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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entre dias de luta...

Monumento Eldorado Memória

            “Seu dotô pede que eu cante
            Coisa da filosofia;
            Escute que eu vou agora
            Cantá tudo em carretia;
            O senhô pode escutá,
            Que se as corda não quebrá;
            Nem fartá minha cachola,
            Eu lhe atendo num instante;
            Nada existe que eu não cante
            Nas corda desta viola.”
            (Patativa do Assaré
Filosofia de Um Trovador Sertanejo)


            Ontem foi 17... Amanhã é 19!
            Talvez um dia essa pequena frase vire canção... Tem um rockzinho parecido, mas o tom é bem diferente.
            Até porque, o “ontem 17” e o “amanhã 19” só o são em abril. Em nenhum mês mais.
            O Universal Circo Crítico sempre se posicionou, e assim continuará, ao lado dos Lutadores e Lutadoras do Povo, seus professores mais importantes. E, neste mais um “Abril Vermelho”, em que os Movimentos Sociais Organizados Campesinos (principalmente) não deixam passar em branco o 17 de abril de 1996.
            Para esta “entre data”, que também indica um “ocidental e branco” Dia do Índio (não para estes, claro), lembramos que ainda estamos (e, aparentemente, ainda experimentaremos esta sensação durante muito tempo) muito distantes de uma Justiça Social no Campo e na Cidade para brancos pobres, negros, índios, campesinos, quilombolas, ribeirinhos, favelados. E sem luta, não a conseguiremos.
            Mas, os Lutadores e Lutadores do Povo sempre ensinam. E, nesta nossa singela homenagem, enquanto aguardávamos esta data, reproduzimos carta do Prof. Dr. Gilberto de Lima Garcias, do Curso de Medicina Veterinária da UFPel ao Reitor da mesma, após ministrar uma disciplina a alunos provenientes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que deram mais uma lição à Universidade Pública Brasileira.

“Magnífico Reitor da Universidade  Federal  de  Pelotas
Prof.  Dr. Cesar Gonçalves Borges

            Prezado Prof. Cesar
Encaminho-lhe esta correspondência para relatar uma excelente experiência pedagógica pela qual eu passei e, com isso, ratificar a boa escolha que nossa Universidade fez em relação ao Movimento dos Sem Terra. Devo declarar que aceitei a incumbência de trabalhar no processo de avaliação do grupo especial de vestibulandos para  o curso de Veterinária,  apenas pela dificuldade de dizer não a um amigo. Quando o Coordenador do Colegiado de Curso da Veterinária me convidou para trabalhar os conteúdos  de Biologia, a minha primeira intenção era dizer não, no entanto como  “ex-Veterinário”  e por mais de vinte anos professor de Biologia do ensino médio, achei melhor esquecer um pouco que atualmente sou Médico e aceitar o convite.  Nunca tive posições bem claras em relação aos sem terras, mas na maioria das vezes eu era contrário aos seus posicionamentos e a sua forma de agir. Foi com essa forma de pensar que me dirigi à cidade de Veranópolis para uma revisão de Biologia e posterior avaliação dos alunos.
A minha surpresa iniciou quando tive o primeiro contato com os alunos. Possivelmente nestes meus quase trinta e cinco anos de magistério ainda não tinha encontrado um grupo de estudantes tão dedicados em uma sala de aula. Alguns com maiores dificuldades e outros com menores (como é de costume em qualquer turma de estudantes), porém todos com um entusiasmo contagiante. Lá passei dia e meio. Nossas aulas iam das 8 horas às 19h, com pequenos intervalos e ninguém esmoreceu. Tenho certeza que aquele grupo irá formar um dos mais interessantes conjuntos de acadêmicos da nossa Universidade. Espero que os seus colegas de outros semestres sejam suficientemente sensíveis para que possam usufruir dessa convivência tão rica.
Parabenizo Vossa Magnificência pela coragem e por não ter esmorecido nesta empreitada. Outros professores, semelhante ao que aconteceu comigo, mudarão muitos dos seus conceitos e preconceitos após conhecer estes jovens.
Este é o meu mais sincero testemunho.

E.T.  - Na última aula um aluno recitou uma poesia de Antonio Gonçalves da Silva – O Patativa do Assaré: Homenagem aos Professores. Aí me lembrei que já faz algum tempo que muitos  alunos nem sequer se  despedem dos professores,  no final da aula...
                                              
          Prof. Dr. Gilberto de Lima Garcias
          Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina
          Mestre e Doutor em Genética”


            Vida Longa ao MST!
            Vida Longa à Via Campesina
            Vida Longa!

            Venham Todos!
            Venham Todas!

            Marcelo “Russo” Ferreira


2 comentários:

  1. Realmente Marcelo, a educação campesina tem sido negligenciada em nosso país... Temos prova disso nos relatos dos nossos companheiros do assentamento Jõas Batista II. Aproveito a oportunidade pra te parabenizar também Marcelo, que juntamente com a Prof. Raquel iniciou e continua executando esse projeto de formação de educadores(as) do campo. E quanta coisa aprendi em apenas seis meses, que não havia me dado conta em outros 42...
    Vida longa!!!

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  2. Salve, Diego...
    Fico honrado em ter dado esta contribuição na sua formação. Aliás, penso que os demais artistas (Manu, Erlane, Antônio, Eliane, Nei, Teca, Keisiane, Camila) também são felizes por ter dado este passo tão significativo na sua formação.
    Volte logo, camarada.
    abraços
    Há braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira