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Cartilha do ANDES/SN |
Professor é Agro!
Professor
é Tech!
Tá
no face, tá no insta, tá no wzp...
tá
sei lá mais onde... “tua cara!”
Já
critiquei essa imagenzinha que vinha rolando por aí (figura abaixo), as vezes até “bem intencionada”
(e os melhores lugares do inferno estão reservados para os bem intencionados...
mas eu não acredito em inferno), mas que mascara a intensificação do trabalho
docente, afora as perdas salariais profundas (de quem ainda consegue manter o
emprego) e o bota-fora de professores, principalmente das instituições
particulares de ensino superior... Nenhuma “celebração” dá conta disso.
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A bendita... sem assinatura e espalhada nas redes sociais |
Sou
professor... de formação...
A
minha dinâmica era: aula no note (e as vezes tinha que ficar TAMBÉM no
celular), novas plataformas para lançar material, questões, tarefas e
convocação das aulas remotas. SIGAA, Google-Meet, Classroom e o escambal remoto
a quatro... E esses troços nem estão naquela figurinha (pseudo)celebrativa.
A angústia docente de não saber se todos estão ali, na “sala de aula”. Algumas “presenças” em fotos, outras em “letras”... e isso por conta do próprio limite dos/as alunos/as que, ligando suas câmeras, dificulta a tal transmissão de dados.
–
Russo! (Strovézio)
–
Diga, meu caro subjetivo-concreto palhaço revolucionário!
–
O que preferes: alunos/as que não sabemos que está na “sala” ou alunos “dormindo”
na sala, presencialmente!
–
Falo até mais baixo, para não acordá-los/as...
– Saquei!
Soma-se:
os livros que ficam à mão (aqui, menos mal... normalmente levava para a sala de
aula)... o fichário, sempre utilizado para registros das aulas e encaminhamentos...
um quadro branco que consegui desenrolar, mas com limites de espaço de uso, por
conta do alcance da câmera no note e do celular.
E,
na sequência, uma outra dinâmica (e mais intensificada) de registros das atividades
construídas em aula e seus encaminhamentos... por Classrrom, por SIGAA, por wzp
e afins... e a gente até registra “fotinha”, para tentar humanizar esse troço.
Aparentemente, pelas manifestações de meus/minhas alunos/as, tem funcionado um
cadin.
E
não somos “dadores de aula” (do verbo “dar aula”). Isso significa que somamos
ao trabalho docente:
(i) orientações de estudantes
em seu processo de formação de pesquisadores e pesquisadoras e, neste país,
formar pesquisador/a é quase que um ato revolucionário, ante ao desprezo que
este governo dá à pesquisa na Universidade Pública;
(ii) Desenvolvimento de
pesquisa, porque na Universidade Pública isso não é uma “vontade” docente... “Ah,
tô a fim de pesquisa ou não vou pesquisar nada”... Isso é tarefa do servidor
público que se desafia (vivendo e enfrentando a rotina de concursos públicos) a
assumir este espaço.
(iii) Desenvolvimento de
atividades de extensão universitária que, em período de pandemia e isolamento
social se intensifica tanto quanto obstaculariza-se;
(iv) E a gente é inxirido!
Pois assumimos representação nos conselhos consultivos e deliberativos de uma
universidade... assumimos tarefas nas entidades científicas que compomos, pois
é este, também, o “outro lugar” da docência no ensino superior público...
participamos, ainda que (de novo e mais) remotamente de outros espaços formativos,
acadêmico-científicos e suas diferentes tarefas...
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Fonte: http://www.andes.sindoif.org.br/2020/04/26/trabalho-remoto-e-precarizacao-na-educacao-publica/ |
Professor
é tech, “o escambal”...! Prof. é agro, o escambal elevado à “n” potência. Mera celebração
silenciada (ou nem tanto) de um dos setores que mais destrói este país, aliando
queimadas e agrotóxicos na produção de alimentos.
No
final das contas nos deparamos com consequências outras, com singularidades
diferentes. As minhas são:
1. Processo intenso de
problemas nas costas e na coluna, com a intensificação de lesões espalhadas, ainda
que tratáveis;
2. Um gancho de 10 dias, que
significa “evite ficar sentado”... 10 dias com aulas interrompidas, com orientações
interrompidas, com pesquisa interrompida e com extensão interrompida... e se as
atividades de participação em conselhos, entidades científicas e afins que
adentram nestes 10 dias...
3. E quem disse que a
gente cumpre esses 10 dias?
4. E soma-se com o aumento
na conta de energia, mais os agora gastos com consultas, exames, medicação e fisioterapia
(... é, estou entre aquele número de brasileiros que não tem plano de saúde e
torce para que a vida siga tranquila);
5. E o que normalmente
acontece com o trabalhador da educação neste país: após os 10 dias, repor
atividades.
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Fonte: https://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/ |
Querem celebrar o professor neste país?
Façam, por favor, melhor do que essas celebrações
meia patacas.
Venham Todos!
Venham Todas!
PS.: Nestas próximas eleições municipais, tentem escolher, pelo menos, candidatos verdadeiramente (não por discurso, mas por história) comprometidos com a educação pública, laica, de qualidade e referenciada nas demandas da classe trabalhadora, tá? Tem dúvida? Dá um oi, que a gente dá uma dica.
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