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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Hipocrisia IV: Liberdade de Imprensa II...


Artigo 1º

Artigo 1º - O acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse

(Código de Ética do SJSP)

 

            Dantesco!
Essa é a impressão do Universal Circo Crítico ante ao que assistimos semana passada em relação a aquilo que, durante um bom tempo, será a maior expressão de hipocrisia dos fatos transformados por interesses jornalísticos.
Primeiro, a bolinha de papel que, 20 minutos depois, provocam dores e tonturas e levaram um candidato a um exame de tomografia. As perguntas que recorriam desta situação, haja vista que o exame foi realizado em um hospital particular: (i) realmente o exame foi feito (considerando que era explicitamente uma farsa)? Ah! “Melhor melhorar” a pergunta: o exame foi feito em função da tonteira porvocada pela bolinha de papel?; (ii) quem pagou por uma tomografia (em hospital particular) que, em tese, não se fez necessária? Valeria a pena “pagar” por um exame que não fazia sentido?
Pior foi a imprensa, que tentou des-revelar o revelável: outro objeto atingiu o candidato (que, posteriormente, o concorrente jornalístico desvendou e desmascarou a anterior como sendo uma pessoa andando ao lado do [im]presidenciável).
Assistismos o horror das eleições, o baixo nível da campanha (e a internet tem sido refém deste baixo nível... reitero: REFÉM deste baixo nível), a manipulação de fatos e o obscurecimento de outros fatos. Assistimos a nossa incapacidade de decidir pelo que é fato, pelo que é concreto e, principalmente, de debatermos PROJETO, veja bem, PROJETO de Nação, que implica, dentre outros a soberania da nação brasileira.
Daí, nossa quarta reflexão:
Hipocrisia IV – como defender a liberdade de imprensa sem necessidade de ser responsável (parte II)
Estas semanas últimas, todo o movimento de bastidores dsa eleições estava focado nas inúmeras denúncias contra o Governo Lula e contra a antiga Ministra da Casa Civil – hoje candidata do PT à presidência da república, Dilma. Tanto o caso da Erenice Guerra (este, parece, realmente fato, mas punido), quanto o caso da quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB e da filha e do genro de José Serra, estiveram novamente presentes, mas o segundo, com diferentes versões da imprensa acerca da única versão da Polícia Federal.
Porém, a hipocrisia da nossa “Liberdade de imprensa” talvez seja anterior à responsabilidade que ela deveria assumir – considerando o artigo 1º do Código de Ética do Jornalista, segundo seu Sindicato Paulista – ou seja, a de escancaradamente escolher o que apresentar e o que não apresentar em seus fatos jornalísticos. Pelo menos assumir, né?
Mas, por que não assume? A Revista Carta Capital de 2005 nos ajuda na resposta.
A seção “Brasiliana” do exemplar semanário Carta Capital, nº 371 de 7 de dezembro de 2005 trazia o seguinte título: “De Bonner para Homer”, assinado pelo sociólogo e jornalista, professor da ECA/USP, Prof. Laurindo Lalo Leal Filho. Neste artigo, contava o passeio de algumas horas realizado por (constrangidos) professores de nove diferentes cursos de jornalismo, a convite da Globo, para conhecer o funcionamento do Jornal Nacional e algumas outras instalações da mesma.
Em determinado trecho a crônica jornalística destaca a pesquisa realizada pela Globo, na qual “identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo”.  Assim, o telespectador do Jornal Nacional foi apelidado de Homer – o Simpson, preguiçoso, burro e que passa o tempo todo no sofá comendo rosquinhas e bebendo cerveja – e, na sequencia da matéria, um relato interessante.
Bom, todo mundo que passa pelo Universal Circo Crítico sabe quem é Bush Júnior (aquele que declarou Guerra em nome de Deus e com mentiras sobre o Iraque), sabe quem é Hugo Chaves (presidente da Venezuela que voltou, em 2002, após dois dias do fracassado golpe de estado, ao Palácio Miraflores, “carregado” pelo povo venezuelano) e, acredito, deve se lembrar do Furacão Katrina, em 2005, que devastou o estado americano de Massachusetts.
Bom, reunindo todos eles, mais Willian Bonner e Homer Simpson temos o seguinte: um povo (negro, pobre, mas americano) devastado por um furacão e pela desatenção do Estado (cujo presidente aumentava sistematicamente os recursos para a Guerra no Iraque e Afeganistão, enquanto não dava apoio ao seu povo em seu próprio país), que estava sem energia elétrica e que teria a ajuda de empresas petrolíferas venezuelanas que venderiam 45 milhões de litros de combustível “40% mais baixos do que os (preços) praticados no mercado americano”... Esse combustível iria servir, dentre outros, para acender lamparínas e ajudar no aquecimento a óleo do povo daquele estado americano... enquanto o próprio país não tomava a decisão de ajudar seu povo de verdade.
Aos olhos do diretor-chefe do Jornal Nacional, “Essa (notícia) Homer não vai entender”.



(... pensando...)





Assistir aos programas jornalísticos de grande mídia, em qualquer tema, não causa apenas angústia, inquietação e indignação sobre o que eles acham que nós temos ou não temos condições de entender, mas a capacidade de explicar o que ELES não conseguem entender. No caso acima, a solidariedade de um Estado (a Venezuela) ao povo sofrido de outro Estado (mesmo que sendo os EUA).
Em tempos de eleição, mais do que “omitir” informações e notícias importantes para o nosso dia-a-dia, para que possamos qualificar a nossa capacidade de “liberdade de expressão”, temos um jornalismo que, nos tratando como Homer Simpson, mente, inverte, inventa notícias para atender aos seus interesses, quer privados, quer (aí o grande perigo) públicos...
Dá pena ver a tentativa de mentir até sobre o que acontece e o que não acontece em nossos atuais tempos de eleição.
Se mente a imprensa deste país, por que não podemos expressar isso?
Hoje, não temos a menor dúvida do que significaria uma eventual vitória do candidato tucano nas eleições a presidente do país. Seria, inequivocadamente, um recado a imprensa golpista brasileira: “podem mentir o quanto quiserem, que nós não iremos contestá-los!”
O Universal Circo Crítico, assim como outros blogs e a própria Carta Capital, é absolutamente contra o uso da violência física no exercício da democracia, por exemplo, no caminhar de um candidato em campanha. Até a bolinha de papel (assim como uma bexiga com água lançada a uma altura correspondente a 12 andares de um prédio) é, deveras, um ato violento, pois expressa uma intenção. Mas, ainda assim, a mentira é abominável e essa, efetivamente, não tem justificativa na imprensa brasileira. É o tipo de “liberdade de expressão” que não deve ser defendida.
Tem mais sobre a nossa imprensa livre e irresponsável...

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

PS.1: Não é possível encontrar na internet o artigo do professor Laurinho Leal. Mas, uma pesquisa no título permitirá o acesso a inúmeros artigos correspondentes. Damos a sugestão ao site do Mídia Independente Brasil: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/12/340153.shtml



2 comentários:

  1. Muito bons seus artigos, Marcelo. Tenho acompanhado. Parabéns!

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  2. Olá, Alásia...
    Que bacana ver você por aqui...Apareça sempre e não deixe de comentar, sugerir, criticar...
    abreijos
    Ha braços!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira