RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Universal Circo Crítico... tem coisa que mal dá p’ra acreditar...


            Todo mundo, parece-me, viu. Ou pelo menos soube e, em algum momento, acompanhou reportagens: Barack Obama no Brasil... Eu, mesmo, só vi as reportagens.
            Visitou Brasília, conversou com A Presidenta. Por trás deste “bate-papo” inúmeras reuniões comerciais. Aliás, durante a visita de Obama em Brasília, há notícias de que uma meia dúzia de Ministros de Estado (do Brasil, não dos EUA) passaram alguns constrangimentos na revista... e, daí, as inevitáveis piadinhas que nem contexto tem mais: “Ah! Lembrem-se que estes Ministros são do PT e que na década de 79 e 80 eram terroristas...” Mas, será que revistaram a Dilma??? Deixa p’ra lá...
            No Rio (não consegui acompanhar muita coisa em Brasília), cobertura em tempo real. Aliás,a cobertura em tempo real até determinou a hora em que o Força Aérea 1 decolou do galeão. Exatamente às 9:14 horas... enquanto a aeronave taxeava, blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá... tudo isso ao vivo.
            Mas é o dia no Rio que nos chamou a atenção. De um lado, os presos políticos (os militantes do PSTU)... Sim, presos políticos em tempos atuais. Tá, usaram coquetéis molotov lá na sede da embaixada? Não é legal? Pode até não ser legal de se ver, assusta e coisa e tal... mas, convenhamos: essa visita foi a mais explícita manifestação de geopolítica direcionada a uma nova etapa de “colonialismo” que já vimos nos últimos tempos. Acho que nem quando o Bush veio ao Brasil (já em tempos de Lula) isso se evidenciou tanto. Apenas aparentemente...
            Mas esta visita foi outra história. A Imprensa Tupiniquim (a mesma, lembremos, que promoveu um recall eleitoral de 1989, mas com um nível mais baixo) fez de tudo para demonstrar que o Brasil precisa se aliar ao pensamento de estado norte-americano. E aí, uma primeira contradição: não cobriu, concretamente, o que mais “produtivo” aconteceu durante este final de semana (e que, na verdade, iniciou-se semana passada) em função dos acordos comerciais entre os dois países. E, a não ser que procuremos uma mídia mais responsável (Carta Capital, Caros Amigos, Brasil de Fato, Le Monde Diplo/Brasil, dentre outros), que não aceita “babando” as coisas e as notícias, continuaremos órfãos destas.
            Mas, depois de pesquisar com mais calma, encontrei o discurso do presidente americano no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Claro que ao tentar copiar, na íntegra, este discurso (pesquisei e “caí” no site de O Globo), aparece a seguinte mensagem: “Não é permitida a utilização desse (sic!) conteúdo para fins comerciais e/ou profissionais. Para comprar ou obter autorização de uso desse (sic! de novo!), entre em contato com a Agência O Globo pelo e-mail: agenciaoglobo@oglobo.com.br).
            Bom, como o Universal Circo Crítico não cobra ingresso, acho que está liberado. Mas, por outro lado, não tinha qualquer intenção de reproduzir o discurso de Obama por aqui. Assim como, para lembrar-me de reflexões semelhantes, não reproduzi a Segunda Encíclica de Bento XVI, em fins de 2007.
            Qual a semelhança destes dois fatos? Oras! A “síntese jornalística” da nossa Imprensa Tupiniquim e, neste particular, os “esquecimentos” de Obama. Citando algumas passagens:
            Primeira passagem: “Nossas terras são ricas com tudo o que Deus nos deu, são um lar para povos antigos e população indígena.”
            Que péssima lição de história aos povos que nos deu o presidente Americano. A grande arte da ocupação de terras nos EUA (e, também, por aqui) foi a dizimação total dos povos originários e escravo (trazido da África) a tal ponto que provocou uma Guerra Civil em seu país. O Lar dos Povos Antigos e Indígenas naquele país está pobre, desvalido e doente, sofreu com a produção da Sétima Arte a mais profunda construção de valores ante-indígenas, de tal maneira que, em uma Nação que sempre vota contra os direitos civis de seus próprios filhos, estão fadados à inevitável extinção.
            Depois desta, uma série de manifestações de juntos isso (umas três páginas), juntos aquilo (até em energia limpa ele falou! Energia Limpa? Nos EUA???)
            Segunda passagem: “Há décadas, justamente do lado de fora desse teatro, na Cinelândia, esse chamado por mudanças foi ouvido. Estudantes, artistas, políticos se uniram com faixas que diziam: "abaixo a ditadura, o povo no poder" . As aspirações democráticas só foram atingidas anos depois.”.
            Poderia... ou deveria, o presidente americano, reconhecer o inegável neste momento: que a ditadura brasileira (e em todos os países da América Latina e Central) se deu com o braço armado e a Escola das Américas norte-americanos. Todos aqueles que tombaram em defesa do “povo no poder” eram chamados de terroristas pelos Estados Unidos. E, ainda hoje, este é o papel que este país exerce mundo afora e, no Brasil, já “caracterizaram” as cédulas terroristas que são um “problema” para a aproximação (exploração) comercial entre os dois países. Destaco os Bravos Lutadores do Povo Campesinos, em especial, o MST.
            Terceira passagem: “Sabemos (...) que nenhuma nação deve impor seu desejo sobre outra. Mas também sabemos que há aspirações compartilhadas por todos os humanos.”. Parece “brincadeira” (mas que não tem espaço em nosso picadeiro). Um país que possui quase mil bases militares em todo o mundo que falar o que de soberania dos povos? Isso apenas para falar no campo militar. Um pouco mais de paciência nos levará também à educação, à cultura, à tecnologia etc. Obama também citou os conflitos no Oriente Médio, justamente com as ditaduras que eram (talvez ainda sejam) importantes para os interesses comerciais e energéticos dos Estados Unidos.
            Quarta passagem, retomando a continuidade da reflexão do discurso do presidente americano destacado na segunda passagem: “Filha de imigrantes, sua participação no movimento a levou à prisão. Foi torturada pelo próprio governo. Logo, ela sabe o que é viver sem o direito mais básico pelo qual tantos estão lutando hoje. Mas ela também sabe o que é perseverar, o que superar, pois hoje essa mulher é a presidente desta nação, Dilma Rousseff.”. Bom... essa passagem é interessante por dois motivos: primeiro, porque não foi nada estadista ao “silenciar-se” (de novo) ante a inquestionável contribuição do Tio Sam nas torturas realizadas nos porões militares dos anos de chumbo no Brasil e na América Latina e, assim, a possibilidade de Dilma nunca ter saído viva de lá. Mas, e aí vem o que eu me dispus a assistir (os noticiários do “the day after”) e que chega a ser “coisa de menino com bico”. Quer queira, quer não, Obama fez um baita elogio a atual presidenta e ao processo histórico que levou uma “terrorista” à presidência do país. E as sínteses do jornalismo tupiniquim nem quis nem saber de destacar esta fala em seu noticiário matinal ou da hora do almoço. Aliás, o mesmo o fez quando falou, an passan, na “criança pobre de Pernambuco (que) pode sair do chão de fábrica (...) e chegar ao cargo mais alto do país” e, de novo, as sínteses jornalísticas silenciaram-se...
            Mas, por fim, o “gran finale”... Temos autores maravilhosos, escritores da mais alta qualidade, educadores reconhecidos no mundo todo. E todos eles possuem reflexões e falas sobre este nosso país, muito mais “verdadeiras”: Paulo Freire, Carlos Drumond de Andrade, Mario Quintana, Machado de Assis, Cecília Meireles e por aí, vai. Fechar com Paulo Coelho??? Ah! Sim... é um “famoso”.

            Difícil fechar estas reflexões com “Venham Todos! Venham Todas!”

            Vida Longa!

            Marcelo “Russo” Ferreira

2 comentários:

  1. Olá Marcelo !
    Confesso que achei ridículo como as comunicações ( em especial a TV), focalizaram toda a atenção nas roupas da Michelle Obama. Tanta coisa pra se falar e analisar na visita interesseira dos EUA ( até que eu simpatizava com a cara do Obama)e falam justamente das alças da roupa da mulher! Depois de tudo ainda tem um "elogio' do Obama à uma garota pelo belo inglês. Faço minha as palavras do Stallone : " Você chama os brasileiros de idiotas e eles ainda te dão de presente um macaco , uma arara..." Na verdade é um jogo de interesses de ambas as partes e alguns brasileiros ainda querem se assemelhar à um país que não tem nem 300 anos de história, pouca cultura, um estilo de vida medíocre, filmes de patrinhas e musicas sem criatividade. Estão como o Lula na época do mensalão " Não vejo nada".
    É o que penso. Abração.

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  2. Olá, Querida Paula.
    Nossos artistas estao felizes por te ver novamente em nosso público.
    Nossas reflexões foram mínimas diante de tudo o que envolveu a visita da familia real americana ao Brasil. Por exemplo: foi em solo brasileiro que Barak Obama autorizou o ataque militar à Líbia e que, na primeira noite, já havia atingido civis inocentes... Sem contar com o fato de que a segurança pública estava a serviço "privado" de outra nação. Oras, o que é, senão opressão a seu próprio povo, os cordões de isolamento e o avanço às manifestações de protestos contra a visita de Obama, orquestrada pelo estado Brasileiro e Fluminens, com o aparato militar destes?
    Diferente do "não vejo nada" que apontaste, vou de Zé Ramalho: "Tô vendo tudo! Tô vendo Tudo!"
    Abraços!
    Há braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira