Por aqui, penso que todos sabem, esse humilde apresentador
é Ateu. E sempre gosto de destacar que o que conduz um Ateu são seus valores, e
não a vontade de ir para o Céu ou o medo de ir para o Inferno quando chegarmos
ao velho conhecido “desta para melhor”.
Recentemente, em espaços de “redes sociais” (sociais pero
no mucho, afinal, não saboreiam
juntos, o riso, a voz, o vinho ou a cachaça...), uma amiga postou um diálogo de
um jornalista com José Saramago (autor, dentre outros preciosidades – leitura
obrigatória para Ateus e Cristãos, pelo menos – de “O Evangelho Segundo Jesus
Cristo”). Era-lhe perguntado algo como “como
podem os homens ser bons sem Deus?”, no que o saudoso escritor português
respondia “como o podem, com Deus, serem
tão maus?”...
Diálogo claro, preciso, mas que sempre vem acompanhado de
comentários do tipo “na hora da morte, aí sim, lembra-se de Deus” e tals...
Parece-me, e creio que já refletimos isso anteriormente,
que há sempre uma manifesta “punição” das pessoas – talvez em nome do Altíssimo
– aos pagãos e aos Ateus. Isso acontece, nem esquento. Se for oportuno, faço
uma explicação clara, simples e objetiva. Se não, sigo a vida.
Mas, ainda que a siga, é como – para entrar no fio da
viagem – testemunhar o punir pessoas pelas decisões políticas e pelo time que
escolheu torcer. Se meu político é ladrão, sou punido por ter votado nele (é a
mais nova vinheta do Superior Tribunal Eleitoral)... Se a torcida de meu time é
violenta, também sou violento e preciso ser punido (isso, sem falar no racismo
manifesto em torcidas mundo afora). Se sou Ateu, não tenho Deus no coração
(óbvio) e, portanto, sou capaz de cometer as barbaridades mais profundas da
alma (???) humana e, assim sendo, preciso ser punido.
Daí, entramos em uma situação que já vivenciamos em 2010
no processo eleitoral brasileiro e que agora toma a forma mais profunda e forte
(e as pessoas acreditam nela): a de que para ser um bom governante, senador ou
deputado, a veste cristã é mais do que imprescindível... é obrigatória. Não
afirmar em campanha que é temente a Deus e não ser reconhecido como
homem/mulher de bem. É quase que dizer que a política está, como bem queriam os
líderes religiosos mais conservadores e reacionários, refém da religião (mas
eles mesmos criticam o islamismo, por exemplo).
Da mesma forma o esporte: ser atleta e não agradecer ao
altíssimo a conquista, é injúria. Se venceu, ganhou o jogo, fez o gol, foi
campeão, não foi rebaixado etc., parece-me parecido com a providência divina
que Marina Silva mencionou por não ter embarcado no voo que ceifou a vida de
Eduardo Campos. Escolhe-se quem é campeão e quem não é da mesma maneira que
escolhe-se quem entra num avião que vai cair e quem não entra.
Bom... Política, Futebol e Religião se discute, mas não
necessariamente se misturam.
São reflexões iniciais de uma lona que ainda esta se “desabarrotando”... Por hora, apenas ratifico uma reflexão "googleiana": "a religião aliada à política é arma perfeita para escravizar..." (deixei-a incompleta mesmo).
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
PS.: Enquanto escrevíamos essa reflexão, soubemos do assassinato de João Antonio Donati, 18 anos, na região metropolitana de Goiânia/GO... mais um jovem homossexual assassinado simplesmente por ser o que é...
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Marcelo "Russo" Ferreira