“Seu dotô uma
esmola.
a um pobre que é
são.
ou me mata de
vergonha.
ou vicia um
cidadão”
(Gonzaguinha)
Imaginem... não sonhem, apenas imaginem... (os Paraenses, eu sei, irão imaginar na pele). O horário, o dia e coisas assim, pontuais, podem modificar-se na sua imaginação.
Tarde de
domingo. Um domingo de sol e que foi “convocando” uma chuva. Em frente de casa,
você e seus amigos e amigas, celebrando a vida, a amizade, as lutas e os
aprendizados.
A chuva
vem, torrencial e deliciosa. Ninguém resiste. “Todos à chuva”, grita o
primeiro... “Vamos todos!”, gritam os demais (parece Saltimbancos). E se deliciam sem parar, até a
chuva acabar, ou até que venha a próxima.
Mas, de
repente, como que denunciados de um crime bárbaro, aproximam-se carros de
polícia, a toda velocidade e anunciam, com voz de prisão:
– Vocês estão todos presos por uso de bem
privado!
...

Já vimos
uma tuia de reportagens falando que chegaremos a um tempo em que as guerras mundo
afora não serão por Petróleo (como é no Oriente Médio, mas que também sobre com
a falta física de água), mas, sim, por água, esse bem que cerca de 1 bilhão de
pessoas mundo afora sequer tem acesso (falo da potável, evidentemente) e quase
metade da população mundial não tem sequer para a higiene pessoal (ir ao
banheiro, por exemplo).
Mas entre
1999 e 2000, aqui, no país camarada boliviano, esse confronto, nas ruas,
aconteceu. E o pior: o Estado boliviano colocou sua polícia para defender os
interesses da empresa americana Bechtel que, além de ter um contrato proposto
pela Prefeitura de Cochabamba para administrar a água naquela região, fez
exatamente o que nosso convite à imaginação acima propôs: privatizou a água das
chuvas, de maneira que o Estado Boliviano à época baixou uma Lei taxando de
crime o armazenamento de água da chuva... Portanto, o seu uso, até para banhos.
O Povo
se revoltou e durante alguns meses resistiu a permanência da Bechtel (que foi
expulsa de solo boliviano) e o Estado retomou a administração do serviço de
águas do país. Mas isso não significa vitória .
Então
vejamos:
Lisboa,
Portugal, Europa (aquele continente que está falindo, de país em país): o Ministro
de Estado e de Negócios Estrangeiros de Portugal (sacou? Ministro de Negócios
Estrangeiros???) confirmou, no último dia 05 de setembro, a privatização da
água no país em 2013.., entenda-se, “privatização dos jazigos de água e sua
distribuição”.
E o
processo de privatização será o estilo Leilão, tão bem conhecido de todos nós: a
melhor proposta leva.
Dizem
que é para combater a corrupção do serviço público. Mas, cá p’ra nós, quem acha
que as empresas interessadas neste filão de ouro que é a privatização das águas
não irão maracutear esse leilão, para baixar o preço final (como foi na Vale do
Rio Doce, aqui no Brasil) e comprar um bem natural e de uso contínuo por uma pechincha?
E as Leis que se seguirão (como tentaram na Bolívia) para garantir os lucros da
Empresa vencedora?
Honduras,
América Central: o Presidente Porfirio Lobo aprova a privatização de três
cidades hondurenhas, co agentes de segurança, sistema tributário e legislação
própria, aberta a investimentos (evidentemente, de fora do país). Assim, as
administrações destas cidades poderão ratificar tratados internacionais (ou
não, como os de Direitos Humanos) e, também, estabelecer sua própria política
imigratória.
Em síntese:
seus cidadãos (se é que são) passaram a ser clientes ou funcionários. E os
funcionários demitidos, para evitar a pobreza dentro da empresa, ops!, quer dizer,
dentro da cidade terão que cumprir com a política imigratória. Só não disseram
o que acontece se a Empresa, ops! de novo!, a Cidade falir.
Foi preciso até uma modificação na Constituição do País - portanto, a soberania de um povo sendo orientada por interesses privados, como está sendo na Copa e nos Jogos Olímpicos, aqui no Brasil.
Foi preciso até uma modificação na Constituição do País - portanto, a soberania de um povo sendo orientada por interesses privados, como está sendo na Copa e nos Jogos Olímpicos, aqui no Brasil.
Pera
Nissi, Agios Nikolaos e Alexandros, Ilhas Gregas / Grécia: o presidente grego,
no avançado processo de privatização de empresas e bens de propriedade estatal,
sob a pressão de seus credores (privados) internacionais, irão vender suas
ilhas. É, as ilhas... Pra pagar dívida.
Águas, Cidades,
Ilhas... América Central e Europa (depois de um estágio neoliberal em terras da
América do Sul, mas com brava resistência) estão se tornando bens privados. E em
um mundo em que a miséria, a pobreza, a fome, a sede, a falta de habitação e
trabalho já é profunda.
Nesse caminho,
não me parece tão absurdo assim pensarmos em pessoas sendo presas por tomarem
banho na chuva, por caminharem na praia, por não poderem buscar emprego (o que
pensar de trabalho) em lugares bons para se viver.
Pior... os artistas e publico do Universal Circo Crítico serão presos se insistir em fazer seus espetáculos em dias de chuva. Só porque insistimos em manter nossa lona de circo rasgada. Talvez, por ser goteira, nos bastará serviços comunitários...
Há algum tempo estávamos devendo essa reflexão em nossa Lona de Circo. O que nos motivou a não deixar o tempo passar mais? O dia 14 de novembro...! Falaremos dele...
Pior... os artistas e publico do Universal Circo Crítico serão presos se insistir em fazer seus espetáculos em dias de chuva. Só porque insistimos em manter nossa lona de circo rasgada. Talvez, por ser goteira, nos bastará serviços comunitários...
Há algum tempo estávamos devendo essa reflexão em nossa Lona de Circo. O que nos motivou a não deixar o tempo passar mais? O dia 14 de novembro...! Falaremos dele...
Venham
Todos!
Venham
Todas!
A
resistência está nos convocando todos os dias... não tardará nossa luta ser
retomada com força nas salas de aula, nas praças, nas ruas... como foi 14 de novembro, na Europa... e será por todo mundo!
Só lembrando...: Belo Monte
está bem aqui do lado...
Vida
Longa!
Marcelo “Russo”
Ferreira