);

5.      E o que normalmente acontece com o trabalhador da educação neste país: após os 10 dias, repor atividades.

 

Fonte: https://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/

Querem celebrar o professor neste país?

Façam, por favor, melhor do que essas celebrações meia patacas.

 

Venham Todos!

Venham Todas!


PS.: Nestas próximas eleições municipais, tentem escolher, pelo menos, candidatos verdadeiramente (não por discurso, mas por história) comprometidos com a educação pública, laica, de qualidade e referenciada nas demandas da classe trabalhadora, tá? Tem dúvida? Dá um oi, que a gente dá uma dica.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Dia do/a Professor/a


"Se não morre

aquele que escreve

um livro e planta uma árvore,

com mais razão

não morre o educador

que semeia vida

e escreve na alma"

(Bertolt Brecht)

            Não é apenas por reconhecer que nenhum lugar do mundo faz sentido sem a docência, sem o ato educativo, sem o processo de ensinar e aprender, sem a formação sistematizada (seja lá qual forma for estabelecida essa sistematização).

            Não é apenas por uma conveniência de data (o 15 de outubro), já consagrada e oficialmente estabelecida no imaginário celebrativo brasileiro.

            Não é apenas por expressar chavões como “todo profissional, todo político, toda pessoa humana precisou de um professor”

            Não é por nada disso e por uma outra tuia de “não é apenas por...”



            Ser, fazer, viver, resistir a/na docência, esse ato que traduz o que significa a palavra-sujeito “professor”, em tempos atuais tem sido ato de luta.

            Lutamos para mostrar à sociedade que a Universidade Pública não é inimiga do país...

            Lutamos para mostrar à sociedade que o/a professor/a não é inimiga da família...

            Lutamos para sermos professores/as cada vez melhores, presencialmente...

            Lutamos para mostrar que não somos “prof pop, prof agro, prof tech e prof aquilo-outro” só porque estamos no Youtube, no Instagram, no “Zapzap” e afins...

            Lutamos para mostrar que o mundo precisa sobreviver à destruição que o Capital está proporcionando ao mundo e à humanidade.

            Lutamos para provar que não há neutralidade no ato pedagógico... mas que também não há intolerância ao diferente...

E fazemos da luta nosso ato pedagógico.



            Sou professor... e como a absoluta maioria de meus colegas de categoria, banco, invisto, pago do meu salário os materiais de meu trabalho.

            Sou professor e tenho posição política, pedagógica, científica ante ao que vivemos... mas mais ainda diante do que necessitamos (re)construir.

            O que me faz ser professor é ainda acreditar (por mais que às vezes seja empurrado a desistir) no horizonte de humanidade que persigo. Porque ela, a humanidade, é necessária.

            Sou professor!

– Ei, Russo (Strovézio)...

– Diz aí, meu palhaço revoluça!

– Bota aí uma fotinha de seu “quadro branco” em tempos de aula remota, bota?

– Lá vai!

 

Primeira aula "remota-síncrona" de uma turma de Metodologia Científica

Venham Todos!

Venham Todas!

Viva o 15 de outubro!

sábado, 5 de setembro de 2020

Carta a um "nem tanto assim" amigo...


Prezado senhor Caio Mário Paes de Andrade

Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital

Ministério da Economia

Brasília – DF

 

Saudações.

 

            Recebi (e acredito que o enorme conjunto de servidores públicos deste país também) a sua Carta sobre a EC que define as diretrizes da Reforma Administrativa que vocês (sob a batuta deste presidente Mequetrefe e de seu “banqueiro-ministro” especulador) encaminharam ao Congresso, no dia 3 de setembro.

            Penso ser educado responder à sua carta, como era ato comum quando ainda não tínhamos e-mail, zapzap, feicebuque e todo esse escambal tecnológico de relações mais ou menos sociais. Falo, obviamente, dos tempos de caneta em punho, envelopes com bordas verde-amarelo e a língua no selo (que sempre ia para coleções singulares).

            Isso em registro, gostaria de tecer alguns pequenos comentários sobre suas primeiras palavras:

 

1.      É interessante o uso da expressão “Nova Administração Pública”, como se fosse um eco que insiste martelar nossos ouvidos, como a dizer “acabou a velha política”. Um governo “novo” que nascia velho (e, claro, todo meu respeito aos idosos deste país) e que aprofunda a tal “velha política” do toma-lá-da-cá... é curioso que seu chefe tenha que recompor sua base legislativa alinhando-se com as velhas raposas políticas (vulgo “centrão”) para, assim, ganhar fôlego nas propostas que vocês apresentam... essa, inclusive;

2.      A segunda expressão interessante é a preocupação com a população... “E daí?” para 10 mil mortes e “vida que segue” para 100 mil mortes por COVID-19 e a proposta de 200 reais de auxilio emergencial (ou seja, os 600 nunca foi a proposta de vocês) são dois bons exemplos de como que a tal “preocupação com a população” é só discurso... adoram taxar livros (obstacularizando-os ainda mais à periferia) mas não tocam numa sombra de pena dos ricos não taxados... é hipocrisia que chama, né?

3.      Coragem para enfrentar grandes temas... Cês tão de brincadeira, né? Nem COVID (grande pandemia), nem ricos (grandes riquezas), nem Bancos (grandes especuladores) cês conseguem (não querem, na verdade) enfrentar e vem colocar no colo dos trabalhadores públicos deste país que nós somos os grandes temas a serem enfrentados? Coragem para um caminho da prosperidade de um governo que quer vender tudo? Até a Amazônia (papinho do seu presidente com Al Gore, alguns meses atrás) cês entregam, inclusive ao garimpo ilegal... Valei-me, visse?

 

– E o piadista sem graça é tu, né Russo? (Strovézio)

– É que normalmente tenho que explicar a piada... e a explico. Já isso daí...?

– Apois... os grandes magistrados, os grandes militares, os “auxílios paletós” não fazem nem cócegas nesta reforma.

– Estranho conceito de “grandes temas”, Strovézio...

 

4.       Daí, fico a pensar: quem “amarra” o serviço público? O seu colega do Meio Ambiente, que avisa criminosos garimpeiros que serão “pegos na botija” e depois se reúne com eles em Brasília e carona com a FAB? Ou talvez o “foragido de estado” Ex-ministro da Educação que não conseguiu executar dois dígitos percentuais de seu orçamento de 2019 na educação básica? Foram as amarras o seu obstáculo? São os trabalhadores das agências da previdência, cada vez mais sucateadas, que travam o cuidado com a saúde previdenciária deste país? Ah, e enquanto Educação for direito (não plenamente mercadoria), todos os caminhos necessários para seu bom desenvolvimento estarão comprometidos?... Os interesses materiais, financeiros, capitais de fato não fazem nada... nadinha... cut-cut no Estado? 

Tem outras expressões aqui que gostaria de desenvolver mais, mas uma carta não pode ficar muito longa. Eu não vejo problema nisso, mas vai saber se tu tens disposição, né? É a primeira vez que trocamos correspondência, então, nem nos sabemos ainda.

Também achei curioso os tais “quatro princípios centrais”: 

1) Foco em Servir: consciência de que a razão de existir do governo é servir à população – já comentei, e não cola, né, Secretário?

2) Valorização dos Servidores: reconhecimento justo, com foco no seu desenvolvimento efetivo: congelamento de salários hoje (para até 2021) e com uma PEC que em 2016 já trancou por 20 anos qualquer investimento no desenvolvimento público. Que valorização é essa dos servidores? Esse governo que, inclusive, elaborou dossiê “fora da lei” e persegue servidores (inclusive dentro dos ministérios) por suas posições político-ideológicas (garantias constitucionais), quer valorizar quem? Os seus ideólogos a la Olavão?



3) Agilidade e Inovação: gestão de pessoas adaptável e conectada com as melhores práticas mundiais: essa, até agora, nunca verdadeiramente estabelecida. Não somos, de longe, o Estado que mais tem servidores públicos e sua carta nem descreve, com clareza e objetividade, quais são as “práticas mundiais” a que se refere. Até pra gente saber, sabe? E entender o comparativo.

4) Eficiência e Racionalidade: atingir melhores resultados, em menos tempo e custando menos... ah, secretário. Esse blá-blá-blá de “fazer mais, com menos dinheiro” sempre, sempre recai sobre o mais lascado. Receita velha para dizer “vamos nos dedicar”, enquanto ricos ficam mais ricos, bancos ganham mais dinheiro, e o Mercado (os grandes, porque os pequenos seu chefe já disse em reunião ministerial que não tá nem aí) sempre ditando que “fico com os anéis, vocês com os próprios dedos”. 

Bom... tu sabes, né? Se mandou carta pra mim, tu me conhece: as palavras precisam ser claras e objetivas, ser concretas, sem enrolação... É assim que faço pesquisa, é assim que ministro minhas aulas, é assim que oriento meus alunos, sem embromar. Sei que tem uns que passaram no governo, que inventaram títulos (até apelaram para a igreja para dizer que são mestres), mascararam-se de pesquisadores... mas sabes que isso, comigo, não rola. Então, se puderes dar mais clareza a esses princípios, seus parâmetros, suas raízes etimológicas, epistemológicas, gnosiológicas e ontológicas, fico muito agradecido, visse? 

Outra coisa que eu gostaria de entender é se tu achas que eu não quero ver o Brasil avançar e nossa gente prosperar, sabe? É que, sei lá... ficou estranho esse seu comentário sobre a proposta ter sido construída por servidores (aparentemente apenas servidores) e ninguém contestar, por exemplo, essa mania de calcular os nossos salários dizendo que ganhamos mais do que o setor privado e nunca denunciar o setor privado por pagar mal... e porcamente. Só para trazer uma referência (aquilo que faltou nos seus quatro princípios). Mas pior, tipo FEIO-MESMO é deixar de dizer sobre os setores privados (inclusive a Globo, que seu chefão não gosta muito) que estão juntinhos nesta onda de vocês, deixar de registrar o quanto que eles dão ideias (e cartas) para que essa proposta seja construída... francamente! Deixar de dizer a verdade também é mentira, visse? Vai cuidando, seu menino. 

Mas, ó... uma das partes mais legais da sua carta foi essa: “Nas próximas semanas, a proposta será debatida no Congresso e todo esforço será feito para que as informações circulem e as conversas avancem”... Olha, se eu não conhecesse as tramas e arti-tramas das relações políticas do congresso, a relação com o centrão e coisa e tal, já estaria achando que vocês fariam Audiências Públicas, debates no Congresso com vários representantes da sociedade, pesquisadores vários (não apenas os seus economistas do Instituto Lemann)... foi bem engraçada essa parte, visse? Kkkk 

Por fim, prezado secretário, um registro: o fato de esta tosca proposta não atingir os atuais funcionários públicos deste país não quer dizer que eu fique no “ah, tudo bem então... tá firme!”... Solidariedade aqui é diferente das que vocês estabelecem... Vocês, claro, porque tem um “líder que todos seguem” (palavras do Mequetrefe, visse? Cobra dele) e fala por vocês quando ataca imprensa, quanto ataca Universidades, quando ataca “professores que querem destruir a família” e por aí vai... eu me solidarizo com quem quer vir ao serviço público dar sua parcela de trabalho e contribuição para a construção deste país...

Cês bem que poderiam ter coragem de partir pra cima dos grandes ricos, né? Vai lá, taxa as fortunas deles... Vai dizer que não tez as contas e viu que vale a pena?

Sim, fiquei curioso: essa tal secretaria de desburocratização, gestão e “Governo Digital”... é daí que se faz a gestão daquele tal gabinete do ódio do presidente? Juro que pensei que era uma salinha ao lado da sala dele, tu acredita? 

            Por fim, meu caro Caio, aproveitando que tu és o cara da desburocratização e das ondas digitais e tals, poderia me dizer por que o Queiroz depositou 89 mil reais na conta da Michele Bolsonaro?

 


            E tu já fostes a um mercado patriota? Depois me indica tá?

 

            Abraço mais ou menos fraterno.

 

            Russo 

  PS.: as imagens vieram do bom e velho "pesquisar no google". Se houver problema no uso de alguma, peço desculpas e as retiro se for o caso.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Ah, se Fôssemos uma empresa... (a Universidade)

Se a Universidade fosse uma empresa...



... certamente muitos dos alunos que hoje vivem nesta universidade não estariam nela... mesmo em tempos de pandemia e de desmotivação que este período vem causando.

... bem possivelmente, o orgulho de dizer “sou da UFPA” (por exemplo) seria diferente, porque se fosse uma empresa, só estaria estudando nela pagando uma gorda mensalidade... e ainda faria propaganda de graça para a empresa.

... não duvida-se que o ensino seria cada vez mais “à distância”, pois sendo uma empresa, diminuir custos não seria uma mera questão de “boa gestão”... mas, pelo contrário, de gestão de lucros.

... os docentes? Ah, se fôssemos uma empresa, o processo seletivo talvez fosse menos transparente. Acho até que alguns achariam, também, menos “desgastante”, bastando uns bons vídeos de ‘como se comportar em entrevistas” e respondendo o que querem ouvir – não a sua opinião concreta e verdadeira – para se prepararem.

... ProfessorAs (isso, AS professoras) certamente seriam em menor número... Negras, indígenas, LGBTQI+ então, não teriam as mesmas condições de disputar uma vaga docente. Podem até dizer “os tempos são outros”... mas todos os dias os exemplos de todas as formas de segregação, opressão, violência e discriminação por gênero, raça e orientação sexual saltam à nossa frente, e não são “casos isolados”... é estrutural.

... e a pesquisa? Se fôssemos uma empresa, que pesquisas essa universidade desenvolveria? Identidade do Professor? Estudos Feministas... ou Marxistas? Hanseníase nos rincões perdidos mundo afora? Síndrome de Burnout? Idosos... alguns até teriam chance: se valessem a pena do ponto de vista “o que a empresa ganha com isso?”... mesmo que apenas na “boa imagem” (em tempos de “Solidariedade S.A.” talvez rolasse), um marketing bacana. Que pena depender de marketing para pesquisas tão importantes.

... e os/as pesquisadores/as? Ah, não é apenas a “pesquisa” que interessaria ou não à “empresa”... não duvido nada, mas certamente, a empresa diria: “queres pesquisar? Fique a vontade... mas fora do seu horário de trabalho”... e, portanto, fora da folha de pagamento.

Aulas?

Olha, te aguenta, porque (para ser bonzinho) a empresa colocaria 80 alunos/as na sua sala... por baixo. Mas tudo bem, porque se fôssemos uma empresa, já teríamos “robôs” para corrigir provas e o seu papel docente seria algo como “tutor”... nome bonito para aquela pessoa que aperta o play da vídeo-aula do dia (ou da noite).

– Mas eu vou ser o autor da vídeo-aula!!!! (dirá, feliz, o docente da empresa).

– É... legal... apois... então te joga (Strovézio)

– Salve Strovézio... quanto tempo, não?

– Tava numas palhaçadas remotas aqui, resolvi não seguir.

– Apois...

 


Ah... e se fôssemos uma empresa, seria melhor se acostumar com o “elogio reverso”. Saca, aquele lance de “você é bom demais para nós”? Típico das empresas que já conhecemos, neste ramo do mercado educacional do ensino superior (igual aos demais) que demitem doutores e contratam animados e entusiasmados recém-formados para dar aula? Claro, não coloco em dúvida ou em xeque a disposição e disciplina destes últimos... mas a intenção da empresa e o quanto ela quer investir (e lucrar) em seu quadro docente.

Aliás, se fôssemos uma empresa, teríamos a possibilidade de “escolher” entre dois ou três patrões no máximo... e nenhum destes patrões entende de Educação e Pesquisa... Só de mercado financeiro, especulação, gestão de lucros... Kroton, BR Investimentos, GP Investimentos, seus verdadeiros nomes.

Então... se fôssemos uma empresa, tudo que docentes pesquisadores poderiam ficar desencanados, despreocupados seria, justamente, sobre educação e pesquisa.

Se fôssemos uma empresa? Nada de reunião de docentes em colegiado... nada de assembleia de estudantes... pode esquecer. Teria lá um “ombudsman”, que é tipo “sindicato que combina com o patrão primeiro”.

Liberdade de cátedra? De associação institucional?

Direito a participar de eventos científicos? Oras... se hoje já pagamos, olha, não duvido nada você ter que pagar à empresa pelas horas que ficarás fora nestes eventos, visse?

Se fôssemos uma empresa...

Docentes demitidos ou perseguidos por ousarem serem “cientistas mulheres”... Isso mesmo: se em concursos públicos as cientistas mulheres precisa “enfrentar” bancas machistas, colonizadores e o escambal.. porque se fôssemos uma empresa, “cientistas mulheres” são perigosas demais. O padrão “30%” já está mais do que suficiente para ela.



E também seriam (seríamos) demitidos por ousarem serem “críticos”... por ousarem em inscrever-se em associações que vão na contramão do que o “dono da empresa” determina. Tipo uma Havan do mercado educacional.

Aff...

Como se nós tivéssemos (com algumas “tradicionais” e parciais e muito ímpares exceções) exemplos de um desenvolvimento comprometido com a melhoria da qualidade de vida da população vindo das instituições privadas de ensino superior

Ah, se fôssemos uma empresa...

O problema não é o público, em si... não é a Instituição do estado (que está no olho do furacão do acordo imprensa-governo sobre a reforma administrativa e sua métrica de mão única) que incomoda o “ah, se fôssemos uma empresa”.

É a vontade de mais poder que orienta esse lamento geral liberal de “pena não sermos uma empresa”.

A luta realmente não é fácil, quando ela precisa ser travada também dentro da instituição que defendemos.

Mas não seremos derrotados pelos desejos escondidos do capital educacional... e nem do Capital mundial.

A Luta é dura... mas ainda vale a pena!

 


Venham Todos!

Venham Todas! 


PS. Imagens captados na boa e velha pesquisa no Google.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Imprensa comunista... uma ova!

"A desvalorização do mundo humano

aumenta em proporção direta

com a valorização do mundo das coisas"

(Karl Marx)


Ontem (10 de agosto), o JN, sempre mantendo o compromisso de bater no Mequetrefe e no conjunto, defender a política macro-econômica do PG (afora as cutucadas à falta de apoio aos micro e pequenos empresários, deixados à mingua no Sistema Bancário brasileiro, que só quer “ganhar com as crises”), deu-nos mais uma prova do lugar em que sempre esteve, está e continuará atuando.          

Em matéria longa, “descontextualizada” (e repetida), votou a atacar o serviço público brasileiro... Aliás, voltou a atacar TRABALHADORES e TRABALHADORAS públicos/as. Com informações superficiais e sem qualquer método científico concreto (a mesma ciência que defendem acerca do covid-19, aliás) e sempre insistindo na métrica superficial... É investir na “aparência” para atacar o conteúdo.

É como, e também testemunhamos isso todos os dias, as matérias em que denuncia o governo mequetrefe brasileiro ante a política ambiental (principalmente no tema das queimadas de florestas, cerrado e pantanal, destruição de reservas ambientais e afins) e, “no mesmo quadro jornalístico”, celebra a supersafra das monoculturas latifundiárias (soja e milho – que exportam “alimento” e trazem ‘dólares”... só não para o povo trabalhador brasileiro) que, no final ao cabo, atuam e celebram o fim das reservas ambientais, indígenas e quilombolas no país.


No caso da matéria de ontem, a defesa da necessidade do governo federal (em particular, o posto Ypiranga, senhor Paulo Guedes, representante do sistema financeiro internacional) avançar por dentro do congresso (sobretudo com o apoio do tal “centrão” – velhas raposas da política brasileira que o mequetrefe disse que não teria espaço em seu governo) com a tal reforma administrativa. E esta reforma tem um único sujeito no alvo: o servidor público.

Questões simples, mas suficientes, para construir-se uma opinião pública.

Os “especialistas” que eram convidados a se manifestar sobre o tema eram representantes do Instituto Millenium que, em síntese, tenta convencer que é preciso diminuir o papel do Estado para “aumentar” a qualidade dos serviços públicos, uma espécie de “reforma administrativa do bem”. Típico do pensamento (neo)liberal, que tenta explicar o concreto por idealismos político-econômicos. A ideia econômica tentando determinar a vida concreta. Não é novidade, apenas estão tentando melhorar a maquiagem em tempos de pandemia.

Para além disso, alguns pontos chamam (de novo) a atenção:


1.    Informar o valor dos salários de funcionários públicos, dizendo que são maiores do que os mesmos trabalhadores no setor privado. Em outras palavras: eu, docente de ensino superior público federal, ganho mais do que um docente de ensino superior no setor privado... E a culpa é o serviço público pagar “mais” e não o serviço privado pagar “menos”;

2.    A escrotice desta conta se revela quando a matéria do JN não deixa claro, por exemplo, quanto dos salários de servidores públicas da saúde e educação estão nos percentuais indicados de saúde e educação no país. Tenta mostrar que o país gasta mais com salários do que com serviços, quando estão incontestemente vinculados;

3.    Sequer menciona o quanto que o governo deixou de garantir em educação e saúde públicas. Por exemplo, o MEC, em 2019, executou menos de 10% do previsto para a educação básica e o SUS (até o início da pandemia, quando tiraram o pé do acelerador) vem sendo atacado e destruído há décadas, destruição essa capitaneada pelos setores privados da saúde, sobretudo os Planos de Saúde... que pagam mal seus “colaboradores”.

4.    Aprofunda a sujeira (ó, imprensa comunista) quando sequer comenta que os serviços públicos de saúde e educação são realizados por... funcionários públicos da saúde e da educação;

5.    E reitere-se: ao invés de expor que o serviço privado paga menos, paga mal, e não cuida de seus trabalhadores, tenta afirmar que somos, servidores púbicos, ricos boçais cheios de dinheiro e nenhum trabalho;

6.    O servidor público, no campo da educação, paga por seus materiais didáticos... todos eles: xerox e impressão de textos e avaliações que realizo; as entidades científicas (e até as publicações, em alguns casos) às quais me filio; os eventos científicos os quais participo (inclusive passagens e hospedagens); as obras (livros) que necessitamos adquirir para sempre atualizarmos nossos alunos sobre o tema que desenvolvemos... Temos que tocar, além da sala de aula, atividades de pesquisa e de extensão. Não são 40 horas... são bem mais do que isso.

7.    Os professores no campo da educação privada, que tenham essa mesma demanda (em que pese certamente desestimulados a desenvolverem pesquisa e extensão, bem como não melhorar a titulação – professor titulado no serviço privado é professor demitido) são profundamente mais explorados, as vezes trabalhando em “prédios” diferentes e distantes, bancando a própria gasolina para dar conta de suas aulas;

8.    Em síntese: O salário do servidor público é usado para o mesmo desenvolver suas atividades.


Em tempos em que o JN fica mostrando matérias de (valiosos) professores que superam tudo para garantir que seu trabalho docente chegue aos seus alunos – matérias à bem da verdade de um “romantismo” tosco e desonesto sobre a tarefa de ensinar em um país governado pela não-ciência e pela auto-verdade – desvalorizar os trabalhadores da educação pública brasileira, de maneira a coloca-los como “inimigos do país” é, no final ao cabo, não apenas um atestado de cumplicidade com a política econômica do Mequetrefe e seus ministros palacianos... é cumplicidade com o processo de colocar a educação pública como obstáculo para que a população tenha garantido seu direito à educação.

Não á poço neste fundo em que estamos sendo levado.

Venham Todos!

Venham Todas!...

... porque precisaremos de todo mundo!